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PROJETO NURC-RJ

RECONTATO:
Inquérito 347 (feminino/79 anos)
Tema: Terreno
LOCAL/DATA: Rio de Janeiro, 23 de outubro de 1998
TIPO DE INQUÉRITO: Diálogo entre informante e documentador
DOCUMENTADOR: J O A


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DOC. - Então, o tema é terrreno, ok? Mas, não uma coisa técnica, a senhora não precisa dar explicações técnicas ...
INF. - Não, isso eu nem teria capacidade, né?
DOC. - Não, não, não é isso, não...
INF. - É
DOC. - Uma coisa bem leiga mesmo, a senhora poderia começar falando pra gente sobre o relevo da cidade do Rio de Janeiro, né? Os cariocas têm tanto orgulho ... do ... perfil natural do Rio de Janeiro, da localização da cidade, entre a montanha e o mar. A senhora poderia começar descrevendo...pra gente, como é o relevo. Que é que a senhora vê, que é que a senhora sente?
INF. - Do relevo do Rio de Janeiro, eu ... ah ... Está bom esse tom?
DOC. - Está.
INF. - Eu acho que ele é privilegiado. Eu, agora, muito tempo que eu não saio do Brasil, mas eu já viajei...vários lugares, e nunca encontrei uma cidade que tivesse esse tipo de relevo, (ininteligível), esse tipo de paisagem, quer dizer, o mar e as montanhas, assim, inclusive montanhas tão altas, né? Apesar da degradação da Mata Atlântica, ainda é com uma vegetação muito bonita, muito rica, com uma fauna rica e acho que ela é pouco aproveitada. Eu me lembro que, não sei se esse ano, não sei, é da ... que foi candidato a prefeito do Rio, aqui, o arquiteto Sérgio Bernardes e ele tinha um projeto de ...um anel viário em torno do Rio, justamente na cota ... Não me lembro mais se era na cota dos ICMS ou ... que seria uma coisa interessantíssima e que nunca se fez. Ele mostrava inclusive isso: que você podia pegar desde a Barra, pegar o subúrbio todo pela costa da montanha, sem agredir a paisagem e desobstruindo o Rio, porque essa topografia que é privilegiada pra tanta coisa, atrapalha o trânsito do Rio - ela é terrível né?
DOC. - Pra enchente, porque parece que essa localização, entre montanha e mar ...
INF. - Não, isso aí já é um relaxamento, né?
DOC. - Um relaxamento?
INF. - Eu acho que é um relaxamento, porque quando eu era ... até os doze anos, eu morei ali do lado da UERJ. Naquele tempo, tinham feito, começado o prédio, parado. Chamava-se favela do esqueleto, que foi invadida, na Rua Conselheiro Olegário; e fazia a escola primária na Rua Silva...Doutor Silva Pinto. Eu me lembro de umas três vezes, pelo menos, de eu ter ficado presa com a professora. Saía do colégio, não podia vir pra casa porque o bonde, está tudo cheio ... Eu me lembro uma vez que o papai chegou em casa, ele conseguiu chegar em casa e eu não tinha chegado, que minha professora é que me trazia. Ela tinha sido aluna de um dos meus avós, os dois eram professores da Escola Normal e ela então tinha esse carinho de me levar e me trazer. E ele foi se segurando nas grades pra poder chegar até a rua ...
DOC. - Sei.
INF. - Quer dizer, isso, você veja: há setenta anos e até agora não fizeram nada, ou pelo menos não fizeram nada eficiente.
DOC. - Mas a senhora acha que existe uma solução para este problema?
INF. - Não, filho, eu não posso...eu não sou engenheira. Agora, setenta anos, tudo progrediu tanto, é ou não é verdade? Para o bem ou para o mal, quer dizer, doenças que não se conhecia: AIDS, o vírus da Ebola, e isso e aquilo. De um lado bom também, você veja a Medicina, tudo como progrediu. Não é possível que não haja uma solução pra uma coisa relativamente simples, é ou não é?
DOC. - Mas falam que o problema é do terreno mesmo da cidade do Rio ...
INF. - É, mas o terreno mesmo desde que ele se ...
DOC. - Desde ...
INF. - Desde que eles se plantaram aqui, os portugueses vieram e ficaram, não é? Então, já dava para ter estudado o terreno do Rio. É com a seca do Nordeste, você acha que não tem solução? Israel não deu uma solução? É só vontade política de fazer as coisas bem feitas e as coisas necessárias.
DOC. - Entendi.
INF. - Entendeu? E não vai fazer, por exemplo um espigãozinho em Ipanema, isso e aquilo. Até quando ele apareceu, aquele ... Paulo Casé ...Você não conhece ainda não? Você precisa ir lá ver. Eu achei horrível, agora até eu já me acostumei, mas aquilo não é essencial, quer dizer, eu acho que você só gasta dinheiro no supérfluo, quando você já atingiu o necessário.
DOC. - Sei...
INF. - Eu não vejo, que eu não posso crer que não haja nenhuma solução, não é, veja, um problema tão estranho...
DOC. - Bem, porque a senhora acha que os políticos têm tanto desinteresse em cuidar disso?
INF. - Falta de vergonha na cara. Falta de seriedade, eu diria até.
DOC. - Isso é complicado. E comparando o relevo do Rio com outras cidades que a senhora conhece, por exemplo Magé...Que que a senhora acha de Magé?
INF. - Bom, eu a ... Magé é um dos três municípios mais pobres dos três municípios mais pobres do Brasil inteiro...
DOC. - É. Sabe o que é isso?
INF. - É, e Magé é uma planície, né? (tosse) Eu estou com uma bron...é uma planície. Então, o relevo lá, você vê por exemplo Paris é uma cidade linda, maravilhosa, mas ela é uma planície também. Então, ela é bonita por outras coisas não é por causa de terreno. Magé também não é bonita, quer dizer, eu acho engraçado aquela cidade, aquela cidade têm um clima, você não conhece, não?
DOC. - Conheço.
INF. - Aquela praça da prefeitura, às vezes eu vou, que a nossa casa é afastada, do outro lado da Rio-Teresópolis, pois eu vou com o meu marido até a cidade pra comprar alguma coisa, que lá inclusive do nosso lado não tem nada, nada, nada pra você, você esquece uma coisa, você esquece uma coisa (ininteligível) manteiga... você tem que ir no centro de Magé ou em Parada-Modelo. E nós habituamos a ir em Magé. Aquela praça tem um clima, nós costumamos sentar ali pra tomar um chopinho e olhar aquele Palácio da Prefeitura. E é muito interessante, ele tem vários estilos naquele, é ... devia ser mais conservado. Então, não há comparação, quer dizer, é pobre, é digamos...não se pode comparar com o Rio, não pode. Mas, comparando com outras cidades do mundo, eu continuo achando que o Rio é privilegiado, embora esteja muito mal tratado.
DOC. - Quais as cidades, por exemplo? Faça uma comparação entre o Rio e uma outra cidade do mundo que a senhora conhece.
INF. - Bom, eu já falei em Paris, porque é uma cidade realmente lindíssima, mas não deve ao seu terreno a beleza, né? É bonita, as construções, as avenidas, o clima ...
DOC. - A senhora acha que tem assim uma associação tão direta entre terreno ...
INF. - E beleza?
DOC. - E beleza da cidade?
INF. - Ah, não, não, uma, veja bem, Paris tem mais de dois mil anos. Você, em dois mil anos, pode construir beleza, sabedoria e pode destruir, né?
DOC. - E a senhora acha que o tipo de relevo de uma cidade pode influir, é, na vida emocional das pessoas?
INF. - Ah, com certeza, com certeza. Isso...porque, veja bem, uma coisa que eu acho que falta no Rio, desse tipo, Paris tem, Roma tem , que Florença tem é o rio, o rio grande passando pela cidade, porque isso sempre dá movimento, entendeu? Dá um clima, isso, eu diria que é a única coisa que falta pra beleza do Rio,, é isso. E os poucos rios que havia aqui, nenhuma beleza, eram caudalosos, foram soterrados, não é isso? Assoreados, acabados. Mas... que o clima, eu acho que sim, tudo influi, nada é gratuito na vida. Eu, inclusive, sou espírita e acho que influi e vem influindo. Eu acredito piamente que existe o carma e não é só pessoal não, o carma é pessoal, é familiar, é do bairro, é da cidade, é do país e é do planeta. A gente acredita que o planeta pode ... esse planeta, por exemplo, é considerado um planeta de expiação, mas que pode evoluir para um planeta de regeneração. Acredito que vá levar uns mil anos, do jeito que estão fazendo as coisas.
DOC. - Então a gente poderia falar assim de um carma do terreno também, no caso...
INF. - Ah, com certeza, com certeza, não, isso existe, porque, poderia falar não, isso é, existe realmente, realmente existe.
DOC. - Sei, e a senhora teria assim um exemplo um exemplo concreto, por exemplo, de um, de uma, uma cidade com um relevo tal que tenha influenciado positivo ou negativamente na vida das pessoas, da sua população. São Paulo, por exemplo, dizem que as pessoas são mais frias ... Isso é verdade?
INF. - É, eu acho que o paulista de um modo geral, eles não são mais frios, eles são mais desagradáveis, mas isso é muito relativo ... porque todo mundo diz, por exemplo, que o parisiense também são assim e eu nunca morei lá, mas já estive umas três ou quatro vezes ... e não há, num, não me sentia assim, entende? Quer dizer, agora eu, isso basta você, é completamente diferente assim de um paulista, um gaúcho, nós estávamos falando do Olívio Dutra, é é a com...isso influencia muito....por exemplo o Nordeste.... Você estava falando em relevo, eu me lembrei de uma cidade que tem um relevo lindo, é que a história do rio....Recife...Recife é atravessada por dois rios, né? E isso torna a cidade muito bonita, ela inegavelmente é a cidade mais bonita do Nordeste...
DOC. - É, influi de uma certa maneira...
INF. - Ah, com certeza, né? Os, os planos são muito, por causa das águas muito cheias de vida...Eles gostam das coisas da vida ... Eu já me hospedei em casa de amigos pernambucanos, o café das manhã lá é .... uma coisa pra quem pode... não estou dizendo gente rica não, estou dizendo classe média, é um negócio ... você não pensa que é como o nosso aqui, quer dizer, café, um chá, um pão, um leite, meus Deus, tem cuscuz, tem isso, tem aquilo, quer dizer, é um negócio ... "brunch" é capaz de ser o termo, eu não posso garantir que seja mas ...
DOC. - O fator, um dos fatores ...
INF. - Um dos fatores pode ser esse, né?
DOC. - Aqui, no Rio, também ... do jeito do carioca poderia ser ... marcado ...
INF. - Não, o que é, veja bem o [ ] é marcado, o que é marcado é ... o que a gente não pode saber, o que eu, pelo menos não tenho competência pra isso, e até que ponto, mas que é marcado, isso, isso é lógico, você vê em tudo, até na arte ... você vê, por exemplo, uma [ ] você sente que é de um país frio, não é que a música seja fria, é uma, entendeu?
INF. - ...Isso em todas as artes, você vê, por exemplo, os grandes pintores ingleses, [ ] É aquilo é influenciado pelo clima da Inglaterra ... e obviamente o clima lá está ligado ao terreno, né? O clima é muito, então você veja, por exemplo, na Antigüidade ... as grandes civilizações antigas estavam ligadíssimas ao terreno em que ela nasceu. Aí, eu penso, ela, eu nunca tinha pensado nisso, mas agora... que você provocou o pensamento...Você veja a civilização egípcia antiga, né? Aquilo vivia em função do tempo , quer dizer, do Nilo, da enchente do Nilo, aquilo é, é que regulava a vida, e o que seria feito, o que não seria...
DOC. - Sei, assim, agora, vamos tentar fazer uma relação entre terreno, relevo e economia...de um país, por exemplo, aqui no Brasil, em que o relevo, em que o solo do Brasil, é....
INF. - Sim, sim, você quer dizer o Brasil todo, não só o Rio?
DOC. - Pode ser o Rio, a senhora pode situar no Rio ou no Brasil todo, o nosso relevo, um relevo rico, não o nosso solo, o nosso solo rico...
INF. - Não, o nosso solo não é rico, ele é riquíssimo, você sabe disso, né? Eu, eu vou te dar, eu, é uma, uma opinião .... a maior estupidez foi amparar com o programa do pró-álcool ... o Brasil é o único país do mundo que podia produzir cana pra ter combustível pro mundo inteiro e, no entanto parou, pra se amarar num combustível que a gente sabe que não é renovável...porque o álcool é renovável, a a cana em certos lugares dá duas vezes por ano. Ela dá tranqüilamente e o petróleo, você sabe que o que tem, tem, mas não vai nascer outro, vai? Não vai aparecer mais, quer dizer, pode aparecer até uma jazida que não se conheça, mas não vai, isso que eu quero dizer, não vai crescer mais, não vai se criar mais. Ele foi criado numa determinada época geológica que não existe mais, quer dizer, quando esgotar, esgotou mesmo ...
DOC. - Sei...
INF. - Então, é lógico que o terreno (ininteligível) é muito privilegiado, mas muito mal aproveitado...
DOC. - Mal aproveitado... Em que país, assim, a senhora acha que aproveita melhor o solo, que....
INF. - Bom, eu acho que indiscutivelmente é Israel, né?
DOC. - Pra tudo?
INF. - Pra tudo.
DOC. - Minério...
INF. - Minério...mas eu acho que nem isso, eu nem sei se eles têm minério lá, bom, eu não sei não...
DOC. - É muito pequenininho
INF. - É, é muito pequenininho e é a área na beira do deserto. Agora eles fizeram muitos ductos e tudo e aproveitam o máximo, eles aproveitam o máximo do que o país árabe, é um, na verdade...Por exemplo, o povo daqueles países sem [ ] eu não sei...o Kuwait, Omã, isso e aquilo, e eles vivem muito, muito em piores condições do que o povo de Israel, sentados em cima da riqueza do petróleo...quer dizer, eles não estão construindo nada em cima de uma riqueza muito grande, mas que é esgotável...não é?
DOC. - O que faltaria no Brasil seria vontade dos políticos novamente...
INF. - E, e do povo também, a gente não pode jogar nunca a culpa toda nos outros...porque quem é eleito é votado por alguém...
DOC. - Pelo menos agora, na década de noventa, né? Democracia...
INF. - É, não quer dizer, é não, veja bem, a década de oitenta já havia...
DOC. - Isso é a década de oitenta ...
INF. - Em oitenta começou, e antes disso houve período de votação, quer dizer, o, claro antes da revolução de trinta o povo não tinha muita condição, porque as eleições eram muito fraudadas... mas de lá pra cá, tem, agora a informação, embora ela seja às vezes falseada, mas ela está, pelo menos nos grandes centros, a ... ao alcance de todo mundo, e, no entanto têm pessoas que você vê, chega, nas vésperas da eleição, o número de indecisos é enorme... Não é isso, não falando nos bobos alegres, feito o meu cabeleireiro que disse: "eu vou lá e vou anular tudo", eu falei vai e é alegria do bobo, agora, nos próximos quatro anos, se você me fala qualquer coisa...eu vou te botar pra porta afora a pontapés. Não vou porque preciso dele...muito, eu não posso ficar de cabelo branco, porque eu já sou muito branquela, eu vou ficar parecendo fantasma e eu tenho muita preguiça de fazer cabelo no cabeleireiro e, também não agüento conversa de mulher no cabeleireiro...É um negócio muito desgastante pela imbecilidade....mas ele merecia que eu fizesse isso não merecia?
DOC. - Pois é, claro...
INF. - Se você tem um pequeno direito, ah, não adianta nada o meu voto, adianta. É uma coisa que você tem, você pode usar...você não usa...
DOC. - Direito nosso... dever também...
INF. - Exatamente...exatamente, por exemplo, todo mundo...a moda agora é dizer que tudo vai melhorar se o voto deixar de ser obrigatório... Você acha que se o voto deixar de ser obrigatório, garçons, motoristas de ônibus, todo polícia, todo esse pessoal que tem que trabalhar em dia de eleição, os patrão vão dar uma hora para eles irem votar, você acha que vão...
DOC. - É complicado, difícil...Difícil, e a senhora assim tem notícia, sabe de algum plano, de algum candidato em relação ao aproveitamento do terreno?
INF. - Não, o único que eu vi e que achei um projeto maravilhoso e ele teve uma mixuricagem de votos foi o Sérgio Bernardes. Você procure se informar... e se puder até introduzir em alguma pesquisa uma uma entrevista com ele...Ele realmente era um projeto...muito bonitos, e muito viáveis, todo mundo, a, diz que ele é sonhador. É possível, mas são sonhos realizáveis e até agora eu não ve ... vejo, eu não conheço, eu não posso te dizer se o favela-bairro está funcionando ou não, eu estaria mentindo porque eu não andei numa favela antes nem depois, quer dizer, agora, dizem que a pequena Baixada, sim, foi feita muita coisa, foi feito muita coisa, não sei...Muitas ruas , asfaltadas, outras com as valas negras fechadas, agora um projeto que eu sei o que você quer dizer, um projeto que me enchia os olhos e eu dissesse: Puxa, esse vale... eu não vi nenhum até agora.
DOC. - A senhora se lembra de algum governo, de algum presidente que tenha se preocupado com isso...com o problema de riquezas naturais...as riquezas do solo ou agricultura...ou nunca houve...
INF. - Não, eu...é que eu... outro dia eu estava até lendo um artigo sobre os presidentes do Brasil, eles fizeram uma estatística: tanta maioria foram advogados, depois teve o Kubistchek, que era médico e falando no que eles tinham feito, mas eu não me lembro disso, o o Getúlio chegou ao ponto de mandar queimar café...não é, não é que eu seja totalmente contra....quem tinha qualidade, mas você pensa bem, você passava...eu tenho uma amiga paulista, ela hoje mora nos Estados Unidos, aliás ela deve...porque casou com um americano, ela estudava em São Paulo, que ela era formada em Odontologia e ia passar o fim de semana na casa dos avós, que era em Santos. Ela me disse que ia, nas margens da estrada, com aquelas [ ] de acesso que não tem mais, você já pensou que coisa mais horrível?
DOC. - Isso na época de Getúlio ...
INF. - É, essa queima de café foi na época do Getúlio ... Foi uma das razões dos paulistas....pelo menos uma parte da ...pra que, par não cair o preço do café. Meu Deus! Né?
DOC. - E, com essa política agora de privatizações de Fernando Henrique? Como é que fica a questão do solo brasileiro, do solo nacional ...
INF. - Não pode deixar de ser nacional, né? Começa deixando de ser nacional...e o resto, eu não, eu sou muito contra no no sentido, por exemplo, um um país que não se respeita, ele não pode fazer este tipo de contrato. Você não existia na época em que a LIGHT, porque a a foi privatizada, que ele era uma companhia inglesa, né? E ah... ah...foi assinado um contrato parece que o contrato é de noventa e oito, bom, não interessa se é noventa e dois, noventa e oito anos, eu sei que era na casa dos noventa... E o único meio de transporte naquele tempo no Rio, mesmo, era o trem e o ônibus, o o proje...o o ônibus, o o bonde, o projeto urbano...no, o tráfego era todo feito com bonde. Quando faltavam alguns anos, poucos, menos de dez, cinco ou seis anos para a LIGHT ter que ser entregue ao governo, eles simplesmente pararam de pregar um prego nos trilhos e o governo teve que comprar... a LIGHT, que se não comprasse...parava a cidade, e agora ela foi vendida outra vez. Já deu os os apagões, quando eles quiseram multar os compradores e viram que o contrato não previa.
DOC. - Então, você é contra a política de privatizações?
INF. - Pelo menos da maneira como ela está sendo feita, entendeu? Porque, evidentemente, não está sendo uma coisa séria. Inclusive vender pra pagar juros de dívida externa...
DOC. - A senhora acha que solo é uma coisa que se privatize? que se deixe alguém de fora chegar, usar e aproveitar...
INF. - Bom, não sei o que você quer dizer com alguém de fora, evidentemente, né, ao meu ver...
DOC. - Alguém de dentro, né?
INF. - Os imigrantes, né, quer dizer...
DOC. - Não, tá...entendi...
INF. - Isso, isso tem que reconhecer, os japoneses fizeram muita coisa em São Paulo, a colo... lá, no Paraná, eu, outro dia até, eu estava vendo na Net, por acaso eu estava procurando um programa e parei, eu gosto muito de de (...) dança... era, eles estavam passando um festival da... como é que é aquilo... uma fita do último festival de dança de Curitiba e era o festival de dança folclórica, com todas as etnias do Paraná, quer dizer, muito, é uma coisa muito linda, né? Tem ucraniano, tem português - pequena escala, mas tem - tem italiano, tem alemão, tem polonês, simples .... quer dizer, então não é o caso de ser alguém de fora , a questão... é a maneira de fazer... porque o o que me é, eu não sou "colonista" não, mas o que eu não entendo bem é o seguinte: como é que a ... uma das companhias da ... que comprou uma grande fatia da LIGHT é uma estatal espanhola e outra é uma estatal francesa, quer dizer, porque que eles podem ter uma estatal que vem comprar aqui e a gente não pode manter a nossa...
DOC. - Quer dizer, que interesses estariam por trás, né?
INF. - É uma maneira de ... quer dizer, de se ter que... ver se está sendo bem administrado. Mas esse negócio da LIGHT, eu acho que foi um escândalo, porque quantas vezes se subiu em lataria pra fazer posto, as pessoas que tiveram... Eu tenho um amigo médico que ele estava preparando, pra aquele congresso de ... um trabalho pra aquele congresso de cardiologia que teve lá no Rio Sul, né, e quando ele estava quase terminando, ele ainda não tinha fixado no computador, veio, apagou ... Quer dizer, ele teve que passar a noite em claro pra recompor o que tinha sido feito. Muita gente se queixou que os aparelhos eletrodomésticos quebraram por causa da, né... Então, parece que eles andaram dando até indenização. Agora, está certo?
DOC. - É difícil ... Uma das formas de trazer energia elétrica pra dentro das nossas casa é o aproveitamento de quedas d'água ... não, e parece que daqui a alguns anos esse recurso não vai ser mais possível ...
INF. - É a mesma coisa do petróleo ...
DOC. - Pois é, a senhora vê solução pra isso?
INF. - Olha, isso eu não entendo, quer dizer, que eu tenha lido alguma coisa sobre a aproveitação, o aproveitamento da energia solar, dizem que muitos gastam bem menos .... o resultado muito grande. E o que não nos falta aqui é sol, né?
DOC. - É...
INF. - Então, acredito que possa fazer uma maneira não só de aproveitar como talvez de armazenar, mas isso eu, eu não tenho conhecimento técnico pra te dizer, agora penso e tenho lido que todos os lugares em que estão aproveitando a energia solar está dando um grande... um resultado muito positivo. e acho que é época de começar a pensar que há, digamos, os meios alternativos, em vez de tá gastando só os ...
DOC. - E a energia nuclear? A senhora é contra, é a favor ....
INF. - Bom, eu, bem, ninguém pode ser contra a energia nuclear em si, né, sabe que ela inclusive é usada na Medicina em grande ... sucesso, pode ser aproveitada, agora a gente não pode nunca saber se no atual estágio da evolução da humanidade, se ela vai ser só bem aproveitada, mas...claro que é uma ... saída alternativa também, porque o lucro também tá aí, existe, tem que ser feito...
DOC. - Claro ....
INF. - Agora, como isso, eu não posso te dizer, não tenho conhecimento, a gente procura saber, mas hoje em dia ... e tudo muito diversificado, você não pode se aprofundar em todas as coisas por mais que você queira ... se manter informado ... e pense, como eu, que você tem uma certa obrigação de se manter informado.
DOC. - Em relação à Amazônia, que é uma outra questão polêmica, a senhora acha que tem uma solução a curto prazo, a longo prazo, pro problema do desmatamento ...
INF. - Não, a curto prazo, eu acho difícil, mas a ...a, tem que haver uma solução, não tem?
DOC. - Claro ...
INF. - Será uma catástrofe no mundo, não só no Brasil, mas pro mundo se ela for destruída, agora eu não acho que, quer dizer, que esses países que falam em internacionalizar a Amazônia, eles acabaram com as reservas deles, eles não podem ser tão [ ] como algumas estatais nossas. Nós é que temos que pensar e parece que já estão fazendo certas, inclusive na área de turismo, né? Tem aqueles hotéis, que a gente ...
DOC. - (...) hotéis flutuantes...
INF. - É, no alto de árvores, tem um tal lá....que parece que já está lotado até o ano 2000 .... E agora eles já fizeram mais ... ampliaram o hotel, sempre naquele sistema, quer dizer, eles não querem dejeto nenhum no rio, tudo é processado ali, o que não pode ser processado...lá...quer dizer, então isso pode ser feito....
DOC. - A senhora conhece a Amazônia?
INF. - Não, a Amazônia eu não conheço. É engraçado, há certas coisas na vida da gente, eu já estive marcada pra ir lá , a passeio, duas vezes e sempre aconteceu alguma coisa e eu não pude ir. Eu estava pensando, outro dia eu estava dizendo pro meu marido que eu queria ir muito a esse hotel, parece que ele resolveu separar um pacote pra brasileiros, porque esses pacotes eram vendidos todos pro exterior. Eu acho que, quer dizer, é muito difícil eu conseguir botar o pé lá dentro ... aí, se eu tivesse disposição física, eu vou tentar, às vezes tentando, tentando com fé acaba sempre conseguindo, né ...
DOC. - O pantanal, a senhora conhece?
INF. - Não, o continente também não, é um lugar que eu gostaria muito de conhecer. Eu conheço as pedras do Nordeste, Pernambuco, Ceará, Bahia, conheço o Rio Grande do Sul, a serra gaúcha é muito bonita realmente, e a parte que eu conheço, pelo menos, é muito bem aproveitada. Gramado é uma cidade, você tem a impressão que tá numa aldeia alemã, muito limpa, muito arrumada, quer dizer e é agradável, porque uma coisa voltada exclusivamente para o turismo, começa ficando meio, mas lá num, não, você tem a impressão, impressão de uma coisa boa, de uma coisa, entende? E, é, as ca ...casas, os jardins não tem seca, não tem nada e todos floridos, que o clima, prevê muito, quer dizer prevê uma pu...a, pura floração. Parece que na maior parte do ano, porque é um clima frio, nem muito úmido, nem muito seco, quer dizer ... inclusive eu vi lá uma coisa que eu já não via há muito tempo .... aqui, na casa que eu nasci tinha amor-perfeito, e lá tem, logo na entrada da cidade, mas lá são enormes, com cores inimagináveis: do roxo - você tem todos os tons de roxo, de vermelhos, branco. Então, pra essa tua tese é uma boa, um bom aproveitamento do terreno, né?
DOC. - Seria, até pra influenciar emocionalmente as pessoas, não é ... isso...
INF. - Claro, me pareceu, eu passei lá há poucos dias, mas uma cidade tranqüila, sabe? E que às vezes o turismo (...) assim intenso num lugar, acaba acabando com a vida das pessoas que realmente moram lá, mas Gramado não me deu essa impressão.
DOC. - Gramado é bem interior do Rio Grande do Sul, não é?
INF. - Não, não, Gramado é é, digamos, é como se fosse aqui do Rio pra Petropólis, ou talvez não Petropólis, mas sem dúvida que é um pouquinho mais longe. Não, você vai de ônibus, é duas horas e pouco, não é bem interior, é um, agora é também a mesma coisa, porque Porto Alegre é ao nível do mar , né? E lá já é uma altura, digamos, da serra mesmo, certo?
DOC. - Dos estados brasileiros, tem algum de que o relevo, terreno, tenha marcado a senhora, tenha causado uma impressão ... é diferente?
INF. - Não, eu não me lembro assim... ter uma impressão diferente, não, impressão...como eu te disse essa do Rio Grande, eu acho que ...Pernambuco que tem, não só Recife, que é uma cidade plana, mas também as praias são lindas, eu acho, eu não entendo como é que um brasileiro vai para Aruba e não conhece as praias do Nordeste. Mas, assim, uma coisa, digamos, espetacular que eu ficasse .... não, não são ...
DOC. - As praias do Ceará, por exemplo ....
INF. - São bonitas, mas não são mais bonitas que as de Pernambuco ...
DOC. - É?
INF. - Da Bar... ou de Sergipe....As praias do Nordeste, elas são todas muito lindas e eu não vou lá agora acho que talvez uns dez anos eu estive lá a última vez, em oitenta e sete, naquele tempo ainda não estavam degradas, eu espero. Acho que não estão sendo, pelo menos pelo que a gente lê no Boa Viagem, no Globo, pelo contrário, parece que eles estão desenvolvendo, porque estão vendo que aquilo é um potencial turístico, é uma maneira de... de trazer dinheiro pro estado, se deixar, se deixar poluir, aí, danou-se.
DOC. - Não, estão a mesma coisa... eu estive no ano passado e estão a mesma coisa, não estão...
INF. - Você esteve aonde?
DOC. - Estive em Ceará, conheci várias praias do Ceará...
INF. - Tenho lá, eu ouço falar muito no "Marreco com Jenipapo", não é? Você esteve lá?
DOC. - Hum-hum.
INF. - Dizem que é muito bonito, né?
DOC. - Gostei muito das praias de lá. E aqui perto, por exemplo, o relevo de Niterói... Dizem também que é muito bonito. Que que a senhora acha? A senhora conhece alguma coisa?
INF. - Não, eu não, há muito tempo que eu não vou lá pras praias de Niterói, mas eu sei que são muito bonitas, não há nenhuma razão para não serem, inclusive eu... que eu me recordo... eu acho que elas são mais recortadas que as daqui do Rio, e a praia mais recortada é mais bonita, é ou não é?
DOC. - É.
INF. - E agora parece que estão, o que você acha de Niterói hoje com o Jorge Roberto, que eu ouço elogiar muito...
DOC. - Que é que a senhora ouve dele?
INF. - Só elogios, e tem aquele prédio do museu, né, que foi uma coisa audaciosa, né? Dizem que está uma maravilha, está vindo gente até do exterior, mas não fui lá não, acho que ali...
DOC. - Aproveita, pra conhecer Niterói...
INF. - Não, eu trabalhei lá há anos, porque o, eu sou técnica do MEC, aposentada e eu trabalhava, na subsecretaria de Niterói, que era justamente que regia as... baixadas... e, então, eu ia, quer dizer, mas a subsecretaria era logo na saída da ponte...
DOC. - Sei.
INF. - E eu, poucas vezes, trabalhei mesmo no centro de Niterói, mas como centro de Niterói, antigamente era feiote, porque ele não era... e ele era velho e ainda não era antigo...
DOC. - Sei como, estou entendendo.
INF. - Não é?
DOC. - Hum-hum...
INF. - Mas, agora, dizem que está muito melhorado.
DOC. - Ah, realmente...
INF. - E a última vez que eu fui pra lá pro lado de... o lado de Icaraí, das praias estava feito... aqui, como o Leblon, Copacabana, cheio de bares, bonde, hotéis bonitos, tudo, né? E agora eu ouço dizer que o centro melhorou demais... Vamos esperar que seja conservado.
DOC. - E o aproveitamento do relevo do terreno... da vegetação pra turismo... é, por exemplo um tipo de turismo bem original, o turismo nudismo, por exemplo, que que a senhora acha disso?
INF. - É, eu não tenho nada contra... Eu, evidentemente, nessa altura da vida, não ia fazer nudismo, e eu não tenho a menor vocação para "voyeur".
DOC. - Hum-hum...
INF. - Quer dizer, se eu tiver que ver um bando de gente nua ali, eu quero que eles se divirtam qualquer que seja a intenção deles, mas a mim não interessa em ver, mas não tenho nada contra não, parece que é uma experiência que, feita em vários países, com muito, muito sucesso, né?
DOC. - Olha...
INF. - De certo modo obriga a pessoa a cuidar do físico, né? Porque já pensou se é muito descarada pra ficar nudista com um barrigão de chope, uma coisa dessas, a pessoa tem ...Nesse ponto, eu acho até, da rigidez física é é positivo. Tenho, não tenho nada contra...
DOC. - A senhora conhece algum lugar aqui no Rio em que se pratica?
INF. - Não, di...dizem que tem lá pro lado da Prainha, estão fazendo uma, já fizeram, depois tiveram que fechar, porque é, houve uma verdadeira, nó no trânsito, que todo mundo queria ir pra lá pra olhar, o que, o que eu acho um absurdo, né? Mas estão tentando fazer aqui, lá pro lado de Grumari, lá bem ... da Barra. E, e eu acho que é uma prova de civilização, quer dizer, você deixa a pessoa vive da maneira que ele quer. Ontem, nós aí, na Net, uma entrevista na conexão Roberto D'Ávila, uma entrevista da, daquele Paris Sobel, e ele salientava muito isso, quer dizer, que a civilização, a evolução é a arte de aceitar as diferenças. Eu já tenho olhado to... todas as referências que eu vejo ao Rabino [ ] são muito elogiosas, e eu fiquei muito impressionada com a entrevista dele, que estava dizendo isso: que só poderá haver paz quando se aceitar inteiramente a ... cada um aceitar as diferenças do outro, e ele salientava que o fundamentalismo que existe tanto do lado dos judeus quanto do lado dos palestinos e árabes, é um ...esse é o mal, porque ele não aceita as diferenças dos outros. Então, isso do nudismo é aceitar a diferença dos outros, que querem, têm uma outra concepção.
DOC. - Claro, com certeza...Agora, sim, pra gente terminar a entrevista...a senhora falou que é espírita e como é que que é esse planeta...é um planeta...
INF. - De expiação...
DOC. - De expiação...Como é que a senhora imagina ou não sei se os espíritas têm notícia disso, eu não sei como é, e como seriam... o relevo cósmico, o relevo de uma outra...
INF. - De um outro...
DOC. - De um outro planeta ou de uma outra vida, não sei explicar...
INF. - Olha...
DOC. - Como seria o terreno?
INF. - Dizem, eu não me lembro mais nem o livro onde foi que eu li, em que os pla... os planetas mais evoluídos, as flores além de serem perfumadas, elas cantam, entendeu? Então, há livros, há inclusive o Nosso Lar, quer dizer, eu nunca li, não, e que entram mais nesses detalhes. Agora, dizem, não sei se você... está muito em moda agora, até levaram a peça em Niterói. A peça é muito interessante, que você não seja espírita, quer não seja, essa Violeta na Janela, é baseada num livro psicografado, em que uma senhora, que a sobrinha da família era toda espírita, e a sobrinha... morreu num aneurisma cerebral, quer dizer, nem sabia que tinha o aneurisma, acordou, teve aquela dor violenta na cabeça...né? Teve que ser atendida, morreu...e o livro diz a outros como lá, que do outro lado, em cima do rio...em cima das cidades, do nosso plano, há uma cidade espiritual...à vezes até muito parecida com o mundo...
DOC. - Sei...
INF. - Com a cidade material, quer dizer...mas eu prefi... eu não, não gosto de ficar imaginando isso, que é uma coisa que eu vou chegar lá um dia e ver, pra que que eu vou perder meu tempo...eu vou aproveitar a que está aqui, não é isso? Essa aqui, enquanto eu estou vivendo, porque pra outra eu irei, com certeza, então sou...eu tinha uma tia espírita que só lia livro espírita e só queria ... dizer, mas eu não tenho esse fanatismo, eu não sou fundamentalista.
DOC. - E tem, assim, um final? A pessoa vai passando por expiações até chegar a um estágio...
INF. - [ ] eu tomo por esse tipo de plano, com certeza, né? Agora, a evolução basicamente é infinita, né... você vê que até o Universo todo está evoluindo. De vez em quando estoura uma super [ ] e vêm outras, e isso e aquilo. Isso também eu não parei para pensar, porque eu não quero enlouquecer, entende? E eu não sou autoridade para dizer se há ou não há, mas a lógica leva a crer que não haja, que vá evoluindo infinitamente, né? Se não pára e vai acontecer o quê? Não é? Você tem alguma "profissão" religiosa, não... Acredita em alguma coisa?
DOC. - Sou católico praticante de ir à missa todos os domingos...
INF. - Mas isso é muito bonito, eu acho, aliás agora, há uns... aqui, no Leblon, tem o padre Zeca, que é um apelo pra gente jovem, música na igreja e tudo e há também o movimento carismático que está havendo... Saiu a minha vizinha ali que é católica, praticante, ela que por força quer que eu vá a um movimento carismático, mas eu aí nesse ponto tenho uma idéia... Eu acho que eles estão fazendo mais uma prática espírita, sem se dar conta disso, porque a posição que eles põem as mãos pra... é a mesma que a gente põe, que dizer, aqueles cantos e tudo, entende? O que, aliás, é bom, é positivo, porque a mão que chega ... disse o Rabino Sobel, é respeitar as diferenças e eu acrescentaria... incrementar as semelhanças.
DOC. - O marido da Senhora também é espírita?
INF. - É, ele é, ele é muito mais versado do que eu, porque ele é muito... ele foi, ele fundou a Juventude Espírita de Minas Gerais, que ele é mineiro, quando ele estava estudando lá em Belo Horizonte e... e é isso, eu acho que, ou seja, eu já ti...
DOC. - Não que isso! Eu já explorei bastante a senhora, né?
INF. - Não, eu tinha deixado a manhã pra você, porque eu não gosto de fazer as coisas pela metade, não é?
DOC. - Hum-hum. São aí 52 minutos de entrevista.
INF. - Então você vai ter que cortar muita coisa.
DOC. - Não vai se aproveitar tudo...
INF. - É, eu espero que eu tenha sido proveitosa pra você.
DOC. - Foi. Muito boa. Vamos encerrar então.
INF. - Está, mas é claro,
DOC. - Está bom?
INF. - Está.