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PROJETO NURC-RJ

RECONTATO:
Inquérito 052 (masculino / 59 anos)
Tema: Vida social e diversões
LOCAL/DATA: Rio de Janeiro, 29 de junho de 1992
TIPO DE INQUÉRITO: Diálogo entre informante e documentador
DOCUMENTADOR: M A


Clique aqui e ouça a narração do texto 


DOC. - Bem, então, é, como o tema é vida e diversões, eu, queria que o senhor falasse, por exemplo, pra começar, é, o tipo de reuniões que a gente tem, por exemplo, reuniões que a gente pode fazer, em casa.
LOC. - Ah, reuniões normais, reunião de família, reuniões com amigos, é, das mais diversas, normalmente até em recepções se, mas, no que diz respeito a [ tá boa a altura, ou não ] é algumas mas, apesar de conveniência, com toda a família.
DOC. - [ ? ]
LOC. - Ah isso é eventos né, diversos. Podem ser reuniões, informais podem ser reuniões, até, sociais, também, batizado, casamento, isso é a coisa mais normal entre as pessoas né, batizado, casamento, até, reuniões muito desagradáveis, muito provavelmente são aquelas que, quando os nossos vão, né, os nossos mais amigos, íntimos, vão embora, deixam, de existir né, mas de qualquer forma são essas, reuniões até culturais, às vezes também, onde são elaboradas coisas, diversas, normal.
DOC. - Em casas ...
LOC. - É, em casas de amigos, em minha casa, claro, é quase é, uma, rotina nossa né, ter que se, tem se agregar, tem que se , tem que procurar os, semelhantes né, é isso aí.
DOC. - E na casa ... é ... de reuniões em lugares públicos ...
LOC. - É, familiares, em às vezes, em, lugares públicos, que eu participo são, reuniões de trabalho. Essas daí já não pode se dizer, uma reunião social, são reuniões, a trabalho, são reuniões, inerentes ora, a nossa função pública né, então, normalmente, conferências, palestras, seminários isso aí. Não sei se é essa, essa, colocação, mas não deixa de ser né.
DOC. - ....................... festividade .................
LOC. - Bom, a gente participa normalmente dessas festividades estaduais, que, a gente é obrigado, por uma série de circunstâncias nós somos até obrigados a comparecer né, mas, não é muito comum não. Eu normalmente procuro, não, ficar um pouco omisso com relação a isso. Essas reuniões de, solenidade, inaugura isso, não sei que mais, e, cocktaill em favor disso, a posse do fulano de tal, isso realmente, eu procuro, recolher a minha insignificância porque como um técnico do Estado, não há como, me misturar. A gente tem que abraçar, a camisa do Estado, e não a, vestir a camisa do Estado, e não vestir a camisa da política. Eu não sou político. Eu sou, a minha área é administrativa, é outra coisa, tocar, relativamente bem. Tanto é que, como, ex-funcionário do Tribunal de Contas, na época inclusive, que dei a primeira entrevista eu, estava no Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, de onde eu sou funcionário, mas só que me aposentei, e, antes de me aposentar, fui requisitado pelo Governo do Estado pra assumir uma, responsabilidade, e, no Planejamento do Orçamento de Secretaria de Estado de Educação, onde fiquei durante oito anos, todo o orçamento da Secretaria Estadual de Educação. Depois eu fui dirigir a Fundação de Amparo à Pesquisa, e, de onde saí o ano passado, quando estava ... requisitado também para, Secretaria de Estado de Cultura, onde dirigi durante seis meses essa Secretaria, e por uma série de circunstâncias fui, convocado pra, mais essa etapa de vida [ ? ] trabalhar , em prol da área administrativa do Programa Estadual de Educação, né, [ ? ] para, essa a, carro-chefe do Governo do Estado, mas isso, sem, nenhum, cunho político, e só pelo cunho, pela área administrativa, uma certa experiência né.
DOC. - É, bem, então vamos de, mudando um pouquinho, vamos falar por exemplo de formas, de tratamento, como é que é, ... o senhor falar como é que são as formas de tratamento na sua área, comparando com o trabalho, com os amigos, como é que o senhor, ... fórmulas mesmo ... como é que o senhor, quando o senhor tá conversando com a sua esposa, como é a forma de tratamento.
LOC. - Ah, isso é o mais íntimo possível né, é a mais, não só, com a esposa como com meus filhos também, né. Nós temos um, relacionamento uma maneira de tratar muito, muito, normal, sem, criar, probleminhas, que à vezes a pessoa trata, exige-se um pouco de respeito mas, o tratamento é, bem normal. Agora fórmula o que que você quer dizer com fórmula, é, se a pessoa me trata de senhor, ainda como o, feudo, não, não tem nada disso, lá, é tudo democrático, se é essa, e o tipo do trabalho também, o trabalho também.
DOC. - Aqui também é.
LOC. - É, embora eu, dirija a Secretaria, eu, tenha, essa responsabilidade, eu mantenho uma forma, uma maneira de tratar muito, cordial, entre os meus funcionários, não é nada, é melhor sabe com respeito, mas, cordial.
DOC. - E, em que outras situações ...
LOC. - É sempre muito difícil, a situação mais formal é quando você tem que tratar, com pessoas que hierarquicamente estão, acima, né. Então, se eu vou falar com o senador, vou, se eu vou conversar com o Governador eu tenho que tratar de uma forma, Vossa Excelência e tal, mas assim mesmo, com o Governador do Estado com o Vice-Governador. Com o Senador Darci Ribeiro eu trato de você mesmo, porque são trinta anos de convivência a gente, vai acostumando, não tem, é bem normal, e ele também faz por onde, tratar dessa forma, a todos que trabalham com ele.
DOC. - E, bem, mas, é, normalmente, como é que, normalmente, não só em relação ao senhor na maneira como se relaciona com a sua família com ... o senhor vê , as pessoas se relacionarem, pessoas de mesma idade...
LOC. - É, é, lá em casa meus filhos me chamam de você. Eu não vejo nada demais, claro, que, há uma, diferença, mas isso é questão de geração. A época em que eu tinha pais a gente, tratava com aquela reverência o senhor pra cá o senhor pra lá senhora pra lá e tal, mas, isso vai passando, isso vai mudando de geração a geração.
DOC. - Hoje em dia acho que nem mais de pai e mãe chamam.
LOC. - Não, nem pai e nem mãe, é, não, mas lá em casa ainda me chamam de meu pai, minha mãe, paizão daqui né, de qualquer forma, bem bem democrática, não há essa maneira de tratar com essas reverências e tal [ ? ] isso aí não. Não chegamos a tanto né.
DOC. - E, bem, como é que o senhor vê por exemplo as formas de tratamento utilizado entre pessoas de classes sociais diferentes? O senhor acha que há um modo diferente de se ...
LOC. - Há, há, modos diferentes. Aqui mesmo, embora eu seja uma pessoa, bem aberta, no que diz respeito a, tratamento eu tenho alguns funcionários que, sempre botam um doutor pra cá, né, ou senhor pra lá, embora eu dê oportunidade que me chame de Mário Celso, mesmo, claro, desde que respeite e tenha, saiba o dever dele, as obrigações, eu acho que nada impede descentralizar ao máximo, sabendo que cada um é responsável, pela sua área mas, alguns ainda, mantêm, chega a secretária, vai me chamar Dr. Mário, chega o outro, você acabou de ver [ ? ] Dr. Mário preciso de mais alguma coisa, e tal, caso aí, nessa, isso são diversas chamadas eu tenho aqui contínuos, eu tenho aqui, vigilantes, eu tenho, né, o pessoal do material, que toma conta da conservação do prédio, como também tenho contador, eu tenho administradores, então são, diversas, camadas sociais.
DOC. - [ ? ]
LOC. - Há, é, é tudo de hierarquia, ah isso é.
DOC. - Vamos mudar um pouquinho então [ ? ]
LOC. - Olha, eu sou, um fã incondicional de qualquer tipo de música, desde que ela seja melódica, né, desde o clássico ao popular. Agora se eu conheço, depende do do lugar. A minha origem embora eu seja carioca, é Minas Gerais. Então lá tem aqueles sistemas da música local, agora mesmo estamos na época de, festividades juninas, caipiras, e tal, música sertaneja, que a gente tem que admirar também.
DOC. - E a diferença ...
LOC. - A música, [ ], da Bahia, já é mais puxada pra o candomblé, puxada pra música, reggae tão puxando agora, lambada pra cá, lambada pra lá então tem que conviver com essa coisa toda. Mas eu sou fã da música clássica ou então do nosso samba mesmo, da nossa música popular.
DOC. - É, o senhor falou aí em festa junina né, e, e da sua influência de Minas, o senhor não vê, é, diferença da comemoração das festas juninas ...
LOC. - Olha, eu, participei desde garoto, de festas, juninas, tanto lá em Minas como, embora (eu) tenha sido, nascido aqui no Rio, mas, meus laços familiares, meus parentes, meus tios, [ ?] eu participava de festas lá, que eram festas muito agradáveis da mesma forma, que aqui eu inclusive, meu sítio volta e meia eu faço uma festinha junina, convido os amigos, depois, é importante que a gente mantenha, pelo menos a nossa cultura né, é uma forma agradável. Quando jovem, freqüentava muito a festa junina. Hoje tá, um pouco, desagradável até de sair, de casa por causa dessa violência, e a gente fica preocupado né, não sabe nem de chega, nesse Rio de Janeiro, nessa grande metrópole, então é um negócio muito sério. Não vejo muita diferença não.
DOC. - As brincadeiras.
LOC. - A mesma coisa, a mesma coisa, não, talvez as brincadeiras lá sejam até mais, é, eram na época, eu não posso dizer "sejam" porque há muitos anos que eu não participo, eram muito inocentes, eram brincadeiras, sem, maldade, às vezes aqui, é fogos pra cá e, balão dali e tal, aí.
DOC. - Quais eram essas brincadeiras?
LOC. - Pular fogueira, era subir o pau de sebo, era o casamento, então essas coisas, era beber lá toda, a quadrilha, que é o normal, não passava disso, aqui, às vezes fazem até maldade de soltar coisas, né, que venham até, criar problema para a nossa natureza mesmo né, balões imensos, há pouco tempo mesmo eu participei de uma, uma festa junina aí que soltavam balões aqueles que, proibitivos ...
DOC. - Mas eles são lindos né.
LOC. - São lindos mas não há. Se você soltar um balãozinho japonês ou quando muito aquele outro, pequenos, ainda dá, mas um balão que tinha, não sei quantas coisas, não sei quantos metros de altura, eu acho que é, é criar problema, ainda mais agora com essas, as refinarias por aí. Já imaginou o que isso representa, um balão desse cair numa refinaria como Duque de Caxias, ou como, o que vai acontecer.
DOC. - [ ? ], bem ...
LOC. - Agora outras festas, normalmente, participo, só quando for, férias, carnaval, na Bahia, muito agradável, muito mais, Pernambuco também, eu há pouco tempo, eu não, deixei até de colocar, mas eu tive lá, em Recife, lá, é uma cidade bem agradável, carnaval em Olinda .
DOC. - Como é que é?
LOC. - Eles tão realmente pra brincar até, o pessoal está pra brincar pra pular o carnaval de rua que tem é que, quando eu era garoto era muito comum você vir pro Rio de Janeiro, hoje, o carnaval do Rio se restringe a, à , Av. Rio Branco, com os blocos, ou então com, o famoso Sambódromo aí onde que industrializou-se, o carnaval, [ ? ] escolas de samba. Na época não, na época em que eu era jovem, escolas de samba, qualquer cidadão poderia até assistir porque, era em plena Presidente Vargas. Então a gente ia pro baile, participava daqueles. Depois assistia os carros alegóricos das escolas de samba, tudo normal, você passando de bonde, não tinha, nada disso, hoje não, hoje vale milhões e milhões de dólares por causa dos, contraventores né então deixa pra lá não vou pra lá.
DOC. - [ ? ] o senhor toca algum instrumento?
LOC. - Não, gostaria de tocar. Pra não dizer que eu não toco, eu já toquei guitarra, mas, gostaria de tocar. Lá em casa, os meus irmãos, quase todos tocaram, piano, violino, violão, acordeón. Mas eu, mas eu, não tive esse privilégio. Fui o último né de uma família de nove. Então, fiquei fora.
DOC. - [ ? ]
LOC. - Tinha orquestra, não precisava daquele pra tocar.
DOC. - E o senhor gostaria de tocar qual instrumento?
LOC. - Piano. Gostaria de tocar piano, mas não tive oportunidade e depois também, a idade vai chegando, preguiça aquela coisa. Eu até poderia ter, mas, perde o "elan" né, de certa, tem outras coisas pra fazer, tem que se pensar na vida, cotidiana, tem que se pensar, em ganhar o dia-a-dia e honestamente, manter uma família que hoje, você vê, quatro filhos, graças a Deus dois já estão encaminhados, um médico o outro é engenheiro, e , tô com a terceira, colega de você, só que tá estudando Biologia né, então praticamente, a minha, meta já está quase completa.
DOC. - ... em questões de, de tipos de reuniões, diversões, coisas assim, que tipo de diversão... filhos né ... é atraente ....
LOC. - não veja bem, isso, depende muito da, formação dos filhos, né, claro que as diversões são várias, uns gostam de baile, de festinhas, de. Outros gostam de esporte, de freqüentar, o Maracanã, casa cheia, assistir um jogo, então, são, várias diversões, cada um se diverte, praticar um esporte, não deixa de ser um divertimento, né, então isso depende muito de gerações. Lá em casa é assim, eu tenho, dois filhos, um, gosta muito, de, é, participar de reuniões, de festas, já o outro já é mais, fechado, ele prefere ficar, se limitando a ler, assistir uma televisão, muito difícil também mas, ouve música e, trabalhar, fora que eu tenho as filhas, uma gosta de festa, a outra adora baile, a outra de teatro, cinema então, são várias diversões, isso depende, é muito variável, cada um tem, uma maneira de pensar.
DOC. - Muito individual
LOC. - É, é, por geração, e repare eu tenho, três gerações em casa, eu tenho, dois filhos, praticamente da mesma idade, uma filha, com mais ou menos a sua idade, a outra com 16 anos. Então já são três gerações, cada uma, aí a mais nova tá pensando no bailezinho, na festa, é no, assistir um, teatro, uma programação, fazer [ ? ] [ ] ídolos, sabe como é que é, ainda tá, já aí, que tá na sua idade tá pensando em se formar, em ser uma
boa bióloga, e aí já tá com namoro sério, já tá pensando em casar amanhã ou depois, esquece um pouco, o divertimento.
DOC. - O senhor falou aí também do esporte né ...
LOC. - Não, nós lá em casa todos gostamos, de esporte.
DOC. - Todo mundo pratica alguma coisa?
LOC. - É, embora, a minha idade, eu ainda, gosto de praticar o esporte. Gosto de jogar futebol, gosto de jogar um voleibol, né, gosto de, nadar, e lá em casa todos.
DOC. - Cada um tem um, tem um, uma modalidade?
LOC. - É, lá em casa todos não não, lá os rapazes são, do futebol, é. Adoram futebol, tem até campo de futebol na minha casa, de campo , justamente pra, pra que a gente no fim de semana, aproveite bastante, e aí, é, e aí vão todos os colegas, amigos, diversos, aí vêm, gerações diversas. Hoje ainda, alguns amigos que jogavam comigo, jogam com os meus filhos, da mesma forma que eu. Então, a gente fica ali, praticando, fazendo exercício, e se divertindo, é uma maneira de divertir também né, bem saudável.
DOC. - [ ?]
LOC. - É, piscina, ginástica agora isso daí que agora tá em moda né, que tá na moda, né, ficar freqüentando academia, Equipe 1, não sei o quê, e tal, são mais preguiçosos, só gostam disso.
DOC. - [ ? ]
LOC. - É, não, porque veja bem, na época em que eu era jovem, lá em casa nós praticávamos esporte mesmo, [ ? ], jogar, minha irmã jogava, voleibol, eu jogava futebol, basquete, vôlei. Agora, as minhas filhas já são mais preguiçosas. Gostam, muito, de uma piscinazinha, dar uma nadada, ou então malhar numa academia.
DOC. - [ ? ]
LOC. - Não tem [ ? ] não tem
DOC. - Vamos falar sobre os jogos, o senhor assiste jogo?
LOC. - Se eu assisto jogo?
DOC. - [ ? ]
LOC. - Olha eu, como eu lhe disse, assisto tudo, sou fã incondicional do futebol. Então, todo domingo que tiver o meu clube jogando, estou lá no Maracanã, assistindo. Sou freqüentador, já dirigi clube, né. Então, sou freqüentador assíduo do Maracanã, futebol, basquete, vôlei através da televisão. Não gosto de corrida de automóvel, acho que Fórmula 1 é, talvez, a grande responsável por essa loucura que nós temos de trânsito né, pessoas, pilotos, em potencial, assistem, [ ? ], você repare só, logo após uma corrida de Fórmula 1, como os desastres acontecem com muito mais rapidez porque normalmente o motorista começa a ziguezaguear, fazer loucura. Então, não gosto. Não gosto de boxe. Acho que é, um esporte brutal, eu gosto realmente é do esporte coletivo, isso aí, voleibol, basquete, e tal, mas o futebol, principalmente.
DOC. - E outros jogos ...
LOC. - Olha outro tipo de jogo que eu não gosto. Jogo de azar, se você chegar e disser assim: Vamos jogar um baralho! Dificilmente, talvez, um buraco, amigo, com parentes, com minha sogra, que tá velhinha, oitenta e oito anos e tal, eu vou lá, mas, realmente não, não sou chegado. Já freqüentei, como diz, já viajei nesses países aí, , da América do Sul. Entrei em cassino e fui incapaz de gastar um centavo, porque não gosto. Corrida de cavalo eu nunca fui ao Jóckey Clube. Não gosto. É questão de gosto, né, não é questão de apostar, eu, não tenho ... [ ? ] uma vez ou outra eu faço uma fezinha aí na, Sena, na Quina esse negócio da Loto mas, isso já não é, não é assim não, tem gente que fica viciado, às vezes, aposta até o que não deve.
DOC. - O que não tem!
LOC. - É, exatamente, eu tenho um funcionário aqui que recebe o salário, daqui a dois três dias, embora não seja um salário grande, [ ? ] corrida de cavalo, ele tá, daqui a pouco, precisando de auxílio, porque que não, não é por aí né, tem família tem que, ajudar os filhos, dá muita dor de cabeça.
DOC. - As pessoas perdem a cabeça, né.
LOC. - É
DOC. - Quer dizer então que quando o senhor faz uma fezinha é, Loto.
LOC. - Uma vez ou outra, uma vez ou outra, e já ganhei, já ganhei, já ganhei na quadra aí um dinheirinho.
DOC. - [ ?]
LOC. - É, não jogo, essas, raspadinhas, essas coisas novas, bicho, não vou dizer que, às vezes, já, sonhei, o número de carro a placa, vi um carro batido, mas nunca, nunca tive a sorte de ganhar nada. Então, não sou chegado a essas coisas.
DOC. - [ ?]
LOC. - É, não, já tive oportunidade, imagina você o seguinte, nessa, quando eu trabalhava já fui tesoureiro da Caixa Econômica em Brasília, cheguei a tesoureiro geral mas houve, numa época em que eu, trabalhava numa agência, e ao lado, era a agência de, bilhete lotérico. Quando não tem que acontecer, não vai acontecer. Imagine você que, é, ao sair de uma casa de material esportivo onde fui pagar uma fatura de um clube que era diretor lá em Brasília, fui abordado por um, vendedor de bilhete que me conhecia, porque era assim, lado a lado não tinha nem separação. Aí ele chegou com um bilhete e disse assim: Fica com esse bilhete! Me oferece bilhete pra quê? Você sabe que eu tô cansado de ver bilhete na minha frente. Fica, esse aí, pode ficar, cê tá sem dinheiro, paga depois. Pois bem, foi o primeiro prêmio da loteria, e era justamente o número do telefone que ficava em frente ao meu guichê, que era numa farmácia, pois bem, então quando não tem que acontecer, não adianta. Nós tamos aqui seguimos uma linha.
DOC. - E o vendedor soube depois?
LOC. - Soube, não, ele foi lá e disse assim: Tá vendo! Se você tivesse ficado, com o bilhete, eu tenho certeza que você ia me dar uma compensação. Quando acaba, o dono da casa, o Fábio Bastos, que era o gerente lá da farmácia, ganhou o bilhete e não me deu um centavo!
DOC. - O senhor não tinha ficado com o bilhete!
LOC. - Eu não fiquei, eu não fiquei, e não, me arrependo disso não. Acho que o que a gente tem que, o que ... tiver que acontecer, minha filha, vai acontecer, não é fácil não.
DOC. - ............trabalhado muito ..........
LOC. - É, pode acontecer.