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PROJETO NURC-RJ

RECONTATO:
Inquérito 373 [26] (feminino / 76 anos)
Tema: Dinheiro, banco, finanças
LOCAL/DATA: Rio de Janeiro, 1996
TIPO DE INQUÉRITO: Diálogo entre informante e documentador
DOCUMENTADOR: Fernanda Lessa


DOC. - terá como tema... dinheiro... bancos... finanças... a bolsa... por favor... o que a senhora poderia dizer... sobre esse tema... o que faz... o que fazer num... num tempo de tantas crises... em que bancos estão sendo... estão quebrando... em que há... uma diferença enorme... entre o nível da população... o nível econômico da população... dez brasileiros têm um potencial altíssimo econômico enquanto a maioria... vive na mais profunda miséria... o que fazer com os bancos... com o governo... a senhora aplica em bolsa... o que que a gente deve fazer... com essa parte econômica do país?
LOC. - bom... eu não sou ... financista... não sou... ecome/...eh... econoMISta... e... não... não tenho assim... grandes interesses por esse... esses temas de::: compra::: e vende... economiza... e ganha e::: perde e... eu não tenho esse... não tenho esse hábito e não::: não tenho mesmo interesse nenhum nesse... nesse ponto...e::: acho que até é um tema pro momento... já que::: eu sou... uma::: repetente në? nesse trabalho que em setenta e oito eu já dei uma... uma entrevista... e... agora::: voltamos a... ao mesmo tema e... o::: tempo... os vinte anos hein... né... não é nem vinte anos né? nem vinte anos passados ainda... ãh... porque nós (estamos) com dezoito anos e... e::: as coisas mudaram tão profundamente... que é difícil a pessoa que... EU que eu não parei de trabalhar nessas obras... ãh... de filantropia... obras de::: culturais... e... ( ) de mulheres que eu realmente estou na... sou... sou... sou... uma líder feminista...e::: mas acontece que... as coisas mudaram de tal maneira... que se torna difícil o tema... porque a gente vai falar sobre o quê? sobre banco? ni/sinceramente... eu não entendo hoje em dia como se procede aquilo... porque uma hora... eles tão/estão com uma série de... de títulos... né... de... de... de maneiras de se aplicar e.... e de repente... lá vem outro expediente de... não... não diz nada sobre aquele passado... e vem com outros temas... outros... títulos... outro/ então... então.... e.... impostos também... mas nisso os bancos não falam... eles agem sem dizer à gente...nó/... nós sabemos como? através da imprensa.... através de informações que vão sendo dadas... ãh... pe/ pelas tevês... e... assim é que nós sabemos... que pagamos cheques... que pagamos transferência de mão de uma... importância pra ou/... pra...outra coisa qualquer... eh... então...isso... não... não há realmente um... assim... um diálogo com o público depositário... ele não tem o menor acesso às... às... o::: o menor diREIto... à explicação do que está acontecendo com o direito dele... só vê que não está rendendo grandes coisas... isso... isso todo mundo... chega logo a uma conclusão né? mas... o... o... que está havendo? seria melhor mudar de... de conta... seria melhor mudar de banco.... ah... não sei sabe....
DOC. - e qual o critério que a senhora... a seNHOra pessoalmente... qual o critério de escolha... .porque a senhora sabe que está havendo casos em que... cheque... né... pode seer extraviado...
LOC. - sim...
DOC. - outra pessoa pode assinar o seu cheque e é pago mesmo assim...
LOC. - sim...
DOC. - ( ) não há conferência...
LOC. - é... é...
DOC. - ( )
LOC. - Isso é uma... é um descuido dos bancos né... eu me mantenho dentro dos bancos... ãh... praticamente oficiais né... no... ãh... ( ) sou aposentada... e o que me pertence vem pelo Banco do Brasil... então... eu acho que o Banco do Brasil... é... tem que ser um banco credenciado né... e outra coisa também que facilita a mim... porque eu moro perto de uma agência... bancária... é o banco... é o banco... Banerj...então esses dois eu num... tenho nada que me queixar assim... a não ser esse silêncio sobre o que fazemos... o que deveríamos fazer pra... melhorar a nossa situação... financeira... como deveríamos aplicar... isso houve um tempo que havia muito bom... eles nos procuravam até em casa... eh... o Banco do Brasil... o.. Banerj... procurava...
DOC. - então... faça uma comparação entre...
LOC. - não... não... há
DOC. - ( )
LOC. - sim...
DOC. - os planos econômicos...
LOC. - sim... os planos eram mais compreensíveis... eram mais acessíveis à... à compreensão das pessoas que não eram daquele (metier) né... que é essa questão bancária... economistas e tudo mais... eu... não... realmente eu nunca me interessei muito e... mas... eles procuravam... eles... eles... apontavam o que seria melhor... pra pessoa...
DOC. - A senhora tinha aplicações na época... e... então eles orientavam bem... realmente... a pessoa até ficava grata... porque era uma coisa positiva... era um caminho positivo que eles ensinavam... agora essa parte desapareceu... não mais proporam os... os... os clientes... e... nós não sabem coisa nenhuma mais... só... só... o que ouvimos ou lemos... e essa... e esse... é o problema... realmente eu também não sei... só se sabe que a... que a... a poupança caiu barbaramente... que não adianta mais fazer poupança nenhuma... porque de poupança é só o nome não é? Então... é difícil esse tema... pra mim é muito difícil... porque ele está muito diferente do dia a dia que a gente tem... através deles né..
DOC. - Uma pesquisa feita no IBGE descobriu os cariocas vivem na informalidade... devido à falta de empregados né... e que em média eles faturam dois mil e cem reais por mês... a senhora ( ) de atividade... acha que eles estão estão corretos... que fazer... o que os brasileiros deviam fazer... continuar nessa obscuridade... sem um emprego...
LOC. - É claro... que não...
DOC. - É difícil... a onda de camelôs aumentou...
LOC. - É claro... bom a onda de camelôs... aí tem uma... um lado positivo... porque se a gente olhar bem as coisas... se são honestas... elas apresentam sempre um lado positivo... eu acho... esse lado do camelô... né uma coisa muito importante porque hoje em dia... olha... eu posso dizer... nunca houve tanta facilidade de... trabalhar... de ganhar dinheiro... por quê? Há vários anos atrás se... eu tive... uma amiga que se queixou a mim... eu encontrei com ela num momento em que ela estava um pouco desorientada... eu disse... que foi Fulana? ah... porque imagina só... eu venho com aminha saCOla e aí um homem pára na minha frente e diz... deixa eu ver o que tem na sua sacola... e... aí... eu falei... e ele se identificou... era um fiscal... e tudo mais... então eu achei isso um desaforo... então eu sou parada na rua pra ele saber o que é que eu tenho na minha sacola... e ele se desculpou... bom... a senhora desculpe mas é que é nosso trabalho... porque está havendo muita... muita maneira de... de... de sonegar impostos... essa coisa toda... isso há alguns anos atrás... agora não se vê isso não... agora tem importados nos camelôs né... o pessoal que vai lá fora apanhar... e é apanhado às vezes também... e aí é um corre-corre chega a ser até engraçado... não é? porque as pessoas ficam horas e horas dentro dos ônibus... escondidas... pra poder passar a mão... não é com fortunas... lógico né... eu acho essa... que tudo tem a sua... seu pró e contra... eu acho que há realmente uma facilidade agora... talvez dada a essa crise econômica mesmo...
DOC. - são vendedores mesmo né...
LOC. - vendedores...
DOC. - ( )
LOC. - é... de tudo... tudo... outra coisa muito interessante sabe... agora... e isso sabe que eu tenho a impressão... que os vendedores agora estão... estão levando a pior... porque já reparou... que há... há estações de televisão... há canais de televisão... que fazem uma porção de propagandas... é só escrever... telefonar... e nós mandamos o produto... não sei o que... então cadê o trabalho... cadê o trabalho do propagandista? O trabalho do... do... da pessoa... do vendedor? Como é isso? Isso é muito esquisito... e agora... realmente eu tenho que reconhecer que há muita falsida/ há muita dificuldade... ( dinheiro está muito baixo) as pessoas... até a classe intelectual... como o caso das professoras... que vivem realmente numa miséria... minha filha é professora... e se não fosse eu ela não sobrevivia disso... ela tem colegas que são até faxineiras nas horas vagas... porque... tem família ( ) pra compensar aquela... aquela falta... então isso está acontecendo muito... os cargos mais... humildes... estão sendo... usados ( ) por professoras... que não têm parentes... ou que... que não passam suporte pra elas... né...
DOC. - ( )
LOC. - É... então agora elas fazem um... um trabalho fora da alçada delas e... e... são pessoas intelectuais... eu acho que... aproxima... que reaproxima ( ) entre o trabalho intelectual e o trabalho braçal... isso está havendo uma... um... excesso talvez... seja... aí um pouco retrógrado... pode ser até... mas eu acho que está aí havendo uma... um excesso... um excesso pra... tanto lugar... trabalho técnico... não é do intelectual... mas está nos (falando)... em... em... nessas barraquinhas né... e veja bem... eu às vezes gosto de parar e conversar... e eu... já vi muita gente formada... eles falando... (não estou bem) e então eu pergunto... eu pergunto... você tem um curso... superior? Ah... eu sou advogado... eu sou engenheiro... eu sou... não sei o quê... a mesma coisa com os motoristas de táxi... o... por força de saúde... eu trabalhonessas obras filantrópicas... eu resolvi ir de táxi... e então... eu converso com eles... principalmente as pessoas assim mais jovens... eu procuro ver... porque que eles estão ali naquela função... e realmente eu fico muito admirada... porque é um número muito grande de pessoas universitárias... com nível universitário... tem muita gente com nível universitário... e estão no táxi... tem muita gente que... ah... eu fui mandada embora... eu perdi o emprego... e então... eu resolvi pegar o táxi ( ) de um parente... de um não sei quem... um amigo... e estou fazendo isso... e eu digo assim... você está gostando disso? olha... está melhor do que estava... isso eu estou ouvindo constantemente...
DOC. - ( o dinheiro... )
LOC. - É... é o dinheiro... né... ele largou a posição dele de... de doutor... né... às vezes é... é um médico... às vezes é um dentista... às vezes né... e... e... prontamente... e se adaptou de tal maneira por quê? por causa da força do dinheiro né... mas aí não... mas aí (nós projetamos que a pessoa viva) pelo menos um terço da vida se preparando pra uma função e depois... de repente... ele vai fazer coisa completamente diferente... e se adapta e vive bem... e se dá por satisfeito... então isso realmente... dá muito o que pensar... nessa fase eu estou fugindo um pouco do... do... do assunto... mas o assunto propriamente não é da minha alçada e eu não tenho como responder... porque conforme eu disse... está muito diferente...
DOC. - ... mas é o dinheiro mesmo...
LOC. - ... mas é o dinheiro né...
DOC. - ... que está fazendo toda essa mudança...
LOC. - ... realmente... tudo é dinheiro... tudo se baseia em dinheiro... eu vi há pouco tempo... agora eu vou aproveitar e vou fazer ((risos)) vou passar o meu peixinho adiante... eu ouvi uma... uma reportagem muito interessante... não me lembro se foi a rádio... e... se foi... a... rádio... a TV educativa... ou se foi o quatro... mas foi uma dessas assim.... o ( ) aquele... aquele... governador do Estado do Rio Grande do Sul eu não me lembro do pri/ do primeiro nome dele... ele ( ) pra aquele que acompanha o... o... ai meu Deus... não... foge de vez em quando os nomes... e... ele deu uma entrevista muito interessante... ele... ele realmente é um forte nisso... ele esteve na frente da Previdência e... e então foi um trabalho muito bom... muito bonito dele... e ele então dizia que há realmente alguns muito ricos... e outros muito pobres... então eu... eu disse... a... a... minha filha... eu estou com vontade de escrever uma carta... pra ele... e sugerir... por quê que... marcar eh... eu não sou financista eu não se como que seria... mas um x um teto... quem ganhar mais que esse... esse... esse teto... então concorreria com... um por cento da sua... da suarenda... do seu salário... lá o que fosse... e... e... em prol da... de uma economia que fosse beneficiar saúde... instrução... né... e... e um por cento realmente o que que é né... se você pega dez salários mínimos... ah... um por cento... é alguma coisa pra quem vai receber... mas quem dá... é muito pouco... e então eu achei que era... era viável... ( ) o ministro ( ) o ministro né... e... e... gostaria até de... de levar isso mesmo à frente viu... ouviu... de outras maneiras vocês como pesquisadores... ( ) seria interessante introduzir um caminho deste... porque este plano eralmente é difícil pra pessoa que está fora da área responder né...
DOC. - Que a senhora... eh... há pouco tempo... nós ouvimos falar sobre as fraudes que ocorreram no Banco Nacional né... e é (órgão) público... e o que... que a senhora acha disso tudo?
LOC. - Eu acho...
DOC. - A economia do país né...
LOC. - Eu acho... que... a lei é uma só... se... o que... um funcionário de... de banco... um caixa que dá um... um prejuízo... ( ) tão grande assim... porque ele não poderia tirar tudo assim... então vamos... vamos desculpar que tirem milhões e milhões e milhões ali né... eu acho que a lei deve ser uma só... se vai punir o::: o::: o::: assalariado do banco que... que faz um desfalquezinho... uma coisa... ( ) desfalquezinho comparado com... nós sabemos que ( ) não se sabe como nem quando nem por quem... ninguém assume nunca essa questão de que realmente né... erra... é um jogo de empurra né... nunca se sabe realmente quem foi... e assim a lei é... é ludibriada... e assim a lei não é cumprida... eu tento fazer essa hipótese que ela é mais simpática... do que dizer outras coisas mais né... eu acho que isso é muito simpático... a gente dizer que nós não conseguimos apurar... mas eu acho que se fizessem direitinho... teriam apurado... e aí sinceramente... eu não compreendo como se deixa... pessoas... seja senadores... sejam deputados... a posição não importa... importa é que ele está servindo... uma coletividade... ele foi eleito por uma coletividade... ele está representando... uma parte da população... brasileira... então ele tem que dar conta disso... deu desfalque é... é... é prisão... não pode deixar de ser... lei pra um... é lei pra todos... o que nós estamos sentindo aqui... é que... a lei só vai pra um laod... ela... não vai pro outro...
DOC. - Dos fracos...
LOC. - Sempre o lado do... dos fracos... a lei nunca fica do lado dos fracos... fica do lado dos fortes... então isso é uma coisa absurda... a gente tem que compreender... que isso não... não pode continuar dessa maneira... e é isso que... eu tenho um pouco de receio... porque o brasileiro é muito eh... é de surpresas e... está todo mundo... assim... muito para:::do... muito cala:::do... eu tenho muito medo desses silêncios assim... porque ( ) do indivíduo né... nós não... sabemos de uma hora pra outra... é claro que se tivesse o acesso... já teria havido alguma coisa né... mas... além de... do dinheiro as armas também estão no alto dos morros né... então lá é que está... e eles não se interessam em fazer a coisa direito... eles querem pra eles também... então é uma situação muito difícil a gente dizer... como seria isso? Quem está culpada? É a lei? Que não se faz... não... não é... não se pode dizer que seja so a lei... e quem faz esses inquéritos que não... não apura di/ em profundidade? não se sabe... quer dizer... nós... as pessoas comuns... o povo... não sabe realmente o que que está acontecendo... que fica difícil a gente dizer... dar uma opinião... porque ( ) às vezes eu... eu me distraio... ouvindo as opiniões nos coletivos... nos... e ouço... fico prestando atenção... vejo que todo mundo fala... fala... fala... mas a raiz da coisa mesmo... ninguém conhece... ninguém sabe direito como foi... como o brasileiro vai se situar pra dizer o que seria melhor não é? eu acho que está... que está talvez na... nisto a raiz do silêncio do povo brasileiro... é que ele tem consciência...
DOC. - que está errado...
LOC. - que tem algo errado... mas que ainda não chegou até ele... a... a... clareza... pra... pra... pra fazer um julgaMENto... então eu acredito que seja muito isto que está levando o povo brasileiro a ter... a... a... um pouco de... displicência... vamos dizer assim... porque ele dá a idéia de que é muito displicente... que ele não liga... não é... é preferível um jogo de futebol::: do que um problema que nós acabamos de observar aí... não é? é banco... fecha ou não fecha... e... isso pra ele... é claro... ele nã/ deve estar pensando... mas ele não fala...
DOC. - mas ele também não tem acesso ao banco...
LOC. - exatamente... por isso...
DOC. - (por causa da renda)
LOC. - por isso é que ele não FAla... ele não tem acesso de maneira alguma... e ainda que tivesse... pouco... também não teria acesso... porque o acesso talvez seja para os gran:::des depositários...
DOC. - é muito restrito... não é?
LOC. - é mui:::to restrito... numa conta grande... essa conta miudinha de salário que é posto em banco... pro... pro... pro assalariado receber viu... isso aí... isso não conta... isso não conta... porque é dinheiro que entra e sai no dia seguinte quase... né... então fica uma coisa um pouco... difícil da gente... da gente... saber como vai acabar isso... só que eu... digo uma coisa a você... eu sou espiritualista... eu acredito... que Deus... Deus não dorme... Deus vê tudo... e::: quando isso começar a haver cobrança... aí é que está o perigo... nós não sabemos como ela virá... não é?
DOC. - e na sua associação?
LOC. - aqui?
DOC. - como é... como é feito essa parte de dinheiro... de ( )... vocês não têm ajuda... vocês têm ajuda... vocês aplicam... o que vocês fazem nessa parte de finanças?
LOC. - bom... acontece... uma coisa... muito séria... que está havendo em todas as organizações... de... de filantropia principalmente né... algum/ a maioria está fechando...
DOC. - ah é?
LOC. - é...
DOC. - ( )
LOC. - a maioria está fechando... e... as que... as que es/... têm... o... baixaram muito... o sistema de atendimento... aos internos... às pessoas internas... sejam de... sejam de... de idosos... seja... seja... orfanatos... seja... creches... tudo isso baixou muito a tônica... isso... são mil coisas que... que os motivos são vários...
DOC. - mas a questão financeira ( )...
LOC. - nós aqui...
DOC. - [ ( )
LOC. - [ por exemplo...
LOC. - realmente a associação cristã feminina... está num problema muito sério... porque ela existe em dezoito associações do... do Brasil... é centralizada pela associação cristã feminina... do Brasil... que é a sede em São Paulo... nós todas somos filiadas à mundial... tá... há em Genebra...uma asso/ a Associação Cristã Feminina Mundial e... e... realmente... é uma espécie de filosofia... aquilo que nós temos... em... porque... o... o... principalmente pela mulher... só o Rio de Janeiro tem setenta e seis anos feitos... isso aqui tem setenta e seis anos... e... e realmente por aí a fora... essas dezoite... que estão espalhadas por aí... todas se queixam da mesma maneira...
DOC. - e há uma ajuda de custo... vinda de Genebra... pra vocês...
LOC. - olha... olha... havia... havia... um pouco... nunca veio muito... mas dava assim vamos dizer... pra... pagar uma obra que seja necessária... urgente... ãh... lá no interior da Bahia... que tem associações por lá também...
DOC. - tem em Brasília...
LOC. - Brasília não tem... Amazonas não tem... tem no Pará... porque o principal trabalho delas é como prostitutas... e por aí a fora você vai vendo como é... diversificado o trabalho... nas cidades grandes nós não podemos fazer isto... porque muita coisa já está... nas mãos... dos órgãos oficiais né... e não há assim... aCESso... porque no interior elas têm mais facilidade de entrar em contato com prefeito... não é? aqui não... é muito fácil não... não é muito fácil não... e então cada uma se especializou numa coisa... naquilo que o seu... que a sua local tinha mais necessidade... né... então... tem... a maioria trabalha com creches... com pessoas idosas... com doentes... a maioria das associações... nós aqui fazemos um trabalho... de... com ( ) enxovalzinhos...
DOC. - e esse dinheiro... vem da onde?
LOC. - eu vou te dizer... espera aí... nós te/ ainda atendemos... mensalmente... as nossas voluntárias... diretoras-voluntárias... porque as diretoras todas têm que ser voluntárias MESmo... não há tolerância de... de um... nenhuma maneira... retribuir esse trabalho... então...
DOC. - ( )
LOC. - é... o que acontece é que sai do nosso próprio bolso... por exemplo... tem que entregar... entregar... algumas coisas já usadas... que vamos qrrecadando... toalha de banho... lençóis... é roupa mesmo... outras coisas que nós fazemos muito aqui é de onde vem... o pouco do nosso... dinheiro... é... são chás... né... e a gente aquele... aquele chá de caridade que todo mundo sabe como é né... então nós fazemos isso e arrecadamos um pouco... bom... ( ) a chefe do ( ) que é sempre uma diretora... faz... promove aquele chá... e aquilo faz assim... uma coisa bem...
DOC. - tem uma taxa... como é?
LOC. - não... aí as pessoas são... compram um convite para vir ao chá... se não ( ) jeito né... a gente vai passando pra os conhecidos... pras pessoas amigas né... e vai naquele dia então faz... faz aquele chá que pode ser pro...
DOC. - é aqui mesmo?
LOC. - aqui mesmo... é lá em cima... e isso é o principal... temos aí um clube de almoço... que também... é o nosso... um dos nossos... eh... vamos dizer... não não como um de...