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PROJETO NURC-RJ

DIÁLOGOS ENTRE INFORMANTE E DOCUMENTADOR (DID):

Tema: "Família"
Inquérito 0097
Locutor 0112 - Sexo masculino, 27 anos de idade, pais cariocas, professor de psicologia e clínico. Zona residencial: Sul e Suburbana
Data do registro: 05 de setembro de 1972
Duração: 50 minutos


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LOC. -  Bom, então eu vou começar a falar então de família e, e, esse, esse negócio de família de cara assim, né, está marcando aí? Esse negócio de família de cara assim já me lembra claro que a minha família, né, tenho certeza, já é uma merda geral. Negócio de, de família normalmente é assim, entendeu, família, entendeu, sempre um, não sei, sei lá, eu entendo família como uma coisa assim muito complexa, tumultuado em princípio, né? Inclusive o, eu, eu ultimamente, né, até mudando assim de assunto, ultimamente quando eu tenho falado muito em aula, também por cau... muito por causa do, dos cursos, né, que a gente tem assistido, esse negócio de família fica muito, muito em voga, né, principalmente porque hoje em dia está, está havendo uma espécie de falta de adequação, entendeu, entre, vamos dizer assim, o, o, como uma família devia se portar em relação a determinada pessoa, como as coisas deveriam funcionar, eh, vamos dizer assim, dentro da família. Parece que funciona tudo errado, tudo como não deveria ser. Se bem que você não sabe o, o que que é certo e o que é errado mas, vamos dizer, dentro de uma determinada linha, né, uma determinada linha de pensamento parece que está tudo errado. Então como a gente tem ultimamente muito curso, muito ... Tem ouvido aquele pessoal todo argentino que vem pra cá e traz uma série de novidades, a gente vê cada vez mais e mais e mais, porque eu também penso assim, entendeu, a importan... a, a, a importância, a importância muito grande, né, enorme, que tem, eh, a família na, vamos dizer assim, na formação, entendeu, do próprio indivíduo, principalmente com relação à saúde mental dele. Quer dizer, como funciona um indivíduo com qualquer tipo de problema ou sem problema dentro de uma determinada família, quer dizer, a família pode muito, muitas vezes servir pra que essa, aquele tipo de problema que ele tenha seja muito aumentado, seja, vamos dizer assim, mais diminuído, vamos dizer assim, mais, mais seguro, né, colocando num, num plano diferente, e outras vezes não. Realmente às vezes até faz com que a coisa se transforme numa coisa cada vez mais difícil, quer dizer, um, uma esmerdação (sic) total, como se diz, né? E a gente tem visto ... Por exemplo uma, uma coisa que nós vimos no outro dia quando passou o filme do (inint.) quando esteve aqui naquele congresso, foi um troço que me impressionou pra burro. Ele quando esteve aqui naquele congresso ele trouxe um filme, não sei se já ouviram falar, é um filme em que ele mostra uma criança de, era assim de mais ou menos dois anos, dois anos tinha essa criança. Então ele mostra como o, o, o contexto familiar, né, eh, numa medi... na medida em que se omitiu, em que houve determinada circunstância, essa criança praticamente entrou num, num, numa crise esquizofrênica. Então a coisa funcionou mais ou menos assim: a mãe, eh, já era uma mãe ... Ela estava, tinha esse filho de ... Era um ano e meio pra dois anos. Ela então ficou grávida nove meses antes, quer dizer, já, já houve uma inadequação aí no tempo da gravidez, né, quer dizer, ela não pode... em princípio não se ... Não sei se você sabe, mas não, você não deve ter um filho assim um em cima do outro, né? Nós (inint.) que (inint.) não deve ocorrer isso. Então, mas ela teve esse, ia ter esse segundo filho. Então pegou esse menino de um ano e meio e colocou numa dessas creches especializadas, né? Você sabe o que, você sabe o que que é, né? Não sei se lá na sua terra tem esse negócio. Lá, lá deve ter muito. Essas creches que você deixa a criança de manhã e tal ou então você vai ter um filho, ela entrou pro hospital, então ela deixou a criança lá. Então ele, ele começa mostrando assim, a, a, a criança chega no primeiro dia lá, né, tranqüila e tal, a mãe deixa lá e vai embora. A criança vai ficar lá um determinado período, né, então deixa lá, a criança no primeiro dia come, está lá no meio das outras, aquela brincadeira toda, etc. etc. Não acontece muita coisa. Daqui a pouco, já no segundo dia, a criança começa a se sentir um pouco estranha naquele ambiente, começa a se sentir um pouco sozinha. Então ela começa a examinar as coisas e começa realmente a sentir uma certa estranheza naquele ambiente. No outro dia ela já entra numa crise de desespero total. Ela começa a entrar cada vez num desespero maior devido à ausência da mãe, à ausência do pai, apesar de ter lá, ter lá psicólogo, ter atendente, ter um monte de brinquedos, etc. etc. Mas ela cada vez mais estranha naquele ambiente todo, cada vez com mais dificuldade, aquele ambiente todo e ela entra naquela crise de exasperação. Grita e chora, joga comida em cima dos outros, quebra brinquedo, faz milhões de confusões. Então logo depois o, o, o, dessa, dessa fase ela entra, vamos dizer assim, numa fase mais ou menos assim de apatia, entendeu, começa a cair, entendeu, vai começando a se desligar um pouco das coisas e aí realmente começa a crise, a crise maior dela, né, porque ela começa realmente a se tornar, entra, vamos dizer assim, num autismo, tal. Bom, antes disso tem, tem alguns detalhes, tem alguns episódios que mostram realmente as dificuldades dela que é quando o pai vem visitar. Primeira vez que o pai vem visitar, ela trata bem o pai e não sei o quê. Depois o pai quer ir embora e ela realmente não quer que o pai vá embora, então ela fica, segura o pai, entendeu, aí o pai vai embora mas sem maiores problemas. Na segunda visita do pai, quando ela já está no início dessa crise, então ela quando o pai chega ela já vai pra porta. É um troço gozadíssimo, né, o pai chega, ela vai pra porta, ela (inint.) o garoto, é um garotinho, o garoto fica com a mão na porta. O pai foi visitar ele, mas no que o pai chegou ela foi pra porta, o trinco era alto. Então a criancinha fica na porta, né, mostrando, né, comunicando que ela realmente quer sair daquele negócio ali e que ela não está, entendeu, se situando bem ali naquele negócio. Então ela fica ali na porta mostrando ao pai que quer sair. E não vai sair. Então o pai vai embora. Então, a partir daí, ela começa a perder uma série de contatos com os outros. Ela se apega, tem um, um urso assim peludão, grandão, né, ela se apega a esse urso e passa o tempo inteiro agarrada com esse urso, um ursão enorme. Ela passa o tempo inteiro aga... atracada com esse urso, né, ela agarrada com esse urso e começa a, o tempo inteiro, eh, bom, ela começa com um, um tique também, que ela mete o dedo na boca e não tira mais. O dia inteiro chupando dedo, tum-tum, o dia inteiro chupando dedo. Aparece um outro sintoma que agora ela, ela, ela quando chega na atendência a primeira coisa que ela faz, ela deita no colo da atendente assim e se enrosca toda, e a coisa vai num crescendo que já no nono dia, ela já anda toda, com um cobertorzinho, toda coberta. Ela já deita no chão e já se co... já se cobre toda, entendeu, e mais o urso e o diabo a quatro. E, quando chega ... Então o mais interessante de tudo é quando ... Nove dias, nove dias, né, nove dias ela entra nessa crise esquizofrênica. Então quando chega, eh, nesse nono dia, chega a mãe, né, a mãe e o pai e tal que chegam pra, pra ir apanhar a criança e quando chega a criança não reconhece, entendeu, ela não, não diz nada, entendeu, ela, ela entrou num, num, numa crise, eh, eh, eh, tão psicótica que não diz nada pra ela aquele pai e aquela mãe ali, entendeu, não é pai. A mãe chega, quer botar no colo, mas ela não quer, então ela não quer sair. Querem tirar o cobertor dela, ela não quer. Aquelas coisas dela, ela fica agarrada, entendeu, com o urso e o cobertor e não se ... Passa a ser do, do contexto dela o urso e o cobertor e não mais o pai e a mãe, entende? E, e, esse filme, então, um troço horroroso. Que primeiro quando passou esse filme era pra mostrar realmente como pode uma criança ficar esquizofrênica, entendeu, em nove dias e o abandono pela saída desse contexto familiar, né, pela, pela saída do, do, dessas figuras, pai e mãe, do contexto dela. Então realmente ela entra nesse tipo de ... Claro que isso não acontece com todo mundo, eh, mas que pode acontecer. E o pior é que o filme é um filme real, entende, o filme não é um filme montado, não é um filme montado. Que diabo é isso? Não é um filme montado, entende, é um filme real que o, o, o, que eles fizeram ape... apesar do ... Porque eles partem do seguinte princípio de que havia necessidade de você fazer um filme daqueles, certo, havia necessidade de fazer um filme daquele porque um filme daquele, mostrando aquilo, salvaria outras crianças. Então uma ia, vamos dizer assim, pagar o pato e depois dos nove dias você veria o que que ia poder fazer, entendeu, pra recuperar aquele negócio. Então realmente é um filme real, entendeu, o que deixa todo mundo fundidíssimo porque é quase uns quarenta e cinco minutos mais ou menos esse filme e num clima horroroso, entendeu, que você vê naquela, naquela ansiedade do guri todo, aquela confusão toda, aquela, aquela loucura completa, né? E você, você daqui a pouco você passa mal nesse filme, tranqüilo, você passa mal no filme. Tem gente que fica, entendeu, que sai dali com a cuca estourando, né? Eu saí dali e depois teve várias sessões de análise sobre aquilo, entendeu, que no final de contas você quase se identifica com aquele guri e tal e tem uma série de coisas assim, né? É um filme muito chocante, muito, porque tem todo aquele lado. Você começa a se identificar com o guri, né, e você já sabe, porque quando vai ver o filme você já sabe qual é o final do filme, né, e ainda, ainda tem esse detalhe. Então sei que vira uma confusão tremenda e, e eles todos, entendeu, dão muita, muita importância, muita, muita, vamos dizer assim ... Eu considero isso um troço fundamental, entendeu, esse contexto familiar na formação da doença mental ou na, na, não sei bem, na formação (inint.) mas muitas vezes também na manutenção dessa doença mental, quer dizer, quer dizer, um caso desses foi realmente uma criança que pelo abandono dessas figuras importantes pra ela, ela entrou num processo, eh, eh, psicótico e também pode ocorrer como, como vo... Por exemplo, você quer ver um exemplo que eu posso dar também: o, o, nós tivemos ... Esse troço aí não, ninguém vai ouvir mais assim que não tenha problema? O, o, nós tivemos um paciente, eu e a E., eu ... Aliás quem examinou ele primeiro fui eu, encaminhei pra ela. Então nós realmente não tínhamos idéia do grupo familiar dele muito bem, entendeu, quando de repente esse grupo começou a se tratar e o tratamento dele realmente não andava, não andava. Então começamos a fazer orientação dos pais, né, então a situação da família dele. Justamente o pai é uma pessoa que em relação à mãe, em relação à mãe ele consegue fazer as seguintes observações, que a mãe é uma pessoa ótima, formidável. Ela tem aliás grandes qualidades, todas as qualidades, ela tem grandes qualidades. Qualidades ... Ela, ela economiza, entendeu, faz com que a gente junte dinheiro pra comprar coisas. Então todas aquelas (inint.) das supremas qualidades da mulher com relação a dinheiro e economia (inint.) não tenha dúvida que ela é judia, né, economia, etc. o diabo a quatro. Então essa mãe chegou a um ponto tal que esse filho era realmente o que a gente chama o depositário da doença da família. Você sabe o que que é, né, quer dizer, aquele que na família ... A família tinha que ter o seu doido, não é, tinha que ter o seu doente. Então ele era realmente o com problemas. Então ele tinha que se tratar, etc. etc. Então ele que era o manda... eh, essa confusão toda. Na realidade ele começou a fazer tratamento, começou obviamente a parecer que ele realmente não era tão doente assim, mas a mãe sim, era o elemento capital na história toda. Uma mãe que castrava completamente o filho e dominava o marido, era um, um, era um matriarcado disfarçado, entende, um tremendo matriarcado. Só pra você ter uma idéia que ponto chegava esse matriarcado, que ela colocou a coisa nestes termos: chegou pro marido e disse se ele continuasse na sessão comigo ela se desquitava, entendeu? Ela se desquitava, saía, entendeu, de casa ou um, um, mas criou uma, tanta confusão que o cara realmente saiu e numa, num dos dias em que o filho tinha sessão ela foi, entendeu, no analista do filho e disse que, olha, que, que ele não ia mais, que aquilo não estava adiantando nada, que ela tinha perdido a autoridade sobre ele, etc. O guri de, de dezesseis anos, né, e por aí foi ... E tudo isso aí você vê realmente como é pelo menos mantendo assim a coisa fica mais, que eu estou me lembrando mais agora aqui porque é o que está me, me chamando mais, me encucando mais, né, do que esses aspectos de ... Realmente, ultimamente ainda mais eu tenho visto muito isso e quanto a família, entendeu, realmente prejudica e, e, e quanto muitas vezes, claro que muitas vezes ajuda, né? Mas como eu trato de, muitas vezes de doente, então eu vejo quanto atrapalha na maioria das vezes a formação do indivíduo, o, o, o próprio, próprio crescimento dele. Você vê, hoje mesmo eu fiz a primeira entrevista com um paciente que vai começar semana que vem. Então ele, ele está num, num nível tal, ele está num, eh, eh, não sei nem como eu vou explicar pra você. Ele está num, num, num nível de difi... dificuldade tal, entendeu, que ele não consegue reconhecer, entendeu, que a mãe dele deve ser realmente uma pessoa muito doente porque ele, só pra você ter uma idéia, ele é uma pessoa de vinte e quatro anos que ele tem que sair de casa e dizer pra onde vai porque senão a mãe não deixa ele sair e ele tem ... Quando, por exemplo, ele compra uma roupa e chega em casa, a mãe diz que não está bom, não devia ter comprado aquilo da, da ... Coisas desse tipo. Então ele tem uma série de problemas de ordem sexual, etc. etc., entendeu? Mas ele, mas ele realmente ele acha que a mãe é formidável, entendeu, ele acha que a mãe é formidável. É, e seria de se esperar isso mesmo, quer dizer, ele acha a mãe formidável porque senão ele não estaria nessa dependência toda dela. Mas ele acha realmente a mãe formidável, não acha que ela tenha, que isso seja um grande problema, etc. Não sei, quer dizer, até você dar consciência a esse cara de que realmente esse, esse, esse grupo familiar em que ele está vivendo realmente em vez de ajudar ele a crescer está muito pelo contrário fazendo com que ele em vez de crescer diminua, vamos dizer assim, até aí vai dar muito pano pra manga, né, e por aí vai. Você pega aí coisas do arco-da-velha porque primeiro é aquele troço que você deve saber. Ter filho, trepar, entendeu, gozar e ter filho ... Formidável, entendeu? Trepar, trepar então é uma beleza, é ótimo, não sei o quê e todo mundo quer e bá-bá, bá-b'a. Agora depois que nasce o filho aí realmente é uma merda danada, que aí vira uma confusão porque o negócio é bom, eu inclusive sempre digo, eu já disse isso várias vezes, eu disse várias vezes que não deviam ter juntado uma coisa com a outra, entendeu, é o troço mais errado ter juntado uma coisa com a outra. Um troço muito bom com um troço que dá um monte de quizumba, um monte de confusão. Então não deviam ter juntado uma coisa com a outra. O cara devia trepar e tal e não acontecer nada porque esse negócio de trepar e ter filho realmente pra espécie humana, entendeu, enrolou tudo porque realmente deu uma confusão danada. (risos) Então é, é gozado, né, você ver o troço por esse lado, nin... nin... ninguém está preparado, vo... você tem, você vê aí: está preparado pra, pra ter filho? Mas não está. É o, é um crime. Ela chega ... Se você começar realmente a examinar as coisas é um verdadeiro crime, um verdadeiro crime e o que, o que que, o que que uma pessoa altamente inexperiente, uma ga... É aquilo mesmo que a gente estava falando ainda há pouco ali, adolescente tendo, tendo filho, brincando de ter filho, entende? Brincando realmente de ter filho porque é um troço seríssimo. Um troço seríssimo. Como é que vou dizer, eu falei, de uma hora pra outra, o sujeito, pá, bota um filho no mundo. Eh, eh, outro dia estava comentando, a minha irmã pega o filho dela: vamos dar de mamar. Um troço importante e tal pra criança, quá quá-quá-quá, ri e bá, o diabo a quatro, e o indivíduo está lá mamando. Mama aí desgraçado, entendeu? Quer dizer, realmente é um troço que (riso) pra criança, um dos troço mais difíceis que tem, que já, já começa a vivenciar desde o início uma mãe altamente rejeitadora, porque nem na hora de mamar está prestando atenção nele, entendeu? Esse troço mesmo, por exemplo, no congresso discutiu muito essa história de berçário: vai pra berçário, não vai pra berçário, entende? Uma criança que passou nove meses dentro de um ambiente onipotente, onipotente, né? Tudo, tudo, tudo, tudo, tudo. Nada, bum, expulsaram ela, foi, chegou aqui fora, chegou aqui fora, empurram ela lá num berçário, entendeu? Não, ainda não acordou, entendeu? E não sei o que ... Ela passa quinze minutos, entendeu, de cada duas horas com a mãe, não sei o quê, entendeu? Estava, passou nove meses ali ligada, né, uma simbiose total, né, de repente, como é? Bota pra fora. Então a primeira providência que toma é separar. Vai lá pro quarto. Lá e não sei o quê e começa todo aquele esquema de superproteção que é, que é pra não pegar isso, não pegar aquilo, não sei o quê, não pega isso, não pega aquilo, não sei o quê. Primeiro que o organismo já começa ... Eu não, não, não sou, não sou clínico, eh, então, clínico geral, mas obviamente que você já começa, entendeu, a criar uma série de dificuldades, entendeu, não mais de ordem, de ordem, vamos dizer, de clínica geral, mas sim de ordem psíquica. Então você pega aí quilos, entendeu, de problemas em relação a isso. Você, você, você entende que não pode ser uma coisa lógica, entendeu, uma, uma pessoa ficar, entendeu, um tempo enorme ligada a uma outra e de repente quando é mudada de ambiente, que é uma mudança brutal, né, quando é mudança de ambiente. Então a primeira coisinha que faz: separa, separa, bota pra lá. Tem só quinze minutos aqui, dá uma mamadinha aí e volta pra lá, desgraçado! Quer dizer, realmente não é possível. Realmente é um troço que ... Estranhíssimo, não é? Agora a medicina evoluiu em termos de, de, vamos dizer assim, de você se precaver contra esse sistema, tanta cagada, tanta cagada, usam tanto DDT, tanto não sei o quê, tanto não sei o quê, que já começa ... Você que estava nos Estados Unidos deve saber que a coisa já começou a entrar no inverso, entendeu? Tem tanta proteção que a própria proteção já se vira contra você, entendeu, quer dizer, a própria proteção já passa a ser uma proteção que polui, quer dizer, realmente uma loucura completa, ninguém mais entende porra nenhuma, entendeu, quer dizer, você começa a se ... É uma tal proteção da proteção da proteção da puta que pariu que você fi... fica maluco, entendeu? Que daqui a pouco começa a acontecer isso que acontece atualmente, quer dizer, não tem mais proteção nenhuma. Você cada vez se desprotege mais porque você então faz a proteção e, e é exatamente a mesma coisa que aconteceu ... Nasceu então (inint.) a proteção da proteção da prote... Então eu, realmente eu ... Funde a cuca, funde a cuca, né? Quer dizer, realmente não, não, não tem o menor sentido isso. O, o, inclusive no congresso se discutiu muito esse negócio de prematuro e tal, porque realmente prematuro já é uma outra situação, né? O menino nasceu prematuro, aí não tem jeito. Vai ter que enfiar numa, num berçário, incubadeira e tal. Até aí está oquei, né? Apesar de se procurar hoje em dia se botar a mãe o mais perto do filho, etc. etc. Mas uma criança normal como eu vi lá o, como tem, eu já vi outros (inint.) do lado da minha irmã também. Ele lá, minha irmã lá em cima, no andar de cima e a garotinha no andar de baixo, lá dentro de um, de uns vidrinhos lá. Que negócio é esse, esse de berçário? Vidrinho lá, você olha ali, não sei o quê. Eu acho realmente esse troço horroroso, entendeu? Eu acho porque é claro que já li sobre isso, etc. e concordo com o pessoal que, que fez estudo sobre isso. Acho isso realmente muito precário, esse tipo de informação e por aí vai e o que eu estava querendo falar era justamente isso, que ninguém está preparado, entendeu, pra ser pai e mãe, pra constituir família, realmente ninguém está preparado, os que realmente ... Aí então você pega, vai pegar livro de psicologia, entendeu, como vejo aí, vão pegar livro de psicologia, vamos estudar, estudar. Realmente se, se estudar, entendeu, só, desse condicionamento de ser mãe, então realmente você pegava todos os alunos, entendeu, que se formam por ano, entendeu, nos cursos de psicologia, nas universidades. Eles realmente deviam ser brilhantes, entendeu, e todos eles com a ma... com a maior tranqüilidade, entendeu, com todas as neuroses, entendeu, tranqüilamente resolvidas e que o curso todo, as leituras dariam condições a eles de fazer qualquer troço, entendeu, vamos dizer, terminou o curso traria um, um atestado de, de ótima saúde mental, né? Que realmente não acontece. Então o que que adianta você pegar um monte aí, como eles fazem aí, né, como E. faz aí, pega um monte de livro e bá bá-bá, exato, entendeu? Sabe tudo sobre a criança, sobre ser mãe, etc. mas o caso que tem toda um, problema de ordem psíquica, entendeu, que realmente ela não tem, não tem condições e isso aí é um troço esporádico, entendeu? Tem quilos aí e milhões. Por isso que eu digo: não deviam ter juntado uma coisa com a outra. Trepar com ter filho não devia ter nada a ver uma coisa com outra, não tem nada a ver uma coisa com a outra e por aí vai, entendeu? Tem milhões ... E eu nem sei mais o que é que eu vou falar assim, fala aí, pergunta aí.
DOC. -  (inint.) de uma maneira que você achava que não era boa. Que que seria a boa maneira?
LOC. -  É, não, não, é, é. O negócio é mais ou menos assim, tudo assim o, o ... Quando eu estava falando o seguinte: o, ela tem um, um modo de (inint.) não sei se você já viu, isso acontece muito, não sei se ... Também eu falo assim, bom, é um troço, não interessa, né? Mas às vezes eu falo assim, penso que às vezes você já sabe, você está entendendo o que eu estou falando e às vezes pode não estár. Mas a maioria do, do, das pessoas, muitas delas são pessoas muito imaturas, etc. os grupos, o casal aí que sai aí parindo à vontade, o, a criança passa a ser, entendeu, um, um, um, vamos dizer assim, um objeto que entra naquele, naquele ambiente ali, então realmente é um objeto de satisfação, um objeto, eh, vamos dizer, um alimento do narcisismo, vamos dizer assim, do, do, dos pais, vamos usar a coisa assim nesses termos. Então realmente ele precisa ser mostrado, precisa ser decantado, entendeu? Em prosa e verso. Realmente tiveram filho. Ela, uma ótima parideira, ele um ótimo fodedor e etc. Realmente, tiveram filhos, eh, essas bobagens todas. Então eu estou des... caricaturando um pouco a coisa. Mas então chegou a criança, como é o caso deles. Chegou a criança, realmente soltaram fogos. Então o problema não é realmente o fato de ter filhos mas o fato de ser mãe é ser uma coisa, ser realmente, eh, eh, eh, transcendental, entendeu? Pra todo aquele grupo que cerca eles, entendeu, pra todo uma, uma comunidade, então vem o pessoal aos quilos visitar, todo mundo, bum-bum, todo mundo. Então ela pegava o, o, a dita, a dita garotinha botava aqui no colo, entendeu, todo mundo visitando e a criança mamando e isso (inint.) conversa. Como eu estou conversando aqui, se tivesse um guri aqui, atracado aqui, mamando, entendeu, vai mamando, vai mamando, quer dizer, é um troço realmente dos mais estranhos e dos menos recomendáveis porque há, há necessidade de haver uma certa concentração naquilo, entendeu, a mãe não pode realmente dar de mamar ao filho conversando aqui contigo ou com ele e com quilos de visita. Todo mundo: que bonitinho! Puxa pra cá, puxa pra lá, realmente é, é um objeto, entendeu? De luxo às vezes, né, é um objeto de luxo. É uma expressão, eh, mal colocada, mas um objeto, entendeu? Realmente você não consegue encarar aquele troço ali, não, não dimensiona a coisa de outra forma, entende? Então fica uma zona total como é lá, entendeu? Um, aquilo é uma esculhambação, entendeu? O pai da criança é um babaca-mor, entendeu? Eu chamo de babaca-mor porque realmente é, o, mas aquilo é doido de pedra, entendeu? Não entende porra de nada, então, ele entrou numa, num tal parafuso com a paternidade, entendeu, que está apresentando outros sintomas graves também. Entrou em tal parafuso com a paternidade dele então que ele já faz colocações que não tem nada que ver. Já faz as, as, as mais, as mais, as mais cretinas observações, entendeu, a respeito porque é um troço que me irrita profundamente, eh, inclusive, é, um, é um dos defeitos que eu tenho é que você comece a dar peruada num troço que realmente você não entende. Aí eu fico doido da vida e realmente eles dizem coisas, entendeu, do arco-da-velha em relação à educação de crianças, em relação ao, ao que seja desenvolvimento na criança, ao que seja o desenvolvimento emocional principalmente de uma coisa, dizem verdadeiras loucuras, né, e com a maior cara-de-pau. Eles sabem que, que ... Não sei se eles sabem, mas sabem que, sei lá, as coisas não podem ser daquela forma que eles colocam, mas abrem a boca e soltam, como eu digo, eles fazem uma diarréia oral, entendeu, das mais tranqüilas, das mais fedorentas, então eles fazem aquela diarréia, um monte de bobagem, entendeu? A impressão que às, que às vezes eu tenho é que realmente, ah, ah, não há, e é esse realmente o meu ponto de vista, não há realmente uma preparação, entendeu, pra, é uma preparação inclusive que precisa ser muito mais interna, que realmente essa preparação de, de, de, vamos dizer, acho que de livro, eu acho que entre dez cursos sobre, de como ser mãe eu acho que era preferível que fizessem, como eu disse ali, psicoterapia breve, entendeu? Mesmo que fosse breve, entendeu, que fizesse alguma forma de tratamento que eu acho que era muito mais produtivo que realmente você ler dez compêndios sobre como ter filhos ou sobre como parir, como evitar crianças, etc. Que não é o problema de como educar, mas como você fica em relação à criança, entendeu? Não é, não é o que você vai dizer, mas como você está, inclusive o, o (inint.) até usou uma frase que eu acho realmente sensacional: como é que uma criança pode ficar esquizofrênica sem ter pai e mãe esquizofrênicas nem nada, né? Sem uma causa endócrina. Ainda que uma criança também pode ficar esquizofrênica quando a mãe, quando ela começa a chorar às vezes, quando a mãe sente que está, tem vontade de matar essa criança, entendeu? Quer dizer, então realmente nesse momento começa, ah, ah, ah, ah, pode começar, se dar início todo um processo psicótico de uma criança. É aquilo que eu, que (inint.) chama de empatia, né? Quer dizer, realmente que a criança capta, né, capta dentro, né, durante a gestação ela já tem condições de captar as tuas ansiedades, as tuas problemáticas. Então, realmente na medida que você tem condições de sentir isso, você de uma forma ou de outra transmite isso pra criança. Realmente nesse momento ela pode começar a sentir realmente muito ameaçada por você que realmente você começa a ter uma conotação, eh, uma, ela fica em, em relação a você numa ambivalência das maiores, né? E daqui a pouco a ambivalência deixou de ser ambivalência e passou pra, pra um plano só que realmente é uma, uma ameaça de morte muito grande pra ela então ela realmente vai se refugiar num mundo, digamos, acho ... Você quer ver o exemplo, o, o, a nossa empregada, a empregada que nós tivemos lá em casa e que é um troço sensacional que você vai ouvir, você deve ter ouvido aos montes dizer: que criança formidável, etc. não sei o quê. Mas ela é formidável então, mas por quê? Mas fica quietinha o dia inteiro, realmente não diz nada, não, não cria caso. Re... re... realmente não é isso. A criança está, está ou está vivendo uma crise psicótica ou alguma coisa está acontecendo que ele não pode estar reagindo dessa forma. Antigamente nós tínhamos uma empregada que era assim. Ela, ela tinha uma criança de dois anos que ficava o dia inteiro deitada na cama e realmente não reclamava de nada. Vivendo então em plena crise, entendeu, psicótica, porque não reclamava de nada, estava vivendo puramente no mundo dela, entendeu, ela mesmo já criando como defesa todo um mundo particular dela, quer dizer, caindo numa, numa psicose monstruosa, né? Ela achando bastante bom. É a mesma coisa que adolescente, você pega aí aquele que realmente não está vivendo. Não é adolescente aquele que realmente não tiver problema com o pai, com a mãe, problema na família, com os irmãos, ele não é adolescente não, não é adolescente, está vivendo a puberdade, né? Como até eles dizem está vivendo a puberdade, não está vivendo a adolescência, porque o processo da adolescência em si, em si já é esse processo todo agitado, tumultuado, entendeu? E por aí vai, entendeu? Não está, não está vivendo a adolescência. Está vivendo o quê? Está vivendo só a puberdade e adolescência não, não aparece. Porque onde é que está a problemática toda que realmente tem que eclodir pra que você viva o processo de adolesc^encia, né? Realmente você ouve aí brilhantes pais e mães, brilhantes, eh, famílias, eh, famílias no seu mais alto sentido. Pois é, que maravilha, é o exemplo de nossa família, etc. Uma cagada completa em termos de família, uma merda geral e tranqüilo, entendeu? Todo mundo achando que está fazendo o melhor. Não, não, às vezes eles estão até fazendo o melhor porque o melhor dentro das limitações deles. Aí, aí que eu digo que não adianta ler, entendeu, milhões. É preferível fazer uma terapia, uma terapia ou uma ou duas, ou casal, etc. uma terapia de casal é muito recomendável quando, quando você faz, quando se faz aborto. Fazer terapia de casal pra elaborar perda, etc. elaborar o fim do filho e tudo mais. Eu acho que pra ter filho e não só eu que a... eu acho, concordando com uma série de outras pessoas aí, eu acho fundamental. Eu sei que um filho (inint.) tranqüilo. Ou tem que estar fazendo análise ou, ou já ter feito e estar muito bem, entendeu? Ou então fazer uma terapia breve ou fazer uma terapia de casal, entendeu? Uma orientação qualquer. Na marra como noventa por cento do pessoal aí tem aí é uma cagada completa, entendeu? Se bem que isso tudo entra numa série de outros, de outros problemas, entendeu? De ordem social, etc. A sociedade está uma merda, tudo uma cagada, né, quer dizer, realmente eu não sei, eh, tudo parece uma merda geral só. Eu não sei o que mais que eu vou dizer. Pergunta aí.
DOC. -  Uhn, você disse lá no começo que não é as outras crianças que indo para o, a creche durante nove dias separadas dos pais ficavam esquizofrênicas. Você podia dar um quadro familiar de uma criança que pudesse ficar nove dias separada do pai e que não fique esquizofrênica?
LOC. -  Ah, bom, isso depende muito das defesas da criança, depende muito de como ela pode suportar isso ou não, entendeu? Isso, isso varia muito da estrutura dela, entendeu, varia muito da estrutura dela e isso é muito complexo, não daria pra, assim, seria um pouco difícil, quer dizer, eu não saberia como iria explicar isso bem a você, entende? Mas o que eu posso dizer, isso varia muito, entendeu, da estrutura individual da criança. Tem crianças que poderão resistir melhor, entende? É, é o tal negócio, dentro de uma família às vezes você pode ver que às vezes algumas pessoas resistem melhor. Por exemplo, vou te dar um exemplo. Esse, esse, esse, esse guri, entendeu? Esse adolescente que eu peguei agora realmente ou ... Eu já vi casos muito piores que o dele e que realmente o cara entrou, vamos dizer assim, numa, numa, eh, como é que, como é que eu vou te explicar. Ele entrou numa, numa independência como, eh, eh, independência como forma de reação à dependência. Não sei se estou, estou sendo claro, ah, o negócio é o, assim, por exemplo, vamos dizer assim que eu seja, entendeu, teu pai, então sou um pai muito castrador, entendeu? N., não pode fazer isso, não pode fazer aquilo, bó-bó-bó-bó, e você então, por reação, você atinge um ponto, entendeu, de independência, você se, se, faz a tua independência, então você faz isso tudo, sabe fazer um monte de troço, sabe se virar sozinho, etc. Como poderia acontecer justamente o contrário, você entrar também na dependência que eu estou colocando pra você, quer dizer, então realmente você aceitar esse papel que eu estou colocando pra você, realmente ficaria: eu posso ir ali na esquina? Não pode. Então você fica em casa, entendeu? Eu, eu queria que você fosse ali comigo que eu quero comprar cigarro, eu tenho vergonha de pedir ao moço e tal. Então, deixa que eu vou. Eu vou lá, compro o cigarro pra você, entendeu? Então eu estou dando um exemplo assim, eh, eh, terra a terra, né, mas, então é pra você sentir bem. Realmente, eh, pode, entendeu, acontecer isso, quer dizer, uma, por determinado tipo de formação, por às vezes o, o, o, o psiquismo dela ter condições de reagir melhor, reage apesar de, do problema existir da mesma forma, mas reage, entendeu, mais adequadamentente, quer dizer, na medida que você conseguisse fazer a tua independência como forma de reação ou não, já seria mais positivo do que você alimentr toda a indepen... toda a dependência, né? Apesar de depois ter que trabalhar as duas coisas do mesmo jeito, né? Mas o, mas seria melhor, seria mais produtivo. Então é exatamente o caso desse guri que eu estava te dizendo. Tem muitas vezes, eu já olhei muitos casos de guri que aconteceu exatamente isso que acontece com ele e que não tiveram, não tiveram problema, né, mas não tiveram problema da ordem que ele tem, entendeu? Que a coisa, a coisa pra ele, eh, atinge tal grau, entendeu, tal grau de dependência que ele realmente não consegue a... a... assumir nenhuma atividade, entendeu, que demonstre, eh, em que ele tenha, entendeu, que demonstrar toda a autonomia dele como se, como se fosse ... Trepar, entendeu, ele está tão dependente da mãe que ele realmente não pode trepar, não consegue trepar com ninguém, entendeu, de jeito nenhum, não consegue, não consegue de maneira nenhuma. Por quê? Porque ele está tão dependente da mãe, está tão simbiotizado com aquela mãe que também não pode fazer nada sem desligar dela. O que pra ele, em termos de trepar devido à constituição dele, já seria uma forma, entendeu, de ele se afirmar, entendeu, uma das formas dele, de, de ser independente, vamos dizer assim, dele crescer porque na, de uma certa forma na fantasia dele, eu estou dizendo assim muito por alto pra você, mas na forma dele, ele ainda continua criança e muito criança ainda, muito regredido, etc. e o trepar é coisa de adulto, quer dizer, ele ainda não é adulto, então ainda não pode trepar, quer dizer, esse é o mecanismo que funciona, entendeu, um pouco pra ele, entendeu, entre outras coisas, mas a linha mais ou menos funciona um pouco pra ele é exatamente essa. Ele como ainda é muito criança, ele não pode trepar e trepar é coisa de adulto, então é coisa que ele ainda não sabe fazer. Toda vez que ele quer fazer ele se fode, entendeu? Ele tem um insucesso tremendo. Ele, ele se fode não fodendo. Então ele realmente tem, tem um insucesso muito grande nesse aspecto todo devido essa grande dependência que ele tem da figura da mãe. Ele criou uma, uma simbiose, né, quer dizer, ele e a mãe formam uma coisa só, entendeu, quer dizer, então realmente como ele não se desliga da mãe, ainda é uma criança, entendeu, ligada à mãe. Ainda está numa vida, vamos dizer assim, uterina, né, então realmente não pode trepar com ninguém. É coisa de gente grande, é coisa que ele ainda não faz, entendeu, quer dizer, e vai por aí, não ... Faz outra pergunta aí pra mim.
DOC. -  Ah, dentro do que (inint./sup.)
LOC. -  (sup./inint.) mandar servir água (sup.)
DOC. -  Ah, há uma relação entre (inint.) etc. e psicológica e a organização (inint.) mulheres que têm filhos.
LOC. -  Hum. Olha, esse troço é um troço, é um pega tremendo porque eu, eu, a N. foi presidente da mesa em que falou o (inint.) e, e eu fui secretário da mesa, o, e eu tinha um colega dela que ela acha bom, eu acho ele uma merda. O, o, como era o nome dele (inint.) um pediatra aí, é brasileiro ele, entendeu? Um rapaz aí. Eu sei que acontece o seguinte. Ele quando chegou nesse, nessa mesa, o (inint.) procurou demonstrar com a pesquisa dele, o (inint.) fez uma pesquisa, procurou demonstrar com a pesquisa dele que a maioria dos hospitais, entendeu, principalmente, eles falaram muito de prematuro, que a maioria dos hospitais não, não era preparado, não era adequado, entendeu, a, a, a pos... quer dizer que a não adequação desses hospitais em termos de atendimento à mãe e criança logo após o nascimento, principalmente em prematuro, entendeu, essa não adequação gerava depois uma série de problemas, inclusive no desenvolvimento intelectual, emocional e tudo nas crianças, né, a não adequação e o (inint.) procurou mostrar que, é aquilo que eu te falei, que realmente esse, esses, esse, eh, eh, esses hospitais não tinham condições de funcionar de uma outra maneira e que você teria que de uma certa forma correr esse risco. Mas que esse risco ele achava que, que isso não tinha nada que ver, que isso era bobagem, que isso era mais produto da fantasia nossa, que vivíamos preocupados com essas coisas todas, etc. etc. A E.B. de M., que tinha sido pediatra e que atualmente fazia psicoterapia, não era concordante com a posição do, do (inint.) e sim com a do (inint.) então, o que ele mostrou e o que eu tenho visto aqui, eu não conheço muito aqui, entendeu, que eu não, não trabalho especificamente com isso, né, mas eu não conheço muito aqui porque nós estivemos fazendo um levantamento aí, por causa da E., nós não conhecemos aqui assim hospital nenhum que tenha, vamos dizer assim, um atendimento em termos assim de criança, em termos principalmente assim de, de, de recém-nascido, né, que tenha um atendimento, vamos dizer assim, em, também em nível, vamos dizer assim, eh, emocional, em nível psicológico, quer dizer, o que é que pode acontecer realmente com essa mãe após ter o filho, o que é que ela deve fazer, como a criança deve ser tratada, o que é que se deve fazer, etc. etc. etc. Porque eu não sei se você, se você já, já percebeu, se você, se você entende isso. Quando, quando por exemplo você vai ter um filho, né, realmente você, ainda mais seu primeiro filho, você vai com muito medo, etc. É um estado, uma experiência nova que você ainda não viveu, né, então você realmente vai um pouco, vai um pouco temeroso, entra um pouco de ansiedade, etc. e o médico realmente se torna uma figura, vamos dizer assim, muito importante, né, uma figura realmente que está ali e você deposita tudo nele, passa a ser um, um onipotente realmente. Então, acontecem coisas interessantíssimas. Como você realmente deposita tudo isso, você tem uma necessidade de ter esse pai onipotente ali, né? Então você vê o que aconteceu noutro dia, que até nós estivemos comentando, que eu, uma babaquice, né, comigo jamais aconteceria uma coisa desse, um troço desse, se eu estou presente eu não, não, não ia, eh, eh, concordar com um troço desse. Quando a minha irmã teve o filho, né, estava, não sei o quê, a enfermeira resolveu no dia seguinte de manhã dar um banho às cinco horas da manhã, entendeu? Não sei por que acordar às cinco horas da manhã pra dar banho ou podia dar às sete, entendeu, ou às oito. Não entendo é por que, entendeu, o cara dormindo, né, de... depois de ter parido, o sujeito ter de acordar às cinco da manhã pra dar, pra tomar banho, entendeu? Quando não, não houve uma explicação técnica realmente, quer dizer, não, não, não, o médico não tinha explicação técnica, que achou que devia dar. O negócio, essas, então, realmente aí o paciente vai, entendeu, o paciente vai tomar banho, entende? Tranqüilo, nem, nem questiona, vai tomar banho e vai, e tem de ficar de cabeça pra baixo e tem pinico na cabeça enterrado. Os caras não quer saber, quer saber de enterrar o pinico na cabeça e não quer nem saber, entendeu? Então você nota que tem uma importância realmente muito grande, muito grande mesmo frente ao paciente. Porra! Era o melhor momento de você aproveitar essa situação pra realmente fazer uma série de colocações em termos do que talvez fosse, fosse melhor pra criança, pra mãe, qual é, quais as formas de tratar a criança nesse, principalmente nesse período que eu considero fundamental, fundamental, fundamental porque por... É aquilo que eu digo: saiu do estado onipotente e veio pra esse estado social que nós conhecemos, que está aqui, essa merda toda. Entrou na merda, entendeu? Saiu do, da onipotência e se borrou todo, né? E entendo que nascimento devia ser pelo cu que o troço está uma merda tão grande que, eh, (risos) devia ser cagado, o cara não devia ser parido, devia ser cagado. Então você está rindo mas é a realidade. Então o (risos) então (risos) então o, o, então eu acho ... É por isso que eu digo: esse momento é que devia ser o momento de você trabalhar todos esses aspectos, entendeu, que vão realmente se... ser fundamentais na formação da criança e (inint.) caga-se solenemente pro assunto. O médico vai lá e vê se a pressão está boa, se realmente a criança está mamando na hora certa, etc. etc. etc. Muitos deles se preocupam com outros aspectos, mas a coisa entra num segundo plano, entendeu, a coisa fica realmente num segundo plano quando não devia ficar. O que é? Acabou o tempo? Entendeu? O que que é? Pára de falar?
DOC. -  (inint.)
LOC. -   Não, não precisa, posso ... É isso, é isso que eu estava dizendo, eh, muitos deles não, não fazem nada, a maioria deles faz ... Entendeu, não há realmente hospitais, entendeu, com um, uma, uma instrução, entendeu, eh, adequada, entendeu, pro tratamento psíquico da criança desde quando nasce, entende? Não existe uma instrução, não existe uma programação, entendeu, para levar, entendeu, um, um tratamento, entendeu, psíquico na criança, uma orientação realmente psíquica, entendeu, pra criança, pra mãe, desde quando ela nasce e na... aqueles momentos do primeiro ano de vida são realmente os mais importantes da vida da criança porque devido realmente à grande, ao famigerado trauma do nascimento, né? Realmente essa passagem é fundamental e a maioria dos hospitais aqui não tem. Acho que não, não conheço nenhum que tenha, entendeu? Eu falei pra cacete.