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PROJETO NURC-RJ

DIÁLOGOS ENTRE INFORMANTE E DOCUMENTADOR (DID):

Tema: "Alimentação"
Inquérito 0078
Locutor 0091 - Sexo feminino, 30 anos de idade, pais cariocas, advogada. Zona residencial: Sul.
Data do registro: 14 de agosto de 1972
Duração: 46 minutos


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LOC. -  Não, espera um pouco, espera aí. (risos) Não precisa nem ser carne grelhada. Precisa carne normal. Mas eu acho que não está fazendo mais efeito, porque eu não estou conseguindo mais emagrecer, quer dizer, não faça esse. (risos)
DOC. -  Mas como é que é? Você come o quê? Você só come carne?
LOC. -  Não. Massa, corta massa, corta tudo que for massa, farinha, açúcar, eh, o quê? Café da manhã, você toma o quê? Eh, café, leite, queijo e bolacha, fruta.
DOC. -  O que que você põe no café?
LOC. -  A... adoçante, eh, Dietil. Não ligo pra esse negócio de ciclamato não, porque quando tem que dar (inint.) e porque no almoço eu como o quê? Como carne, legume, não como sobremesa, só como fruta, e igual no jantar. Não lancho. Agora, em via de regra, quando eu estou mais atacada, eu não agüento fazer regime não, eu vou atacar é o doce mesmo, vou comer é arroz, eu vou comer feijão, que eu gosto, e vou comer massa. Que mais?
DOC. -  O que que você mais gosta de comer?
LOC. -  Ai, o que que eu mais gosto de comer, eu gosto de comer tudo. Tudo é gostoso. Em matéria de comida eu gosto muito o quê? Camarão, adoro camarão. Que mais? Qualquer, de qualquer jeito. Não, carne de porco eu não ligo muito não. Gosto bons bifes. Galinha não é de todo jeito que eu gosto de galinha não, só gosto de galinha no creme.
DOC. -  Como é galinha em creme?
LOC. -  Galinha com creme, galinha feito estrogonofe ou creme de galinha. Galinha assim cozida, ensopada com batata, eu acho meio sem graça. Ah, em matéria de doce eu traço qualquer coisa, (risos) não tem, não tem, não tem preferência. É morango, é limão, é de chocolate, o que vier, coco, qualquer doce me, me satisfaz.
DOC. -  Mas você tem os doces de sua preferência. Fora as frutas de que os doces são feitos, há uns docezinhos que têm uns nomes, etc. Quais são aí os seus?
LOC. -  Doces de minha preferência? Meu Deus!
DOC. -  Uns doces que se faziam na sua casa, quando você era criança. O que que aparecia mais?
LOC. -  Você sabe, em matéria de doce não tem aquele de preferência não, é qualquer doce, eu adoro doce. Minha tia já dizia: moeu pedra, botou açúcar, é ótimo, ela come, está formidável. Não tem assim um que eu goste mais não, eu sempre gosto daquele que eu estou comendo, então é aquele que eu gosto mais. Agora se no dia seguinte tiver outra coisa, eu vou gostar mais é daquele, já me esqueci do, do de ontem porque, realmente, doce, qualquer um. Comida não. Comida se você perguntar, eu gosto mais de camarão, gosto mais de rosbife, gosto mais da galinha. Agora doce, qualquer doce, eh, eu traço, eu gosto.
DOC. -  Você sabe cozinhar? Você faz normalmente doce? (sup.)
LOC. -  (sup.) Sei. Não, não, eu não faço. Não faço. Já fiz, mas normalmente eu não faço. Não, não gosto de cozinhar. Acho muito chato cozinhar, mas já cozinhei, já fiz muita coisa. Agora realmente eu ia mais pra cozinha pra fazer doce, é o que me dá mais vontade de fazer, não é comida, eu acho a coisa mais sem graça de fazer. E quando eu vou pra cozinha fazer comida, eu provo tanto a comida que quando eu chego na hora de comer eu não como mais porque eu já provei demais, estou achando en... enjoativo, já não gosto mais. De tanto que eu provei pra ver se está bom, se está bom, se está bom, aí na hora eu não como mais, já acho sem graça. Agora doce não tem problema, posso provar à vontade que na hora eu chego, eu como, acho ótimo.
DOC. -  E você com... Você vai por exemplo assim a supermercado, comprar coisas e tudo assim. O que que você habitualmente compra no supermercado assim pra suprir a sua casa assim em termos de, de comida?
LOC. -  Você quer uma lista, é?
DOC. -  É. Tudo.
LOC. -  Uma lista. Então eu compro ... Com, com, com quilos também? (risos)
DOC. -  Não. (risos)
LOC. -  Não, se quiser eu dou com quilos também. (risos) Que coisa!
DOC. -  Sempre serve, é outro tipo de informação pra gente, né?
LOC. -  Ah, compro arroz, feijão, açúcar, batata, café, eh, macarrão, queijo-de-minas, queijo parmezon (sic). Espera aí, vamos por etapas, né? Que que ... Vinagre, cebola, alho, ovos. Tem mais? O que que tem mais? [Manteiga. (voz masculina)] Manteiga.
DOC. -  Vamos por ordem de refeição, para o café da manhã e depois pro almoço e jantar.
LOC. -  Perfeito. Açu... Então seria: açúcar, café, leite em pó, que é pra suprir quando falta o leite. Pão eu não compro porque pão vem na porta. Queijo, eh, margarina, manteiga, ovos, tá? Bom, arroz, feijão, farinha. Todos os tipos de farinha, farinha de mesa, farinha de trigo, farinha de mandioca, não, farinha, farinha de, aquela farinha que a gente passa, pra fritar. Como é que chama aquilo? Farinha de rosca! Farinha de rosca, batata, macarrão. Que mais? [Azeite. (voz masculina)] Azeite, óleo. Que mais? ['Petit pois'. (voz masculina)] 'petit-pois', (risos) eh, palmito. É porque ele me ajuda nas compras, ele já sabe mais do que eu. Palmito, sardinha, salsicha. Bom, mas esse negócio de lataria eu não compro toda semana não porque não gasto toda semana também. Sardinha, que mais? Qual a outra lataria que a gente usa muito aqui em casa? Ah, leite condensado, creme de leite, isso eu uso muito, creme de leite. Por causa dos cremes, creme de leite, eh, Maizena, eh, Nescau, cravo, sopa de pacote, sopa de caldinho, aqueles caldinho Knorr, tempero pro feijão (sup.)
DOC. -  (sup.) Quais são? Ah, o, já o tempero pro feijão (sup.)
LOC. -  (sup.) Esse temperinho pra feijão, é. Quais são as so... as sopinhas que a gente compra? Caldinho de carne, caldinho de galinha? E, ah, eu gosto muito de 'minestroni'. Qual a outra que você gosta muito que a gente descobriu agora? Creme de galinha, creme de aspargo, creme de ervilha. Ah, ervilha também, ervilha em pacote.
DOC. -  Pra fazer o quê?
LOC. -  Fazer sopa. Que mais (inint.) já falei. De sopa já falei. [Material de limpeza (voz masculina).] Já chegou lá? [Não, isso não é comida, não é? Esqueci (voz masculina).] Não é comida, material de limpeza não é comida, entra material de limpeza nessa história? Não.
DOC. -  Você falou em tempero pra feijão. Eu estava pensando assim que eram as coisas que você usava, em termos de tempero de feijão.
LOC. -  Ah, salsi... eh, aquele negócio, lingüiça, carne-seca, paio, bacalhau. Ah, bacalhau é um prato que eu gosto muito, está aí, bacalhau. Que mais tem lá? [Pimenta (voz masculina).] Pimenta, 'ketchup', massa de tomate, molho de pimenta, eh, maionese, tomate. Mas isso não é do supermercado, agora já vem da feira: tomate, alface, eh, aqueles dois verdinhos, meu Deus, bertalha, espinafre, abóbora, repolho, cenoura, chuchu, ai (inint.) já foi. Couve-flor, alface. Já falei alface, não falei alface?
DOC. -  É você que faz feira?
LOC. -  Não, é a empregada. Quem faz, quem faz supermercado sou eu. Ou eu ou o M. Quem faz a, a feira é a empregada. Depois, beterraba, beterraba, que mais? Depois tem laranja, banana, mamão, abacaxi, abacate. E, em geral, fruta, quando tem fruta da época, né? Maçã. Que mais a gente come aqui? Só.
DOC. -  Onde é que você faz assim habitualmente as suas refeições?
LOC. -  Onde eu faço, onde eu faço como?
DOC. -  Onde é que você come? Habitualmente.
LOC. -  Ah, sim, aonde eu como, o lugar. Claro! Eu como em casa. Normalmente eu almoço em casa, venho do trabalho, almoço em casa, janto em casa e via de regra eu almoço em casa. Raramente a gente sai pra comer fora. E quando sai pra comer fora, não tem assim um, um lugar específico. Quando não é em casa de, de, de amigo ou em casa de parente, não tem assim um restaurante específico que a gente freqüente não, sabe?
DOC. -  E não é muito freqüente que você vá?
LOC. -  Não. Não é muito freqüente. Porque eu como muito pouco fora, né? Quando como mais fora é mais assim em casa de, de amigo, parente, sabe, não assim em restaurante.
DOC. -  E em viagem? Isso não muda um pouco?
LOC. -  Muda. Bom, aí, em viagem, eh, praticamente é em restaurante, né?
DOC. -  E toda assim a rotina assim, a comida não se modifica?
LOC. -  Completamente. É, completamente. Por exemplo, você quer saber a última viagem que eu fiz, foi `a Bahia, mudou completamente a rotina porque realmente eu comi uns negócio que eu nunca tinha comido na vida, né? Pelo menos não com tanta freqüência. Porque esses pratos todos típicos e tal, tanto que no último dia realmente eu não passei bem, (risos) me atacou. (risos) Fiquei absolutamente atacada. Vamos ver o que eu comi lá, quer saber o que que eu comi lá?
DOC. -  É.
LOC. -  Ah, aqueles pratos. Tudo bem. Deixa eu me lembrar os nomes deles. Moqueca. Moqueca de peixe. Comi aquele bolo, como chama? Foi a minha perdição. [Acarajé (voz masculina).] Acarajé. Eh, hum, hum, que horror! Aquele negócio mole que leva tudo, tudo, amarelinho. Não é a farofa de dendê não, aquele negócio que leva tudo: peixe (sup.)
DOC. -  (sup.) Seu marido dizer, não vale (sup.)
LOC. -  (sup.) Peixe, leva tudo, aquele prato leva tudo, meu Deus! Ai, que aflição!
DOC. -  Depois você se lembra, não tem problema.
LOC. -  Bem, tem ... Enfim, experimentei, cada dia eu experimentava um prato, (risos) depois eu passei mal. Vatapá! O próprio. Vatapá. Ah, xinxim de galinha. Que mais? Moqueca de camarão. Que mais que tem diferente, lá realmente foi diferente. Enfim, todas aquelas comidas de, aqueles negócios que eles, diz que é baiano, tudo aquilo eu experimentei. Cada dia eu comia um negócio diferente. Aí mudou. Completamente mudou. Mudou o meu sistema de, de alimentação. Fora disso, que mais? Dos outros lugares em que eu estive não. Nos outros lugares em que eu vou ... Como eu estou sempre com a psicose do regime, então todo lugar que eu vou, mesmo em viagem, embora eu saia do regime, eu estou sempre com aquela psicose, então, vira e mexe, meu hábito alimentar não muda muito não. Então está sempre na, na base da, da, da carne e do legume, entende? Ou da carne, com, com outro acompanhamento assim, uma batata, mas sempre assim, sabe, procurando seguir mais ou menos o regime. Quer dizer, embora eu saia, eu estou voltando, estou sempre saindo mas voltando, sabe? Sempre com aquela preocupação. A não ser eu na Bahia, foi um caso muito diferente. Então, realmente, as coisas eram muito diferentes, então eu saí completamente pra conhecer e pra saber, ver como é que era. Fora disso nos lugares em que não há pratos assim típicos, pratos regionais, então eu fico realmente no, na carne ou, ou no camarão com um acompanhamento. Eu, quando eu saio pra comer em restaurante, eu gosto muito de comer estrogonofe. Ah, esse é um prato que eu gosto.
DOC. -  Você sabe fazer?
LOC. -  Sabia, né?
DOC. -  Será que dá pra se lembrar, dizer pra gente como se faz?
LOC. -  Como é que se faz?
DOC. -  É.
LOC. -  Ha, ha, ha! Hum ...
DOC. -  Ou pelo menos o que é que contém.
LOC. -  Ah, não me lembro mais como é que se faz não, mas acho que eu saberia fazer ainda assim, eu sei que leva bastante cebola picada, com bastante, com bastante Claybon, a carne picadinha. Bom, a carne você tempera antes, né, bem picadinha e bota (shhh) aquilo lá pra refogar. Bastante tomate, acho que leva uns oito tomates, já descascados e retirada a pele. Aí deixa aquele negócio lá, bastante tempero e cheiro picadinho, deixa aquele negócio (shhh) lá refogando, né? Bom, depois que a carne estiver bem so... bem sorada, com bastante molho, ah, é só pôr o creme de leite, né? É, é só pôr o creme de leite. Leva, basicamente leva isso, a carne bastante temperada, com bastante cebola, bastante tomate e pimenta, bastante tempero. E depois disso leva o creme de leite, é o final de tudo é o creme de leite. Que eu me lembre é só isso.
DOC. -  Você falou aí que quando você compra no supermercado, me lembro você falar sobre as carnes, os tipos de carne mais, que você prefere comprar para determinados pratos. E depois também os produtos do mar que você compra, se compra no mercado, se compra na feira e que que você compra mais, o que que, enfim ...
LOC. -  Bom, carne eu não compro no supermercado. A carne eu compro no açougue, que eu compro há muitos anos, desde, desde que eu me casei praticamente. Carne pra assar eu compro, eh, lagarto, lagarto redondo. Para, pra fazer bife de panela, pra fazer bifinho enroladinho, esses negócios assim, ou eu compro ou alcatra ou então eu compro o último peso da chã. O último peso da chã dá pra aproveitar pra fazer rosbife e pra fazer bife. Pra fazer bife de verdade, bife, bife assim enroladinho, esses bife de panela dá pra fazer com esse pedaço, agora bife de verdade só é bom mesmo de filé-mignon, sabe? Antigamente eu achava muito bom bife de alcatra, mas agora me acostumei com bife de filé-mignon. Porque eu não gostava de filé-mignon. Só gosto mesmo de filé mignon! Pra fazer almôndega ou eu aproveito as aparas dessas carnes, às vezes a gente, quando, quando eu compro um peso muito grande sai aquelas aparas, ou eu aproveito as aparas dessa carne ou então compro meio quilo de carne moída, então eu faço, faço almôndegas. Da carne cozida, da carne, ou da carne já em rosbife, depois de pronta, a gente apro... eu aproveito em casa pra fazer croquete, ou croquete ou rissoles. Bom, que outro pedaço de carne que eu compro? Raramente eu compro carne de segunda. Geralmente eu não compro carne de segunda. Outro pedaço de carne que eu compro? Não, basicamente o que eu compro de carne é isso. De peixe, eu compro camarão ou então filé de peixe. Muito difícil eu comprar, acho que eu nunca comprei um peixe inteiro pra fazer assado porque, uhm, porque as empregadas não sabem fazer e não sabem comprar o peixe, como também eu não conheço negócio de peixe muito bem, não tenho tempo de ir na feira, então dificilmente eu compro peixe inteiro. Compro sempre filé de peixe ou compro camarão. Não gosto de lagosta, não gosto de polvo, esse negócio de marisco também não gosto, então eu nunca eu compro. Não, não compro não.
DOC. -  Agora, como é que se faz almôndegas? Eu gostaria de aprender a fazer.
LOC. -  Ha, ha! Ah, almôndegas! Ah, com a carne crua, pega a carne crua, já moída. Se vai moer em casa, se você comprou a carne pra moer em casa, você mói, quando estiver moendo, você mói junto um pedaço de lingüiça, um pouquinho de lingüiça, um pouquinho de paio, dá mais gosto. Agora se vier pronto do açougue, aí, ou mói separado e depois mistura, mas não fica a mesma coisa não. Então pega todos os temperos, bota alho, cebola, sal, eh, eh, tomate bem picadinho, cheiro-verde bem picadinho e vinagre, enfim, faz aquele, bota todos os temperos na carne e mistura aquilo bem, com, com a mão, né, mistura, mistura, mistura bastante. Quando estiver bem misturado, estiver já com sal, eh, bota uma gema de ovo, pra poder untar a carne, ligar a carne. Bom, aí mistura bem, bastante, novamente, vê se está bom de sal, se precisa de mais algum tempero e faz as bolinhas. Pra fazer as bolinhas, pras bolinhas ficarem melhores, a gente passa um bocadinho de farinha de trigo na mão (ruído de esfregar as mãos) pra não ficar muito grudenta e faz as bolinhas e vai botando do lado. Depois frita, depois faz um molho à parte, com, um molho feito cachorro-quente, cebolada, tomate, um molho bem gostoso, bem, bem gro... grosso, depois coloca elas lá, pra acabar de cozinhar. É assim.
DOC. -  Você falou de rissoles, não foi?
LOC. -  Foi. Ah, não vai me pedir ...
DOC. -  Como é? Eu não sei, eu nem sei, nem sei como é (sup.)
LOC. -  (sup.) Não sabe (inint./sup.)
DOC. -  (sup.) De verdade, não é nem (inint.) informação (sup.)
LOC. -  (sup.) Ha, ha! Rissole é um pastel de massa cozida. Eu aprendi a fazer rissoles porque lá em casa era um inferno pra fazer pastel. M. gosta muito de pastel. E nenhuma empregada sabe fazer pastel, então eu aprendi esse pastel de massa cozida. Então é pastel, é muito mais simples de fazer do que qualquer pastel.
DOC. -  Por quê (sup.)
LOC. -  (sup.) Porque, eh, eh, o pastel, a massa do pastel tem que ser muito fina, tem que dar um ponto muito bom. E esse não, a massa é, é uma massa assim mei... mais pegajosa, assim mais pegajosa, é mais fácil de fazer. Agora, deixa eu ver se me lembro a receita da massa do rissoles. Eh, já é um, prum copo de leite, bota um copo de leite pra ferver. Você bota quantidade igual de, de farinha de trigo e uma colher, um pouco de manteiga e um pouco de sal. Você bota o, bota o leite pra ferver, quando o leite estiver quase fervendo, quando o leite estiver fervendo, você retira a panela do fogo, joga aquela, aquela fa... aquela ... Bota o leite pra ferver junto com a manteiga e o sal, né? Bota a farinha lá e mexe, mexe bem, bastante rápido, pra não, pra não embolotar. Então faz aquela massa, massa assim meio pura, você abre assim com o rolo de pastel e vai fazendo os, os ... É o formato de, de pastelzinho, né? Redondinho e depois faz meia lua. E recheia com carne, com camarão, com presunto. Depois que tiver formato de meia lua, de pastelzinho, passa no ovo e na farinha de rosca e bota pra fritar. Se você quiser eu escrevo. (risos) Não confie muito nessa de boca não. (risos) Mas é mais ou menos assim.
DOC. -  Um capítulo que você pode me falar muito é sobre as preferências do M.
LOC. -  Ah, as preferências do M., eh, o M. não varia muito, não. (risos) Psicose do M. é croquete. Empregada que bater aqui em casa, não saber fazer croquete está despedida. Tem que fazer croquete. O M. gosta muito de croquete, rissoles, toda comida assim, bem besta, é comida que o M. gosta. Não gosta de comida complicada não. É croquete, rissoles, lasanha. Dia de festa aqui em casa é dia que tem macarrão com queijo, manteiga e carne moída. (risos) Não é estrogonofe, galinha, nada, isso é bobagem! É macarrão com queijo, manteiga e carne moída e saladinha. A salada, tem sempre que ter a salada na mesa, alface, tomate, tem sempre que ter. Isso é invariável. Agora, que ele gosta muito, gosta muito de, de ga... de galinhazinha cozida, galinhazinha frita, isso é um prato fantástico: galinhazinha frita. Que mais? Ah, vinho também, né, vinho. Ele gosta muito de vinho. Adora cerveja! Que mais que o M. gosta? Doce ele não liga, não liga a mínima pra doce. Tanto que aqui em casa, de regime, é muito fácil, né, é só deixar de fazer doce, porque ele não sente falta e pra mim, pim, botou doce na mesa, eu como, não tem, não tem 'perhaps'. Botou lá, eu como, doce! Não tenho essa força de vontade não. Que mais que o M. gosta?
DOC. -  Em termos de bebida, você disse vinho e cerveja, né?
LOC. -  Vinho e cerveja, que ele adora vinho e cerveja.
DOC. -  Só isso? (sup.)
LOC. -  (sup.) Uísque ele não gos... não liga a mínima. O M., outra bebida ele não liga. Vinho e cerveja basicamente.
DOC. -  E você, em matéria de bebida?
LOC. -  Não bebo nenhuma. Nenhuma. Ou muito rarissimamente assim, muito em, numa reunião e tal, mas não me faz falta não. Cinzano, assim essas bobaginhas. Isso aí, não ligo a mínima, nem, não gosto, sabe? Não tomo porque realmente não gosto, nem de vinho.
DOC. -  Agora ...
LOC. -  Eu gosto de Coca-cola, né? Claro, Coca-cola M. também gosta. Você toma Coca-cola, guaraná. Você ... Um suco. Ah, suco de fruta nós tomamos muito, né? Mas de fruta mesmo. A gente compra na feira o abacaxi e bate no liquidificador e faz suco de fruta. Agora de vez em quando pra acalmar a gente toma um suquinho de maracujá. (risos) Ai, ai!
DOC. -  E agora ... E bebidas, eh, bebidas quentes, por exemplo.
LOC. -  Ah! Eu, eu tenho uma mania: bebida quente. Eu tomo (riso) todos os dias depois do jantar pra curar a consciência! É chá.
DOC. -  Hum.
LOC. -  Eu não tomo café, normalmente eu tomo um chá.
DOC. -  E qual é o efeito, e ...
LOC. -  Ah, dizem que emagrece, mas pelo menos aplaca a consciência, se não emagrece. (risos) A gente se sente melhor depois que toma um chá, comeu muito, sabe, aí toma aquele chá porque diz que desgasta, é muito bom, não é? Desgasta. Então pelo menos eu, eu não tinha aquele complexo: puxa, eu comi demais, que coisa horrorosa! Aí toma um chá, sabe? Dá aquela, aquele relaxezinho. Agora, bebida quente, bom, café com leite, né, todo dia de manhã e chocolate. Chocolate quente, a gente não tem hábito de tomar não, mas M. gosta de tomar assim de lanche, sábado e domingo. E eu como estou sempre de regime não tomo, sabe? (risos) Mas eu gosto também. Pelo menos, estou sempre fazendo esforço, não é? [(Está esquecendo bebidas que você toma (voz masculina).] Que eu tomo muito, é? [É. bebida que você esqueceu (voz masculina)] Bebida que eu esqueci? Ah, aquela aguazinha, ah, mas isso ninguém nem conhece, é um negócio de doido lá.
DOC. -  Que é isso?
LOC. -  Ah, a água normal eu sempre tomo na refeição. Tem uma coisa que eu tomo, que também me ensinaram, a gente deve tomar após as refeições, que é bom, que emagrece, é água quente, mas não é água morna não, é água quente, saindo fumaça, com limão, com gotas de limão dentro. Todo mundo que vê isso fica horrorizado, só de olhar passa mal, mas eu já acostumei, não tem gosto nenhum.
DOC. -  Eu já ouvi falar mas sem ser quente.
LOC. -  Água quente. Água quente, tem que ser bem quente. E quando eu esqueço de co... pôr Dietil, aí não tem graça. Depois quando me aca... acabei de comer e ainda vou tomar chá com, com açúcar não, não adianta nada. Tem que ser com Dietil. Então, chá com limão puro é muito ruim, né? Então prefiro água quente com limão, aí tomo água quente com limão. É muito bom também em jejum, faz muito bem pros intestinos. Assim dizem, né? (risos)
DOC. -  M., você, você mencionou aí que quando há, eh, reunião aqui em casa que serve, que se oferece, eh, um jantar a um grupo, uma coisa que há, que há sempre é carne moída, né? Mas como é que essa carne moída é feita? Evidentemente tem ...
LOC. -  Não, no dia de festa aqui em casa significa que é dia de festa pro M.
DOC. -  Ah, sim.
LOC. -  Dia de festa pra ele. Dia de festa aqui, no jantar, chegou (sup.)
DOC. -  (sup.) Sei, hum, hum (sup.)
LOC. -  (sup.) Serviu um jan... uma coisa que não cabe. Que que tem hoje pro jantar? Ah, é carne moída com to... maior festa, aí é festa. É um prato predileto dele.
DOC. -  Hum! Mas quando você recebe, quais são os pratos que você mais comumente oferece?
LOC. -  Ah, normalmente ofereço qualquer tipo de estrogonofe ou de galinha ou de camarão ou de carne, porque são pratos que rendem muito, são fáceis de fazer, eu tenho certeza que vão sair bons, porque a empregada faz bem feito, então já posso ficar tranqüila, trabalhar o dia inteiro que eu não vou ficar ... Isso é normalmente o que eu faço. Galinha, se come aqui um prato de galinha, ela também faz direitinho, sabe? Quer dizer, dia de festa aqui eu tenho que me ater à especialidade dela, porque eu não estando em casa pra poder dar uma ajuda qualquer coisa, então tem que ficar no que ela faz e faz bem feito e eu estou tranqüila que vai sair direito, né? Senão vou chegar em casa, vou puxar os cabelos, ficar nervosa, não saiu direito, aí normalmente é o que eu faço.
DOC. -  Você podia descrever, por exemplo, como foi que você fez, eh, não só o alimento, não apenas, eh, os alimentos, como é que você preparou e apresentou e ofereceu, mas também tudo que precede e durante a reunião e etc. na última vez que você recebeu pessoas em casa, ligado à refeição.
LOC. -  Ligado à refeição. O que que eu faço?
DOC. -  É. Porque pra nós interessa também saber as coisas ligadas à mesa, assim tipo de bebidas apresentadas, servidas (sup.)
LOC. -  (sup.) Que que eu faço antes, como é que eu boto toalha, assim, se é simples, etc. e tal?
DOC. -  Que que você usa ... Você dá alguma coisa pra comer aos convidados antes?
LOC. -  Ah, sim. Dou. (sup.)
DOC. -  (sup.) Essas coisas, coisas (sup.)
LOC. -  (sup.) É, costumo dar, costumo dar. Costumo, eh, aqueles salgadinhos, né, normalmente salgadinhos e aperitivozinhos e uísque e Cinzano e biscoitinhos, enfim, todo esse tipo de aperitivozinho a gente sempre oferece aqui antes. Depois ... Você quer saber também o que é que eu faço antes, como botar a mesa, escolher toalha, esse negócio todo? Ih, isso aí é um salamaleque danado! Aí vou lá dentro, tram, determino qual é a toalha, tiro a toalha, mando passar a toalha. Normalmente, mesmo eu estando trabalhando sempre sou eu quem chego pra ver a mesa, com um ... Geralmente mando arrumar tudo, quer dizer, passar a toalha, mando limpar os talheres e, e, sempre faço com a, com a louça que a gente tem de reserva, louça melhor e tal. Quando eu si... se são mais de quatro pessoas, eu sirvo à americana, que aqui em casa é pequeno e não dá. Então fica, fica muito atravancado. E como eu tenho mesinha de armar, aquelas mesinhas individuais, então fica fácil fazer à americana. Se são quatro pessoas, então eu faço na mesa. Todo mundo sentado na mesa e coloco sempre um aparador assim ao meu lado onde eu possa colocar as travessas, pra mesa não ficar muito cheia também, sabe? Que que é mais?
DOC. -  Como é que foi a última vez?
LOC. -  Qual foi a última vez?
DOC. -  O que que você ofereceu?
LOC. -  Deixa eu me lembrar. Aniversário? Foi seu aniversário que teve jantar aqui em casa? Ah, é, então a última vez foi o aniversário do meu marido, que eu dei um jantar aqui em casa. O que a gente comeu que eu não me lembro mais. Você quer saber também o que que se comeu?
DOC. -  Sim, se possível, tudo que você puder.
LOC. -  Olha, eu devo ter feito alguma coisa que você gosta. Bom, então nesse dia, ah, nesse dia já tem um mês, o mais antigo veio, talher, talher de prata pra mesa, veio, eh, a louça boa. Não que a minha louça seja um lixo, mas (inint./risos) veio a toalha, tirei a toalha que tinha servido no nosso casamento, pus a toalha bordada pra mesa e ... Aí eram, vi... vieram jantar conosco, eh, nossos sobrinhos M. E. e J. e antes teve ... Bom, an... nesse dia, especificamente, não teve aperitivos antes, porque eles chegaram muito atrasados, nós estávamos de saí... tínhamos que sair logo em seguida pro teatro, se ainda fôssemos fazer aperitivo não ia dar tempo. Então mal eles chegaram nós fomos jantar. Eu não me lembro o que que foi o jantar, M., galinha não foi, positivamente. Foi estrogonofe? [Estrogonofe de camarão (voz masculina)] Eu não me lem... positivamente eu não me lembro o que é que tinha no jantar.
DOC. -  E sobremesa, assim.
LOC. -  Foi pudim de leite? [Não, torta de banana (voz masculina)] Torta de banana, que você gosta de torta de banana. Foi torta de banana frita.
DOC. -  Quando você falou na louça, o que é que ... Que peças normalmente de louça uma casa deve ter?
LOC. -  Peças, como?
DOC. -  É. Você falou em travessas ainda há pouco. A louça é composta de quê? Composta de quê? Quando você diz louça você está pensando em algumas coisas. Tem vários tipos de louça (sup.)
LOC. -  (sup.) De repente são os pratos de mesa, eh, pratos de sopa e travessas pra servir, servir arroz ou feijão, travessas normais ou travessas, ou travessas do aparelho ou, enfim, em comum com os pratos, ou travessas de aço inoxidável ou se puder travessas de prata, não é, meu amor? (risos)
DOC. -  É tudo que figura na mesa?
LOC. -  Ah, sim! Mais os talheres e ... Que mais?
DOC. -  Além dos talheres, o que que tem?
LOC. -  E copos e guardanapos, (riso) descansos.
DOC. -  E vários tipos de copo?
LOC. -  Sim. Se for, tiver vinho, copo de água e copo de vinho.
DOC. -  Que mais?
LOC. -  Mais nada, ainda tem alguma coisa na mesa?
DOC. -  Ah, você começou falando sobre regime (sup.)
LOC. -  (sup.) Hum (sup.)
DOC. -  (sup.) Você conhece os princípios em que se baseiam os regimes? Por que é que determinados alimentos são proibidos para pessoas que querem emagrecer e outros não? Enfim, você sabe alguma coisa sobre isso? Uma relação entre a alimentação e o funcionamento do organismo?
LOC. -  Não, eu não sei não. Eu sei, quer dizer, sei, sei que os alimentos go... gordurosos, eh, são proibidos, alimentos com, eh, hidratos de carbono, não, é hidrato de carbono, né, que hidrato de carbono que contém, todas substâncias de hidrato de carbono são proibidos, mas na realidade quando eu faço regime eu não me atenho a nada disso. Me atenho que eu devo comer apenas carne, quer dizer, deveria, né, pelo menos, comer carnes e legume, eu acho que ... De fato, a não ser que você faça um regime que você tenha que perder muitos quilo. Se você quer perder quatro quilos, três quilos, eu acho suficiente você cortar massas, cortar ... Porque massa contém hidrato de carbono (inint.) massas e açúcar e, enfim, coisas gordurosas e manter assim carnes e legumes, coisas desse tipo, então você consegue perder. Agora se tem muitos, muitos quilos eu acho que a gente tem que ter uma coisa mais rigorosa, né? Como eu tenho muita experiência em regimes, toda a vida eu fiz, então ... (risos)
DOC. -  Eu estou me lembrando agora que você fez várias viagens, não é? Você podia comparar um pouco a culinária brasileira com o que você encontrou no estrangeiro, o que mais te chamou atenção, enfim ... O que mais você gostava fora do Brasil, por exemplo.
LOC. -  O que eu mais gostava?
DOC. -  É. O que que você notou de fundamentalmente diferente entre o que é básico na nossa alimentação e lá fora. Por exemplo, escolha um país e compare com o Brasil. Você esteve nos Estados Unidos, por exemplo, o que que você acha da culinária americana, o que você come lá?
LOC. -  É completamente diferente da gente, né? O que eles comiam basicamente lá? Primeiro que eles têm uma alimentação completamente diferente da gente que é o café da manhã. O café da manhã deles é muito mais completo, né? Comem não só sucos e leites e ovos e, e panquecas e pão, queijo, uma loucura o café da manhã deles. É o, é básica, é a, é a refeição básica pra eles, né? Na hora do almoço eles têm um, um pequeno, um pequeno lanche assim, um sanduíche, uma coisa qualquer. A gente é ao contrário, né? A gente tem um pequeno café da manhã e tem um almoço. E depois então jantam. Jantar normalmente eu não sei, eu estive muito pouco tempo em casa de família, eu não sei se aquilo habitualmente eles comiam ou se estavam comendo porque eu estava lá. Mas tinham carne, que é um negócio que eu sei que eles não comem com, com, com tanta, tão habitualmente, né? De vez em quando tinha um prato de carne, mas não é todo dia não.
DOC. -  Você visitou (sup.)
LOC. -  (sup.) Em geral, comem muito é na base de enlatados também, né? Visitei o quê?
DOC. -  Algum supermercado? (sup./inint.)
LOC. -  (sup.) Não, não visitei. Não tive o menor interesse na época em que estive lá em ver supermercado. Mesmo na Europa não visitei também não. Podia ter visitado, mas não visitei não.
DOC. -  E com relação à Europa?
LOC. -  Aí, aí é negócio engraçado porque, por exemplo, na França ... Se vo... se você for a algum restaurante, restaurante melhor aqui no Rio, você tem uma comida tipicamente francesa, né? Então, aí não dá, porque se você vai comer num restaurante na França, não tem, não sente muita diferença não. Quer dizer, você conhece, aquilo não é estranho, aquilo não é totalmente diferente, não é?
DOC. -  E agora, qual é a cozinha que é totalmente diferente da nossa, que que você acha dela?
LOC. -  Totalmente diferente?
DOC. -  Sim.
LOC. -  Em nenhum dos lugares que eu estive vi uma cozinha totalmente diferente. Na França tem uma cozinha conhecida, na Itália, uma cozinha conhecida, em Portugal, uma cozinha conhecida, quer dizer, não tem nada, não é diferente, não é um negócio assim absolutamente diferente. Absolutamente diferente é nos Estados Unidos, porque não tem uma cozinha, né? (risos) Não existe. Eu posso dizer que cozinha americana não existe, né? Inclusive aqueles molhos doces deles, ai, que coisa horrível!
DOC. -  Bem, você não acha que na cozinha oriental, por exemplo, há esses molhos, doces ...
LOC. -  Mas eu nunca experimentei cozinha oriental.
DOC. -  Nem aqui no Rio?
LOC. -  Não, nem aqui no Rio. Inclusive eu estava pensando na cozinha oriental mas como eu nunca experimentei. Eu sei que existe o molho doce, mas nunca comi. Comi uma vez nos Estados Unidos porque pensei que fosse salgado, só por isso. Estragou toda a minha comida, achei horrível! Era um molho lindo, maravilhoso, de carne, sabe, aquele molho de ferrugem, ahn! Eu olhei aquilo, disse: puxa, que molho lindo! Eu quero aquele molho! Foi uma desgraça. Não comi nada, porque entupi meu prato com um molho absolutamente doce. Acabou.
DOC. -  Agora você co... conhece diferentes tipos de lugares onde se pode comer fora de casa? Quer dizer, está muito bem, nós falamos em restaurantes, mas comer ou beber, as pessoas vão a diversos lugares diferentes dependendo das coisas que vão beber, como é que você vê o quadro, assim, dos lugares onde as pessoas vão para esse fim? Aqui no Rio.
LOC. -  Positivamente eu não sou a pessoa para falar disso. Em todo o caso ... Você tem dois tipos de, dois tipos de coisa a fazer, eu acho. Por exemplo, se você quiser uma coisa mais simples, dois tipos de coisa, você pode comer em pé, esse tipo de lanchonete, tipo Bob's, tipo Rick's, sempre se encontra uma série de coisas pra comer que preenche o, o requisito comer, vamos dizer, que tem 'ham-and-eggs', você tem uma série daquelas, eh, aqueles negócio, aquelas panquecas imensas, como é que chama aquilo, crepes e tal. Enfim, dão pra você comer, se sentir bem, sem ser uma refeição muito completa, mas tem, sem ser sanduíche também, não é, tem, tem pizza, enfim, tem pizzaria, tem tipo, já não é lanchonete, também não é, não são s'o restaurantes, não é? Eles têm esse tipo de pizzaria, essas coisas assim e tem restaurante, tem restaurante que você escolhe o tipo de restaurante: médios ou, ou restaurante mais caro, em que você come tudo, né? Come churrasco e come pratos de, de cardápio, cozinha francesa, de cozinha brasileira.
DOC. -  Agora, você podia falar um pouco das pessoas associadas a, a essas atividades ligadas com alimentação?
LOC. -  Pessoas como?
DOC. -  Por exemplo, quem faz, quem serve, eh, quem planeja, quem ... Enfim, por exemplo, em casa eu sei que você tem alguém que ajuda você. Eh, mas quando você está fora de casa já não são essas mesmas pessoas, enfim. Ah, e entre plantar ou colher ou, enfim, providenciar os alimentos e chegar à sua mesa há um, não é, várias coisas acontecem. Dependendo do tipo de alimento, o processo é diferente, as pessoas que estão ligadas a este processo também não são as mesmas.
LOC. -  Ih (inint.) eh, você quer que eu fale como (sup.)
DOC. -  (sup.) O que que ocorre a você, isso tudo?
LOC. -  Você quer que eu fale o quê? Sobre os costumes pro, os processos, a transformação das coisa até chegarem à mesa? (sup.)
DOC. -  (sup.) As pessoas, os processos. Sim, que as pessoas passam, o que que as pessoas fazem, que pessoas estão associadas a isso.
LOC. -  Em que setor?
DOC. -  Da alimentação.
LOC. -  Sim, sim, mas, eh, gênero, não sei mais o quê (sup.)
DOC. -  (sup.) Qualquer coisa. Escolha à sua vontade. Escolha o produto e fale sobre (sup.)
LOC. -  (sup.) Por exemplo, carne, o que que acontece, até a carne virar carne. (risos) Primeiro nasce o bezerro, o bezerro vira boi, o boi pasta. (risos)
DOC. -  Ótimo.
LOC. -  Enfim, pasta, engorda e quando ele está bem gordinho e lindo, maravilhoso, aí o dono do boi ... Que que o dono do boi faz? Deve vender o boi pra alguém, né? É, nunca tinha pensado nisso. Vai pro matadouro. No matadouro, pobrezinho, é esquartejado e é vendido. O que que acontece? Não é vendido pros açougues. Não, pras ... Como é que chama? Pros açougues não, depois é que eles chegam aos açougues, né? E eu pensei que isso fosse mais fácil, heim?
DOC. -  Você conhece, eh, assim a ... Se for a um açougue, todas as partes do boi, você sabe de que se compõe ele todo?
LOC. -  Não, não, não conheço todas não. Conheço uma ou outra. Por exemplo as que (sup.)
DOC. -  (sup.) De frente, de trás ...
LOC. -  Não. Você está querendo muito. Conheço, como conheço, por exemplo, conheço a, o lagarto, que isso é o óbvio, né? Conheço alcatra, conheço o chã, conheço patinho. Conheço as carnes que eu compro. Fora disso, se quiser vender gato por lebre ...
DOC. -  E os outros alimentos? Fora a carne. Por exemplo, você disse que porco, carne de porco, você não gosta muito, não é? Há várias coisas, né, que são feitas assim de porco.
LOC. -  Ih, é uma porção, né?
DOC. -  É. (risos)
LOC. -  Caramba! O porco ...
DOC. -  Você já mencionou um hoje (sup.)
LOC. -  (sup.) Lingüiça! (sup.)
DOC. -  (sup./inint.) de almôndega.
LOC. -  É, lingüiça. Lingüiça é feita com carne de porco. Você já viu como é que faz lingüiça?
DOC. -  Não. No interior, já.
LOC. -  É sensacional.
DOC. -  Mas você vai contar pra gente (sup.)
LOC. -  (sup.) Espera aí. É nojento que dói. Pega a tripa do porco e tem feito um funilzinho. Você pega o princípio da tripa e coloca o funilzinho ali, então prende assim em volta, né, para não escapar, porque aquilo é muito escorregadio, e vai enchendo aquilo com miúdos do porco. E depois bota aquele negócio pra secar. Ahn, é meio nojento de fazer. Que mais? Então faz-se lingüiça. Que que mais faz com o porco? Mas só lingüiça? Acho que é só lingüiça, né? Que mais faz com o porco?
DOC. -  Umas coisas, eh, com que se faz sanduíches.
LOC. -  Ah, é, tem razão. Mortadela é com porco, mortadela. Presunto leva o quê? Carne de porco? Não é não. Presunto não é não, de quê (sup.)
DOC. -  (sup.) Acho que é (sup.)
LOC. -  (sup.) É porco também? Todos esses frios são carne de porco, é? Engraçado! É mesmo?
DOC. -  Bom, não garanto, mas enfim ... Você pode falar dos frios, né? Que espécie de frios (sup.)
LOC. -  (sup.) Eu nunca tinha pensado nisso! Que coisa engraçada, porque você vai comendo e não pensa na, como, como as coi... o que que acontece com as coisas até chegarem àquele ponto, né? Meu Deus do céu!
DOC. -  Os frios. Quais são os frios que você conhece, já que você falou em frios.
LOC. -  Hum, mortadela, presunto, salaminho e tem uma porção de outros cor-de-rosinhas (riso) que eu não sei o nome, que eu chamo de frios (riso) sortidos.
DOC. -  Nós podemos parar.