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PROJETO NURC-RJ

DIÁLOGOS ENTRE INFORMANTE E DOCUMENTADOR (DID):

Tema: "Animais e rebanhos"
Inquérito 0068
Locutor 0079 - Sexo masculino, 34 anos de idade, pais não-cariocas, professora de educação física. Zona residencial: Suburbana
Data do registro: 30 de junho de 1972
Duração: 40 minutos


Som Clique aqui e ouça a narração do texto


LOC. -  Bom, questão de gostar de animais eu, eu gosto porque eu tenho por hábito, desde o início aprendi, aprendi desde garoto a gostar de, de todas as coisas de um modo geral, gosto de animais, como gosto de plantas, como gosto de pessoas. É claro que a gente sempre tem certa preferência. Eu acredito que eu gosto talvez de gatos mais do que outros animais porque quando eu era garoto vivia muito, tinha muitos gatos, inclusive tinha até gatos de estimação. Eh, pássaros de um modo geral eu gosto, mas não gosto deles ... Embora eu crie canários e por uma questão quase que de uma, por uma questão quase de um acidente, eu não gosto de ani... de pássaros presos, nem de animais presos também. Então eu crio canário, mas coloco num viveiro, o mais espaçoso possível. Aliás, eh, eu não, eu não crio, quem cria é (inint.) é meu sogro, ele é que trata dos animais, eu apenas deixo eles ali dentro. Apenas digo que são meus, que é pra ele não vender. Mas gatos, eu gosto desde garoto. Tinha gatos e vários anos e tinham cria e eu fui habituando, embora nunca fui assim, apesar de gostar dos animais, nunca fui ... Não, não, não gosto, sou contra a, sou contra a, aquela, a, esse mimo exagerado de certo animal, animais, de, de pegar no colo, deitar. Eu apenas gosto de animais pra tratar bem, não pra mimar em excesso, nem pra, pra pe... pra estar agarrando muito. Cri... (sup.)
DOC. -  (sup.) Esses gatos (sup.)
LOC. -  (sup.) Sim (sup.)
DOC. -  (sup.) Desculpe, continue.
LOC. -  Não, não, não pode ... O que eu ia falar não era mais sobre gatos.
DOC. -  Ah, bom, esses gatos que o senhor tinha quando criança, que o senhor gosta e (inint.) por acaso, eh, eles tinham raças diferentes ou (sup.)
LOC. -  (sup.) É, é, não havia raça especial, era gato que apareceu em casa e foi ficando e como sempre o gato fica onde quer. E no fim das contas a gente pensa que está cuidando do gato e o gato é que está tomando conta da gente. E foi indo, foram criando talvez, quer dizer, então, como eu digo, embora eu também goste de cachorro, eu prefi... se eu tiver que ficar em casa, eu prefi... eu gosto mais de ficar com o gato, pra, pra começar que eu acho que cachorro dá mais trabalho. Cachorro a gente tem que alimentar mesmo, o gato se a gente não alimentar, ele vai, vai procurar um lugar pra, pra comer. Isso ... Eu crio também, um outro animal que eu criei, eh, dessas cobaias, como é que chama, eh, porquinho-da-índia.
DOC. -  Sei.
LOC. -  Eu criei também, foi quase uma questão de acidente. Foi festa (inint.) na escola, fizeram aquela festa de são João com porquinho-da-índia e depois, aonde vai ficar o porquinho-da índia? Acabou indo lá pra casa. E também por causa das crianças (inint.) as crianças aprendam a gostar de animais.
DOC. -  E as suas crianças gostam de animais?
LOC. -  Gostam, adoram. Praticamente eles identificam os animais como pessoas da família também. Aliás, nosso objetivo de ter animais em casa é exatamente pra isso, pra despertar nas crianças aquele afeto sobre as coisas de um modo geral. Em cima de animais porque ... Aprende a gostar de animais e acaba gostando de pessoas também.
DOC. -  Mas vocês têm cachorro em casa?
LOC. -  Não. Não tenho porque, uma das razões é que eu acho que dá mui... muito trabalho. Tem problemas. E como eu, quando era garoto, uma das razões de eu não gos... de eu ter essa prevenção contra o cachorro em casa, por duas vezes eu tive que ser vacinado por causa de cachorro que não era meu. Nem, nem, me mordeu, apenas era de parente e quando morreu, suspeita de ter ficado com raiva, injeção em todo mundo. E então, por uma questão apenas de quase uma segurança talvez exagerada, eu ainda, ainda sou contra cachorro em casa. Mas gosto muito, inclusive (sup.)
DOC. -  (sup.) E nesse sítio do senhor lá em Petrópolis, o senhor tinha animais em casa?
LOC. -  Tinha. Já (inint.)
DOC. -  Quais?
LOC. -  Tinha ... Foi lá que eu comecei a, a admitir canários, pássaros presos. Foi por causa do acidente que eu já citei que meu sogro tinha criado, porque ele sempre gostou de pássaros, inclusive ele teve casa de pássaros, e ele tinha um casal de canários (inint.) e estava querendo vender. Então minha senhora disse: então vende pra mim. Pronto. Vendeu pra ela, ficou como se vendido pra ela e, e foi aí que começou aquela ninhada toda, de, daí que nasceram oito e depois ... Agora estamos com catorze, atualmente tem uns doze em casa. Canários.
DOC. -  Doze canários?
LOC. -  Doze canários da raça dela.
DOC. -  Existem, é isso que eu ia perguntar, existem raças diferentes de canários?
LOC. -  Não. Nós já tivemos a raça 'roler` e, mas não era minha, era do meu sogro. E o canarinho atualmente é tudo belga, todos os nossos canários são belgas.
DOC. -  Um se chama belga, o outro se chama (inint.) tem essa, existe essa diferença?
LOC. -  Olha, sinceramente, olha, o meu conhecimento sobre pássaros, eu acho que eu sou capaz às vezes de saber que uma rolinha é uma rolinha, um pardal é um pardal, mas eu sou capaz de chamar o tico-tico de pardal. Aí vê que o meu conhecimento de pássaro é completamente nulo. Embora eu tenha comprado um livro sobre criação de canários, mas eu não sei exatamente por que que é canário belga, por que que é 'roler` e outras raças que existem que eu também não sei lhe dizer exatamente. Eu sei que aqueles lá são belga, primeiro que meu sogro tinha dito que eram belga, então ... E depois pelo, quando eu comprei esse livro eu vi que de fato deviam ser belga mesmo mas (sup.)
DOC. -  (sup.) Existem outros pássaros que o senhor goste?
LOC. -  Tem. Pássaros que eu goste, bom, como eu já disse, eu gosto de, de um, de um modo geral de animais, né? Pássaros, gosto de uns em casa. Uma maritaca, temos um trinca-ferro (sup.)
DOC. -  (sup.) Maritaca?
LOC. -  É. Maritaca é uma prima do papagaio.
DOC. -  Como é que ela é? O senhor podia descrevê-la?
LOC. -  É exata... é exatamente um, é um papagaio pequeno, quer dizer, é um papagaio, dá assim, a senhora teria talvez um, pelo menos a mim é um sinal, ela teria assim quase que noventa por cento o tamanho de um papagaio. Não sei (inint.) de um papagaio mesmo, embora pela semelhança, toda a característica, muita gente que vê pode pensar que é um papagaio.
DOC. -  Tem as mesmas cores?
LOC. -  Também eu digo que é maritaca, porque meu sogro disse que era maritaca. Eu não sei (inint.) eu chamo de maritaca. As cores são semelhantes às do papagaio: verde, algumas do verde, algumas (inint.) do vermelho.
DOC. -  E você falou em outro, em outro (sup.)
LOC. -  (sup.) Trinca-ferro.
DOC. -  É. O que é isso?
LOC. -  Também. Há um outro pássaro também que tem que ... Aliás eu não, eu sinceramente não vejo graça nele, porque pra mim ele não canta. O meu sogro diz que ele canta muito.
DOC. -  Como é que ele é assim externamente?
LOC. -  Ele também tem uma cor mu... um tanto esverdeada e o bico preto, é um pássaro assim, pode se dizer um pássaro médio, dentro de minha concepção. O tamanho dele é, se assemelha ao do bem-te-vi, bem-te-vi, um, sabiá. Mas também não sei dizer se esse já participa no grande, de, de pássaros grandes ou médio. E fora disso os coleiros, né, coleiros, coleiros, não é, coleiros e curiós, que nós temos em casa, mas todos graças a meu sogro. Também não me pergunta, que eu sou capaz de chamar um coleiro de, de pardal também.
DOC. -  Qual o nome? Coleiro?
LOC. -  Coleiro, coleiro. Coleiro e curió. Eu só sei que um é preto, o outro é mais ou menos marrom e (inint.) fora disso (sup.)
DOC. -  (sup.) Marrom é o curió?
LOC. -  Não, eu acho que o curió é preto. Mas tem curió ... (risos) Não, não sei exatamente (inint.) não me pergunta que eu, eu sou capaz de chamar um, de ver um curió e dizer que é tico-tico. De pássaro eu apenas, eu gosto, aprecio tanto e como eu digo (inint.) já pelo fato de eu gostar, a minha, minha grande satisfação seria ter uma casa, onde pudessem os pássaros viver soltos, à vontade, não saíssem dali, ficassem sempre cantando. Mas, então, teria que fazer um viveiro bem grande para que eles se sentissem o mais livre possível. Já que estamos falando de pássaros presos aproveitar essa campanha que está se fazendo aí de soltar os pássaros, e eu por experiência própria, como já aconteceu com outros, eu acho que certos pássaros não podem ser presos por enquanto. O canário, por exemplo, o belga, é um canário que sempre, há anos e anos, quase que gerações inteiras, mesmo nossas gerações inteiras, nossas, sem contar a dos canários que gerações são rápidas, duram em média cerca de cinco anos, que vivem presos, sempre nasceram em gaiolas, se criaram em gaiolas. Se soltar um pássaro desse, quem vai gostar mais serão os gatos. Os gatos porque são bichos que, que têm pouca autonomia, ou não estão habituados, não estão habituados a cuidar de si mesmos, então nós praticamente vamos condená-lo ao extermínio, esse pássaro que sempre esteve preso. Agora, é claro que é muito bonito viver tudo solto, mas temos que pensar também na racionalidade da, da questão. Eu por exemplo, eu, que já aconteceu comigo de páss... canários que fugiram da gaiola por um descuido, eu abri pra criança brincar e depois eles mesmos voltaram (inint.) um dia depois voltavam, ou então ele ficava preso e a gente pegava com a mão mesmo, ficava voando, ficava pertinho, e pegava com a mão mesmo. Então não há razão pra soltar, não há como soltar de repente um pássaro desses.
DOC. -  Agora, há, existem outros animais, mesmo que o senhor não tenha em casa (inint.) que o senhor ache bonito, que o senhor goste? Mesmo quando não tem em casa?
LOC. -  Não, não tendo é como eu digo, eu, eu não sei se é porque eu me considero assim uma pessoa que gosta da natureza, eu gosto da natureza e cuido da natureza, eu acho que talvez também eu por gostar de arte, eu, vamos dizer que eu tenha assim um certo sentimento artístico sem qualquer presunção a esse respeito. Então eu aprecio tudo que seja, que tenha uma certa beleza. Agora se nós vamos citar aqui quais os animais que eu mais gostaria, é, in... eu acho um belíssimo, por exemplo, um leão. Não só pelo porte dele como pela própria estrutura física do leão, que eu gosto muito, me passa um animal bonito. O tigre também, eu acho espetacular um tigre. A coisa que eu acho mais, vamos dizer assim, bacana mesmo, uma girafa correndo. Uma girafa parada é um bicho desengonçado, a gente não tem ... Mas uma corrida de uma girafa, eu estive vendo isso, calhou de ver uma vez, foi no jardim zoológico, achei uma coisa linda pela coordenação motora do, do animal. Então acho, acho lindo, e outros animais assim que eu acharia bonitos seria o, o próprio cavalo, o cavalo, o puro sangue, não é o que nós vemos muito por aí. Quando eu falo o bonito, é mais pelo porte do animal, pela, pela, aquele porte de, de consciência da força ou da, ou da, ou da raça que possui, da nobreza, vamos dizer assim, vamos chamar disso, nobreza de sangue que tem o animal, ah, como o leão, o próprio tigre, ou então dentro do, dos, dos pássaros eu acho bonito (inint.) o pavão. E animais como, eu acho também muito bonito é aquele galinho-da serra que nós temos.
DOC. -  Galinho-da-serra, como é?
LOC. -  Olha, eu sinceramente pra descrever, porque eu sei que é bonito porque eu vi, achei bonito e vi lá escrito galinho-da-serra. Agora descrever assim, eu talvez nem lembre exatamente como é, porque nessa vez que a gente estava no jardim zoológico, via muitos pássaros e eu achei, naquele dia eu achei o galinho-da serra bonito. Eu sei que é um, é um, é colorido com muitas cores, não é, é bonito. Agora, descrever exatamente eu não sei, parece que ele tem uma crista no alto da cabeça. Não sei se é isso. Faisão também eu acho muito bonito. Agora ... Bom voltando aquela questão do que eu acho muito bonito o porte, eu acho lindo a águia e o condor, mas quando eu falo no condor geralmente é uma, é uma imagem de um condor voando. Aí vai mais por causa de fotografias e, e (inint.)
DOC. -  Hum, alguma vez o senhor teve experiência de fazenda, de estábulo?
LOC. -  Já, já, porque freqüentemente, antes mesmo do meu cunhado ter uma fazenda, nós íamos muito pra uma fazenda em Minas, é ali perto de (inint.) eu cheguei inclusive a ter até mesmo um sítio, nessa época, ali perto e atualmente quem tem ali, é uma fazenda, quem tem é meu cunhado, tem uma fazenda ali, depois que eu vendi o sítio, mais tarde meu cunhado comprou uma fazenda e nós freqüentemente vamos lá. Ah, fazenda boa (sup.)
DOC. -  (sup.) Há animais lá?
LOC. -  Tem, tem animais de vá... diversas naturezas, gado de um modo geral. Ali, na região, vive de criação de gado, gado bovino. Eh, cavalos, alguns cavalos, alguns porcos, mas a criação essencial é gado, é gado bovino, a gente fala em gado e porco também é gado, é parte de gado bovino mesmo. Fora disso não há assim grande quantidade de animais.
DOC. -  Esse gado que (inint.) esses animais são todos da mesma raça, de raças diferentes?
LOC. -  Bom, eu, ele quando comprou essa fazenda, eh, só indo aqui pra fora do Rio, que a gente vê como está atrasado tudo isso aí por fora. Então ali, todo, todos, as vacas que haviam eram quase tudo subnutrida, a raça era, é o que nós chamaríamos no cachorro de vira-lata. E a preocupação dele foi melhorar a raça, então comprou alguns, algumas vacas de qualidade, não sei dizer exatamente a marca (inint.) e touro também de, de raça. E assim foi melhorando a espécie, atualmente já está com uma espécie boa, eu não sei exatamente qual é a, a raça desse ... Pelo que ele diz ele es... ele está atualmente com vacas de boa quali... qualidade e algumas já de, como eles chamam de PC.
DOC. -  PC?
LOC. -  É, é pura por cruzamento.
DOC. -  Ahn.
LOC. -  Tem o chamado, que é o PO, que é puro de origem, mas aí também qualquer raça pode ser um PO. Uma raça pura na origem, não é, que é, é um touro, vamos dizer assim, que al... que foi originado de uma vaca de raça pura com um touro de raça pura também, da mesma raça. Então, o, o que nascesse era um PO, puro de origem, e o puro de cruzamento é o gado de um, que tem um, é derivado de um que é de raça pura com um que não é de raça exa... exatamente pura, então (inint.) de cruzamento. E ele já está chegando próximo desses chamados PC. Ele tem touro, eh, um ou dois touros, tem um touro, eh, de raça pura e uns dois parece da raça misturada (inint.) bem próxima à raça pura.
DOC. -  É grande o terreno dele?
LOC. -  Ele atualmente deve estar, se bem que ele não diz, é bem grande, basta dizer que da casa dele aonde nossa vista alcançar, bate a fazenda. E al... algum tempo atrás ele, ele já comprou mais duas ou três fazendas próximas que oscilava entre dez e quinze alqueires cada uma. Se nós formos contar com o alqueire mineiro, que é quarenta e oito mil metros quadrados, é bastante coisa. Sendo que essa fazenda dele, não sei exatamente, mas parece que já era superior a setenta alqueires ou, ou noventa, não sei exatamente, porque questão de negócios assim, dimensões, nem ele comenta muito nem (inint.)
DOC. -  É claro, é. Não, é claro, essas informações são bem relativas (inint.) eh, a gente, não que a gente queira saber (sup.)
LOC. -  (sup.) Não, isso é claro. Pois é, nem haveria condições de eu poder dizer nada, porque eu nem sei.
DOC. -  Bom, agora outra coisa, por exemplo, eh, por a... por acaso ele, ele tem atividade comercial?
LOC. -  Ele, ele é, eu sei (sup.)
DOC. -  (sup.) Esses produtos que ele tem na fazenda ele vende? O que que ele faz?
LOC. -  Bom, é leite, produtos derivados de leite, aliás a produção essencial na fazenda dele é leite. Fora disso, algumas vezes, como já encontrou lá pés de laranja, sempre que há (inint.) laranja ele, ele, ele vende laranja também. Mas a produção essencial da fazenda é leite, produção de leite, e aí ele produz uma boa quantidade.
DOC. -  E ele vende, ele vende, eh, carne? Não, né?
LOC. -  Não. A não ser a (inint.) de gado, é como eu disse, apenas, numa criação, numa fazenda de criação não importam os machos, não interessam os machos, então, quando nascem machos, ainda novo, novo, se não está interessado em reservar algum pra futura criação, vende imediatamente (inint.) isso é norma de novas fazendas de criação. Não é fazenda de corte, é fazenda (sup.)
DOC. -  (sup.) Fazenda de corte?
LOC. -  Porque existe a fazenda de corte e exi... a criação para o corte e existe a criação para a produção de leite. Se a fazenda for (inint.) de produção de leite, não interessam os machos, interessam apenas fêmeas, se a fazenda é de, é de corte então é, é diferente (inint.) aí já é (inint.) é ao contrário, devem interessar mais os machos, porque desenvolve, depois de um determinado peso vende pro açou... pro matadouro. Nesse caso não há, não interessam as fêmeas.
DOC. -  O senhor, eh, costumava passar temporadas lá (inint.)
LOC. -  Ficava uma temporada assim, assim às vezes quinze dias, vinte, já fiquei até um mês mesmo.
DOC. -  Por acaso, eh, o senhor (inint.) ou as pessoas que moravam lá, moravam mais tempo elas nunca (inint.) os insetos, por exemplo.
LOC. -  Insetos?
DOC. -  É.
LOC. -  Olha, é difícil dizer porque aqui no Rio, eh, aqui a cidade, existem lugares como, eu, por exemplo, já morei várias vezes, aonde eu moro mesmo, Icaraí, que às vezes os mosquitos não deixa dormir. Então, se eu for pra um lugar desse e encontrar mosquito, eu não vou ter problemas com ele, porque já, já, já são conhecidos. Mas nunca tive assim problemas mesmo de picada de algum inseto mesmo, nunca houve não, embora haja, claro, certos, certos tipos de insetos, mas como qualquer carrapato macho (inint.) mas isso aqui também tem. Eu, por exemplo, moro numa casa, que eu faço questão de ter um jardim, então ali também encontra os insetos todos. Agora fora disso nunca teve problemas com inseto não.
DOC. -  E o senhor, a sua mulher têm problemas com inseto lá? Porque às vezes (sup.)
LOC. -  (sup.) Não. Bom, se, se, se, problema assim de perturbar, de atrapalhar, o que mais perturba lá a gente são, são os mosquitos, às vezes quando existem. Mas ultimamente até que não tem tido tanto, porque não só a gente toma providência (inint.) como também às vezes passa uns caminhões de (sup.)
DOC. -  (sup.) Ah, eu sei (sup.)
LOC. -  (sup.) Dedetização que já ajuda bastante.
DOC. -  Hum, hum. Qual é a par... (sup.)
LOC. -  (sup./inint.) o maior problema ainda, ainda é o inseto quando dá tanto no campo quanto na cidade ainda é barata.
DOC. -  (risos)
LOC. -  De vez em quando aparece, mas ... Também lá em minha casa não tem esse problema, porque como minha senhora não tem medo, mas não suporta ver barata, a primeira coisa que nós fizemos foi dedetizar a casa contra barata. Então não aparece nem mais por lá.
DOC. -  Agora, passando pra outra coisa, passando pra peixes. O senhor gosta de peixes? O senhor conhece, eh, tipos diferentes (inint./sup.)
LOC. -  (sup.) Olha, de peixe, eu aprecio imensamente o golfinho, eu acho lindo, acho espetacular, eu acho que o golfinho é um, é um animal assim, é um, não, não é nem peixe, né, é um animal, aliás, o golfinho é um mamífero, e desde o, desde o ponto que o homem já admite que o golfinho tem inteligência, porque na minha opinião qualquer bicho, qualquer animal, ele tem excesso de inteligência. A cada dia algumas pessoas são, falam a esse respeito e (inint.) muitas pessoas. Mas o golfinho eu acho espetacular também, por aquela (inint.) em volta dele, eu acho um, eu acho um pas... eu acho um, um animal bonito, aprecio também (pigarro) algum, peixes mas mais pela decoração deles, peixe de aquário, mas fora disso, de peixe até mesmo pra comer só filé de peixe (sup.)
DOC. -  Pois é, eu ia lhe perguntar: pra comer (inint.)
LOC. -  (sup.) Só filé de peixe, não é que eu não goste de peixe, é que dá o trabalho de eu tirar as espinhas. Então eu prefiro o filé de peixe que não tem espinha, camarão e, de um modo geral, não, não, não me atrai muito peixe não. A não ser como decoração, como decoração eu acho lindo.
DOC. -  E o senhor gosta de pescar, é claro?
LOC. -  Não, não tenho (sup.)
DOC. -  (sup.) Nunca, nunca pescou?
LOC. -  Já tive essa experiência de pescar, mas não, não me sinto com paciência, nem com a técnica necessária pra pescar e também tem aquele problema: pescar pra quê, pra dizer que pescou? Se fosse o caso de pescar pra comer, então seria um peixe grande pra comer e matar a fome, aí eu admitia, mas pescar pelo simples prazer de dizer que pescou um peixe eu, embora possa ser quadrado hoje em dia isso, eu ainda acho que não compensa tirar a vida de um, qualquer coisa, mesmo de um peixe. Apesar de ser, eu acho que peixe é um animal que, é um tipo de, de animal que pode botar o anzol quantas vezes quiser que o peixe vai lá e vai morder a isca mesmo. É o que eu diria: a inteligência dele é um pouco curta pra perceber isso, ou então a fome é muita. Mas eu não, não vejo graça na pesca, nesse sentido de pesca por esporte, aliás qualquer coisa que seja tirar a vida, como a caça também por esporte, eu não admito. Eu admito matar uma espécie assim, como por exemplo, um camaleão que eu não conheço as van... a cr... a utilidade dele. Eu conheço, eu admito que ele talvez nos seja mais nocivo que útil, então eu admito matar um dessa espécie. Agora, não admito matar um animal que não tem nada contra ele, não é o caso dizer que vai, que os leões, se encontrar uma pessoa na floresta, vai matar uma pessoa, não vai, porque leão, tigre, de um modo geral, ele só mata quando tem fome, então não, não, não vejo porque matar ou caçar um, um animal desse, prender. Aí, volta aquela história: se vamos soltar os pássaros, então vamos soltar os leões que estão no jardim zoológico presos numa jaula, com muito mais razão ainda, porque sempre ... E aliás, ia ser um bocado divertido de andar solto aí pela cidade, ver um tigre, jacaré (inint.) valeria, seria bem interessante, eu gostaria de ver isso.
DOC. -  Bom, o senhor disse que não gosta muito de peixes, né, pra comer, eh, quer dizer que basicamente a alimentação de vocês é ...
LOC. -  Bom, a minha, a minha alimentação é essencialmente carnívora, porque também ali... eu não, eu não gosto, como também muito de legumes não me aprecia o sabor, porque eu, eu talvez seja assim, mais pense em comer de acordo com o sabor. Então, como não me aprecia muito o sabor de legumes, eu acho que não, não é muito, não é tão atraente assim, eu sou essencialmente carnívoro, então a minha, a minha refeição predileta seria feijão, arroz, bife e batata frita e ovos. É claro que aí tem que variar um pouco, então a gente varia de vez em quando a refeição, é claro, eu defendo mais o que a minha senhora manda fazer do que (sup.)
DOC. -  (sup./inint.) aves, o senhor gosta de comer?
LOC. -  Ahn? O quê?
DOC. -  Aves?
LOC. -  Galinha, gosto muito, mas desde que seja assada. Diga-se de passagem, qualquer coisa que, pra mim, em matéria de carne tem que ser na base de assado ou fritura, cozido já não gosto muito. Aliás, o único cozido que eu gosto é o, é o já tradicional cozido, aí, aonde eu como muito legume também, aonde eu admito legume, fora disso não, não, se não tiver também não, não faz diferença.
DOC. -  Eu ia perguntar também, por exemplo, o senhor gosta muito de carne. Agora, o senhor prefere deter... determinadas, porque a carne de vaca, né, vários tipos (sup.)
LOC. -  (sup.) Filé, filé, pra mim, pra mim é o bife ou o filé, agora se é lagarto, se é chã, alcatra, não entendo nada, aí eu deixo por conta da minha senhora, ou alguém de casa que faz as compras, se disser que é alcatra e me der, eu, eu, o que importa é a forma, eu vejo, é um bife? Aí eu como. Se está macio ou está duro, é claro que eu prefiro macio, mas se for bife, já é bife, é filé, aí eu como. Fora disso, não sei, só sei quando é fígado, porque fígado a gente conhece, eu aposto que até a doutora há de conhecer, fora disso não tenho (sup.)
DOC. -  (sup.) E além de fígado, o senhor gosta de outra (sup.)
LOC. -  (sup.) Não, não gosto de fígado.
DOC. -  Ah, o senhor não gosta?
LOC. -  Não, por isso que eu digo, eu sei a diferença, eu como fígado quase que às vezes porque não tem outro jeito, mas não gosto não. Tirou, aliás, de um modo geral, tirou de carne, miúdo, órgãos, de um modo geral, não aprecio nenhum deles. A não ser carne mesmo e pode-se quase se resumir a bife ou filé.
DOC. -  E a carne de porco?
LOC. -  A carne de porco também, né? Também gosto muito de carne de porco e umas diversas, uma diversa variação da carne de porco.
DOC. -  Por exemplo.
LOC. -  Ah, porque tem a carne de porco e tem o lombo, parece, então tem, tem, também não vai me perguntar o nome que, que eu não, não sei, eu sei na hora, vejo no prato, disse que é lombo eu como e gosto, se tem aquela que parece também um filé de, de, parece um bife também que eu gosto bastante, agora, fora disso, não sei.
DOC. -  Alguma vez o senhor teve, eh, oportunidade de comer caça, alguma espécie de caça?
LOC. -  Não, não, porque nunca, nunca participei de caçada e nunca houve essa oportunidade de se apresentar ou de aprese... alguém aparecer com uma caça pra, pra, pra comer. Então nunca houve essa oportunidade não.
DOC. -  E, eh, com toda essa experiência que o senhor tem da fazenda, alguma vez o senhor teve algum acidente com algum animal que, selvagem (inint.)
LOC. -  Não, selvagem (sup.)
DOC. -  (sup./inint.) de sair pelo mato (inint.)
LOC. -  Não, não, nunca houve, nem, nem mesmo cobras, nem animais grandes de um modo geral. Se bem que eu já soube que houve caso lá de cobra que apareceu e mataram normalmente, não mordeu ninguém e uma lontra que apareceu e que andou comendo quase toda a criação de pato (sup.)
DOC. -  (sup.) Uma lontra?
LOC. -  É lontra, dizem, ninguém viu, mas eles dizem que é lontra. Eu não sei exatamente se é lontra, porque a gente tem que se basear no que eles dizem. Então eu levo muita reserva no que diz o pessoal do interior, porque quando eu fui lá a primeira vez diziam até que havia, até diabo aparecia de vez em quando, então teve gente que viu diabo, quer dizer, então, assim deve ser lontra, porque andou comendo muito pato. Mas se for outro tipo de animal também, também come patos e não, até hoje não conseguimos pegar. Como alguém já andou pegando uma lontra na região, então eu acho que por analogia resolveram que aquela era, aquilo que ninguém estava vendo devia ser lontra também. Mas parece que é um, quer dizer, ou já teriam visto (sup.)
DOC. -  (sup.) E o senhor sabe (inint.) de matar o gado, de doença (inint.)
LOC. -  Doença ...
DOC. -  Que outros animais que ele cria, porque às vezes (sup.)
LOC. -  (sup.) Doença que ele, que ele teve foi normal de, bom, nor... normal de gado assim, vamos dizer, a que dá muito em gado, berne, fora disso não há nada. Por enquanto felizmente não teve nenhum problema de doença grave no, no gado.
DOC. -  Agora, como é que ele faz pra, pra alimentar esse gado?
LOC. -  Bom, uma das, uma das coisas que ele faz, que ele fez assim que comprou essa fazenda, parece-me que foi consultar pessoas que entendiam de gado, porque ele não entendia nada, ele trabalhava aqui, trabalhava em laboratório e com, parece que o ministério da Agricultura, aprendeu tudo que se dizia a respeito e chegou lá começou a revolucionar a fazenda, porque aí pro interior, e isso eu constatei várias vezes, eles criam gado mas não, não se, não tem aquela preocupação de plantar para o gado. Eh, a natureza faz o capim crescer, ele solta o gado em cima, então, é claro, chega, às vezes chega ao ponto que o gado come todo o pasto e não tem mais, então vai ter que passar fome até o capim crescer de novo em outra região. Então dependia muito da, de uma extensão imensa de terra pra um gado pequeno. Então ele aprendeu diversas técnicas como por exemplo qual o tipo de capim que melhor podia plantar, e aí apareceu, começou a plantar capim napiê (sic), capim que eu acho que ele chama elefante e outros tipos de capim que crescem muito, alimentam muito melhor o gado, inclusive ele fez uma coisa lá, todo mundo achou que ele estava maluco, mandou plantar soja, mandou plantar soja, depois (sup.)
DOC. -  (sup.) Plantar soja?
LOC. -  Plantar soja, um excelente adubo pra terra, e depois quando começou a florescer mandou cortar tudo, aí foi quando chamaram ele de maluco, porque ele manda plantar depois an... começa a cortar tudo. E depois é que foi, de algum tempo depois foram descobrir que ele estava certo, que atualmente ele é o maior produtor de leite da região e não tem o maior gado. E o gado dele também melhorou rapidamente de, de valor, de peso, de um modo geral. Mas dá também a mistura que eu já, já sei que tem farinha de osso e outras misturas também apropriadas pro gado e faz aquela mistura com a forragem e o gado come, ele come, ele se alimenta melhor.
DOC. -  O senhor (inint.) a fazenda antes da reforma que ele fez na casa, que ele fez uma reforma, era uma casa tipo (sup.)
LOC. -  (sup.) Olha, eu posso descrever a fazenda antes da reforma que ele fez na casa, que depois ele fez uma reforma. Era uma casa tipo tradicional que qualquer história-de-quadrinho mostra uma fazenda, aquela casa com, com varandas de arco e na, assim no alto de uma elevação, uma elevação do terreno, um descampado em volta e uma casa muito grande e com muitos quartos. Era uma varanda na frente, depois uma sala, depois alguns quartos, corredor, uma cozinha no fim com um forno de, daquele fogão antigo de, de lenha mesmo. Agora que ele introduziu, agora, depois ele introduziu lá fogão a gás com, com bujão e a energia elétrica já tinha da própria fazenda e fora disso é uma casa comum feita nem, nem se, nem, nem lembro muito se é casa de tijolos, porque usa-se muito lá essa de estuque, é, é uma parede feita de, com bambu praticamente trançado e a, de barro em cima. Mas esta casa parece que já era de tijolos, já há algum tempo (inint.) e atrás tinha o que eles chamam de paiol. Fora disso ...
DOC. -  Paiol?
LOC. -  Paiol, é. Paiol é um lugar onde guarda, aonde guarda, depois da colheita, cultura, guarda por algum tempo principalmente o milho que é mais utilizado na região, plantação de milho, então guarda o milho, guarda ferramentas, não é? E o estábulo que era das vacas, né, porque, porque as vacas se alimentam no pasto e se alimentam no estábulo. No estábulo é onde vai a ração de qualidade mais superior em vitaminas e o, e tem o pasto e aí tem o capim.
DOC. -  Alguma vez, por acaso, o senhor viu, eh (inint.) tirar leite das vacas?
LOC. -  Ah, sim já, já assisti, já, já assisti e já, já fiquei, a gente sempre fica pensando, são coisas que não, quem, quem tiver, se a pessoa tiver muita mania de higiene não deve assistir tirar leite de vaca, porque pra começar o camarada é um colono da região que fatalmente lida com tudo quanto é coisa (sup.)
DOC. -  (sup.) É um é sempre que ordenha as vacas?
LOC. -  Não, ele tem uma pessoa já, pessoa já, passa a ter já uma especialização nesse ponto, nesse ponto. Ele tem uma pessoa encarregada de ordenhar as vacas, mas aí ele pega, a mão dele, ele trabalha normalmente, quando chega a hora de ordenhar as vacas vai lá e ordenha as vacas. É claro que ele lava a mão antes com um pouco dágua na mão, não sei se passa sabão, também não, não reparei esse detalhe, mas acho que ele não se preocupa muito com isso não, porque ele acha que leite ... Também tem outro detalhe, ele não chega exatamente a tocar no leite, porque ele apenas auxilia e, e aperta a teta da vaca mas sem tocar no leite, mas sempre acaba tocando, né? Ele, ele evita tocar, mas sempre toca, então quem tem uma noção exagerada de higiene não deve assi... não deve ver, porque, não no meu caso principalmente é muito mais natural, eu acho que quem já serviu ao exército não liga muito pra isso de que que vai botar na boca, então já encara com muito mais naturalidade.
DOC. -  Agora outra coisa, além do leite o seu cunhado (inint.) outros produtos, eh, carne de porco (sup.)
LOC. -  (sup.) Não, não, não, não, não, só, só mesmo o leite é o que ele mais ... Fora disso é mais como uma distração talvez da esposa dele, uma fo... uma varia... uma variação, como, por exemplo, ele andou criando patos, depois que viu que estava alimentando a tal lontra acabou com a criação de patos e também já andou criando porcos também, mas não como produção da fazenda. E, como eu por exemplo crio canários e quando eu crio porquinho-da-índia e, e, e fica ali mais pra enfeitar do que praticamente pra produzir.
DOC. -  Mas, mas acontece o seguinte, se o pessoal da fazenda não (inint.) como boi e vaca para extrair outros produtos que são aqueles (inint.) pra eles, pra consumo pessoal.
LOC. -  Não, só se ocorrer, só se ocorrer um fato assim de algum animal ter que ser exterminado, ser, ou morrer por acidente mesmo ainda tiver na hora assim, aí eles aproveitam, mas fora disso não há esse aproveitamento, a não ser de outras quali... de outras produções da, da fazenda, por exemplo, galinha, os ovos que tem, então vai pro pessoal da fazenda, leite, todos se aproveitam do leite. Porque tem sempre uma quantidade que vai pra cooperativa e outra que fica na fazenda pra consumo interno, mas fora disso não há (sup.)
DOC. -  (sup.) Mas eu pensei que vocês talvez (inint.) o preparo da manteiga (sup.)
LOC. -  (sup.) Não, não, isso não é feito na fazenda. Isso, porque o que eles fazem, as fazendas possuem uma cooperativa, essa cooperativa é que tem, que vai resol... é que vai reco... redo... arreca... vai recolher todo o leite, que todas as fazendas têm uma média a que se obrigam fornecer e de... e é da coope... a cooperativa é que vai dar o destino necessário, eh, é leite, ao excesso so... do excesso do leite, do excesso que o leite aparece, então sim faz manteiga ou queijo. Mas não do, primeiro estabelece a média, depois que atinge aquela média do leite é que o que sobrar é o que vai, vai ser leite ou, ou queijo. Não, isso nessa cooperativa, não sei se todas são assim. E também eu estou falando mais por ouvir dizer. Às vezes por ouvir dizer, a gente não pode garantir com exatidão, a gente até pode achar que entendeu uma coisa, quando a coisa é outra.
DOC. -  Alguma vez o senhor já pensou em ter uma fazenda?
LOC. -  Olha, eu acho que pra uma pessoa como eu que gosto de uma (sup.)
DOC. -  (sup./inint.)
LOC. -  (sup.) É, quando a pessoa é como eu que gosta da, da, da natureza, que sempre apren... sempre aprendeu a gostar da natureza, não vou negar, um dos meus sonhos é, seria ter uma fazenda. Inclusive, antes mesmo desse meu cunhado ter uma fazenda lá, eu cheguei a ter um sítio próximo, na época ele tinha dois alqueires e meio, dois alqueires e meio já, se nós formos aqui no estado do Rio, seriam cinco alqueires e cinco alqueires tem gente que diz até que é fazenda, aqui no estado do Rio. Então era bem, era bem grande, apenas como eu não podia estar lá, eu fiquei naquela contingência, ou eu fico dizendo que sou, ou eu fico com o título de dono de um sítio e, de um sítio e fico com um monte de terra aí pra, pra não ser aproveitada, ou então me desfaço dele e é um problema a menos que eu passo a ter, porque quem tem um, qualquer pedaço de terra pro interior tem sempre problemas com os moradores da região, tem, tem, há sempre gente que entra, porque não vê ninguém, vai entra e como, às vezes pessoas que di... resolvem ficar morando no lugar, então eu me desfiz desse problema, passando adiante. Mas não resta dúvida, um sonho meu seria ter uma fazenda, ou pelo menos uma, não uma fazenda, que fosse um, um sítio, um lugar onde pudesse andar à vontade em contato com a natureza.
DOC. -  (inint.)
LOC. -  Eu inclusive trabalhava no Rio.
DOC. -  (sup./inint.)
LOC. -  (sup.) Eu morava em Petrópolis, trabalhava em Petrópolis, mas trabalhava no Rio e digo mesmo, se uma pessoa quiser, se for professor ou se for um profissional qualquer e morar fora do Rio, a gente tem que fazer um esforço muito grande pra não ficar desatualizado. Eu por exemplo que morava aqui em Petrópolis, próximo à Guanabara, nessa questão de educação física, que é minha matéria, eu quando cheguei lá, eu já encontrei uma dificuldade tremenda para aplicar coisas mais atualizadas, porque o que eu encontrei lá em Petrópolis na época, não só em educação física como em alguns esportes, como, o mais gritante foi o caso do basquete, desatualizações assim numa base quase que de dez anos, coisas que há dez anos já não se usava mais. No caso de, na educação física propriamente dita ainda hoje tem muita coisa de errado lá em Petrópolis e aí o pior é que às vezes quando a gente começa a dizer que aquilo está errado passa a, a ser antipatizado e, ou então é chamado de inventor e, é o único problema de Petrópolis, pra imaginar aqui pertinho do Rio. Quando, quando eu estive em Campos também senti essa des... desvantagem de fora da Guanabara, porque não resta dúvida que na Guanabara é, eu considero Guanabara e São Paulo como capitais culturais, tudo que chega de novo, chega primeiro na Guanabara e em São Paulo, então o res... os outros têm que, têm que aguardar a vez. Em Petrópolis, parece mentira, aqui pertinho do Rio, demora um bocado a chegar, é mais fácil chegar em Brasília, chegar em Belo Horizonte do que chegar em Petrópolis. Não sei também se aí vai de mentalidade do povo, sem nenhum desdouro do pessoal de Petrópolis.
DOC. -   Tá, obrigada.