« MAPA «
PROJETO NURC-RJ

DIÁLOGOS ENTRE INFORMANTE E DOCUMENTADOR (DID):

Tema: "Vida social e diversões"
Inquérito 0063
Locutor 0073 - Sexo masculino, 25 anos de idade, pais cariocas, economista. Zona residencial: Norte
Data do registro: 23 de junho de 1972
Duração: 40 minutos


Som Clique aqui e ouça a narração do texto


DOC. -  Bem, vamos ver. Você podia mais ou menos dizer, eh, a que classe social você acha que pertence? Qual é a classe social em que você está enquadrado? Ou você acha que não existem diferenças de classe social no Brasil?
LOC. -  Não, isso há. Há uma diferença inclusive muito grande, né? Eu acho que a minha, nós estamos enquadrados, quer dizer, a minha classe social, média, classe social média.
DOC. -  Como é que você carac... define essa classe média? Como é que você ... Quais são as características dessa classe média? O que é que caracteriza a classe média?
LOC. -  Bem, essa defi... defi... essa divisão de três classes sociais, né, que, pobre, média e rica, né, que está, está dividindo, né? Bem, eh, podemos fazer uma divisão monetária, financeira, né? Dividir: camarada pobre é aquele que está na, na fase mesmo, na faixa mesmo de, de salário mínimo, até às vezes menor que salário mínimo, e a classe mais alta, né, o custo de vida atualmente está enorme, né? Quer dizer, e a classe média ... Eu posso me situar numa classe média, eh, que tem também, claro, não sei, essa classe, essa divisão é muito elástica, né? Então a classe média tem também uma classe média, vamos dizer, que tem a pobre, pobre, e tem a classe média um pouquinho mais baixa, a classe média um pouquinho mais alta, né, e tem a classe bem ... Tem os camaradas que já são um pouco mais abastados e outros que estão bem mais distantes dos abastados, que já estão bem mais elevados também, né?
DOC. -  Agora em termos assim de relacionamento social, como é que é o, o tratamento por exemplo entre você e a sua mulher? Ele, como é que ele é? É sempre cerimonioso, como é que ele é?
LOC. -  Não. Um tratamento informal completamente. Não tem cerimônia por nada.
DOC. -  E entre você e seus pais? Como é que você costuma tratar seus pais?
LOC. -  Não. Também tratamento completamente informal. Totalmente (sup.\inint.)
DOC. -  (sup.) Quando você se dirige diretamente a eles?
LOC. -  Quando me dirijo diretamente a eles? Mas em que sentido? De (sup.)
DOC. -  (sup.) Em termos assim de pronome por exemplo?
LOC. -  (pigarro) De pronome, ah, isso (sup.)
DOC. -  (sup./inint.) como é que você costuma?
LOC. -  Às vezes senhor, às vezes você, dependendo do ...
DOC. -  E seu filho, como é que você acha que vai ser em relação a você e S.?
LOC. -  Em relaçao a nós? Bem, como o negócio está andando por aí, né, eu acho que vai ser um, vai ser um tratamento mais informal ainda do que se, do que nós tivemos, né?
DOC. -  Agora por acaso por exemplo no seu trabalho existe hierarquia em termos de função, de cargo? E essa hierarquia exige um tipo de tratamento mais formal? Como é que costuma ser?
LOC. -  Bem, eu trabalho no Banco Central. Lá existe essa hierarquia, mas na seção em que eu trabalho, que é a Gerência de Mercado de Capitais, lá, a maioria do pessoal que trabalha lá é tudo gente nova, inclusive o cargo mais elevado que tem lá é o gerente. Normalmente em outros lugares é tratado por senhor e vossa excelência e não sei mais o quê, mas esse gerente tem só trinta anos de idade e saiu da faculdade há tão pouco tempo, quase quanto a gente e o tratamento é, é igual, não tem diferença nenhuma entre todos nós, lá onde nós trabalhamos, no setor que eu trabalho, né? Em outros, em outros setores não. Em outros setores há inclusive uma hierarquia bem grande, né?
DOC. -  Hum, hum (sup.)
LOC. -  (sup.) Na parte que eu trabalho não.
DOC. -  E quando você estava na faculdade, como era o relacionamento entre vocês alunos e os professores?
LOC. -  Relacionamento que você fala de ...
DOC. -  É, o contato pessoal entre professores e alunos sobre, eh, sob esse aspecto assim de tratamento.
LOC. -  Eh, o tratamento lá é ... Tem a faculdade Nacional, né, tem a ... No meu tempo ainda tinha lá uma meia dúzia de velhos lá. Então esses velhos a gente tratava com respeito, né, e o resto, os outros professores também, tratando com respeito. Mas o tratamento, era tudo já gente nova também, o tratamento já ficava um pouco diferente, né?
DOC. -  E o tipo de atitude era diferente da parte desses professores, dependendo da faixa de idade, em relação aos alunos por exemplo? Havia maior formalidade, menor, como era?
LOC. -  Não. Todos os pro... todos os professores que eu tive, eh, o tratamento deles conosco era, era o mesmo, mesmo os mais velhos. Inclusive na época eu tive um professor que era ministro da Fazenda, que era o, o Bulhões, e o tratamento dele conosco, que era, vamos dizer assim, era o professor que estava, vamos dizer assim, mais distante da gente, né, o tratamento dele conosco era ótimo.
DOC. -  Vocês têm muitos amigos?
LOC. -  Temos. Bastante.
DOC. -  E como é a convivência de vocês com esses amigos? Ela é muito grande? Constante? Como é? (sup.)
LOC. -  (sup.) É constante. Bem, como acho que a gente tem muitos amigos, a, a constância é assim: às vezes a gente vê um hoje, outro daqui a um m... esse mesmo a gente vê daqui a um mês. Às vezes a gente vê ele, esse, esses amigos durante um mês seguido e depois a gente passa três meses sem ver.
DOC. -  Vê onde, como, de que maneira?
LOC. -  Eles vêm a nossa casa, nós vamos à casa deles. Saímos juntos pra dar uma volta.
DOC. -  Costumam sair para algum lugar específico ou pra, por algum motivo? Vão a lugares públicos juntos ou não?
LOC. -  Vamos, sim.
DOC. -  Por exemplo.
LOC. -  Restaurantes, cinema, teatro.
DOC. -  Agora essas, essas visitas que vocês trocam, né, eles vêm à casa de vocês, vocês vão à casa deles, elas, elas são assim sem qualquer motivo especial ou às vezes elas, elas têm um determinado motivo?
LOC. -  Bom, às ve... norm... às vezes, normalmente, às vezes pra bater um papo só, conversar e normalmente nós fazemos um jogo também, né, jogamos buraco.
DOC. -  Outra coisa: você gosta de música?
LOC. -  Gosto.
DOC. -  Que tipo de música?
LOC. -  Música popular. Não sou muito amigo, gosto de música clássica também, mas não, não tenho grande fanatismo por ela.
DOC. -  E dentro de música popular, que tipo especial de música por exemplo, música, cantores, movimentos? Música popular (sup./inint.)
LOC. -  (sup.) Lógico, lógico. Não, eu gosto dessa música do, do Roberto Carlos, do Simonal, da Elis Regina. Essas músicas que, que eles cantam eu gosto bastante.
DOC. -  E música americana você, você gosta também?
LOC. -  Gosto também. Não conheço não, mas gosto do ritmo, vamos dizer assim (sup.)
DOC. -  (sup./inint.) existe algum tipo especial dentro da música americana (inint.) especial que você goste?
LOC. -  Não, eu tenho um amigo que gos... gosta muito de 'jazz' e às vezes eu vou na casa dele, normalmente ele está escutando discos. Alguns eu gosto, outros não gosto. Gosto de 'jazz' também.
DOC. -  E tem algum instrumento musical que você prefira? (tosse)
LOC. -  Eu gosto de violão, piano. Esses dois principalmente.
DOC. -  Por que que você, você gosta desses (sup.)
LOC. -  (sup.) Não, não sei. Parece ... Gosto de ver uma pessoa tocando. Como todo instrumento a gente gosta de ouvir uma pessoa tocar bem, né? Eu não sei se porque é um instrumento mais popular, né? violão e piano. Pode ser que eu tenha, goste mais deles por causa disso, porque a gente ouve mais.
DOC. -  Vocês costumam ter assim, eh, vida noturna intensa, costumam sair muito à noite?
LOC. -  Não, não muito (sup.)
DOC. -  (sup.) Em fim de semana?
LOC. -  Não, não temos não. Saímos no fim de semana, passeamos.
DOC. -  Você vai pra onde especificamente? Que que vocês fazem normalmente no fim de semana?
LOC. -  Esses contatos com os amigos normalmente a gente ... Ou então às vezes nós dois saímos sozinhos pra ir a um cinema, a um teatro ou jantar fora.
DOC. -  E na ... Nessa parte de cinema, vocês têm preferência por algum tipo de filme?
LOC. -  Bem, eu gosto de qualquer ... Não tenho assim preferência por filme. Mas ultimamente nós temos visto assim filmes mais alegres, mais leves, porque a S. só gosta de filme assim. Não gosta de filmes mais pesados, filme de faroeste ela não gosta. Então nós vamos só assim filmes mais ... Comédia italiana e ... Pra distrair, né? Não tenho grandes exigências pra ir ao cinema não.
DOC. -  E teatro?
LOC. -  Teatro também nós normalmente só vamos também assim a peças do Chico Anysio e peças assim alegres, né, comédias (sup.)
DOC. -  (sup.) E esses (inint.) eh, que são comuns agora de, em teatro?
LOC. -  Não, não temos ido.
DOC. -  De cantores, né, são muito comuns, né, os cantores da música popular (sup.\inint.)
LOC. -  (sup.) É, é. Nós não, não, nunca ... Nós não fomos a nenhum. Não fomos a nenhum.
DOC. -  E a televisão? O que você acha da televisão?
LOC. -  Televisão eu acho que tem certos programas que dá pra você assistir, que são muito bons, outros são horríveis. Às vezes levam bons filmes. Ontem eu vi um filme bom na televisão. Pelo menos gostei, né?
DOC. -  Qual foi o filme?
LOC. -  Eh, um filme que tem, eh, 'Os violentos'. É faroeste, é faroeste. Eu não vou a faroeste no cinema, então vejo faroeste na televisão.
DOC. -  Hum! Agora você disse que vocês, vocês costumam sair muito com amigos, etc. Por acaso, vocês não costumam também ir a certas reuniões mais formais? Reuniões sociais que sejam mais formais?
LOC. -  Não, muito raramente.
DOC. -  Mas vão de qualquer maneira, né?
LOC. -  Às vezes.
DOC. -  (inint.) ou em ocasião especial?
LOC. -  Não, em ocasião especial assim não.
DOC. -  O que você consider... você consideraria uma reunião social mais formal que você já tenha ido?
LOC. -  Mas ... É isso que eu ia falar. Uma reunião mais formal de quê? Do pessoal que a gente ... Em relação a, a ...
DOC. -  Não só de, eh, dos amig... em relação aos amigos de vocês. Às vezes não precisa nem haver amizade, né?
LOC. -  É, sei. Não. Acho que ... É, foi. Eu faço parte da diretoria da Confederação Brasileira de Tênis. Então assim reuniões mais formais que eu, que nós temos participado, jantares e encontros assim, quando vêm tenistas de fora. Só. Eh, mais formal assim é só isso. Eu acho que o normal é só uma reunião entre amigos e (sup.)
DOC. -  (sup.) E a atitude de vocês, eh, a atitude, a maneira de vestir por exemplo ela é diferente nessas reuniões?
LOC. -  Não, porque normalmente a reunião é tênis, é esporte e é tudo ... Não tem grande ... Não, não exige nada demais. É uma roupa esporte, não tem nada (sup.\inint.)
DOC. -  (sup.) Nunca houve assim uma ocasião em que você e a S. tivessem que ir com uma roupa especial?
LOC. -  Não, uma roupa especial assim não.
DOC. -  Porque a reunião pedia, né? Uma reunião que ... Um grau de formalidade maior?
LOC. -  Mas o quê? Vamos dizer assim, uma, uma festa, um, um jantar? (sup.)
DOC. -  (sup.) É.
LOC. -  Não, só se for, eh, uma roupa especial que você fala é uma, uma roupa social, um 'smoking', um (sup.)
DOC. -  (sup.) Não esporte, né? (sup.)
LOC. -  Um 'smoking', um vestido de, de baile? Eh, nós costumamos ir à formatura de amigos e em baile que exige uma roupa mais ...
DOC. -  Agora você disse que esteve na Espanha, né?
LOC. -  Hum.
DOC. -  Você esteve pouco tempo na Espanha?
LOC. -  Foi. Só dois dias.
DOC. -  Por acaso você teve oportunidade de ver, eh, o que os espanhóis consideram como o esporte nacional deles, o mais característico e tal?
LOC. -  Na Espanha?
DOC. -  É.
LOC. -  Não, não cheguei. Esse tempo todo que eu fiquei lá, que eu fiquei na Espanha, eu só dei uma volta pela cidade e fui ao Museu do Prado e ... Mas pelo que parece, deve ser a tourada o esporte nacional deles, né? (sup.)
DOC. -  (sup.) Você nunca viu uma tourada? (sup.)
LOC. -  (sup.) Pelo menos, eu est... quando eu estive lá, eu não estive num, num final de semana, mas amigos que tinham ido na semana anterior me disseram que o negócio lá era uma barbaridade a tourada lá, né, que eles matam o touro. E nós tínhamos visto uma tourada em Portugal, onde eles não matam o touro. E lá na Espanha, quando não matam o touro, o público vaia, né?
DOC. -  Você podia descrever essa tourada que você viu em Portugal?
LOC. -  Essa tourada em Portugal? (pigarro) A seqüência dela, vamos dizer assim (sup.)
DOC. -  (sup.) É, a tourada toda, né? O que acontece? Como é?
LOC. -  O que acontece durante ela? Vamos ver se eu me lembro bem. Ela inicia, aparecem todos os toureiros, e tocam aquelas músicas lá e depois vem o, o... Não sei se é toureiro, não sei qual o nome que eles dão, um cavaleiro pra fustigar o touro, né? Depois vem o toureiro, começa lá a dar umas, a irritar o touro, né? Irrita bastante, depois finge que mata, né, porque lá não mata, né? Então aí acaba.
DOC. -  E você gostou da, da tourada?
LOC. -  Eu gostei pra ver uma vez ou duas ou três. Mas pra ver sempre, pra ser esporte nacional, como falam que é na Espanha, não gosto não (sup.)
DOC. -  (sup.) E qual é o esporte que você prefere? Você gosta de esporte?
LOC. -  Eu gosto, gosto bastante.
DOC. -  De quê?
LOC. -  Eu gosto de futebol, gosto de tênis, gosto de basquete. Acho muito bonito também, não entendo nada, já vi só pela televisão, dos jogos olímpicos, eh, ginástica. Acho muito bonito, saltos ornamentais, também, na piscina.
DOC. -  Alguma vez você já assistiu, eh, corrida de cavalo?
LOC. -  Corrida de cavalo também acho muito bonito. Gosto também, né?
DOC. -  Você costuma ir?
LOC. -  Não. Muito pouco. Fui uma meia dúzia de vezes só.
DOC. -  Você entende aquelas coisas todas que acontecem? Sabe como, como é?
LOC. -  Em corrida de cavalo? Conheço mais ou menos.
DOC. -  Podia contar pra gente?
LOC. -  Eh, a corrida propriamente dita?
DOC. -  Exato.
LOC. -  Mas desde a partida até o final só?
DOC. -  Sim. Existem umas coisas também, né, não só na corrida, mas fora?
LOC. -  A preparação (sup.)
DOC. -  (sup.) As pessoas que estão envolvidas, né? O que elas fazem?
LOC. -  Na preparação do cavalo pra corrida (sup.)
DOC. -  (sup.) Hum, hum.
LOC. -  Eh, a preparação do cavalo antes, né, que envolve um monte de gente, como treinadores e um tratamento especial com o animal, alimentação e treinos (pigarro) que normalmente são feitos pela madrugada, né? E depois tem a corrida. Normalmente dizem que há muita roubalheira, né? Não sei.
DOC. -  Roubalheira como? Em que sentido?
LOC. -  Um não deixa o outro ganhar, né?
DOC. -  Um não de... um cavalo não deixa o outro ganhar?
LOC. -  É. Um fecha o outro no meio da corrida. Normalmente eles são punidos, né, mas ... Porque todas essas corridas são filmadas, né, de ponta a ponta. O que eles pegam durante a corrida, essas fechadas que levam e às vezes não dá pra perceber durante a filmagem, um jóquei segurando um cavalo. Dizem que é, que é um dos jogos mais roubados que existem por aí, né?
DOC. -  E as pessoas que estão fora, envolvidas na corrida?
LOC. -  As pessoas?
DOC. -  É.
LOC. -  Eh, eu acho que elas torcem tanto como em outro esporte (inint./sup.)
DOC. -  (sup.) Mas simplesmente vão lá pra torcer pelo cavalo (inint.)
LOC. -  Tem muitos viciados, né, que vão lá. Você vai lá no Jóquei, você encontra as mesmas caras todo dia. E alguns, como eu, vão uma vez ou outra, um Grande Prêmio Brasil ou um fim de semana mesmo, porque às vezes um sábado é um programa espetacular você ir pro Jóquei e passar um sábado e assistir uma, uns três ou quatro páreos.
DOC. -  Hum, hum. Agora você falou ainda agora que às vezes os seus amigos vêm pra cá e vocês costumam jogar, não é?
LOC. -  É.
DOC. -  Jogo de cartas?
LOC. -  Jogo de cartas (sup.\inint.)
DOC. -  (sup.) Que tipo de jogo? Vocês só ... Jogam sempre o mesmo jogo, ou há tipos diferentes?
LOC. -  Não. Eu por exemplo com amigos homens, nós às vezes costumamos jogar pôquer. E para as mulheres entrarem nós jogamos buraco ou então pontinho.
DOC. -  Pontinho? Como é que é esse jogo?
LOC. -  Eh, pontinho é um jogo parecido com buraco, um mesmo, (pigarro) um mesmo tipo. Eh, a contagem de pontos é diferente, né? Você começa com cem, com noventa e nove pontos, vai até a zero ou então você começa de zero e vai até noventa e nove. Tem pessoas que invertem, eh, fazem o contrário. É parecido com buraco, só que as pessoas recebem nove cartas, você pode bater com carta que qualquer pessoa jogue fora, não precisa se esperar sua vez pra bater. Pode bater com a carta do parceiro lá do lado oposto. Parceiro, não, que é adversário, né? Todos aí, eh, pontinho é, é um por ... Joga sempre uma pessoa só. Não tem, não tem parceirada.
DOC. -  Nesse ponto é diferente do buraco, né?
LOC. -  É diferente. Só pode ser simples, como a gente chama no tênis, né (inint.) é jogo individual, né?
DOC. -  E o buraco, qual a diferença entre o buraco e o pôquer?
LOC. -  Buraco e o pôquer?
DOC. -  É.
LOC. -  Ah! Aí a diferença ... Também o pôquer é um jogo individual também, não tem parceirada, só se recebe cinco cartas, os jogos são parecidos com os do buraco: par, dois pares, trincas, seqüência. Sendo que a seqüência pode ser de naipe diferente, enquanto que no buraco só pode ser do mesmo naipe. Um mesmo naipe em pôquer é um jogo altíssimo. Dificilmente se faz. É um jogo que normalmente só tem graça jogando a dinheiro, enquanto que o buraco você pode jogar pra passar o tempo, um tempão, que não precisa ser a dinheiro. Enquanto que o pôquer só tem graça a dinheiro. Sem dinhe... assim sem dinheiro ninguém joga.
DOC. -  E basquete? Você disse que gosta de basquete, né?
LOC. -  Gosto de assistir a uma partida de basquete. Já acompanhei bastante (sup.)
DOC. -  (sup.) Você podia então, já que você acompanhou, tem experiência, podia descrever um jogo de basquete? O que que acontece? Como é, como é um jogo de basquete? Todo jogo tem regras e não sei quê ...
LOC. -  Eh, as regras de basquete eu não conheço muito não. A pessoa ... A principal delas é que a pessoa não pode andar com a bola, né, só pode andar com ela qui... quicando no chão, né? Tem que encestar lá na, na cestinha que tem uma tabelinha pra ajudar. Marca de dois em dois pontos com um lance assim durante a partida. Quando é lance livre, como eles chamam, quando é uma falta, marca um ponto só de cada vez, né? É um jogo que pode levar muito tempo, porque só conta tempo quando a bola anda. Se a bola saiu de ... Parou o jogo pra uma falta ou substituição, o tempo pára. Quer dizer, leva vinte minutos cada tempo, mas pode levar duas horas uma partida.
DOC. -  Hum, hum! E o número de jogadores é fixo?
LOC. -  Cinco de cada lado, podendo substituir em qualquer momento qualquer jogador. Tem um número máximo de faltas, só pode praticar cinco, né? Normalmente com quatro sai pra ficar no banco esperando uma melhorada para entrar, né, isto é, os técnicos é que falam.
DOC. -  E o tênis? Você é ligado ao tênis, né, você faz parte da (sup.)
LOC. -  (sup.) Da Confederação Brasileira de T^ênis.
DOC. -  Exato. Então como é um jogo de tênis?
LOC. -  Bem, um jogo de tênis, o tênis pode ser jogado em simples ou em duplas, né, e partida de simples o campo é menor, partida de dupla tem um corredor ma... de dois lados. É um esporte que a contagem dele, eh, data aí de uns cem anos atrás, né? Tudo es... tudo falado em inglês, né? Você precisa (sup.)
DOC. -  (sup.) Tudo o quê? (sup.)
LOC. -  (sup.) A contagem.
DOC. -  Ah, sim!
LOC. -  A contagem, você, uma partida normalmente é jogada em três 'sets'. Cada 'set' é dividido em 'games'. Quem chegar primeiro a seis 'games' (sup.)
DOC. -  (sup.) Um 'game' é o quê? (sup.)
LOC. -  (sup.) Quem chegar primeiro a seis 'games' ganha um 'set' e, quando chegar a cinco a cinco, vai a dois, até um fazer sete a cinco, oito e seis, nove e sete, onze e nove, vai, vai andando, né? Agora, você pra fazer um 'game', você tem que fazer quatro pontos, vamos dizer assim. O primeiro ponto, como a pessoa faz, a gente fala assim, a contagem é quinze a zero. Depois passa a trinta a zero, quarenta a zero, 'game'! Se por acaso empatar em quarenta a quarenta, porque você faz quinze, o outro também pode fazer, né, se empatar em quarenta a quarenta, vai a dois também. Por isso que o jogo de tênis, tem jogos até que podem levar cinco, seis horas uma partida, né? Não tem tempo, é um jogo que não tem tempo. É melhor de três 'sets'. E ganha quem fizer primeiro dois a zero ou então um a um, vai a dois, um a um não vai a dois não. Um a um, quem fizer, quem fizer dois 'sets' ganha, né, quem fizer dois 'sets' ganha. Então não tem tempo mesmo, porque num 'game', um 'game' pode levar meia hora. Se pra completar um 'set', precisa de seis 'games', cada 'game' levar meia hora, pra completar dois 'sets' então, vai levar horas e horas.
DOC. -  E você joga tênis?
LOC. -  Eu jogo tênis. Gosto de jogar. É o esporte que eu jogo. O resto eu gosto de ver só.
DOC. -  Você se interessa por automobilismo, agora que está muito na moda, né, com Fittipaldi, esses negócios? Você gosta de automobilismo?
LOC. -  Gosto. Acho bacana também.
DOC. -  E boxe?
LOC. -  Boxe, só mesmo nas lutas assim muito especiais que é um (inint.) lutadores com mais técnica, né? Essas lutas que andam por aí não vale a pena nem assistir. Essas que tinham aí em televisão. Isso é porcaria.
DOC. -  E xadrez?
LOC. -  Xadrez? Aprendi a jogar, aprendi a movimentar as pedras e ...
DOC. -  Como é o jogo?
LOC. -  (pigarro) Bem, o jogo é um tabuleiro com um monte de quadradinhos, com várias peças e uns peões, duas fileiras de peças, né? A primeira só de peões e a segunda, atrás, tem duas torres, dois cavalos, dois bispos, um rei e uma rainha, né?
DOC. -  Essas peças têm valores diferentes. Então, né, são pe,cas diferentes (sup.)
LOC. -  (sup.) Não, têm valores, têm valores, vamos dizer assim, não, porque não contam ponto, né? Têm valores mais assim, eh ... Porque o jogo é, é derrubar o rei do adversário, né? Então você com cada peça dessa, um, uma torre anda num sentido, o bispo anda noutro sentido, o cavalo anda em ele, a rainha anda em qualquer sentido, né, menos no do cavalo, e você movimenta essas pedras no sentido de dar um xeque-mate no rei. Quer dizer, eu não conheço xadrez, não sei a técnica. Tem gente que deve achar um bispo importantíssimo, outros que a torre é mais importante. Não sei, não conheço mesmo.
DOC. -  Agora, eh, passando pra outro tipo de esporte, o futebol.
LOC. -  O futebol ...
DOC. -  Você gosta de futebol, não é?
LOC. -  Gosto de assistir futebol. Nunca (sup.)
DOC. -  (sup.) Você costuma (sup.)
LOC. -  (sup.) Joguei futebol. Fui um péssimo jogador de futebol (sup.)
DOC. -  (sup.) Você costuma assistir com freqüência o futebol?
LOC. -  Bem, eu ia com tanta freqüência ao futebol, quando comecei a namorar minha mulher, ela detestava futebol, aí ela passou a gostar de futebol, porque eu comecei a levá-la ao futebol e ela gostou do futebol. Não porque eu impus a ela. Ela ia ao futebol comigo, a gente saía no domingo à tarde: ah, vamos ver Flamengo e Santos? É um bom jogo. Joga o Pelé. Aí ia ver. Ela passou a gostar de futebol, porque eu ia tanto ao jogo de futebol. Ela também gostou. Gosto muito de assistir a uma partida de futebol.
DOC. -  E como é, então, uma partida de futebol? (sup.)
LOC. -  (sup.) Uma partida de futebol? (sup.)
DOC. -  (sup.) O que acontece? Quais as (inint.) que estão envolvidas com futebol?
LOC. -  Bem, entram onze jogadores de cada lado, tem um goleiro que só pode segurar ... É o único jogador que tem o privilégio de segurar com as mãos. Os outros só podem com o pé. E quarenta e cinco minutos cada tempo, com quinze minutos de intervalo. E ganha quem fizer o maior número de gols, senão empata.
DOC. -  Hum, mas há vários incidentes, né? Às vezes podem ocorrer incidentes durante o jogo, não é? Quer dizer, o jogo não é simplesmente corre pra lá, corre pra cá, faz gol e pronto.
LOC. -  Incidente, o quê? Faltas?
DOC. -  É. Exato. Quais as, quais as coisas possíveis de acontecer num jogo de futebol?
LOC. -  As coisas possíveis de acontecer num jogo de futebol? Falta, dentro da grande área, que eles chamam, é pênalti, né, batido (sup.)
DOC. -  (sup.) A grande área é o quê? Onde é que fica exatamente?
LOC. -  Bem, tem o gol (sup.)
DOC. -  (sup.) Existe uma divisão (sup.)
LOC. -  (sup.) Tem um gol, é a divisão do campo, campo dividido no meio, onde é dada a par... saída no meio. Tem um semicírculo no meio que eles chamam, né? Tem o gol, tem um retângulo que eu não sei as dimensões, pequeno, perto do gol, onde o goleiro, dizem que é intocável. Uma das regras do futebol, parece, né? Não conheço as regras direito. Depois tem uma área maior, um retângulo maior, onde qualquer falta cometida ali é pênalti, que é, parece que onze passos do gol. Tem uma marquinha lá que o camarada chuta, né, e normalmente faz gol, né? Tem as faltas normais aí de futebol, as mais violentas são punidas com a expulsão do jogador, né?
DOC. -  Falta o que é? É um jog... é um jogador ...
LOC. -  É um jogador tirar a bola do outro sem visar a bola, né, quer dizer, isso é muito debatido aí, essa, essa regra do futebol, né, tirar a bola do outro visando a bola, que os juízes europeus marcam certas faltas que os juízes brasileiros não marcam, porque eles acham que o jogador tentou pegar no outro jogador, então eles punem com falta, enquanto no Brasil, eles só punem se baixar o pau mesmo.
DOC. -  E, eh, assim nos casos em que a bola sai (sup.\inint.)
LOC. -  (sup.) Tem. A bola saindo do lado (inint.) campo. A bola saindo lateralmente, eh, quem jogou a bola, o adversário repõe a bola com as mãos, né, não pode pisar na linha, tem um modo lá, não pode levantar o pé, tem que ser com as duas mãos, por cima da cabeça, e, saindo pela linha de fundo, como eles chamam, né, se for jogador do time onde a bola saiu, se for goleiro que está defendendo por um jogador do seu próprio time, é punido um córner, né, que é batido num canto, um tiro com o pé. E se for o adversário, é um tiro livre que o goleiro dá, um, um beque ou outro jogador qualquer do time, né?
DOC. -  Agora, do mesmo jeito que existe essa divisão no campo, não é, existe uma divisão, existe por acaso uma divisão entre os jogadores? Você falou que são onze jogadores (sup.)
LOC. -  (sup.) São onze jogadores (sup.)
DOC. -  (sup.) Eles têm, eh, atribuições, digamos, especiais.
LOC. -  É, como eu falei. Tem um jogador que é o goleiro, né? Bom, os outros, os outros jogadores têm, eles chamam que tem os beques, os médios e os, quer dizer, isto já é até palavra antiga, médio. Nem se fala mais isso, né? Então eles têm, cada posição tem um nome né? É o lateral direito, é o lateral esquerdo, é o beque central do lado direito, o beque central do lado esquerdo, o atacante. Normalmente é o que faz o gol (sup.)
DOC. -  (sup.) É, exato. Era isso que eu ia perguntar. Se eles têm essas, essa distribuição, não é, para os jogadores, significa que eles devem, devem fazer determinadas coisas. Essas funções são distribuídas também (sup.)
LOC. -  (sup.) É. Mas essas funções não são rígidas, não são fixas. Você vê, há pouco tempo, acho que nessa taça Independência que está tendo aí, tem um jogador do time de Portugal, um beque central ... Acho que é Portugal, acho que é Portugal. É Portugal. E estavam elogiando ele aí nos jornais que ele faz gol que não acaba mais, porque ele tem uma facilidade de, de pular, então, normalmente, num córner, ele sai do campo dele lá atrás e vai pro campo do adversário tentar cabecear. Ele já fez, parece que nesse torneio, que ele jogou duas vezes, parece que já fez um gol.
DOC. -  E normalmente não seria a função dele fazer gol, né? (sup.)
LOC. -  (sup.) Normalmente não seria função dele fazer gol. Seria defender, evitar gols, né? E ele está aí, conforme no campeonato português, ele já fez dez gols, parece, uma coisa assim. Uma troço anormal um beque fazer gol. Normalmente os beques laterais é que costumam agora, com o futebol moderno aí que falam, né, eles é que costumam avançar e fazer gols, né? Mas os beques centrais dificilmente fazem isso. Quer dizer, ele é um caso anormal.
DOC. -  Agora esses jogadores, eles, quer dizer, existem pessoas de fora, não é, atuando também, além dos jogadores, não é verdade? Existem outras pessoas dentro do próprio jogo que atuam e pessoas fora do jogo que também atuam, não é?
LOC. -  É. Dentro do jogo tem o juiz, os bandeirinhas, que ficam correndo de um lado, do outro lado, no meio do campo, né? (sup.)
DOC. -  (sup.) A função é a mesma do juiz, bandeirinha? (sup.)
LOC. -  (sup.) Não. O juiz é que apita o jogo propriamente dito. É o juiz. E os outros bandeirinhas, que chamam de bandeirinha, porque eles carregam uma bandeirinha, né? Mas o nome, parece que certo deles é auxiliar do árbitro, né? Eles auxiliam o árbitro não somente nas laterais, que é onde eles ficam, né, que o árbitro às vezes está no meio do campo, numa posição que não dá pra ver se a bola saiu ou não saiu, como também deveriam auxiliar ele numa falta ocorrida ali perto dele. São os auxiliares pra qualquer coisa.
DOC. -  E as pessoas de fora (sup.)
LOC. -  (sup.) Tem o técnico, o técnico de futebol que fica lá no ... (pigarro) fica durante o jogo ... Ele fica antes do jogo. Ele prepara os jogadores. Tem o preparador físico, o massagista e o dentista e o médico, aquele aparato todo de gente pra (inint.) os onze jogadores principais, né, que também tem os reservas, né? E durante a partida atualmente podem entrar dois jogadores reservas. O técnico fica achando que o jogador está mal, ele coloca outro. Se um se machucar, ele coloca. Antigamente não podia, né? Só podia jogar os onze, não podia entrar mais ninguém. E o técnico fica lá, durante a partida, ele fica vendo os erros dos seus jogadores pra, no intervalo, porque há um intervalo, né, no intervalo tentar corrigir esses erros, né?
DOC. -  Hum, hum.
LOC. -  Mas normalmente o jogador brasileiro, que dizem que é o melhor jo... que tem mais habilidade com a bola, né? O técnico apenas, eu acho que ele apenas dá um, um esquema de jogo a seguir. Com um, com um jogador brasileiro não vai, não vai dizer: ah, você tem que fazer isso. Como tem o europeu que joga na, lá na, nas técnicas dele completamente diferentes da gente, que a gente vê, né? Quer dizer, ele traça um esquema de jogo e pede pra eles seguirem e eles seguem. Eles fazem, às vezes saem completamente desse esquema.
DOC. -  Agora esses jogadores, eles formam um grupo, não é?
LOC. -  Hum!
DOC. -  Eh, e pertencem a, a certas entidades ou não? Ou simplesmente quem quiser jogar resolve chegar lá, joga, como é? Isso é controlado? (sup.)
LOC. -  (sup.) Não. Os jogadores são formados num clube, né? Existe um clube que tem uma série de jogadores de várias categorias, não é, categorias que eles chamam de profissionais. Tem um que tinha, não sei ainda se existe, aspirantes. Pelo nome, parece que são os aspirantes a profissionais, né? Tem a categoria amadora, que são os juvenis, que são esses que vão na ... No Brasil, são os juvenis, né? Mas na Europa e nos países socialistas, onde não, o futebol não é profissional, né, são os que vão, são os amad... Todos eles são amadores, né? Esses jogadores são contra... contratados a peso de ouro, né, e recebem salários aí espetaculares, né? Com o nome deles recebem outros salários extras, né, e recebem bicho por partida.
DOC. -  Bicho é o quê?
LOC. -  Bicho, que eles chamam, é, é um prêmio ao jogador por ter ganho a partida, empatado a partida. Se perder, não ganha nada, né?
DOC. -  Além do salário normal (sup.\inint.)
LOC. -  (sup.) Além do salário normal eles ganham esses bichos. Ainda ganham luvas, né, que eles fazem contratos de um ano, dois anos, seis meses. No final de cada contrato eles recebem uma, as luvas, que eles chamam, né?
DOC. -  Agora, parece que existe antes do jogo, existe um determinado período (sup.)
LOC. -  (sup.) De concentração?
DOC. -  É. Qual é a diferença entre concentração e ... Na concentração, existe treino? O treino é antes? Como é?
LOC. -  Prêmio?
DOC. -  Treino, treino.
LOC. -  Ah, treino? Não, não. O treino, eles fazem uma partida, vamos dizer, domingo. Eles treinam acho que três vezes na semana, né? É, três vezes na semana. E depende do treinador. Tem treinador que manda ... O treinador, esse da seleção brasileira, o Zagalo, os jogadores do Flamengo, de onde ele é técnico só, só vão pra concentração, que é um lugar que eles ficam pra descansar, antes do jogo, né, pra não fazerem estrepolias por aí, né? E eles ficam lá tentando descansar, jogando seu buraquinho, sua sinuca, seu carteado lá, né, batendo seu papo. Dizem que vão dormir cedo, né? Mas o que a gente lê aí nos jornais que, que o Gérson fica assistindo no hotel onde eles estão concentrados, a seleção brasileira, filmes até três horas da manhã, né? Quer dizer, a gente não sabe se isso aí é pra descansar ou se é só pra bater papo.
DOC. -  Agora, esses tim... eh, esses clubes, né (sup.)
LOC. -  (sup.) Hum (sup.)
DOC. -  (sup.) Ah, ah, eles não têm só futebol, eles têm outros esportes (inint.) a gente sabe, né?
LOC. -  Todos os esportes praticamente, né?
DOC. -  Agora esses clubes, eles por acaso per... eh, eles pertencem ... Existe uma entidade maior do que o clube (sup.\inint.)
LOC. -  (sup.) É, tem. Claro! Como eu estava falando. Eu por exemplo tenho a Confederação Brasileira de Tênis. E no caso teria a Confederação Brasileira, eh, de, de Desportes, né, porque não tem uma Confederação Brasileira de Futebol. Tem uma Confederação Brasileira de Desportes, né? No tênis por exemplo que pode, que a gente pode dizer que tem uma Confederação Brasileira de Tênis que está ... A Confederação Brasileira de Desportes ... Agora não sei se é mais ou é igual. Eh, o máximo é a CND, né, Conselho Nacional de Desportes. Tem a CBD, esses ... Tem as federações. Cada estado tem sua federação. Agora esses clubes são filiados às federações. Cada um tem o seu representante na federação. Cada federação tem seu representante no seu órgão brasileiro.
DOC. -  Você falou que havia incidentes no jogo, então os jogadores eram punidos e tal. Eh, que tipos de punição existem para os jogadores?
LOC. -  Pros jogadores? Bem, du... durante uma partida, o jogador faz uma falta. Depois, se fizer outra violenta ... Faz uma falta leve, depois faz uma violenta, ele pode ser expulso da partida.
DOC. -  E aí, o que acontece? (sup.)
LOC. -  (sup.) Pode ser punido com multa ou então (sup.)
DOC. -  (sup.) Quando ele é expulso?
LOC. -  Quando ele é expulso, né, só quando ele é expulso, né? Quando ele é punido com uma multa em dinheiro, que normalmente é o clube que paga, né, aqui no Brasil, né? Aí fora tem, me parece que, não sei, acho que é Itália. Quem paga é o jogador. Aquilo que deveria ser, né? Se ele foi expulso, ele é que deve pagar a multa dele, não o clube dele, né? E, e também pode ser punido com suspensão dos jogos um ano, dois, um ano, não, é, um jogo, dois jogos, quer dizer, pode ser um ano. Tem o Brito, da seleção brasileira, que foi expulso de um jogo aí por ter agredido o juiz, que é a, é a punição máxima deles, é agredir o juiz, né? E como parece que ele já era reincidente, foi suspenso seis meses de futebol. Ficou seis meses sem jogar futebol. Oficialmente, né? Treinava, fazia tudo normalmente, mas não jogava uma partida de futebol.
DOC. -  E quem é que decide isso? Se ele é suspenso (sup.)
LOC. -  (sup.) Um tribunal desportivo que tem, que é formado por ... Formado ... Eu não sei se o pessoal que forma esse tribunal desportivo precisa ter os requisitos que eles têm pra fazerem parte desse tribunal. Quem escolhe, acho, deve ser o presidente da federação. Não sei se eles têm algum requisito para participar desse tribunal. Eles é que punem, ou não punem. (pigarro) Tem também, além do tribunal, eh, a federação, né? Tem também os, o tribunal federal, eu acho, de, ou do, da, do, da CBD, né, do órgão máximo, né? Às vezes um, um jogador é punido, eles acham que não devia ser punido, eles podem recorrer pra um órgão máximo também na justiça, né, comum.
DOC. -  Mas enfim nos casos de o jogador, eh, ficar sem jogar, não porque ele cometeu alguma, fez alguma coisa errada e foi punido. Não há essa possibilidade também?
LOC. -  Também há essa possibilidade, no caso de ele se machucar, né? Pode se machucar. Jogador de futebol, eles usam demais o ... Normalmente eles se machucam na perna, né? Às vezes podem quebrar um braço, né, cair de mau jeito. Mas normalmente eles se machucam na perna. E há um negócio aí que eles chamam de distensão muscular que dá em tudo quanto é jogador, né? Então ele pode ficar uma partida sem jogar por causa da distensão, porque está com dor na perna. Normalmente isso dá muito no, nos craques, né? Nos outros ... Dificilmente você vê um, um jogadorzinho menor aí com distensão muscular. Normalmente acontece com os, com os craques, né, com os bons de bola, né? É outro modo de eles ficarem sem jogar.
DOC. -  E que, o que que você acha do futebol brasileiro? Assim um comentário geral, na sua opinião.
LOC. -  Bem, pelo que eu tenho visto aí, que nós assistimos aí na, pela televisão, né, a Copa do Mundo no México, (pigarro) o jogador, não digo brasileiro, mas o jogador, eh, sul-americano, o jogador latino, né, que tem também a Itália e a Espanha, (pigarro) eles têm mais facilidade, parece que no domínio da bola, né, e, e aqui no Brasil apareceu aí uns, uns gênios, né, como Pelé e Tostão. Antigamente também acho que tinha, né? Mas acho que antigamente não havia tanta publicidade, né, tanto meio de comunicação, vamos dizer assim. Então ninguém conhecia eles. Dizem que o Leônidas jogou futebol que não acabou mais. Não conheci.
DOC. -  (inint.)