« MAPA «
PROJETO NURC-RJ

DIÁLOGOS ENTRE INFORMANTE E DOCUMENTADOR (DID):

Tema: "Vestuário"
Inquérito 0006
Locutor 0009 - Sexo masculino, 47 anos de idade, pais não-cariocas, professor e ator de teatro. Zona residencial: Sul
Data do registro: 26 de outubro de 1971
Duração: 40 minutos


Som Clique aqui e ouça a narração do texto


LOC. -  Ah, roupa. Bom, então vamos começar pela roupa que a gente veste todo dia, meia, calça, cueca, camisa, só, né? Aí depois a gente põe gravata, paletó, terno, terno é horrível a gente usar terno. Bom, aí tem `smoking', né, roupa de de noite, também não se usa mais e ... Nossa, é meio chato, engraçado, né, a gente ter que falar sobre roupa. (risos) Ai, que loucura! Camisa esporte, camisa de malha, camisa de lista, camisa de manga comprida, (risos) a gente arregaça a manga, manga, eh, eh, ih! Fazenda, a gente pode falar sobre os tipos de fazenda, né, assim, algodão, fazenda de algodão, eu não sei nome de fazenda, popeline, ahn, seda, o quê? Ih, `voile', nossa, que loucura, casemira, ahn, lona, lonita, ahn, jérsei, jérsei homem não usa muito. Bom, mas também não precisa ser só de homens, né? Vestido, vestido de mulher, vestido curto, vestido comprido, maxissaia, minissaia, isso já não dá mais porque, ah, não serve, né, serve qualquer coisa. Óculos, (risos) óculos não tem nada a ver com vestuário, mas enfim ... Ahn, ai, que loucura, relógio, corrente de relógio, anel, colar, brinco, pulseira, cinto, cinturão, cinturão de couro, com ferragem, ahn, sapato também tem ferragem, sapato de salto alto, sem salto, sandália, sapato de tênis, tamanco, ahn, tamanco de português, que mais, ahn, de época, de época é difícil também porque a gente tem que lembrar, né, vestidos com anquinha, sobrecasacas, ahn, cartola, chapéu-coco, chapéu de palha, palheta, café Palheta. Aí também não. (risos) Ah, é dificílimo, que loucura! Ahn, são quarenta minutos sobre vestiário? Não, né? É? Que loucura, é um inferno! Estampado, blusa estampada, ahn, de xadrez, de crochê, suéter, não falei em suéter, lã, tricô, ahn, que é mais, sapato de lona também, meia rendada, meia, meia de seda, cordão, cordão da Bola Preta, zíper, fecho ecler, ahn, emblema, emblema, letra, letra de música.
DOC. -  Por exemplo, a respeito de paletó, que tipos de paletó ...
LOC. -  Ah, jaquetão, paletó-saco, não se usa mais paletó-saco, né?
DOC. -  Como era?
LOC. -  Paletó-saco é aquele assim com três botões, antigamente, né? Agora tem dois ou um, varia, né? Lapela do paletó, ombreira, enchimento, também não se usa mais.
DOC. -  Qual é a linha do paletó moderno?
LOC. -  A linha do paletó moderno é cintada, não é, e geralmente tem aberturas atrás.
DOC. -  E roupa de banho?
LOC. -  Roupa de banho. Calção de banho, `short', ahn, calção de malha.
DOC. -  Pra mulher (sup.)
LOC. -  (sup.) De mulher é biquíni ou então maiô inteiro, de duas peças, uma peça, sei lá. Também não se usa mais isso, né?
DOC. -  (inint.)
LOC. -  As pessoas vão com uma toalha por cima ou então põem uma saída de praia, as mulheres, os homens põem uma camiseta ou põem qualquer coisa. Já falei de sandália, de coisa.
DOC. -  Você leva mais alguma coisa à praia?
LOC. -  Pra praia? A mulher leva sacola, eu levo uma lona pra me deitar que eu não gosto de me deitar na areia e ... Será que está gravando, talvez não fosse bom dar uma paradinha?
DOC. -  Está (sup.)
LOC. -  (sup.) Está? Legal? Ahn, que mais?
DOC. -  (inint.)
LOC. -  É, colarinho, punho, essa coisa daqui que eu não sei como é que chama, que antigamente tinha, agora não tem mais esse pedaço daí. Bolso.
DOC. -  Que tipo de camisa você usa mais?
LOC. -  Eu uso mais camisa esporte, né?
DOC. -  Camisa esporte?
LOC. -  Camisa esporte é uma camisa que você especificamente não usa gravata com ela, né? Quer dizer, hoje essa não é uma camisa esporte, é uma camisa social, (risos) camisa social. Que mais? Pergunta.
DOC. -  A respeito de roupa interna assim de homem e de mulher?
LOC. -  Roupa interna de homem não tem nada, só tem cueca, né, porque camiseta raríssimamente, pouquíssima (sup.)
DOC. -  (sup.) Existe (inint./sup.)
LOC. -  (sup.) Existe. Cueca jóquei e cueca que eu não sei mais como é que chama. Cueca jóquei é uma espécie de um calçãozinho, de um, de uma, um ... Sei lá, é um calção mesmo. Um ...
DOC. -  E a outra?
LOC. -  A outra é aquela de perna comprida que é uma coisa muito cafona, né? (risos) Parece que ainda tem gente que usa, mas ... (risos)
DOC. -  E de mulher?
LOC. -  De mulher tem calcinha, sutiã, combinação, anágua, acho que chega, né? Também não tem mais nada de mulher. (risos)
DOC. -  Pra dormir?
LOC. -  Pra dormir: camisola, `baby-doll'. Homem ... Eu não durmo nunca de pijama, eu durmo de `short' sempre, no verão sem camisa, no inverno com camisinha de malha. E mulher dorme de pijama também, né, tem `robe-de-chambre', né, pra sair do quarto e, é, robe é legal. Que mais?
DOC. -  Tipos de pijama (inint.)
LOC. -  Pijama de perna, de, como é? Calça curta, de manga curta pra verão. Pijama comum, sei lá, pijama de flanela pra inverno, pra quem vai pra Europa. Que mais?
DOC. -  (inint.)
LOC. -  Tem mais coisa de roupa ainda? De vestuário? Heim?
DOC. -  O que você usa no bolso?
LOC. -  Ah, no bolso, lenço. Bom, atualmente não uso quase nada, porque as calças de hoje em dia não cabem mais nada, né? Então a gente anda com uma bolsa, onde enfia tudo. Mas a gente usa lenço, carteira, carteira de dinheiro, carteira de documentos, chaves, eh, só, né?
DOC. -  O senhor costuma mandar fazer sua roupa?
LOC. -  Não. Agora mais não. Agora geralmente eu compro pronta, é. Não mando mais fazer não. Quer dizer, terno a gente manda fazer ainda, né? Mas terno a gente faz tão pouco, porque a gente usa tão pouco, não acaba nunca.
DOC. -  (inint.)
LOC. -  O alfaiate? A costureira faz camisa e ... Só.
DOC. -  Que tipo de saia que você conhece?
LOC. -  Tipo de saia? Saia rodada, saia ... Ah, é, tem saia rodada, saia pregueada, saia que mais, `evasé'. (risos)
DOC. -  Que tipo de paletó?
LOC. -  Paletó, já falei. Jaquetão, paletó.
DOC. -  Queria uma descrição das coisas que contém um paletó.
LOC. -  Ah, que tem dentro do paletó?! Forro, eh, sei lá, botão.
DOC. -  Cabelo. Você usa alguma coisa no cabelo?
LOC. -  Cabelo? Não, eu não uso, quer dizer, eu uso sim, uma loção mas assim de vez em quando. Mas tem brilhantina, né, que não se usa mais, gomalina, Gumex.
DOC. -  E pra mulher?
LOC. -  Mulher, sei lá, mulher eu não sei. Não usa mais laquê, né? Eu acho que mulher, não sei que que mulher usa não. (riso)
DOC. -  (inint.)
LOC. -  Ah, eu prefiro quando arrume, né, porque ir no cabelereiro, geralmente eles fazem uns bolos de noiva horrendos, né? Ahn ...
DOC. -  E roupa de criança?
LOC. -  Ih, roupa de criança: fralda, ahn, como é que chama, camisinha de pagão, ahn, que mais, macacãozinho pra dormir.
DOC. -  E roupa de cama?
LOC. -  Roupa de cama? Lençol, fronha, cobertor, colcha.
DOC. -  E de adorno, de, pra mulher, eh, de uso da cabeça por exemplo.
LOC. -  Ahn?
DOC. -  (inint.)
LOC. -  Lenço, fita, eh, como é que chama uma coisinha assim que, pequenininha, travessa, eh ...
DOC. -  Variação de lenço?
LOC. -  Variação de lenço? Não, não sei qual. A maneira de colocar ou, ou ...
DOC. -  (inint.)
LOC. -  Não sei, quer dizer, o lenço ela pode amarrar com ...
DOC. -  (inint.)
LOC. -  Echarpe? Ahn, estola. Não, estola não é pra cabeça.
DOC. -  Você podia descrever a moda feminina atual?
LOC. -  A moda feminina atual? Ahn, olha, eu não estou bem certo que que as mulheres estão usando não. Eu acho que, do que eu acho ...
DOC. -  (inint.)
LOC. -  Então eu acho que por exemplo as jovens usam normalmente assim pra trabalho ou pra estudo ou pra qualquer coisa, calça comprida, eh, sapato assim esporte, meio mocassim, sem meia, no verão, uma camisa, uma bolsa de tiracolo, com ... Depois de noite a gente vê pessoas com coisas muito malucas, né, umas coisas assim doidas, ou saias curtíssimas ou então saias compridas, arrastando pelo chão. Tem um negócio de um material que eu acho lindíssimo, um veludo de seda, vocês conhecem? Uma coisa assim que brilha, eu acho um negócio tão bonito. Ahn ...
DOC. -  E enfeites?
LOC. -  Enfeites?
DOC. -  No pescoço? O que usam no pescoço?
LOC. -  No pescoço elas usam colares, pendurucalhos, fitinhas, bolotas, sei lá. (risos)
DOC. -  Por exemplo você vê diferença na época de hoje em dia quem vai ao teatro de quem ia há dez anos atrás, na maneira de vestir?
LOC. -  Bom, houve uma mudança total, quer dizer, nos jovens então é uma coisa brutal, quer dizer, é uma liberdade assim muito maior na maneira de vestir, né, inclusive a gente sente por exemplo que a garotada já não se arruma mais pra ir nos lugares, né, quer dizer ... Eu fui a um concerto no, na sala Cecília Meireles assim porque é uma maravilha, essa garotada com as calças americanas todas desbotadas, assim rasgadas. Antigamente o pessoal se arrumava, né? Eu me lembro que quando eu era garoto, eu ia ao cinema São Luís, botava gravata e paletó pra ir ao cinema São Luís, sessão de quatro da tarde. O cúmulo, né?
DOC. -  E no rosto, o que as mulheres usam?
LOC. -  No rosto usam maquiagem, usam, sei lá, ruge, pó-de-arroz, sombras nos olhos, lápis, né? Batom acho que não usam não. Não, está usando outra vez batom, né?
DOC. -  (inint.) como é que você gosta de mulher arrumada? Em relação ao rosto? (inint.)
LOC. -  Olha, eu acho que a maquiagem não deve aparecer a não ser no olho. No olho eu acho geralmente muito bacana assim, quer dizer ...
DOC. -  Que maquiagem?
LOC. -  Eu não sei explicar, porque eu também não sei que tipo de coisa elas fazem. Eu sei que eu acho legal assim quando o olho aparece assim, sabe, desenhado, marcado assim. Mas eu não sei realmente que que é, que tipo de coisa é que, que dá esse resultado assim, eu não sei.
DOC. -  Que impressão você tem quando uma mulher está mal vestida? Quando que uma mulher está mal vestida?
LOC. -  Ahn, bom, uma mulher está mal vestida, coitada, geralmente eu acho que nem é o mal-vestido, é o jeitão todo da mulher, né, porque ela, ela pode estar com coisas lindíssimas mas não saber carregar aquele negócio, então já ficou um troço errado, né? Geralmente o exagero nas pessoas de uma certa idade já não funciona, né? Quer dizer, tudo que você pode admitir num, num brotinho, numa garota assim, numa mulher madurota e gordota, o negócio já não dá mais pé, né?
DOC. -  Você dá um nome especial pra uma mulher que tem mau gosto?
LOC. -  Ah, a gente chama cafona mesmo, né, cafonérrima ou bicharoca horrenda. (risos) Eu tenho uns termos muito especiais que eu não estou usando, entende, mas é assim monstrengo, mas é esse tipo de coisa de rua. Ah, bom, mas também vocês não avisam nada, ora, pombas! Ah, (risos) que loucura, estou eu aqui fazendo uma conferência sobre traje (sup.)
DOC. -  (sup./inint.)
LOC. -  (sup.) Não, mas eu acho que isso aí vocês tinham que, sabe, não sei. Porque no papo inclusive a coisa pode sair com mais naturalidade. Pois é.
DOC. -  (inint.)
LOC. -  Não, mas no início vocês disseram: fala, fala quarenta minutos sobre vestuário. É um negócio muito louco, é louquíssimo, sabe?
DOC. -  (inint.)
LOC. -  Heim? Sim, mas assim por exemplo, as vozes de vocês não aparecem. Dessa maneira como a gente está gravando.
DOC. -  (inint.)
LOC. -  Eu sei, pois é, ela disse que vocês, eu, a gente não pode falar, né, não é isso?
DOC. -  Não pode ter um diálogo.
LOC. -  Por quê? Vocês podem sugerir um tipo de coisa, é isso?
DOC. -  (inint.)
LOC. -  Ah! Mas não sei, está meio duro. Porque não sugere, não sugere, não sugere, eu acho, sei lá.
DOC. -  O que significa a moda pra você?
LOC. -  Heim?
DOC. -  O que significa a moda pra você?
LOC. -  Eu não sei por que que vocês estão tão envolvidos com moda, porque moda é um negócio, por exemplo eu sou desligadíssimo de moda, eu não sei de nada. Quer dizer, de homem eu sei assim por acaso: vai-se usar calça listada, entende, aí eu passei, vi uma calça listada, comprei. Mas ...
DOC. -  E o comprimento das calças?
LOC. -  É comprida, eu sei que é comprida, com a boca está larga. Não se usa mais calça curta, pescando siri. (risos) Pois é.
DOC. -  O senhor tem uns termos aí ...
LOC. -  Não, mas é esse tipo de coisa: monstrengo, entende? Poxa, está ficando doente paca, heim, filho! Nossa, tua cuca não está funcionando! Mas, entende, mas esse tipo de negócio só sai num diálogo. A gente falando sozinho, não sai essas coisas.
DOC. -  Antigamente havia reuniões formais, como um banquete, um coquetel. As pessoas se vestiam de maneira diferente do que vão hoje aos teatros?
LOC. -  Eh, bom, olha, eu, coquetel e reunião formal é um tipo de negócio que eu nunca freqüentei muito, eu acho um saco total, entende? Agora não sei realmente porque ... Tem tipo de gente que eu acho que deve ter sempre se vestido de uma determinada maneira que é o último grito da moda, né? Quer dizer, o tipo assim de gente de soçaite, essa coisa. Então essa gente, quer dizer, está diferente porque a moda está diferente, mas na, na cabeça deles, no espírito deles, continua igual, eu acho, o negócio, né?
DOC. -  Por exemplo você passou um ano na Inglaterra. Depois quando você voltou, você sentiu diferença na maneira de vestir, do europeu pro brasileiro (inint./sup.)
LOC. -  (sup.) Não, não, a coisa que eu me lembro que eu achei (sup.)
DOC. -  (inint./sup.)
LOC. -  (sup.) Bom, quer dizer, lá faz sempre mais frio, quer dizer, as mulheres andam encasacadérrimas, né? Eu me lembro por exemplo de uma coisa que eu achava muito engraçada, eu trabalhava de noite, voltava pra casa muito tarde. E o ônibus da BBC trazia a gente até em casa. E eu morava num lugar onde tinha prostitutas que ficavam, coitadinhas! Então elas ficavam, assim frio, sabe, de noite, três horas da manhã que a gente chegava assim, na época estava na moda naquele ano, em cinqüenta, casacos assim cor-de rosa, azul-claro, sabe, verde-claro com um lencinho amarrado na cabeça, assim, paradinha na esquina, uma pena das pobrezinhas! Mas, não, sei lá, e depois aquele período era muito, era fogo ainda, porque ainda estava muito perto da guerra pra eles, tinha mil coisas racionadas, de modo que era um horror, as mulheres eram uma catástrofe, né, assim de mau gosto. Agora o que eu mais notei assim de diferença é que as pessoas lá não olham pra você, né, pelo menos ... Agora já olham um pouco mais, naquela época não olhavam. Tinha uma menina que trabalhava com a gente, a F., ela era filha de ingleses mas ela tinha morado no Brasil muito tempo. Ela era um amor de menina, uma gracinha, ela, e se vestia muito bem, tinha um bom gosto danado. E no sete de setembro a gente foi ao coquetel da embaixada brasileira lá, e ela estava um amor de bem vestida, de chapéu, com veuzinho, não sei o quê, um casaco de pele e coisa. Depois a gente pra trabalhar tinha que ir de, de `underground' mesmo, de subterrâneo, né, porque era longe pra burro, não dava, a gente foi, quer dizer, e era um espanto, deveria ser no trem, porque aquela cafonada toda do resto do pessoal, né? Sabe que ninguém olhava pra essa menina? Um negócio impressionante. Aí, o que mais me espantou no Brasil é que realmente as pessoas aqui chegavam e te olham na cara assim, sabe? Eu ficava achando que conhecia a pessoa, ia cumprimentar, aí não conhecia não. É porque aqui as pessoas olham mesmo na cara, né?
DOC. -  Quanto tempo você ficou na Inglaterra?
LOC. -  Fiquei um ano. Eu fui de, de cinqüenta a cinqüenta e um, de ...
DOC. -  Pegou várias estações?
LOC. -  Peguei tudo. Cheguei na primavera e voltei na primavera.
DOC. -  (inint.)
LOC. -  É, mas lá é a tal história, porque verão na Inglaterra é um negócio que, que dá muito pouco, né? Sei lá, eu me lembro de, de ter saído um dia na rua assim e ter que tirar o paletó porque estava quente, assim de tarde, mas, chega de noite, sente frio outra vez. Bom, os casacões, claro, fica tudo guardado no armário. Quem tem casaco de pele, isso tudo fica guardado, primavera, verão.
DOC. -  Como você descreveria um personagem bem velho (inint.)
LOC. -  Como é que eu descreveria como? Uma pessoa caquética? Coisa fora de moda (sup.)
DOC. -  (sup.) Como você nos diria personalidade (inint.) um soldado (inint.)
LOC. -  Como seria? O soldado? Ah, um personagem, sei lá, os velhos usavam, os homens usavam sobrecasaca, né? Eu já tinha falado sobrecasaca, eu acho que eu já tinha falado isso. Heim?
DOC. -  (inint.)
LOC. -  Pincenê?
DOC. -  O senhor não se lembra de nenhuma piada de roupa? Você nunca entrou num palco vestido de mulher no palco?
LOC. -  Eu já entrei vestido de mulher uma vez, um vexame, com um salto alto que eu não sabia andar, era um horror total. E tinha uma peruca que tinha um chapéu que foi no, no "Baile dos Ladrões", que eu fazia o ladrão mais moço e eles viviam se disfarçando pra querer roubar, não roubavam nada, eram três ladrões bem patetas, bem débeis mentais. Então, logo no início, ele está disfarçado de mulher e um está de soldado e o outro está de não sei o quê. Aí eu tinha uma saia comprida, que até essa peça se passa no início do século, né? Uma saia comprida até o pé, um salto alto, uma peruca de cacho que balançava assim quando eu andava, um chapéu, uma pele pendurada. Era um horror total. Uma coisa terrível.
DOC. -  Qual sua, sua reação em relação ao vestuário na pré-estréia?
LOC. -  Na estréia da peça? Mas eu como ator ou eu como ...
DOC. -  (inint./sup.)
LOC. -  (sup.) Como é que é? A reação minha como ator, olhando pra platéia vestido assim?
DOC. -  Não, uma platéia de pré-estréia é diferente de uma platéia comum?
LOC. -  Bom, agora depende, porque quando é uma dessas vendidas assim pra, pra clube ou pra benefício ou qualquer coisa, sei lá, aí quem vai é uma gente meio misturada assim, né, que se arruma um pouco. Quando é por exemplo pra classe, digamos, aí quem vai é um bando de gente maluca, dessas garotadas agora assim, quer dizer, tem pouca gente da classe e tem esse bando que ninguém sabe de onde veio, né, quem é.
DOC. -  E quando (inint.) é estudante, militar?
LOC. -  Ahn? Farda, sei lá, dólmã (sup.)
DOC. -  (sup.) Os figurinos de uma peça, os cenários (sup./inint.)
LOC. -  (su.) Em determinados, em determinados casos, sim, né, quer dizer, tem, tem certas peças por exemplo que você sente que o personagem tem que estar vestido de uma maneira específica, né? Em outros casos não. Eu, eu por exemplo, no tipo de trabalho que eu, que eu, que eu estou fazendo, que eu estou querendo mais fazer agora, eh, eu acho que a roupa, sabe, quer dizer, tem que ter uma roupa, mas não, não um figurino, uma roupa especial, uma roupa específica assim, é um negócio que, que funcione dentro do espetáculo todo, é difícil de explicar, eu acho.
DOC. -  O senhor trabalhou em alguma peça em que precisava mudar de roupa muitas vezes?
LOC. -  Essa, esse "Baile dos Ladrões" mudava, nesse primeiro ato era uma loucura, porque tirava essa roupa de mulher e botava uma roupa de espanhol, eu acho, tirava a roupa de espanhol, botava uma roupa de militar, tinha uma calça por cima da outra, e saía correndo, tinha uma pessoa pra me ajudar, o espanhol tinha uma faixa na cintura enorme me apertando, fazia brruuu, rodava assim pra botar a faixa. Era uma correria, tinha um bigode, tirava o bigode, colocava o bigode. Ah, vestia de padre, depois também com uma batina, chapéu, uma coisinha branca pendurada aqui.
DOC. -  Algumas pessoas têm manias (inint.) algumas gostam de comprar sapato, outras (inint.)
LOC. -  Não. Eu, eu, eu tinha muita, tenho ainda muita suéter, porque não acaba a suéter no Brasil, né, a gente usa pouco. E então, quer dizer, sei lá, eu não sei de quando, quer dizer, quando eu vim da Inglaterra, eu me lembro que em cinqüenta, naquela época eu tinha vinte, vinte e um anos, eu tinha trazido, e eu já tinha umas aqui no Brasil e trouxe as de lá, quer dizer, ficou, elas duraram anos. E aí, quer dizer, o inverno, você chega, vê uma suéter alinhada, compra e não sei o quê, alguém aparece com uma coisa assim trazida de fora, você compra também, então fica, eu tenho um monte de suéter assim e às vezes passa o inverno, não uso uma delas, fica no armário assim, não uso, entende, fica lá. Aí depois, dois invernos depois, eu dou pra alguém que está precisando.
DOC. -  Que tipo de adorno, que material você aprecia mais, pra homem e pra mulher?
LOC. -  Adorno?
DOC. -  (inint.)
LOC. -  Sei lá, eu não sou de adorno não. Eu não consigo usar anel.
DOC. -  (inint.) adorno profissional?
LOC. -  Por quê? Que que é adorno profissional? Cinto, por exemplo? Cinturão largo, por exemplo?
DOC. -  Jóias, qualquer coisa.
LOC. -  Jóias eu não ligo. Eu uso essa correntinha com uma figa, que eu acho legal, minha mãe me deu uma vez que uma mulher qualquer de macumba falou pra ela que eu deveria usar o signo de Salomão, aí ela me deu, eu uso, e este pezinho que é um ex-voto da Bahia, que eu acho muito legal também. Mas eu não sou de, de ter coisas de adorno não, né? Agora ... Heim?
DOC. -  E cinto?
LOC. -  Cinto, eu acho legal.
DOC. -  Que tipo?
LOC. -  Não. Agora está se usando muito cinto, né? Cinto largo, sei lá, com fivela.
DOC. -  (inint.)
LOC. -  Couro. Só couro, né?
DOC. -  Mas você já pensou por exemplo que rapazes e moças estão usando a mesma roupa praticamente. Que é que você acha disso?
LOC. -  Ah, eu acho muito bonito. Acho bacana mesmo. Acho bonito mesmo.
DOC. -  Você não colocaria (inint.)
LOC. -  Eu não, eu colocaria porque não tem muito mistério, quer dizer, uma suéter como aquela por exemplo é uma coisa que ou ela ou eu podíamos usar, quer dizer, toda a roupa dela praticamente, menos o sapato, que tem um saltinho, né? O resto tudo é uma coisa que eu podia usar. Não sei, o feitio da roupa da mulher, da calça de mulher, acho que é um pouco diferente, porque a cadeira da mulher é diferente, né, homem não tem, mas não tem mistério nenhum. Qualquer ... Heim?
DOC. -  Você mesmo cuida da sua roupa?
LOC. -  Não, não cuido, eu não cuido não, quer dizer, mando na tinturaria assim as poucas coisas que vão na tinturaria, né, porque o resto vai pra lavadeira e minha mãe faz o rol, manda pra lavadeira, volta, confere, aí bota lá e eu boto na gaveta. Agora se rasga ou qualquer coisa aí é ela porque realmente eu ... Fui capaz quando eu estava fora, porque aí tinha que me virar mesmo e cerzir meia e pregar botão, todo esse tipo de coisa, mas aqui é ela que faz. Agora já não faz mais, né, porque furou meia, joga fora, porque não dá, né, já está velha também.
DOC. -  (inint.)
LOC. -  Sapato tenho, eu não engraxo nunca, porque eu não tenho paciência de engraxar sapato, fica todo assim ...
DOC. -  Que tipo de sapato (inint.)
LOC. -  Não, eu só uso sapato mocassim, sapato assim ... Detesto sapato de, de amarrar, de atacar, sei lá como é que chama, porque dá muito trabalho.
DOC. -  E meia?
LOC. -  Meia, eu no verão não uso nunca. E o resto, no inverno ...
DOC. -  (inint.)
LOC. -  Bom, a maioria agora é de náilon. Eu tenho ... Essa aqui por exemplo, não é? Não sei de que é isso. Fio de Escócia, sei lá. Essa meia é uma meia estrangeira também, acho que me deram. Mas essas daí, sabe, furam mais, sei lá. E essa aí é uma chata porque ela escorrega, ela não tem elástico em cima, ela fica escorregando pela perna abaixo. É uma porcaria, ela ...
DOC. -  E a cor?
LOC. -  Cor? Eu só gosto de meia lisa, de uma cor só: ou preta ou verde ou azul ou marrom. Tem algumas que não são não, que me dão às vezes, eu uso, mas eu só gosto de meia lisa.
DOC. -  E bolsa?
LOC. -  Ah, bolsa eu acho um negócio muito importante, tem que usar, né, porque não dá mais, né? Essa calça ainda dá, porque essa tem quatro bolsos.
DOC. -  Não. Não bolso, bolsa.
LOC. -  Pois é, mas então como as calças não têm mais bolso, a gente tem que usar bolsa. Eu então que uso óculos, dois pares, um par de óculos escuros, um ... É par mesmo, né?
DOC. -  É (sup.)
LOC. -  (sup.) E outro de, de coisa. Então, se não tenho bolsa, fico com mil porcarias na mão e perde, né?
DOC. -  E você conhece tipos diferentes de bolsa?
LOC. -  Ah, tem a tiracolo e tem aquela que eu estou usando hoje por exemplo, aquilo é uma bolsa que foi até um amigo que me deu, é desses conjuntos de malas, de coisas que vende pra botar material de, de higiene. Não, como é que chama pra homem? De mulher é de maquiagem e de homem não me lembro como é que chama. Material de, de toalete, não é, onde a gente bota sabonete, sabão de barba e desodorante, esse tipo de coisa. Essa daí é uma dessas.
DOC. -  E traje assim de práticas desportivas?
LOC. -  Ahn, eu, eu só fiz na minha vida esgrima. Foi a única coisa, tem uma roupa muito especial que é muito bacana, né? Uma roupa de lona, é uma calça justinha assim que geralmente passa uma alça por baixo do pé pra ficar bem preso. Depois você põe o sapato e depois tem uma, uma espécie de uma jaqueta, geralmente é abotoada do lado assim com botões ou com fecho e tem manga comprida e é forrada na frente porque, quer dizer, pra não machucar muito a gente também que está lutando. Ah, e tem uma coisa que passa por baixo também daqui e abotoa, passa, não sei como é que chama esse lugar aqui, como é que é, entre as pernas, eu não sei se tem nome. (risos)
DOC. -  E na cabeça?
LOC. -  Não, na cabeça máscara, né, a máscara especial de esgrima. Outros esportes nunca fiz, né, mas tênis, o que é, tênis é a coisa mais típica, né, `short' branco, camisa branca, sapato branco, meia branca. A mulher tem umas sainhas bonitinhas, assim pregueadas, curtinhas, às vezes, né, pra tênis.
DOC. -  Existe um estilo que chama moda `hippie'.
LOC. -  O quê?
DOC. -  (inint.)
LOC. -  É, bom, o que passa e vê mais agora na rua, inclusive eu tenho uma também, eu acho bonita, são essas túnicas, né, que são assim bacanas. A minha é simplíssima, é branca, lisa, não tem nada, não tem nenhum bordado.
DOC. -  Com que tipo de calçado você usa?
LOC. -  Ah, com sandálias. Geralmente põe uma roupa de verão com sandália, né? Agora eu não gosto de sandália que não tenha alça atrás, eu só gosto porque, senão vira chinelo, a'i eu acho chato.
DOC. -  Essa sandália tem algum nome?
LOC. -  Não sei se tem nome não. Sei que é uma sandália que tem uma alça atrás. O que não tem alça eu chamo de chinelo e quando tem alça eu chamo de sandália.
DOC. -  Você tem algum, algum calçado especial pra usar em casa?
LOC. -  Tem chinelo, tem ... Não, um chinelo, um chinelo comum assim.
DOC. -  Quando está muito frio, além do suéter, você tem mais alguma coisa?
LOC. -  Tenho, tenho uns casacos de couro assim alinhados, também muito bonitinhos que eu trouxe da França, eu comprei no Mercado das Pulgas. Legal, lá. Roupa de operário. Heim? (sup.)
DOC. -  (sup.) Você usa alguma coisa quando chove? (sup.)
LOC. -  Quando chove eu uso um boné e uma capa de chuva, porque guarda-chuva eu acho muito chato.
DOC. -  Não usa guarda-chuva?
LOC. -  Não, acho guarda-chuva muito chato.
DOC. -  E pra mulher?
LOC. -  Mulher? Mulher, sei lá, mulher usa guarda-chuva, né, mas usa também capa com lenço na cabeça, né? Sei lá, umas coisas de plástico, né?
DOC. -  (inint.)
LOC. -  Guarda-chuva também. Eu sei que tem uns que encolhem que eu não sei como é que chama, (risos) que dá um trabalho pra abrir que é um terror, né? (risos)
DOC. -  E na mão você não usa nada?
LOC. -  Aqui não dá, né? Uma noite, esse inverno, eu saí, porque eu tenho uma luva, dessa última viagem que eu fiz, eu estava, sei lá, eu também acho que eu estava muito resfriado, eu estava me sentindo mal.
DOC. -  Que viagem você fez?
LOC. -  Ahn?
DOC. -  Aonde você foi?
LOC. -  Há três anos, quando eu estava na escola, eu fui outra vez, né, à Europa e Estados Unidos, né?
DOC. -  (inint.)
LOC. -  É, foi mais ou menos assim fazendo ... E eu fui convidado pelos governos também pra ver teatros, as escolas e tudo, né?
DOC. -  Você é muito exigente com a roupa?
LOC. -  Não. Sou muito pouco exigente. Nunca passei uma calça a ferro, sabe, nem pedi a empregada pra passar, nunca me importei com essas coisas, sou muito pouco ... Quer dizer, eu gosto de estar meio alinhado assim, mas o alinhado meu é um alinhado meio largadão, meio sem preocupações maiores.
DOC. -  Na compra da roupa, que tipo?
LOC. -  Na compra, eu não sei comprar, sabe, é um saco. Quer dizer, eu gostaria sempre de passar e ver um negócio na vitrine que eu achasse legal, bacana, entrar e comprar, mas isso acontece rarissimamente, né? Então às vezes você vê um amigo que tem uma coisa assim. Eu tenho comprado muito pouco, eu sou um cara que eu resisto muito ao consumo, sabe? Também porque eu tenho e roupa também dura demais. Quando você tem muita roupa, a roupa dura toda vida, né? Então fica. Eu tenho, eu tenho um terno no meu armário que tem simplesmente ... Eh, ele é de quarenta e quatro. Quantos anos são? Quarenta e quatro para sessenta e quatro, vinte, mais setenta, vinte e seis, vinte e sete anos. Está lá o terno ainda, dentro do armário.
DOC. -  Você tem assim roupa especial pra situações especiais cerimoniosas?
LOC. -  Não, eu tenho um, dois ternos assim que estão mais modernos um pouquinho que dá pra usar, tenho um `smoking' que eu fui noutro dia ao teatro, ao prêmio Moli`ere (inint.) com uma camisa branca qualquer, sabe, e alguém ainda brincou comigo que estava assim torto, com o colarinho torto: está com o colarinho torto! Porque eu não uso esses espetinhos de jeito nenhum, que eu acho insuportáveis.
DOC. -  Que tipo de calça você gosta de usar?
LOC. -  É uma calça que, que seja relativamente justa assim em volta da cintura, sem prega, que eu acho chato e depois aberta em baixo e larga, né? Como está se usando agora.
DOC. -  (inint.) casamento, como as pessoas vão?
LOC. -  Casamento? As pessoas, não devia existir, porque eu acho casamento uma coisa tão ridícula, uma coisa medieval, aquelas mulheres todas enfeitadas, com aquelas brancuras todas, de véus e de grinaldas e, né, de caudas, né?
DOC. -  E os convidados?
LOC. -  Os convidados, todas as damas de pastel, todas de empada, sei lá o que que é.
DOC. -  E missa de defunto?
LOC. -  Ah, missa de defunto é um outro horror, né? (risos) (vozes dos documentadores) Ih, que coisa trágica!
DOC. -  Como é que as pessoas se vestem?
LOC. -  Ah, vai tudo de escuro geralmente, né, sei lá. Eu já não vou mais a esses lugares, sabe, é raríssimo. Casamento eu fui do irmão de um amigo meu, esse foi legal. A gente fez um coro e, e ele fez uma roupa ... A noiva estava muito simples assim, acho que era uma coisa de jérsei, sei lá, de qualquer maneira era uma coisa pesada, assim, muito lisa, como se fosse quase uma túnica, meio monacal, meio de freira assim, tinha um cinto e tinha um veuzinho. E ele fez uma, uma calça de, de veludo de seda branca e uma túnica de brocado branco, o noivo. E o irmão, que foi padrinho, tinha uma calça de veludo também, marrom, com uma túnica de seda assim meio caramelo, queimado, uma coisa assim. E a gente foi como a gente quis, entende? Quer dizer, assim todo mundo de túnica. Eu tinha uma túnica que um amigo meu fez, o R., que é um cenógrafo, e ele, vocês conhecem, né? O R. fez uma espécie de batique, muito bonita, sabe, linda a túnica. Aí eu fui com essa mesmo, que é verde assim, e ele chama, como é, o jardim das delícias que ele deu o nome da túnica.
DOC. -  Nos teatros de revistas o que que as artistas usam? Como é que elas se vestem?
LOC. -  Elas usam biquini e plumas, né? (risos) E muito paetê, sei lá. Não, não sei.
DOC. -  E carnaval?
LOC. -  Carnaval? Sei lá. As pessoas usam qualquer porcaria que encontram, né? Fantasia ...
DOC. -  As atrizes que vão ao teatro (inint.)
LOC. -  Eu sei. Até a gente ontem estava conversando sobre isso, que normalmente as nossas atrizes têm muito mau gosto, elas se enfeitam demais.
DOC. -  (inint.)
LOC. -  É, sei lá, Maria Fernanda, por exemplo, é uma maluca, bota uma pintura enorme, não é, faz penteados, esses vestidos complicadíssimos, vem de espanhola, vem de chinesa, vem de não sei o quê. Mas de modo geral elas não têm gosto não. A Teresa também, Teresa Raquel também é muito desnorteada pra se vestir. Não sei, Fernanda não liga, mas ela é uma mulher que às vezes ela põe um negócio simples assim, Fernanda Montenegro, né, e fica muito bacana, muito sóbrio. Ela não liga muito pra roupa não. Ela veste qualquer coisa assim e vai andando.
DOC. -  (inint.) conhece a Gal?
LOC. -  Conheço.
DOC. -  (inint.)
LOC. -  A Gal é maravilha, né? Porque é engraçado como ela se veste. Ela, ela nesse `show' dela, ela está uma gracinha, né? Que ela tem uma cal... uma saia aqui bem baixa, ela tem essa parte do corpo, a cintura, uma coisa muito bonitinha, um sutiã preto, sei lá. Mas o que que a gente ...
DOC. -  (inint.)
LOC. -  Mas o cabelo, ela, no início, ela tem no início, ela está com ele assim eriçado, assim soltão. Depois ela prende com duas flores atrás, né? Heim? E usa uns penduricalhos lá, umas coisas ...
DOC. -  E Betânia?
LOC. -  Betânia eu acho legal. Eu gosto muito daquela, daquela roupa dela que tem uma saia, que ela tira e fica uma calça por baixo assim meio larga, parece uma chama de veludo vermelho. Aquilo é ...
DOC. -  Ela troca de roupa?
LOC. -  Muda muito. Muda quatro roupas, né?
DOC. -  Todas iguais?
LOC. -  Não. Primeiro é ... Sei lá o que que é, uma calça, né, de veludo e uma camisa, nem me lembro direito. O segundo é uma coisa branca, até bonito assim, parece que tem umas rendinhas no meio assim, uns aplicados, umas coisas ... Depois tem esse vermelho, que eu acho mais legal e tem um preto com uns aplicados também prateado, não sei o quê. Não me lembro direito, já tem algum tempo.
DOC. -  Aplicados?
LOC. -  Sei lá, umas coisas aplicadas assim, na, na, na saia. Não sei, não sei bem o que que é não, sabe? Acho que tem um ... Faz uns desenhos assim, umas coisas. Não sei bem como é que é.
DOC. -  Os homens que fazem teatro aqui no Brasil, eles são muito preocupados com roupa ou você acha que não há?
LOC. -   Não. Não são muito não, eu acho. Não ligam muito não.