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PROJETO NURC-RJ

DIÁLOGOS ENTRE INFORMANTE E DOCUMENTADOR (DID):

Tema: "Casa"
Inquérito 0048
Locutor 0057 - Sexo masculino, 25 anos de idade, pais cariocas, advogado. Zona residencial: Sul
Data do registro: 17 de abril de 1972
Duração: 39 minutos


Som Clique aqui e ouça a narração do texto


DOC. -  Não, acho que você podia assim dizer onde você mora, descrever se você já mudou de residência alguma vez.
LOC. -  Bem, eu mudei de residência aos cinco anos de idade. Eu morava em Laranjeiras, à rua General Glicério e poucas lembranças eu tenho dali, daquela casa, simplesmente era uma casa grande e o que me traz recordação de pequeno dali seria, ah, uma sala central, tinha um canteiro o qual eu plantava coisas, pequenininho. É só isso que eu posso dizer dessa casa de Laranjeiras. Depois eu me mudei pro Leblon e pra mim foi espetacular porque era perto de praia, em frente à praia e a minha juventude, a minha infância, o resto da minha infância, a minha adolescência foi toda marcada no Leblon. Minha casa no Leblon, a minha primeira casa no Leblon era uma casa de dois quartos ... Apartamento. Dois quartos, sala, cozinha, banheiro e dependências de empregada. Depois, eu me mudei prum apartamento maior também no Leblon, na mesma rua, só que tem que dois prédios adiante em frente à praia mesmo. Este era de lateral. Esse apartamento é grande, tem quatro quartos, sala, cozinha, banheiro, dependências de empregada ... Tem o meu quarto ...
DOC. -  O que tem no seu quarto?
LOC. -  O que que tem no meu quarto? No meu quarto tem meu mundo, tem meus livros, meus discos e nada mais. (riso) Quer dizer, eu gosto muito do meu quarto. Ali eu crio os meus peixes, que eu gosto, tenho `hobby' de criar peixes, aquários, eh, meu quarto é todo azul, gosto da cor azul.
DOC. -  E em termos de móveis?
LOC. -  Móveis, eh, ele é decorado em estilo moderno, com peças antigas também porque um dos meus fracos também é antigüidade. Tem um santo grande, que foi da minha avó, uma Nossa Senhora do Parto, que eu roubei, de família e está lá no quarto. Agora dá visão pra praia e, lá numa janela lateral eu posso ver o morro Dois Irmãos também que fica no final da rua, o verde do morro ...
DOC. -  E esses móveis, o que que há de moderno, o que que há de novo?
LOC. -  Eles são de estilo Oca, são em cores azul e branco.
DOC. -  Eles o quê?
LOC. -  Os móveis.
DOC. -  Que tipos?
LOC. -  Tipos, são tipos de móveis modernos, ah, atuais, linhas retas, linhas geométricas, ah, sem qualquer moldura, sem qualquer trabalho, um armário embutido grande, uma cama baixa em linha reta e uma estante na parede também em linha reta, pintada de branco, onde tem os livros. Encaixada na estante, está a vitrola, uma escrivaninha que abre e fecha, estilo armário, e do outro lado então são colocados aquários embutidos na parede também. Eu tenho média de seis aquários no quarto funcionando. O quarto é grande, arejado, as cortinas são brancas, finas, tapete azul, azul-rei.
DOC. -  E o resto da casa?
LOC. -  O resto da casa. O meu quarto dá de frente pro corredor e nesse corredor está situado um banheiro, ao lado do meu quarto está o quarto da minha irmã e mais um quarto, que é o quarto de visitas, seria talvez chamado de quar... quarto de hóspedes, porém ele é dum estilo de quarto de estar, um tipo de uma salinha de estar onde está colocado o piano, onde a minha irmã estuda piano. Mais adiante no final do corredor, então, tem o quarto de mamãe que dá pra um pequeno banheiro e, do outro lado, abre a porta que dá pra sala. A sala é grande, de frente pra praia, e da sala também tem uma porta que vai para cozinha, copa e dependências de empregada. O corredor é liso e não há nada no corredor, a não ser tapete e uma iluminação. A sala é grande. São dois ambientes formados em, em grupos de sofá, poltronas ...
DOC. -  E o problema da iluminação na sua casa? Como ficou resolvido?
LOC. -  Como ficou resolvido? Do meu quarto, por exemplo, é luz direta e luz indireta. A luz direta é feita através de duas janelas: a luz direta vinda da rua de uma janela que é frontal que dá para a praia e outra janela lateral que dá para o morro, como eu havia falado antes. Agora em cima da minha escrivaninha, eu coloquei uma luz, ah, bem em cima que me dá iluminação para escrever à noite, tudo isso. Agora há também a iluminação do aquário mas em tonalidade verde por causa das lâmpadas e coisa apropriada.
DOC. -  E as medidas de segurança a tomar (inint.)
LOC. -  As medidas de segurança? A portaria em si tem o vigia, noite e dia, e o telefone interno para qualquer pessoa que entre seja, seja interrogada, né, e avisam em cima pra dizer quem é, quem não é.
DOC. -  E as janelas? (sup.)
LOC. -  Agora, as janelas? Nas janelas não há nada. Simplesmente vidros, ah, persiana. Segundo andar.
DOC. -  Quais os aparelhos eletrodomésticos que você tem, possui?
LOC. -  Aspirador, aspirador, ah, liqüidificador, televisão ainda não a cores, ah, rádio-vitrola, ar refrigerado ...
DOC. -  Ar refrigerado (inint.) em todos os quartos?
LOC. -  São sim. É central. É no prédio, é central.
DOC. -  E como é que vocês resolveram o problema dágua?
LOC. -  Problema dágua. O, o pre... o prédio tem no último andar, tem uma caixa de, eles chamam uma caixa talvez de reserva, fora a água da rua que é colocada numa caixa embaixo, num poço embaixo que leva ... Não há problema algum.
DOC. -  Poderia descrever assim o dormitório dos seus pais?
LOC. -  O quarto, o dormitório de mamãe atualmente, porque nós perdemos papai há questão de um ano e meio, modificou-se. Há um ano e meio atrás era cama de casal e o resto do mobiliário normal de casal. Com o falecimento de papai, ah, nós transformamos o dormitório de mamãe em um dormitório de solteiro, sendo que minha irmã mudou-se do quarto dela simplesmente para dormir no quarto de mamãe. Então foi colocada duas camas de solteiro e no quarto de minha irmã passou a ficar um quarto de vestir, tanto de mamãe como da minha irmã.
DOC. -  O que há nesse quarto de vestir?
LOC. -  Existem só os armários embutidos e uma estante grande. Fica o quarto de vestir e de estudos da minha irmã.
DOC. -  Vocês têm objetos de estimação em casa, objetos ...
LOC. -  De estimação? Temos. Ah, al... alguns certos objetos de, de família, né, vindos de minha avó e outros objetos vindos por parte do meu avô materno. São, não são grandes de, não são coisas de grande valor, mas de grande valor estimativo, grande valor monetário mas valor estimativo. Santos e, eh, um aparelho de jantar, algumas peças em prata mas não muita coisa. E eu já disse que no meu quarto havia uma, uma santa, uma Nossa Senhora do Parto vinda de Portugal, que acompanhou a família inteira nos partos e eu roubei da família e está no meu quarto. Confesso aqui o roubo.
DOC. -  Descreva a sua cozinha, a mobília.
LOC. -  A cozinha. A cozinha é, ela é em cor azul-clara, há um fogão e armários em fórmica e uma mesa em fórmica também de seis lugares onde nós fazemos a refeição de almoço. Quer dizer, é copa e cozinha conjugado.
DOC. -  Apartamento? É apartamento ... Possui área, não possui? Então descreva.
LOC. -  A área? A área é, ela é co... ela é ligada à copa. Quer dizer, a área seria uma área descoberta, nós cobrimos a área e transformamos em copa. Ali foram colocados dois secadores de roupa e uma máquina de lavar. Essa área dá direto para a porta de serviço. Então entra-se pela porta de serviço, dá nessa área e há a porta de ligação para a cozinha que foi dividida em copa e cozinha.
DOC. -  Existe uma área assim comum para todo o edifício?
LOC. -  Existe, eh, mas essa área é na garagem, assim em cima da garagem, esma... Um tipo de `play-ground'. São pras crianças do edifício brincarem.
DOC. -  O que que há lá?
LOC. -  Existem dois balanços, um, um rema-rema, um escorrega e brinquedos de criança, quadrado de areia, um caixotão de areia de praia pras crianças pequenas do prédio brincarem.
DOC. -  E o chão?
LOC. -  O chão é em cerâmica ou em pedra, não sei bem se é cerâmica ou pedra ou qualquer uma pedra portuguesa, uma lajota portuguesa.
DOC. -  Da área?
LOC. -  Da área.
DOC. -  E o resto do piso da casa?
LOC. -  Lá em casa o piso é todo em, em taco comum, sendo que a cozinha e os banheiros que são em cerâmica. Um dos banheiros em mármore. Só isso.
DOC. -  E como é que (inint.) o edifício (inint.) que andar ...
LOC. -  O edifício são ... Eu moro no segundo andar. O edifício tem cinco, cinco apartamentos, quatro andares e uma cobertura. Eu moro no segundo andar. Dá duas vagas na garagem pra cada proprietário, dois porteiros, dois faxineiros.
DOC. -  Como é que você chega assim no seu andar?
LOC. -  Ah, o meu andar, eu, eu, eu posso, eu tenho, tenho duas entradas, eu posso entrar pela garagem, que o elevador de serviço, ele além de parar no primeiro andar ele tem subsolo, quer dizer que tem uma entrada no subsolo, para quem vem da garagem direto subir para, subir para o apartamento. Então eu vou chegar através de uma porta dos fundos, eu chego no apartamento. Ou então eu posso entrar pela entrada principal. Pego o elevador e chego ao segundo andar. No, no segundo andar há um `hall' pequeno e a porta de entrada.
DOC. -  Você tem escritório?
LOC. -  Não.
DOC. -  Você chega, quando você chega em, no seu edifício, você entra diretamente na porta pra subir o elevador ou há alguma parte assim de frente no edifício?
LOC. -  Não. Há uma ... Da calça... da calçada eu subo umas escadinhas, há a porta de vidro, um hallzinho, uma pequena, um pequeno `hall' de entrada e lateral a porta do elevador social, eu aperto o botão, desce o elevador e subo. Agora, eu tenho uma casa fora. Não sei se é interessante falar. Eu tenho uma casa em Paquetá, uma casa pequena, simples. São três quartos, sala, cozinha e banheiro. É uma casa antiga, esti... estilo chalé, telha-vã, hum, chão de cerâmica. Essa casa tem três quartos, ah, o quarto do meio, que é o meu quarto, tem uma janela que dá pro quintal lateral, tem uma cama, um armário, uma pequena estante. O meu quarto é o quarto do meio e dá direto pra, dá de frente pra sala de jantar. A sala de jantar é pequena. É uma mesa de fórmica e um pequeno bufê também de fórmica. O primeiro quarto é o quarto da minha irmã, que é com duas camas de solteiro, um armário e uma coleção de flâmulas. E o terceiro quarto, que é o quarto de mamãe, dá de frente pra uma pequena copa onde está a geladeira. É um quarto com uma cama de casal e um armário, uma janela e uma porta que dá pro quintal. Ah, seguindo a copa, tem uma pequena cozinha, pia, fogão e dois armários. E depois da cozinha existe o banheiro: pia, chuveiro e um pequeno bidê e o vaso sanitário. É um andar só, é uma casa simples, o chão é vermelho, cerâmica vermelha, as paredes são azuis e os portais, os caibros das, das telhas e os, e as telhas vistas de dentro da casa são marrons. A casa por fora é branca, tem um pequeno muro rodeando a casa, branquinho também, um caminho que leva da porta da casa até o portãozinho de entrada, em cimento, e dois coqueiros colocados bem em frente à casa. É gramado a parte da frente. Existem duas goiabeiras junto ao muro, ah, e lá eu gosto de plantar antúlio (sic) e orquídea.
DOC. -  E dá orquídeas?
LOC. -  Orquídea não, não dá por causa do clima. Agora como na época do inverno a gente consegue, vamos assim dizer, que a orquídea pegue, agora a flor, muito raro, é muito difícil, inclusive pela doença e pela formiga também. Agora, a gente consegue em casos raros uma ou duas orquídeas, agora consigo antúlio (sic) bem, por causa da sombra consigo bem antúlio (sic) e samambaia chorona.
DOC. -  E o quintal?
LOC. -  Tem um quintal grande, quintal na frente, grande e atrás porque a, a casa é colocada, é situada assim no fundo do terreno. E atrás, um quintal pequenininho onde há um quarto onde a gente guarda bicicletas e etc. Atrás da casa existe um tanque. A casa não tem dependências de empregada.
DOC. -  Esse tanque é pra quê?
LOC. -  Lavagem de roupa e só.
DOC. -  E há problema de água?
LOC. -  Não. Existe cisterna ao lado do tanque e uma bomba. Além da água que entra da rua, existe essa cisterna que guarda a água e essa bomba leva pra caixa. A caixa é colocada em cima do tanque, atrás da casa.
DOC. -  Você sabe assim, você se lembra assim quando vocês compraram essa casa? (sup.)
LOC. -  (sup.) Essa casa foi com... não, essa casa foi comprada há muito tempo, inclusive eu nem, eu nem era nascido, por papai e já era, já, já estava construída, já estava pronta, sofreu pequenas reformas, mas não de sentido geral, foram reformas no sentido de conservação.
DOC. -  Que reformas foram essas de conservação?
LOC. -  Eh, conservação, pintura, colocação de azulejos no banheiro e nas cozin... na cozinha. Ah, como assim dizer, construção do caminho na frente da casa, ah, pintura dos caibros e das telhas, ah, reforma da cisterna pra o problema da água, colocação de uma antena de televisão em cima da casa, porque lá há problema de antena, há problema de pegar televisão, de transmissão principalmente porque em frente existe um radioamador e esse radioamador a antena dele atrapalha a transmissão que as outros, os outros pegam, então teve, fomos, fomos obrigados a colocar uma antena mais possante. Só isso. O gramado da frente, que não existia, o muro da frente, que era uma cerca em madeira pequenininha, nós muramos e colocamos o portão. Pequenas reformas mas no sentido de conservação, não no sentido de âmbito geral.
DOC. -  O apartamento onde você mora é seu?
LOC. -  É próprio, é próprio.
DOC. -  Você nunca morou em algum lugar que não fosse seu?
LOC. -  Eu já morei, em épocas idas, problemas particulares. Eu, uma vez, saí de casa e fui morar em apartamento meu. Aluguei um apartamento, pequeno, sala-quarto conjugado, daquele que a gente abre a porta e vê a janela, entende, daquele que a gente entra na cozinha e só cabe a gente e a panela, mais nada. Mas foi questão de seis meses só e, e não me adaptei.
DOC. -  Resolveu o problema, voltou ...
LOC. -  Voltei.
DOC. -  Você podia falar da decoração da sua casa no Leblon, como, de que que você se valeu pra decorar?
LOC. -  Olha, valeu-se de um gosto, como assim dizer, de mamãe.
DOC. -  Vá explicando, a decoração ...
LOC. -  A decoração. A decoração é toda em linha reta, toda moderna, a sala, os quartos, sendo que o único quarto que é antigo e pesado era o quarto de mamãe, antigo que eu digo na base, eh, dom João, ah, sei lá, eu não sei qual, qual era o, o rei ou a rainha ou o santo. Mas era daquela época, mais antigo era o quarto de mamãe. Com o falecimento de papai, ela procurou colocar leve também como o resto da casa pra, por questão de conforto, por questão visual, tudo isso, né? O apartamento não tem muitos quadros. São painéis. Ah, todo pintado de cor branca, as paredes são todas brancas e a cor predominante na sala é o castor escuro e o amarelo claro. No meu quarto é o azul e no quarto da minha irmã é o amarelo claro e o verde claro também. O, no quarto que, que fica sendo pra sala de música e tudo isso é em rosa forte, rosa cho... dão aí o nome de choque, né, rosa-choque.
DOC. -  Quando você mudou de apartamento, que era seu, você tinha assim problema de pagar? Como é que você alugou e como pagava?
LOC. -  (sup.) Certo.
DOC. -  (sup./inint.) eh, eh (sup.)
LOC. -  Eu aluguei arranjando, catando fiador na rua, porque nunca tinha tido fiador. Ah, procurei um apartamento pequenininho em Copacabana. Aluguei. E o aluguel era pesado, principalmente pro, pro meu ordenado que, na época, eu ainda não estava trabalhando nos dois empregos que mais tarde eu comecei a trabalhar, então tinha dificuldade porque o ordenado dava simplesmente pra minha manutenção, minha apresentação, porque a minha profissão exigia que eu me apresentasse razoavelmente bem, quer dizer, lavadeira, ternos e, e pagar aluguel. O dinheiro que sobrava para mim ir ao teatro, a um cinema, inclusive pra comer mesmo, era bem escasso, bem reduzido.
DOC. -  Como é que você pagava o aluguel?
LOC. -  Eu pagava na administradora. Ah, quando eu recebia o pagamento, eu ia à administradora e era obrigado a pagar lá e pe... pediam que fosse em dinheiro sonante.
DOC. -  Pagava direto?
LOC. -  Não, não pagava direto ao proprietário não, pagava à administradora.
DOC. -  Você sabe assim dos problemas que uma pessoa pode ter assim pra construir uma casa?
LOC. -  Eu acho que o principal problema que a pessoa deve ter em construir uma casa seria a idealização da casa. Porque combinar dois gostos, o do arquiteto e da pessoa em si, vai ser bem difícil. Então eu acho que um, um problema grande seria de como seria essa casa, como idealizar essa casa, fazer com que o arquiteto entendesse a maneira que esta pessoa quer a casa. Então é um grande problema. Depois seria o problema financeiro, porque hoje em dia a construção, a mão-de-obra, tudo isso está bem caro. Ah ...
DOC. -  E os ma... materiais, exatamente problema (inint.) por quê?
LOC. -  O material, o material está muito caro. O tijolo, o cimento, ah, principalmente, não tanto o material, o grosso material, como o chamado de grosso material: tijolo, cimento, areia, o saibro, nada disso. Mas o material, como assim dizer, de embelezamento: a cerâmica, o taco, a tinta pra parede, ah, o setor de encanamento, ah, tudo isso é de ... O preço atualmente não está fácil e não ...
DOC. -  Agora uma coisa: quais são assim os primeiros trabalhos do arquiteto pra construir uma casa? Quais são os primeiros trabalhos que faz (inint.)
LOC. -  Bem, eu, eu acho, dentro, em questão de terreno, porque, ah, o passo principal é pedir as autorizações necessárias. Agora, dentro do terreno, seria a primeira, ah, as estacas, a idealização, a planta, as estacas e então, iniciar o trabalho, né, a fundação da casa em si, na base das estacas e ferros, etc.
DOC. -  Quais são os tipos de casa que a gente pode ter?
LOC. -  (inint.) uma casa de moradia, uma casa de veraneio, uma casa de moradia, veraneio e só.
DOC. -  E assim as ferramentas necessárias para construir uma casa (inint.)
LOC. -  As ferramentas necessárias? Bem, tem tanta coisa. Tem trator, tem, sim, trator não é ferramenta necessária pra construir uma casa. Cada um tem a sua ferramenta própria. Porque deve ter ... O pedreiro tem as suas ferramentas, o, o bombeiro tem as suas ferramentas, o pintor tem as suas ferramentas, quer dizer, cada profissional tem as suas ferramentas próprias. O engenheiro, o arquiteto tem as suas ferramentas também de trabalho, quer dizer, cada um tem as suas ferramentas e o próprio dono da casa tem as suas ferramentas que é o dinheiro e a participação. Quer dizer, cada um tem as suas ferramentas.
DOC. -  Em termos assim do aspecto da casa, quais são as diferenças que podem existir?
LOC. -  O aspecto da casa?
DOC. -  Pode ser pequena, grande ...
LOC. -  A, a casa pode ser pequena, pode ser grande, pode ser média, pode ser uma casa para um fim de semana, pra um, pra umas férias. Então já é um estilo de casa que a pessoa constrói. Se for uma casa de moradia já é outro estilo. Se a pessoa quer um estilo de casa simples e moderno, faz num estilo chalé, num estilo, ah, determinado. Muita gente também constrói a casa de acordo com a região em que está construindo a casa. Se é perto de praia, constrói uma casa em estilo de praia, se é na serra, constrói uma casa estilo de serra, se é ... Então dependendo da região que a pessoa, ah, também está construindo a casa, constrói a casa de acordo com aquilo, né? Por isso que a gente, quando a gente vai a Friburgo, vai a Petrópolis, a gente vê aqueles estilos de casas suíças, coloniais, etc.
DOC. -  Fala de entrar, pra entrar luz na casa, como é que (inint.) luz?
LOC. -  São através de basculantes, janelas, eh, basculantes, janelas. Eu acho que através disso ou então iluminação artificial que é à base de, de luz fria, fosforecentes ou, ou elétricas, comum.
DOC. -  (inint.)
LOC. -  Certo, eu acho que a pessoa deve dar o aspecto mais natural possível a sua casa, o lugar, que geralmente a, a sua casa é o lugar onde a pessoa fica mais tempo, onde a pessoa gosta de ficar. Ou deve gostar de ficar. Quer dizer, ahn, mas então ...
DOC. -  A casa não satisfaz?
LOC. -  Não, não é que a casa não me satisfaz. Eu, por exemplo, gosto, eu não, eu não gosto da rotina. Eu acho que casa, no fundo, é rotina. Quer dizer, desde o momento que a gente tenha coisas para fazer dentro de casa e que fuja à rotina, ao dia-a-dia, ao cotidiano, aí sim, eu fico dentro de casa. Agora ficar dentro de casa pelo simples fato de ficar dentro de casa, isto eu tenho todo dia. Então, eu vou procurar coisas que não tenha todo dia pra não ficar dentro de casa ou não, pra que eu possa fazer outras coisas, entende? Agora, eu acho que deva ter plantas, deve ter animais também, lógico, animais proporcionais à casa, proporcionais ao apartamento. Não é porque moro no apartamento que eu vou ter cães, eh, pastores alemão ou perdigueiros, etc. cães de tamanho grande, mas um cão de apartamento, como a gente chama, ou passarinhos ou coisas pequenas, deve ter pra dar um ambiente mais natural possível aonde a gente mora.
DOC. -  E na cozinha? O que se tem normalmente?
LOC. -  A cozinha eu acho que deve ser (sup.)
DOC. -  (inint.) o principal?
LOC. -  O principal, o principal na cozinha eu acredito que seja o fogão, o fogão, e eu acho que o mais importante ainda na cozinha também é a mão-de-obra, né? Porque uma cozinha sem mão-de-obra, sem a cozinheira, não é nada, quer dizer, então, além do fogão, a mão de-obra também é importante na cozinha. A cozinha deve ser clara, arejada, ahn, eh, como assim dizer, que permita uma circulação dentro da cozinha da pessoa que está trabalhando ali dentro. Uma circulação de modo que possa usar as coisas de mais necessidade com rapidez e saiba aonde está sem, como assim dizer, com dificuldade para apanhá-las ou ...
DOC. -  Por exemplo.
LOC. -  Por exemplo, uma batedeira, uma forma de bolo, uma, um prato, uma travessa, um talher, uma, uma faca, tudo isso deve estar colocado em lugares de fácil acesso a, a esta pessoa para que não tenha problemas enquanto está preparando alguma coisa ou fazendo alguma coisa.
DOC. -  Que é que (inint.) dentro dos armários da cozinha?
LOC. -  Dentro dos armários da cozinha, travessas de uso diário, ah, e formas e talheres, tudo isso deve ser quardado dentro da cozinha. Panos pra cozinha, etc.
DOC. -  Agora, o que não é de uso diário?
LOC. -  O que não é de uso diário seriam talvez aparelhos de jantar ou peças como assim usadas em mais ocasiões especiais e isso não há necessidade de ser guardado dentro da cozinha.
DOC. -  São guardados aonde?
LOC. -  Eh, pode... poderão ser guardados na sala de jantar, num armário especial, na sala de visitas, numa vitrina, dependendo da, da qualidade e da beleza da peça, né? Pode ser usada ali num, num setor, como assim dizer, de, de uso realmente na mesa e como efeito decorativo, dependendo da peça em si.
DOC. -  Você tem uma mesa na sua sala, não é?
LOC. -  Certo. Eu tenho uma mesa na sala de jantar, eu tenho uma mesa.
DOC. -  Qual o tipo de mesa?
LOC. -  Eh, tipo de mesa em jacarandá de seis lugares, não é quadrada mas também não é redonda, é ovalada, né?
DOC. -  Só isso (inint.)
LOC. -  É isso e um armário grande, lambri, na parede.
DOC. -  E, por exemplo, na cozinha principalmente pra que não fique aquele cheiro de gordura (inint.) você não sabe?
LOC. -  Não. (riso) Estão querendo muito.
DOC. -  Fica em cima do fogão normalmente (inint.)
LOC. -  Ah, sei lá. Panos, talvez, materiais de limpeza, detergente, ah, `sprays' de ar, talvez de cheiro, alguma coisa ...
DOC. -  Você sabe cozinhar alguma coisa?
LOC. -  Se eu sei cozinhar? Eu acho que saindo do bife, já temperado, que me entreguem temperado, acho que não sei mais nada não. Mas a gente se vira, né?
DOC. -  Quando você morava sozinho no apartamento, como é (sup.)
LOC. -  Aí eu passava fome, eu passava fome, por dois motivos: por não saber cozinhar e que o ordenado também já era pouco. Então era a fo... a triste e dura fome.
DOC. -  E que que você tinha nesse apartamento pequeno?
LOC. -  Que que eu tinha nesse apartamento pequeno? Eu tinha só os livros no chão, empilhados, uma cama Dragoflex, daquela de abrir e fechar. Uma muda de roupa de cama, ah, um cabo... um armário, está entendendo, uma vassoura, um fogão e uma geladeira pequenininha que eu aluguei. Só. Ah, uma vitrola, uma vitrola Philips. Só isso.
DOC. -  Por exemplo, quando chove, forma um escoamento de água no telhado ... Você tem idéia?
LOC. -  Isso deve ser mais problema de quem mora em cobertura ou talvez no último andar, mas acredito que deve ser na base de um, de um, de um, de um ralo ou talvez de um, tem um nome específico, eu não sei. Talvez um ralo que desce aquela água direto pra rede de escoamento da rua ou talvez do próprio prédio, né, pra rede de esgoto.
DOC. -  Você disse que tem uma vitrola e tinha também. Que tipo de vitrola é essa? Os tipos de vitrola que tem?
LOC. -  Ah, vitrola a gente conhece de tudo quanto é tipo, agora, o dinheiro da gente é que não dá pra comprar do tipo mais bacana, né? Eu tenho uma vitrola Philips, portátil, quer dizer, não é portátil, alto-falante, dois alto-falantes soltos, o prato, aquela capa de tampa de acrílico em cima, quatro rotações. Só. Vitrola comum.
DOC. -  Como é que ela funciona?
LOC. -  Ela funciona a eletricidade, eletricidade. E eu realmente não me preocupo muito com vitrola, quero uma coisa que tenha um som bom e que toque, eu não, não entrei muito nesse campo de, de eletrônica, assim de me especializar em aparelho de som bacana. Gosto, conheço aparelhos possantes e de uma sonoridade, uma nitidez sonora espetacular, mas eu não me preocupei com isso.
DOC. -  A sua vitrola é a única que existe em sua casa?
LOC. -  Não. Existe mais uma vitrola na sala, mas é pouco usada e é antiga e está praticamente escondida dentro de um armário, porque ...
DOC. -  É portátil?
LOC. -  Não, é grande, mas essa daí só quem usa, raramente é usada, só em dia de festa, alguma coisa que é usada e, e quando não, não usam a minha, que faz o mesmo efeito dela, quer dizer, minha irmã e minha mãe não se preocupam muito com a música, não gostam muito de música.
DOC. -  Sua irmã toca piano?
LOC. -  Sim, mas ela ... Como essa vitrola não tem um som muito bom, quando ela quer um disco clássico ou alguma coisa, ela escuta na minha vitrola.
DOC. -  Tem alguma coisa que ... Ah, sim, você falou que você no seu apartamento, você tinha somente uma muda de roupa de cama.
LOC. -  É.
DOC. -  O que que normalmente se tem assim como roupa de cama? Pra se cobrir a cama?
LOC. -  Eu tenho mudas, lençol, né, seria um par de lençóis, uma fronha, travesseiro e um cobertor para dias de, frios. Quer dizer, são dois lençóis, um travess... uma fronha, um travesseiro e mais um cobertor. Eu tinha uma muda, uma na lavadeira e uma na cama.
DOC. -  (inint.) e colchão, que que você conhece em matéria de colchão?
LOC. -  Colchão, por exemplo, eu gosto de colchão duro. Não sei, está ali a propaganda do Anatom. (riso) É duro e ... Tipo de colchão ortopédico, não é? Se bem que eu nunca me preocupei com colchão. Disseram que esse era melhor e eu não conheço, ter experimentado outro, de molas, etc. Não gosto de colchão mole, eu não gosto de colchão mole, isso daí é ...
DOC. -  Todos os colchões da sua casa são desse tipo?
LOC. -  Não sei. (riso)
DOC. -  Está bom.