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PROJETO NURC-RJ

DIÁLOGOS ENTRE INFORMANTE E DOCUMENTADOR (DID):

Tema: "Cinema, televisão, rádio, teatro, circo"
Inquérito 0045
Locutor 0054 - Sexo masculino, 33 anos de idade, pais não-cariocas, militar (Marinha). Zona residencial: Sul
Data do registro: 06 de abril de 1972
Duração: 40 minutos


Som Clique aqui e ouça a narração do texto


DOC. -  Pode? Pronto, agora é com você. Bom, quais as formas de divertimento, os meios de comunicação mais comuns fora e dentro de casa? (diversos documentadores)
LOC. -  São duas perguntas aí no caso?
DOC. -  É.
LOC. -  Formas de divertimento mais comuns? Eu diria que seria a televisão, rádio, jogos, dança, comunicação pessoal, teatro, cinema, televisão.
DOC. -  (inint.) mais assim infantil (inint.)
LOC. -  Divertimento infantil? Não sei. Circo?
DOC. -  Quando uma pessoa quer ir ao cinema, o que que ela tem de fazer e com que funcionários ela se comunica?
LOC. -  Pelo que me consta, a pessoa tem que escolher o filme, deve se dirigir ao cinema onde estão passando o filme que ele deseja ver, deve comprar o ingresso com a bilheteira, entregá-lo ao porteiro, sentar no seu lugar e assistir ao filme.
DOC. -  E ele se comunica só com o bilheteiro ou com mais algumas pessoas dentro do cinema?
LOC. -  Pode conversar com os vizinhos da esquerda e da direita.
DOC. -  Ah, o senhor poderia descrever algum cinema? Quais os diferentes tipos de cinema?
LOC. -  Pra falar a verdade não é dos meus, eh, esportes mais fortes ir ao cinema. Mas em todo caso um cinema normalmente se compõe do, da parte externa onde normalmente ficam localizadas as bilheterias, o saguão de entrada ou sala de espera e a sala de projeção propriamente dita com a tela e as cadeiras onde os espectadores se supõe que vão sentar.
DOC. -  Você não vai normalmente ao cinema?
LOC. -  Muito raramente.
DOC. -  Você não tem, não gosta de filmes?
LOC. -  Não, a fila é uma coisa irritante e o filme quando é bom forçosamente tem fila, automaticamente me irrita então não vou.
DOC. -  Mas que tipo de filme você gostaria de assitir?
LOC. -  Os tipos de filme geralmente mais agradáveis são os de detetive, suspense, histórias de mistério, desse tipo de filme.
DOC. -  Mas há outros filmes. Há outros. (diversos documentadores)
LOC. -  Há diversos outros. Vamos dizer, eh, dramas, comédias, bangue bangue são os que me ocorrem.
DOC. -  Quando um filme não agrada como é chamado (inint.)
LOC. -  Por vários no... eh, vários termos. Seria um deles bomba, aquele filme é uma bomba. O gravador está (inint.)
DOC. -  E numa sessão de cinema o que costuma passar antes dos, antes do filme em cartaz?
LOC. -  Eh, normalmente é exibido o noticiário, o `trailer' de algum filme que pretendem passar futuramente naquele cinema e eventualmente algum desenho infantil.
DOC. -  Que tipo de orientação e informação geralmente se procura nos jornais e revistas para se ir ao cinema, para se escolher um filme?
LOC. -  Normalmente procura-se a infor... a opinião da crítica especializada, normalmente os jornais e revistas têm suas seções de comentários, de pessoas que se dão ao trabalho de ver todos os filmes e emitir suas opiniões a respeito deles. E se supõe que entendam alguma coisa do assunto.
DOC. -  Ahn, como é feito uma filmagem?
LOC. -  Só posso falar no terreno da suposição porque eu nunca assisti a nenhuma.
DOC. -  Tá.
LOC. -  Vale suposição?
DOC. -  Vale.
LOC. -  Eu suponho que o diretor coloque os atores em cena, tomadas as providências básicas de arrumação de cenário por parte dos funcionários encarregados disso, que seriam provavelmente desenhistas, engenheiros e arquitetos, operários especializados, carpinteiros, eletricistas, etc. Esses homens naturalmente preparariam o cenário onde seria rodado o filme. Os artistas se colocariam de acordo com o 'script', de acordo com as instruções do diretor e fariam aquilo que estava previsto que fizessem e enquanto isso o câmera provavelmente filmaria as ações deles, segundo o que se vê no próprio cinema o diretor de vez em quando interrompe enraivecido, diz que está péssimo, que ele vai repetir a cena, que não saiu bom, etc.
DOC. -  Ahn, quem trabalha atrás, hum, na frente das câmeras?
LOC. -  Atrás da câmera? O homem que man... manipula a câmera é o `camera man', é o termo americano que eu suponho que é adotado em português também e o que naturalmente fica à frente da câmera deve ser o a... o a... o ator. (tosse)
DOC. -  Ahn, o que é apresentado numa televisão (inint.) o senhor pode (inint.) ocorre (inint.)
LOC. -  O que é apresentado numa televisão? É outro, é outra, outra atividade a qual eu me dedico muito eventualmente e assim mesmo forçado geralmente pelas circunstâncias de maneira que a minha informação de ver televisão é mínima. E normalmente o que me é dado saber na televisão é que são apresentadas novelas e filmes e programas ditos cômicos e reportagens. Eu acho que em linhas gerais é isso e uma quantidade de anúncios fabulosa.
DOC. -  Quais os concorrentes tanto internos como externos de uma emissora de televisão, incluindo pessoas e instrumentos?
LOC. -  É um assunto que me interessa tão pouco que vai ser muito difícil informar alguma coisa a respeito. Pelo pouco que eu sei uma emissora de televisão ela precisa de ter um estúdio onde são focalizadas certas cenas e a antena onde são trans... e os equipamentos elétricos, naturalmente eletrônicos e as antenas onde são, eh, transmitidas as imagens e me parece que pelo que eu sei é só. Se tem mais alguma coisa eu ignoro (sup.)
DOC. -  (sup./inint.) aparelho de televisão.
LOC. -  Ah, o aparelho, pensei que era a emissora.
DOC. -  Ela falou da emissora.
LOC. -  Ah, o aparelho naturalmente é formado pela caixa externa em que aparece o tubo de imagem, uma parte dele pelo menos e a parte interna que é composta de válvulas e transístores (sic) uma série enfim de equipamentos eletrônicos que compõem o aparelho.
DOC. -  (inint.) regula uma televisão, por exemplo, quando dá listas (inint./sup.)
LOC. -  (sup.) Ela tem uma meia dúzia de botões que servem para regular volume e luminosidade, contraste e horizontal, vertical, coisas desse tipo.
DOC. -  Você tem televisão?
LOC. -  Absolutamente.
DOC. -  Nunca teve?
LOC. -  Eh, forçado pelas circunstâncias comprei uma e tal, mas ...
DOC. -  Nunca quebrou?
LOC. -  Não sei, ela está parada há uns cinco anos mais ou menos.
DOC. -  Você não sabe os defeitos que normalmente dão assim numa televisão?
LOC. -  Defeitos na televisão?
DOC. -  É, tem que chamar um técnico.
LOC. -  Nem desconfio.
DOC. -  Ahn, quais os tipos de programas de uma emissora de rádio?
LOC. -  Normalmente programas musicais, noticiários. Estes dois acredito que constituem o forte das emissoras de rádio. Ainda existem programas, talvez remanescentes de épocas remotas em que se usava uma, um tipo de comunicação toda, eh, original através do rádio. No Paraná, por exemplo, existe uma emissora que dá recados extraordinariamente, eh, inusitados para nós aqui do Rio de Janeiro. Numa viagem recente que eu fiz a Foz do Iguaçu, ligando o rádio escutava o locutor dizendo: seu fulano, pode comparecer a tantas horas a tal lugar pra apanhar o seu boi; seu beltrano, tenha a bondade de comparecer na casa de fulano de tal levando a vaca malhada; a Mariquinha pede emprestado o vestido amarelo da fulaninha e assim por diante. Era uma, uma série enfim de recados que eles davam através da emissora de rádio.
DOC. -  Ahn, e sobre seus componentes, ou seja, as pessoas que trabalham numa emissora de rádio?
LOC. -  Deve ter um diretor, toda organização geralmente tem um diretor. Tem um locutor naturalmente que é o homem que a gente, cuja voz a gente escuta. Supõe-se que tenha também, eh, técnicos em eletrônica, que naturalmente resolvem os problemas que possam ocorrer com o equipamento eletrônico da rádio. E no mais deve ter também o pessoal encarregado da limpeza dos compartimentos da emissora. Isso tudo é suposição, nunca entrei numa emissora de rádio, não tenho a menor idéia do pessoal que trabalha lá dentro. (sup.)
DOC. -  (sup./inint.)
LOC. -  (sup.) Mas em síntese além disso deve ter a secretária do diretor provavelmente. Devemos ter também, eh, se for o caso da emissora transmitir novelas, como era feito muito antigamente, hoje em dia algumas não, não usam mais isso, a Mundial, por exemplo, não usa novela. Então lá não deve haver isso.
DOC. -  Aí há o quê? (sup.)
LOC. -  (sup.) Mas em outras, novelas (sup.)
DOC. -  (sup.) Aí na Mundial o que que há?
LOC. -  Na Mundial?
DOC. -  É. Qual a pessoa que está (inint./sup.)
LOC. -  (sup.) Na Mundial normalmente pelo que se escuta no rádio temos os locutores e aqueles indivíduos todos que já citei anteriormente e vozes provavelmente gravadas de, de, não é bem anúncio, de propaganda da própria emissora.
DOC. -  Quem lida com, com as músicas? Quem escolhe as músicas? É. (diversos documentadores)
LOC. -  Ah, os 'disc jockeys'? É, teríamos os 'disc jockeys', não há dúvida, Big Boy e tal.
DOC. -  Ahn, a mesma coisa que você fez com a televisão, você poderia descrever um aparelho de rádio?
LOC. -  Um aparelho de rádio hoje em dia ele é bastante diversificado. Ou me... ou seja em, em forma, né? Temos eu acredito que mil quatrocentos e trinta e seis tipos diferentes. De um modo geral um rádio é composto também de uma caixa externa, vazada no lugar onde dá passagem ao som do alto-falante, na parte interna deve possuir uma série de equipamentos eletrônicos que permitem que ele capte as ondas de rádio e as transmita pelo alto-falante. Do lado externo teríamos os botões. Não vale, deu cola.
DOC. -  E os tipos de rádio?
LOC. -  Eu descrevi sucintamente o rádio padrão e conforme nós comentamos são mil quatrocentos e trinta e seis tipos diferentes.
DOC. -  Não, eu sei (sup.)
LOC. -  (sup.) Nós teríamos os rádios de mesa, os radinhos de pilha pequenininhos, os rádios de pilha grandes, aqueles que têm alças e inclusive que recebem do Japão, recebem, eu digo, os sons do Japão, hum, e me parece que é só. Se nós passarmos para a área militar nós vamos entrar nos rádios de campanha. Não vale a pena citar aqui, né?
DOC. -  Certo, que se carrega prum lado e pro outro.
DOC. -  O rádio portátil, de pilhinha e tal.
DOC. -  Ahn, como é que se lida com um rádio? O que se faz quando se quer ouvir?
LOC. -  Normalmente, se li... primeiro de tudo se liga o rádio, o botão que liga é na maioria dos casos o mesmo botão que regula o volume e se sintoniza a estação desejada através do botão de sintonia ou através de teclas como é o caso de alguns rádios de automóveis que têm teclas com, que previamente sintoni... quer dizer, já são sintonizadas em certos canais e mediante o acionamento da tecla o canal é novamente sintonizado.
DOC. -  E você poderia me descrever um teatro?
LOC. -  Um teatro.
DOC. -  Você vai a teatro?
LOC. -  Vou. Até que é uma coisa que eu gosto.
DOC. -  Então você pode falar aí um bocado de teatro.
LOC. -  Não, porque o que interessa mesmo no teatro é o que é apresentado no palco. Por exemplo, no `show' da Gal, o "Deixa Suar", que foi chamado de "Deixa Sangrar" mas que foi apelidado de "Deixa Suar" porque naquele tempo o teatro em que ele se apresentou, se não me engano, foi o Miguel Lemos, o nome não interessa. Foi um teatro enfim e que estava preparado para funcionar com ar condicionado, no entanto o aparelho de ar-condicionado não estava funcionando ainda, nós estávamos em dezembro de mil novecentos e setenta, se não me falha a memória, e fazia quarenta e três mil graus à sombra e então colocaram lá dentro mais ou menos o triplo da lotação do teatro com os aparelhos de ar-condicionado desligado, o teatro totalmente fechado, só tinha mesmo a porta de entrada. Daquele triplo da lotação eu acredito que até a metade do `show' dois terços tenham saído porque o ambiente ficou realmente insuportável. Esse teatro pelo que eu me recordo era organizado como uma série de arquibancadas de alturas que variavam desde o rés do chão até cerca de três metros ou quatro de altura e dispostas nessas arquibancadas tínhamos cadeiras. Arquibancada não é bem o termo, eu usei mal, degraus, eram degraus que subiam do zero até três e meio metros mais ou menos e nesses degraus eram colocadas as, as cadeiras onde se sentavam os espectadores e formavam um semicírculo no meio do qual ficava a, o palco. Esse teatro então assume uma forma geralmente diferente da maioria dos que se vê por aí que são organizados como os cinemas em que as cadeiras são dispostas umas atrás das outras formando filas e colunas e todas naturalmente voltadas pruma direção só, onde é colocado o palco, geralmente acima do nível do chão, o que é o inverso desse teatro que eu descrevi em primeiro lugar.
DOC. -  Você gosta de ir a teatro normalmente pra ver o quê?
LOC. -  Ou cômicos ou `shows' musicais. Os dramas, essa coisa, deixa eu ver, teatro de vanguarda isso é, eu já, já passei um pouco dessa fase.
DOC. -  O que mais que se, que passa no teatro além (sup.)
LOC. -  (sup.) Pelo que me consta são dramas. Aurimar Rocha é o dono da maioria deles, são os, os `shows' do Chico Anysio e enfim `shows' de cômicos de um modo geral, `shows' musicados (sup.)
DOC. -  (sup.) E o teatro que era (sup.)
LOC. -  (sup.) E uma ou outra coisa de vanguarda como esse (sup.)
DOC. -  (sup.) Por exemplo, ali onde é agora a faculdade de Letras, né, havia um teatro onde tinha um tipo especial de espetáculo, que era (sup.)
LOC. -  (sup.) Aonde? Faculdade de Letras?
DOC. -  Não, perto da praça Tiradentes.
LOC. -  Ah! Não, mas eu normalmente só vou teatro, cinema na zona sul. Eu tenho uma verdadeira alergia (sup.)
DOC. -  (sup.) Mas que tipo de espetáculo é normal ali?
LOC. -  Ah, o teatro rebolado, o teatro revista. Certa vez aconteceu uma coisa interessante, foi no `show', eh, "Elas Querem é Leite", não, não, foi no outro, foi no "As Meninas da Banda", "As Garotas da Banda". É, foi nesse. Atrás de mim sentou uma senhora então quando começaram a falar lá no palco ela assustou e disse pro marido: meu Deus, eu pensei que fosse assim nas entrelinhas insinuado, como era Dercy Gonçalves antigamente. Aí o marido dela disse: então vamos embora. Ela falou: não, agora eu já paguei, vou ficar até o fim. (risos) (relógio batendo as horas) Acabou?
DOC. -  Tônia Carrero você gosta?
LOC. -  Tônia Carrero? Tem seu valor, né?
DOC. -  (inint.) ela faz papéis assim geralmente no teatro (inint.)
LOC. -  Uma vez há muitos anos, há uns dez anos atrás mais ou menos, não me lembro mais.
DOC. -  (sup./inint.)
LOC. -  (sup.) Minha memória é fraquíssima. É, normalmente é drama, se não me engano, que ela faz. Não tenho certeza não. Eu não gosto de um modo geral do tipo de espetáculo que ela faz, eu não vou.
DOC. -  Você já foi ao teatro Municipal?
LOC. -  Não, não.
DOC. -  Nunca foi?
LOC. -  Não.
DOC. -  E não sabe (sup.)
LOC. -  (sup.) É na cidade. A teatro e cinema na cidade eu nunca fui a nenhum.
DOC. -  Você não sabe descrever assim mais ou menos?
LOC. -  Pelo lado de fora.
DOC. -  Agora, tipo de espetáculo (inint.) o tipo de espetáculo que passa lá. (diversos documentadores)
LOC. -  No carnaval ou não? (risos)
DOC. -  Não, normalmente, normalmente.
LOC. -  Desfile da passarela, aquele negócio. Eh, normalmente no teatro Municipal eu suponho que são, é, é ópera, né, me parece, eu (sup.)
DOC. -  (sup.) Não só. Não só. (diversos documentadores)
LOC. -  Ou coisa desse tipo, não tenho a menor idéia não. Eu soube que recentemente parece que a Diane Warwick andou por lá cantando. Não sei, não me interesso porque eu não vou lá.
DOC. -  Em se tratando de música, outro, outro tipo de música apresentada no, no (sup.)
LOC. -  (sup.) Não tenho noção.
DOC. -  Dança (sup.)
LOC. -  (sup.) Ahn, balé talvez?
DOC. -  Outro tipo de música apresentada no Municipal?
LOC. -  Não sei. Eu suponho que de... deva ter balé, dança clássica e essa coisa (sup.)
DOC. -  (sup./inint.) muitas pessoas pra participar. Mas há um outro (diversos documentadores)
LOC. -  Isso é muito relativo porque o "Hair" precisava de uma porção de gente.
DOC. -  Mas há um outro tipo de divertimento que foi ela até que sugeriu, né, foi cola, circo.
LOC. -  Ah, o circo.
DOC. -  Você não tem assim alguma experiência de infância assim de uma ida ao circo ? (sup.)
LOC. -  (sup.) Não, recentemente (sup.)
DOC. -  (sup.) O que mais lhe atraiu, o que você gosta (sup.)
LOC. -  (sup.) Recentemente eu fui ao circo com os meus garotos, é.
DOC. -  Então, pra ver o quê, que espetáculo?
LOC. -  Eh, foi um circo muito interessante até, ali na, na, instalado ali na cidade, o circo não me lembro o nome, era organizado como todos os circos são. Tinha um picadeiro onde ficavam os artistas e feras e bichos e malabaristas e cômicos, palhaços, atletas, enfim, aquela plêiade de gente que trabalha em circo.
DOC. -  E como funciona, de que se compõe?
LOC. -  O circo?
DOC. -  Que tipos de pessoas trabalham nele?
LOC. -  Já disse aqui uma porção delas. Vamos continuar. Tem os bilheteiros, os porteiros, os, os homens que orientam as pessoas a sen... sentarem nos lugares corretos, esse homens acho que a, a função deles não tem uma denominação específica.
DOC. -  Que que atrai mais as crianças em circo?
LOC. -  No circo normalmente eu acredito que as crianças gostam mais dos espetáculos de animais, é, os números de, de animais geralmente são os mais, são os mais apreciados.
DOC. -  E o circo é assim ao ar livre?
LOC. -  Não, o circo normalmente é coberto com um toldo de lona de grandes dimensões apoiado em estacas, estaiado interna e externamente como se fosse uma barraca de campanha de grandes dimensões.
DOC. -  E dentro como é que a gente senta? Fica em pé?
LOC. -  Normalmente, eu estava escrevendo quando ela perguntou uma, uma coisa.
DOC. -  Foi.
LOC. -  Eh, o circo nós dizemos que temos no centro um picadeiro e em toda volta arquibancadas situadas geralmente mais próximo à lona e portanto mais distantes do picadeiro, em seguida há uma fila de cadeiras normalmente de metal ou de madeira pouco confortáveis, depois mais uma quantidade de cadeiras mais confortáveis, geralmente estofadas ou, eh, dispondo de um assento de borracha e finalmente os que, o que eles chamam de frisas ou camarotes com um grupo de quatro ou cinco cadeiras apoltronadas ou uma poltrona acadeirada, enfim um misto de cadeira com poltrona.
DOC. -  Escuta, voltando ao teatro, ah, certos tipos de teatro usam música.
LOC. -  Ham?
DOC. -  Como se chamam as diferentes pessoas que a tocam, como é a, o nome desse espetáculo, como é feito e organizado?
LOC. -  Barbaridade! Vamos devagar. Assim não vale. Eh, eh, o teatro, como é que é a história, a primeira coisa.
DOC. -  Usam música, certo?
LOC. -  Eu não entendi bem, usam música como, como fundo ou, ou é pra apresentar uma ópera, pra apresentar um número.
DOC. -  É.
LOC. -  Digamos assim, uma orquestra ou coisa que o valha.
DOC. -  Certo.
LOC. -  A idéia é essa?
DOC. -  Você vai pra lá pra ver o quê?
LOC. -  Não sei. É isso, é uma orquestra (sup.)
DOC. -  (sup.) É isso, é.
LOC. -  Ou seria uma ópera e tal.
DOC. -  A orquestra implicaria em quê? Seria por exemplo, ah, composta de instrumentos? Um pianista daria (sup.) (diversos documentadores)
LOC. -  (sup.) Pois é, é isso que eu não estou entendendo.
DOC. -  Daria um espetáculo
LOC. -  Espera aí, eu não estou entendendo não.
DOC. -  (inint.) orquestra (inint./sup.)
LOC. -  (sup.) Não, não, porque nós temos dois tipos de espetáculo no teatro, ou colocamos uma orquestra no palco e dizemos: vamos tocar, minha gente. Eles vão tocar. O que é que vocês vão tocar? "O Guarani", oquei. Senta todo mundo e vamos escutar "O Guarani". E, e outro (sup.)
DOC. -  (sup./inint.) gostam, o que que elas fazem?
LOC. -  Quarenta e três mil pessoas em cima do tablado a bailar ou a cantar e acompanhados também por uma bruta orquestra geralmente colocada embaixo do palco. Então eu quero saber qual dos dois é, é, o que está sendo perguntado, porque eu não entendi. (telefone)
DOC. -  Quando você vai a, por exemplo, assistir um pianista tocar, você vai pra ver um
LOC. -  Recital, suponho que seja, não sei porque eu nunca vi pianista nenhum tocar.
DOC. -  Ahn, e uma orquestra (inint.) os diferentes instrumentos da orquestra, você sabe (inint.) (diversos documentadores)
LOC. -  Ah, sim, os instrumentos?
DOC. -  É, quem toca.
LOC. -  Além, além do maestro? O resto da turma?
DOC. -  É.
LOC. -  Normalmente os executores dos instrumentos em linguagem, eh, mais corrente são chamados pelos próprios nomes dos instrumentos, então quando se diz, eh, um trombone não quer dizer o instrumento propriamente dito de metal, significa o camarada que toca o trombone, o instrumentista enfim. E então vamos descrever aí mas eu falar nome de instrumento musical aqui não vai adiantar nada, não é? Adianta? Adianta? É válido?
DOC. -  Diga. Os que você sabe, conhece, os que você mais gosta (sup.)
LOC. -  (sup.) Trombone, pistom. Não, vou citar os que eu conheço: trombone, pistom, címbalos, eh, os pratos, a bateria no caso de certos tipos de orquestra, o piano, saxofone, guitarras, violões, violinos, harpa. Que mais que eu sei? Os pífaros, oboés, eh ...
DOC. -  Perfeito.
LOC. -  As flautas, os pistons já falamos, os saxes, os clarinetes, os bongos (sic), os bombardinos, eh, as gaitas escocesas, uma apelação muito grande.
DOC. -  Você disse que foi ao `show' da Gal e ela era acompanhada de que instrumentos?
LOC. -  No `show' da Gal tinha três instrumentos de percussão, se não me engano, é. O camarada tocava bongô, pandeiro, bongô e pandeiro que ele alternadamente tocava esses dois instrumentos. O outro era guitarra elétrica e o terceiro me parece que era um contrabaixo, não tenho certeza.
DOC. -  E como as pessoas se comportam no teatro? Como reagem ao que lhes é apresentado?
LOC. -  Ou aplaudem ou vaiam ou ficam em silêncio profundo.
DOC. -  Você se lembra desse circo (inint.) que você foi agora assistir, eu acho que foi isso, a ordem, a ordem com que o homem chamava (inint.)
LOC. -  A ordem?
DOC. -  Você lembra (inint.) apresentando como (inint.)
LOC. -  Mas eu já citei tudo isso aqui.
DOC. -  (inint.) você relembrasse (inint.) você lembra aquela hora (inint.) tinha até aquelas (inint.) você lembra como é que era?
LOC. -  Não, a minha memória é muito fraca. Esse é um dos meus graves defeitos, eu tenho vários, um deles é esse. Mas, eh, eh, sem respeitar a ordem eu posso dizer quais foram os números apresentados (sup.)
DOC. -  (sup.) Pode dizer sem ser na ordem (sup.)
LOC. -  (sup.) Houve malabaristas, houve atletas, houve domador de animais, de feras, de animais selvagens, no caso de animais bravios e houve também treinador de animais mais mansos, houve palhaços, equilibristas, mágicos, se não me engano havia um mágico e me parece que foi só.
DOC. -  E como é que (inint.) naquela jaula (inint.) lá dentro?
LOC. -  Bom, é evidente que além dos artistas principais tem a, o, os, os funcionários do circo que atuam, eh, digamos assim, nos bastidores embora não seja o caso porque eles atuam ali abertamente mas atuam de forma a prover o apoio do pessoal que vai se apresentar e assim sendo nós temos aqueles funcionários que trazem os objetos que vão ser utilizados e retiram os objetos que já foram utilizados como por exemplo a jaula dos animais. Eles montam a jaula, eles armam o campo de futebol dos cachorros, ele colocam as mesas do mágico e assim por diante.
DOC. -  Você sabe se tem um nome especial para chamar esses funcionários?
LOC. -  Não, não tenho a menor idéia.
DOC. -  Eu queria saber, voltando ao cinema, o, o filme é apresentado em vários horários, certo?
LOC. -  Hum, hum.
DOC. -  Então nós teríamos assim dividido.
LOC. -  Em sessões.
DOC. -  Certo e seria as sessões. Quantas sessões geralmente costuma se apresentar um filme?
LOC. -  Em quantas sessões costuma ser apresentado o filme?
DOC. -  É.
LOC. -  O filme geralmente é apresentado numa sessão e é repetido (sup.)
DOC. -  (sup.) É, certo (sup.)
LOC. -  (sup.) Sucessivamente, geralmente cinco vezes se não me engano por dia, duas às quatro, quatro às seis, oito às, seis às oito, oito às dez, dez à meia-noite.
DOC. -  O Museu de Arte Moderna costuma passar que tipo de filme?
LOC. -  Não sei. Eu tenho a impressão que são filmes, ah, fora desses filmes comuns que se apresentam por aí, não tenho certeza não. Não, não me dou ao trabalho de ler porque eu nunca vou lá então é perda de tempo.
DOC. -  O que você acha do cinema nacional?
LOC. -  Horrível, péssimo, abaixo da crítica, horroroso.
DOC. -  Por quê? Você nunca vai ou (inint.)
LOC. -  Eu acredito o seguinte: primeiro, os temas escolhidos de um modo geral são fracos, segundo, o desempenho dos artistas é péssimo, eh, normalmente os, os cenários são pobres, mal feitos, falta muita técnica e ainda tem muito que andar. Os americanos e franceses e, e ingleses e italianos já começaram a fazer filme desde o princípio do século quase de forma que eles já têm uma quantidade de conhecimento muito superior ao brasileiro e assim sendo os filmes deles evidentemente que são muito mais evoluídos do que os nossos.
DOC. -  Ahn, antes da, o Rian agora ele está fazendo uma sessão à meia noite.
LOC. -  Rian?
DOC. -  Ele apresenta filmes, eh, em primeira mão. Antes que seja passado, sejam passados nos cinemas. (diversos documentadores)
LOC. -  `Avant-premi`ere'.
DOC. -  É, em português é ...
LOC. -  Não sei como é que é em português, é, não sei não. Tem nome em português pra `avant-premi`ere'? Não me lembro.
DOC. -  E, e por exemplo agora com a, a televisão agora por exemplo ela, eh, eh, ampliou-se muito em luxo, agora nós temos programas em vários estados, certo, eh, televisionados pra vários estados e você poderia dar assim certos tipos de transmissões? Inclusive transmissão pra China. É. (diversos documentadores)
LOC. -  Me parece que as transmissões que são feitas entre lugares distantes podem ser através de satélite ou provavelmente através de repetidoras.
DOC. -  (inint.)
LOC. -  De torres intermediárias, enfim, que vão retransmitindo o sinal de uma para a outra. Suponho que seja assim porque é assim que se opera com rádio e televisão não deve fugir muito ao esquema e, e eles então inclusive anunciam quando vão fazer uma transmissão direta por satélite de um jogo realizado no México e tudo mais e eles também usam o processo do videoteipe que é a gravação da imagem depois mandada em fita e passada na outra emissora no equipamento adequado.
DOC. -  Você quando (inint.) nós falamos em divertimento, etc. você falou em jogos.
LOC. -  Hum, hum.
DOC. -  Em jogos.
LOC. -  Nós teríamos os jogos carteados que são os jogos de baralho, teríamos os jogos esportivos normalmente utilizando uma bola ou coisa semelhante.
DOC. -  Qual é o mais normal, que o brasileiro mais gosta?
LOC. -  Além da sinuca é o futebol. Nós teríamos também esses jogos, eh, de peças como o dominó, as palavras cruzadas, eh, o, o xadrez e a própria roleta em miniatura usada às vezes em casa de família como divertimento apenas.