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PROJETO NURC-RJ

DIÁLOGOS ENTRE INFORMANTE E DOCUMENTADOR (DID):

Tema: "Meios de Comunicação"
Inquérito 0037
Locutor 0046 - Sexo masculino, 35 anos de idade, pais não-cariocas, advogado. Zona residencial: Sul
Data do registro: 20 de março de 1972
Duração: 45 minutos


Som Clique aqui e ouça a narração do texto


DOC. -  Pode começar.
LOC. -  Mas eu preferia que vocês começassem perguntando (sup.)
DOC. -  (sup.) Você costuma manter contato com pessoas distantes assim (inint.)
LOC. -  Não, raramente.
DOC. -  Raramente, hum (inint.)
LOC. -  Escrever? Gosto, mas nunca, o problema é a oportunidade pra escrever (inint.) assim com pouca gente fora, né? Eu poderia manter essa correspondência. Agora, não tenho mantido, a não ser ... Antigamente, mantive alguma correspondência com, com pessoas, eh, conhecidas minhas que estavam fora ... E gosto de escrever, realmente gosto de escrever, mas o problema é tempo, hoje em dia já não dá nem mais pra escrev... pra escrever, pra, pra me comunicar com, com as pessoas que eu tenho obrigação até de fazer.
DOC. -  E profissionalmente?
LOC. -  Profissionalmente, em termos de, de escrever, não. Mas de falar, sim. Uma comunicação quase que diária na profissão é necessária, e eu mantenho, acho que eu me comunico fácil (risos) inclusive, tirando, eh, modéstia aí de lado, me comunico fácil, no modo assim de convencer as pessoas. Mas em termos de escrever não. Apenas ... Oralmente ... Entre escrever e falar eu sempre escolhi falar, tenho mais facilidade do que escrever (sup.)
DOC. -  (sup.) E então (sup.)
LOC. -  (sup.) Inclusive eu faço em pro... uma porção de provas, em colégio, na faculdade sempre eu achava que as provas orais eram muito melhor do que a escrita. Sem comparação.
DOC. -  Quais são os meios que você usa mais pra essa comunicação que você diz que, que é mais oral, no caso?
LOC. -  Meios de comunicação que eu, eu utilizaria, que eu utilizo?
DOC. -  Sim, profissionalmente.
LOC. -  Olha, eu procuro ser o mais simples possível, entende? Procuro ser o mais simples, sem, sem palavreado difícil, palavras normais, comuns, eh, eu acho que faço entender.
DOC. -  (inint.) diretamente, como nós estamos aqui, às vezes a pessoa não está no mesmo lugar que a outra está (sup./inint.)
LOC. -  (sup.) Claro. Sim.
DOC. -  Então você precisa usar um recurso (sup.)
LOC. -  (sup.) Certo, mecânico. Dependendo do lugar, evidentemente, eu usaria ... Eu trabalho em dois lugares. Por exemplo, numa, num dos lugares eu tenho uma est... uma estrutura muito boa, que é a SUNAMAN. Eu sou procurador da Superintendência Nacional da Marinha Mercante. E lá é uma estrutura muito boa (inint.) eu não sei o nome exatamente. Mas se pode falar de uma sala para outra, evidentemente sem sair do lugar. Há um atendimento perfeito. Isso, nesse setor. Mas já na outra, qualquer crítica, aí, à Bolsa de Valores, onde eu sou advogado também, é muito difícil, até pra apanhar um documento na pasta, até chegar à minha mesa, eu preciso ir ao local, entende? E, de modo que ... E num lugar eu tenho facilidade (inint.) o atendimento direto a mim também, qualquer coisa que eu queira vem às mãos. De modo que é muito mais fácil pra trabalhar, mais tranqüilidade e o trabalho evidentemente sai melhor, né?
DOC. -  E quando você está em um dos seus locais de trabalho. Quando você quer se comunicar para o outro seu local de trabalho (sup.)
LOC. -  (sup.) Ah, isso é a toda hora!
DOC. -  (sup.) E o que que você ... Que meios você utiliza?
LOC. -  Uso o telefone, sempre o telefone. E evidentemente, (risos) e evidentemente às vezes eu prefiro ir ao outro local do que esperar uma linha pra poder ligar, chamar, dar ocupado.
DOC. -  Por quê (sup.)
LOC. -  (sup.) Principalmente pelo (sup.)
DOC. -  (sup.) É complicado?
LOC. -  Como?
DOC. -  É complicada? É complicado o telefone em sua sala? (sup.)
LOC. -  (sup.) Não, não é complicado propriamente o telefone. Agora são dois lugares onde há muitas chamadas, entende, de modo que evidentemente há sobrecarga de, de, de telefonemas e fica difícil. Num, é o problema que eu falei de estrutura, né? Na SUNAMAN eu peço pra ligar, falo com a secretária e que às vezes não agüenta e, bota o contínuo pra falar. E o contínuo fica lá discando durante uns vinte, trinta minutos. Então eu só vou no momento da ligação. Mas já na Bolsa é a tal história, eu mesmo tenho que fazer praticamente as ligações. Inclusive porque tem um telefone do outro lado das salas, não dá linha, de modo que fica difícil.
DOC. -  Na Bolsa (inint.)
LOC. -  Bolsa de Valores. É na Praça Quinze. Um edifício ao lado da Bolsa, não é propriamente da Bolsa. Mas isso é um problema ... Nenhuma crítica, aí, à Bolsa, mas é um problema de ... Tudo cresceu de repente, de modo que teve que se expandir para os outros prédios. Um prédio não, não comporta nem ar condicionado. O problema de pessoal realmente muito grande. Mas, realmente, a comunicação, voltando ao assunto principal, acho que as comunicações são difíceis de um lugar pra outro. Um na praça Quinze, outra na rua do Ouvidor com a avenida, realmente às vezes eu ... Quando o contínuo esquece, está fazendo a liga,cão (inint.) é difícil. Mas esse problema de telefone é um problema crônico e, das neuroses aí, né, três por dois, de modo que ... Aqui também, por exemplo, já que nós estamos no telefone, nós temos uns amigos que moram no Flamengo. Não há possibilidade de falar, a não ser com a telefonista, número cem, e às vezes ela (inint.) nem sempre ela atende com presteza (sup.)
DOC. -  (sup.) Daqui da sua casa (sup.)
LOC. -  (sup.) Daqui da minha casa, um telefone quatro cinco, não há possibilidade.
DOC. -  Esse aqui é dois sete?
LOC. -  Não, é quatro sete. Aqui é quatro sete pra quatro cinco e vice versa (sup.)
DOC. -  (sup./inint.)
LOC. -  (inint./sup.) pra cá, essa amiga nossa.
DOC. -  A minha prima que é dois sete (inint.) falar e não conseguiu.
LOC. -  É, não há possibilidade, quer dizer, não chama, de modo que só com o auxílio da telefonista. De modo que, em se tratando de telefone, (risos) eu acho que a gente ainda tem muito que fazer, né?
DOC. -  Você acha que não há (inint.) essa necessidade de alguma melhoria?
LOC. -  A melhoria com a expansão dos ramais, novas linhas e agora com a discagem direta. Realmente há melhoria. Agora os telefonemas locais ... Hoje está mais fácil falar pra fora do que falar pra aqui. Inclusive pro exterior, completa ligações pro exterior com mais facilidade, em condições melhores do que pro interior. Há pouco tempo, meu irmão fez uma ligação direta pra Londres, um problema que houve com uma pessoa de família nossa, e em cinco minutos conseguiu falar com Londres. E, e aqui às vezes não se consegue falar pro Flamengo em meia hora, quarenta minutos. Experiência de comunicação eu tive também, já que nós estamos falando, falando de viagem, ainda há pouco. Em Londres, quando nós chegamos, eu precisei dar uma, um telefo... eu precisei dar um telefonema pra (inint.) jamais sabia o que era isso, uma cidade do interior da Suécia e (sup.)
DOC. -  (sup./inint.)
LOC. -  (sup.) No meu inglês, no meu inglês, catando as palavras, evidentemente, falei com a telefonista. Foi contado no relógio. Numa ho... em um minuto e meio eu falei de Londres pra (inint.) imediatamente, perguntei por um brasileiro que lá estava, me deram a informação correta. Inclusive ele já tinha saído, já tinha ido pra Londres. Nós esperávamos encontrá-lo em Londres, ele não tinha chegado. De modo que realmente em um minuto e meio se conseguiu falar de, de Londres com uma cidade no interior da Suécia que ninguém conhecia, nós e a própria telefonista. E, enfim, ligação bem diferente, mais fácil.
DOC. -  Você acha que essa facilidade de comunicação entre, ah, formas de, outros meios (inint.) ou não?
LOC. -  Que outros meios?
DOC. -  Os outros meios de comunicação que antes, nós usávamos antes, mas quando assim (inint.)
LOC. -  Não, eu acho que não. Evidentemente a primeira que se pensa, pelo menos, é a telefônica, né? Pelo menos, eh, em tese, deve ser mais rápido.
DOC. -  E para a comunicação internacional?
LOC. -  Sim.
DOC. -  Quando era extremamente difícil, extremamente cara, a comunicação telefônica, as, as comunicações se faziam por outros meios, né?
LOC. -  Hum, hum.
DOC. -  (inint.) ou eles são igualmente utilizados?
LOC. -  Eles são igualmente utilizados, dependendo da necessidade da, da, das mensagens e da, da informação que se quer dar e que se pretende obter. Se for mais demorado, evidentemente cartas, telegrama, hoje é telex também, eh, bom, em termos mais profissionais, evidente, não em termos particulares. O telex está superando tudo isso, né, bem melhor do que o telefone. Mas isso é em termos profissionais. Em termos particulares ainda não há essa possibilidade, ou há?
DOC. -  (inint.)
LOC. -  É só em termos profissionais mesmo, né? Profissionais (sup.)
DOC. -  É (inint./sup.)
LOC. -  (sup.) Hum, hum.
DOC. -  E o pessoal que trabalha nesses serviços em geral. Quem são essas pessoas?
LOC. -  Em que serviços?
DOC. -  (inint.) telefônico ... Há os profissionais que têm, eh, denominações próprias e que trabalham nos setores. Há lugares aonde nós vamos, não é? E que têm um aspecto característico, etc. Nós chegamos e fazemos certas coisas, tomamos certas medidas, não é, pra que as mensagens (sup./inint.)
LOC. -  (risos/inint.)
DOC. -  Como é que você faz quando você quer utilizar o telex?
LOC. -  Olha, eu peço a alguém pra passar o telegrama, de modo que eu não tenho contato direto, ouviu?
DOC. -  Sim (sup.)
LOC. -  (sup.) No, no, nos, nos correios e telégrafos. Mas eu sempre peço. Tenho inclusive umas fórmulas de telegrama na gaveta pra facilitar. Escrevo o que eu quero e mando passar. De modo que eu não tenho com essas pessoas um contato direto.
DOC. -  Sim. Mas você tem uma idéia do tipo de contato que a princípio se faz (inint.)
LOC. -  Sim. Tenho porque eu já fiz, evidentemente. Hoje eu não faço. Mas já fiz. Bem, é, é meio irritante, eh, é aquelas filas famosas. Pra se passar um telegrama, nunca tem troco. No tempo dos selos, a cola não funcionava. Essas pequenas dificuldades. E eu acho que ainda tem, não sei se persistem, não é? Mas também não posso afirmar, mas no tempo que eu fazia (sup.)
DOC. -  (sup.) Você disse no tempo dos selos, por quê?
LOC. -  Heim?
DOC. -  Hoje se faz sem selos?
LOC. -  Eu acho que sim, não sei, selagem mecânica, não é não (inint.) no tempo do selo, aquela cola, aquela goma arábica horrível. Aquelas figuras assim de oitenta anos pra cima, olhando pra nós.
DOC. -  (inint./sup.)
LOC. -  (sup./inint.)
DOC. -  (sup.) O caso é esse, né? (risos)
LOC. -  Não, exatamente é esse ...
DOC. -  E as pessoas que fazem entrega desses (inint.)
LOC. -  Os carteiros estão usando bermuda agora, né?
DOC. -  Ah, é?
LOC. -  Todos eles estão usando bermudas. (risos)
DOC. -  Eu não sabia (sup.)
LOC. -  (sup.) Tem, tem, tem o uniforme de verão aí. Pelo menos foi o que eu li nos jornais, jornais, (risos) eh, um novo uniforme. Um uniforme (inint.) pro verão. É bermuda, etc. Satisfeitíssimos. Aquela gola altíssima que eles se espremiam no verão (inint.)
DOC. -  Hum, muito bom.
LOC. -  Agora, é uma (inint.)
DOC. -  É realmente (inint.)
LOC. -  Tem que abolir a gravata. Bom, aí pelo menos boa parte do tempo a gravata precisa ser abolida, né, para os homens no verão, não?
DOC. -  (inint.)
LOC. -  (inint.)
DOC. -  Ahn. Realmente (inint.) que trabalham no centro da cidade (inint.) agora, e quanto aos meios de difusão?
LOC. -  Ham? Televisão e jornal?
DOC. -  Sim.
LOC. -  Certo? Tem mais algum assim, não?
DOC. -  Não. (risos/inint./sup.)
LOC. -  (sup.) Rádio, televisão e jornal. Isso que vocês querem saber?
DOC. -  É. O que você acha (inint.) preferências, enfim?
LOC. -  Preferências, citando nominalmente?
DOC. -  Hum, hum.
LOC. -  Pode citar nominalmente?
DOC. -  Pra tudo, né?
LOC. -  A televisão. Vamos começar com a televisão que é, é mais comum, não é? Eu pouco vejo televisão. De modo que não posso ... Eu vi muito. Gostava de televisão, via muito. Mas hoje, por falta de tempo e principalmente por falta de bons programas, eu acho que não animam. Esse fato, esse, esses, esses fatos não animam a gente a, depois de um dia exaustivo de trabalho, chegar em frente à televisão e ouvir e ver certos programas. E rádio eu acho que é a mesma coisa. Atualmente o que ... Rádio, o que se vê hoje em dia, a gente vê a tendência atual, onde as rádios todas dão maior ênfase às músicas, com anunci... tendo anúncios nos intervalos. Eu acho que se fizerem uma estatística, inclusive, o que já devem fazer, evidentemente são as mais ouvidas, são Jornal do Brasil, Mundial e Tamoio. Provavelmente serão as mais ouvidas pelo menos dentro de uma certa faixa etária de público e, e de horário também. Isso quanto a rádio. Jornal, um pouquíssimo, em termos de se poder ler um jornal completo, no Brasil, parece que o Estadão é o melhor. É. Não sei se é. Antigamente era O Estado de S. Paulo. Aqui, em termos de, em termos de, Jornal do Brasil. Tem um que eu gosto muito, que traz manchetes mesmo. Uma datilógrafa compra sempre e eu leio. Em matéria de, de notici... de noticiário é muito bom, que é O Dia, é muito bom em termos de noticiário. Manchetes geniais, claro, comunicam (sup.)
DOC. -  (sup.) Sei (sup.)
LOC. -  (sup.) Realmente comunicam. A gente chega a ver até o desenho da pessoa, não é?
DOC. -  É.
LOC. -  Quer dizer, tem, tem pessoas, você sabe melhor do que eu, pessoas, eh, talhadas pra esse tipo e profissionais só de manchetes, de modo que não só n'O Dia, mas nos outros também. Mas n'O Dia as manchetes são geniais, chega a ver até figuras de crime lendo a manchete do jornal. Eu não sei se é, mas mesmo que eu passo no jornaleiro eu ... Ah, eu gosto muito de ler jornal no jornaleiro, exatamente, exatamente em poucos minutos você tem a noção do que está se passando nos jornais. Que mais? Jornais, televisão ... Televisão eu realmente não vejo, eu vejo televisão de dia, é programa esportivo, quer dizer, esportivo, futebol, videoteipe e, mais propaganda pra ele, está muito convencido, mas vai, é o Rui Porto. O Rui Porto, no domingo, o programa que realmente todo mundo vê. É um resumo da semana, no futebol com o videoteipe, em função dos videoteipes, não em termos de noticiário, certo? De modo que pouco posso falar.
DOC. -  Agora, você falou em um jornal completo (sup.)
LOC. -  (sup.) Hum (sup.)
DOC. -  (sup.) O que que você chama de um jornal completo?
LOC. -  Que aborde todos os assuntos que interessem a todos, não só ... Notícias, seções especializadas, cadernos especializados. Quando eu falei completo, eu me lembrei que leio jornal no domingo, entende? Não diariamente, jornal no domingo, e O Estado de S. Paulo, por exemplo, esse me parecia antigamente um jornal completo. Eu ia lá e via, gostava, uma leitura mais fácil, eles estão complicando (inint.) e o jornal hoje tem, vocês sabem melhor do que eu, uma, uma particularidade que, eh, pro leitor fica muito bom, não sei há quanto tempo. Bom, que é o (inint.) né? O, a, o (inint.) que dá aquela, aquele resumo da notícia antes, e depois a notícia, quer dizer, a gente só vai ler tudo se interessar, mas ele já tem todos os, todos os resumos no início da notícia e esse ... Isso foi bom, que antigamente você tinha que ler todo, toda uma, uma notícia pra poder tirar aquilo que a gente queria. Agora, com o sistema novo foi introduzido aqui, há quanto tempo eu não sei, mas nota-se que é de algum tempo, com esse novo sistema facilitou muito a leitura e você lê o jornal muito mais rápido que antigamente. Você se interessa e demora. Mas hoje a gente tem todo o resumo também da notícia.
DOC. -  Agora, sobre essas seções, cadernos especiais que você falou (sup.)
LOC. -  (sup.) Hum (sup.)
DOC. -  (sup.) Você podia selecionar alguns?
LOC. -  Cadernos econômicos, cadernos culturais, de maneira geral, artísticos, literários, ou mesmo social também, cinema, teatro, enfim, abordando todas as atividades, não só dando ao jornal também não um aspecto apenas noticioso como tam... também interpretativa em cada área, cada pessoa.
DOC. -  Você tem alguma idéia de como se faz um jornal?
LOC. -  Como se faz? Olha, sinceramente, não. Tenho pouquíssima, não tenho idéia nenhuma.
DOC. -  E as pessoas que trabalham, que fazem o jornal (inint.) nomes de acordo com as seções que elas fazem, enfim?
LOC. -  Nomes como? Ah, sim. (sup.)
DOC. -  (sup.) Alguém se encarrega disso no jornal (inint.\sup.)
LOC. -  (sup.) Ah, claro, cada um tem seu setor, os redatores e copidesque, eh, são revisores, não são? (risos) Copidesque, redatores, copidesque, pessoal da reportagem, né, os focas. É claro que ... Mas como se faz os jornais, eu entendi tecnicamente (sup.)
DOC. -  (sup.) Sim (sup.)
LOC. -  (sup.) Quer dizer, não no, no sentido de impressão do jornal.
DOC. -  Sim.
LOC. -  Não.
DOC. -  Você nunca entrou na redação?
LOC. -  Deixa eu me lembrar, eu já entrei na redação do jornal. Não, não, entrar não, nunca.
DOC. -  E quem são os focas?
LOC. -  (Risos) Não, pessoal, coitado (inint.) que jogam evidentemente com o crime logo, acho eu, né, todas essas notícias assim mais, sem maior importância e que vão fazer resumo pros outros escrever, é isso?
DOC. -  Hum.
LOC. -  Mais ou menos, né?
DOC. -  Imagino que sim. (risos) Nós não sabemos de nada.
LOC. -  Ahn? (risos) Não, eu sei, mas eu quero também tirar um pouquinho de ... (risos) Quero aproveitar também essa nossa conversa, né? (risos)
DOC. -  É, pena que ela não possa ser assim tão pacificada, né? (sup.)
LOC. -  (sup.) É, através do diálogo, né? (sup.)
DOC. -  (sup.) É.
LOC. -  Mas é a comunicação que estão falando ...
DOC. -  É (sup.)
LOC. -  (sup.) Que é tão importante (sup.)
DOC. -  (sup.) É.
LOC. -  A gente conversa depois. (risos)
DOC. -  É. Agora (inint.)
LOC. -  Hum?
DOC. -  (inint.) e o Jornal do Brasil, ele é muito mais grosso, não?
LOC. -  Certo.
DOC. -  Por quê?
LOC. -  Publicidade (sup.)
DOC. -  (sup.) O que compõe?
LOC. -  Publicidade, publicidade. Muito mais grosso é publicidade, se não, não seria tão grosso. Inclusive o caderno de aluguel, né, de imóveis, aliás classificados, como eles chamam, com quatro ou cinco cadernos, não é? Quer dizer, só isso é suficiente, mas tem, reportagem, de modo geral, é publicidade, não reportagem. Publicidade de um modo geral é muito grande, justamente com jornais mais lidos como O Globo também, na parte da tarde, no fim de semana. Então há possibilidade deles se expandirem em termos de páginas, de caderno, em função da publicidade. Tem um outro atualmente que, sei lá, deixa pra lá, que não consegue publicidade nenhuma em função de uma tendência. Qual é, não. Vamos continuar. (risos) Um, não, dois, dois aí que estão cortando um pedaço.
DOC. -  Um magrinho?
LOC. -  É (inint.) um magrinho, (risos) um magrinho e outro mais gordinho também, que mudou a direção há pouco tempo. Mas, hum, então, televisão, rádio, jornal.
DOC. -  Qual é o jornal?
LOC. -  Hum.
DOC. -  O jornal?
LOC. -  Olha, eu leio Jornal do Brasil de manhã. Acho notici... num sentido, num sentido de noticiário, entende? Apenas como noticiário eu acho bom, bom jornal, dá pra você ter uma idéia de, global do que está acontecendo aqui fora e no exterior também. Leio por esse motivo, entende, no sentido de, de saber das notícias, certo?
DOC. -  E a... agora, o jornal, os jornais saem em horas diferentes no dia, né?
LOC. -  Sim (sup.)
DOC. -  (sup.) E inclusive (inint.) há por mês (inint.) mais de um jornal de manhã ou jornal à tarde, certo?
LOC. -  Certo.
DOC. -  Algumas pessoas lêem, né, o jornal de manhã e o jornal à tarde.
LOC. -  Sim.
DOC. -  E o que que você acha disso? Quando é melhor o primeiro contato com a notícia (inint.)
LOC. -  Olha, eu sou muito curioso, então eu gosto logo de manhã de saber das notícias.
DOC. -  Sim.
LOC. -  E hoje em dia, o vespertino sai às dez horas, de modo que não traz mais nada que traz o jornal de manhã, também tem essa. É, um fecha meia-noite, onze horas, meia-noite, outros fecham não sei que horas, mas de qualquer forma a diferença é muito pequena Quando tem uma noticiazinha nova (inint.) uma noticiazinha só, né? Aliás, todos os vespertinos, não é só, todo vespertino sai cedo hoje, nove, dez horas da manhã já estão nas bancas. Vespertino, hoje em dia, só no nome, viu? De modo que ... Agora, eu prefiro ler de manhã, logo que acordo, uma leitura quase que dinâmica, embora não, não tenha aprendido a leitura dinâmica, mas o mais rápido possível, eu leio rápido, leio numa rapidez impressionante e, e gravo, né (inint.) mas ... E consigo ler com rapidez. Agora, prefiro ler de manhã.
DOC. -  Agora, existe um meio de difusão (inint.)
LOC. -  Não.
DOC. -  Não?
LOC. -  Não.
DOC. -  Agora, nós falamos muito em jornal, né, e existem os que saem todo dia, né? Não ... Os outros meios de comunicação, há semelhança ou não? Você tem que comprar por exemplo (inint.) ficar informado se saem no fim de semana, etc. e etc.
LOC. -  Tem revista. (risos) Revistas.
DOC. -  Até parece que é uma palavra do outro mundo. (risos) Você podia dar um quadro assim das revistas que andam por aí?
LOC. -  Das revistas?
DOC. -  (inint.) como é que elas funcionam?
LOC. -  Olha, há anos, há anos que eu pratica... eu não compro revista.
DOC. -  Sim.
LOC. -  Comprava muito. Gostava de ler. É, é o tal problema, hoje em dia, quando eu leio, eu leio, eu leio jornal, mas eu leio de manhã pra ter uma idéia geral, e tudo que eu leio posteriormente, no sentido técnico da profissão, entende, ou na advocacia, ou então, em faculdade, preparando aula (inint.)
DOC. -  Qual que você lê?
LOC. -  Ham?
DOC. -  Qual que você lê?
LOC. -  Não, não. Livros, livros especializados, compreendeu? Agora, revista eu não leio mais, realmente não leio, só aquele velho hábito de olhar no jornaleiro, a página fica aberta, sem a menor, sem a menor curiosidade, entende, só pra saber ...
DOC. -  Mas aqui na sua casa ninguém compra revista?
LOC. -  Não, revistas não. Ah, eles compram várias revistinhas infantis. Bolotas, Luluzinhas e congêneres. Realmente compra e raramente eu leio, o Pato Donald e tal. São revistinhas que os meus filhos gostam, gostam muito.
DOC. -  Sua mulher não gosta?
LOC. -  De revistinhas?
DOC. -  Não.
LOC. -  Não.
DOC. -  Qualquer revista.
LOC. -  Se minha mulher lê revista?
DOC. -  Nenhuma, nenhuma?
LOC. -  Não, ela é muito preocupada com o curso de inglês dela. Só lê em inglês, fala em inglês e é muito (sup.)
DOC. -  (sup./inint.)
LOC. -  (sup.) É claro, exato (sup.)
DOC. -  (sup./inint.)
LOC. -  (sup.) Está fazendo um curso intensivo, ela prefe... ela já fala, ela fala inglês, mas está se aperfeiçoando, curso de aperfeiçoamento até julho pra acabar. Acabei de apanhá-la no curso de inglês. De modo que no momento é inglês e inglês e mais inglês. Agora, revista normalmente ela não lê não . Lê jornal também, procura os assuntos mais ligados à profissão dela e acho que mais nada. Livro, por exemplo, praticamente ... Quando ela entra em férias, ela lê, lê bastante. Mas aí vem o problema. Realmente a falta de tempo. Às vezes compra-se o livro, ganha-se o livro e não se abre, até em função do tempo. E pra poder se manter atuali... se manter atualizado, tem que ler as comunicações técnicas que nos interessam, do livro nesse sentido. Agora ...
DOC. -  (inint.) qualquer revista.
DOC. -  Através da história da sua vida, você sempre teve essa disposição com relação às revistas ou não?
LOC. -  (sup.) Disposição do quê?
DOC. -  Com relação às revistas, quanto tempo você lia (sup.)
LOC. -  (sup.) Ah, lia, lia porque meus pais compravam (sup.)
DOC. -  (sup.) Sim (sup.)
LOC. -  (sup.) Meus pais compravam, eu lia.
DOC. -  Ah, sim. E o que que você lia?
LOC. -  Ah, lia o Cruzeiro, lia ... Ah, antigamente, Cruzeiro, naquela época que apareceu Manchete, Manchete, tinha (risos) Mundo Ilustrado ... Agora, e só, mais nada.
DOC. -  Você acha que o Cruzeiro mudou de uns anos pra cá (sup.)
LOC. -  (sup.) Mudou inteiramente. Mudou até a paginação (sup.)
DOC. -  (sup.) Perfeito (sup.)
LOC. -  (sup.) Até a paginação mudou e eu acho que piorou em termos de ... Não digo, entende, não tenho lido. Agora, em termos de, do leigo lendo a revista, acho que piorou a paginação e o papel também, se não me engano, caiu muito a qualidade do papel é o que parece. Agora, Manchete ...
DOC. -  (inint.)
LOC. -  Não, não tenho lido, por isso que eu digo, é apenas a impressão visual.
DOC. -  Hum.
LOC. -  Entende?
DOC. -  Não tem noção?
LOC. -  É, só isso, não, não posso dizer.
DOC. -  Mas há algumas revistas aí que se pretendem ser mais informativas (inint.)
LOC. -  Em termos de especializado.
DOC. -  Não só ... Bom, essas especializadas (inint.)
LOC. -  Sei (sup.)
DOC. -  (sup.) Mas há algumas outras que pretendem assim oferecer um resumo dos acontecimentos da semana.
LOC. -  Aliás, eu leio.
DOC. -  Não é?
LOC. -  É?
DOC. -  É algumas assim (inint.) que às vezes a pessoa não tem tempo de ler o jornal todo dia (sup.)
LOC. -  (sup.) Hum, hum (sup.)
DOC. -  (sup.) Então, na segunda-feira, né, compra aquela revistinha (inint.) que dá assim ... Que acha disso que nós temos aí em comparação com ... Pelo menos, a gente tem idéia do que passa pelo mundo? (sup.)
LOC. -  (sup.) Olha, eu rece... eu recebia uma, um resumo das notícias do dia (inint.) jornais e um índice, né, índice, banco de dados. É banco de dados? Eu acho que é. E eu recebia sempre era um resumo de todas as notícias. Agora, o que eles faziam (inint.) por, por assunto (sup.)
DOC. -  (sup.) Hum (sup.)
LOC. -  (sup.) Quer dizer, especializado em determinada área. Na parte de mercado de capitais, eu recebia sempre em função da, do meu trabalho lá na Bolsa. Agora, tem outros que têm a conjuntura econômica, né, tem o Veja, se eu não me engano, também, um outro desse, desse tipo. Mas eu leio muito pouco (sup.)
DOC. -  (sup.) E no (sup.)
LOC. -  (sup.) Por acaso (sup.)
DOC. -  (sup.) No seu campo (sup.)
LOC. -  (sup.) No meu campo não tem nenhuma, tem não, tem nenhuma, não, eu estou mentindo, tem algumas, mas não valem a pena ser lidas. Revistas, em termos de ... Tem publicações sobre jurisprudência e ... São as decisões dos tribunais, quer dizer, isso tem, tem informativos bons. Agora, revistas, quer dizer, num sentido sério, não. Não tem nenhuma. Eu pelo menos não conheço. Posso afirmar que não tem, no meu campo não tem.
DOC. -  Não tem agora ou nunca teve?
LOC. -  Nunca teve, nunca teve. E quando aparece, aparece esporadicamente, não resiste ao segundo número porque ... Eu acho que nem é feito com o propósito realmente de divulgar, mas é feito mais com o propósito comercial, entende? E acaba não resistindo, pela falta de qualidade. E as pessoas sérias, no meu campo, não se metem muito nesse setor. É pela falta de tempo até, acredito eu.
DOC. -  Há um jornal (inint.) tem feito sucesso (inint.) o que que você acha disso? Vale a pena (inint.)
LOC. -  Sim, sei a que você está se referindo. Eu leio também (risos) o Pasquim? O Pasquim, leio. (risos) Agora eu acho um certo exagero. Não, não sou quadrado não, pelo menos não pretendo, não pretendo ser quadrado, mas eu acho que às vezes há um certo exagero em termos, nos termos do que é colocado, é colocada a reportagem ou a notícia. Mas de uma forma geral uma gozação genial. A equipe é boa e teve receptividade e deve estar passando, deve estar, passaram, eh, no jornal, revis... O jornal passou a semanário (inint.) passou um período difícil, atravessou e está saindo aí, de modo que é o sucesso.
DOC. -  Qual é a seção que você considera mais importante?
LOC. -  Aonde?
DOC. -  A seção mais importante do Pasquim. Aquela que você leria em primeiro lugar se não tivesse tempo de ler mais nada?
LOC. -  Ah, é as reportagens. É reportagem mesmo. E entrevistas, certo? Não sei, eu não tenho lido de um mês pra cá, e gosto. Sempre há umas entrevistas, há entrevistas e as perguntas são bem boladas, a equipe é boa.
DOC. -  Você se lembra de alguma assim? Você lembra de alguma?
LOC. -  Ah, não sei. Tem ... Não. Ah, tem, tem uma agora terrível que saiu aí, e já foi apreendido. (risos) Eu, eu li outro dia. Como é o nome? Como é? Olha, saiu dois números ou três editados, mas todos os palavrões possíveis saem, mas saem todos, não (sup.)
DOC. -  (sup.) Hum (sup.)
LOC. -  (sup.) O, as primeiras letras e reticências, no Pasquim.
DOC. -  Sim.
LOC. -  Mas todas, ora, eu esqueci o nome, foi apreendido até pelo ministério da Justiça, agora.
DOC. -  (inint.)
LOC. -  É, foi. Não, não, não pode mais sair, mas realmente ela, ela é terrível e eu não sei, tem um nome ... Começa por bê, até. Saiu três semanas só.
DOC. -  Hum, hum.
LOC. -  A última foi uma reportagem até com esse jogador de futebol, o Afonsinho. Falou tudo. Foi um negócio terrível. Depois dessa reportagem foi, foi apreendido. Não sei, não gravei o nome, falaram duas vezes.
DOC. -  Você falou (sup.)
LOC. -  (sup.) Sim (sup.)
DOC. -  (sup.) Em rádio, em televisão. E as pessoas que trabalham no rádio e na televisão (sup.)
LOC. -  (sup.) Você quer (sup.)
DOC. -  (sup.) O nome, as idades das pessoas.
LOC. -  Sim.
DOC. -  Que tipo de programação há (inint.) televisão ...
LOC. -  Sim.
DOC. -  Se não há bons programas.
LOC. -  Pelo menos ... Pouquíssimos programas (sup.)
DOC. -  (sup.) Mas quais são esses programas (sup.)
LOC. -  (sup.) Que não são bons? Todos (inint.) mas, pra quem gosta é muito bom. Espera aí, eu gosto muito é até exagero, que eu vi poucas vezes (inint.) segunda-feira, aquele do Jô Soares, o Jô Soares.
DOC. -  Onde?
LOC. -  É coisa (risos)
DOC. -  Ahn (risos)
LOC. -  Já era, é.
DOC. -  Qual?
LOC. -  O do Jô Soares. O Já era. É, hoje não deu mais.
DOC. -  Mas, que tipo de programa é?
LOC. -  Programa, é um programa humorístico, mas era o único também em matéria de programa humorístico (inint.) televisão todos os dias e todas as noites, de modo que esse realmente é o único programa ... Mas serve o Chico Anysio também, né, vamos fazer justiça. Chico Anysio, quando não se repete muito, também é importante.
DOC. -  E a (inint.)
LOC. -  Bom, programa (inint.) na televisão, programas humorísticos. Programas humorísticos, Jô Soares e Chico Anyisio. Mas eu gostava assim, tipo imbecil, mas gostava do Golias também, do tempo em que ele fazia. Depois cansa, porque faz o mesmo tipo, cansa, dentro do humorismo. Bom, predominam as novelas, né? Predominam as novelas que ... Algumas boas, segundo me dizem, eu não vejo. Tem muita novela de televisão e dizem que (inint.) todos os homens viram essa, é o "Beto Rockfeller". Agora, o horário, dez horas da noite, numa época mais calma da minha vida, três anos atrás, e, e (inint.) é a tal história, começa a ver, dá aquela curiosidade, acaba vendo. Então, a única novela realmente que eu vi. Agora, as outras, nenhuma, nenhuma delas eu vi. Eu sei que há, há umas boas. Tinha umas, umas às sete, sete e meia que, "Minha namorada", negócio assim, que meus filhos até vêem, parece que era uma novela boa, eu ouvi alguma coisa assim. Agora, o resto, novela, humorismo, enfim, eu não vejo novela. Não posso julgar, ah, tem uma série deles, né? O Chacrinha era uma porcaria, todo mundo deve estar lembrando dele. O Chacrinha, o Flávio Cavalcanti, ahn? (sup.)
DOC. -  (sup.) Qual é o tipo de programa que você v^e?
LOC. -  Ah, tem de tudo, não é? Nunca vi tanta gente num palco como no Chacrinha. Ah, consegue ... Agora o Chacrinha é genial, eu acho o Chacrinha genial, embora com um certo exagero em matéria de comunicação, que vocês estão falando, eu acho ele um dos maiores comunicadores. Já antigo, já fazia na rádio a famosa Buzina do Chacrinha na rádio, que ele vinha há anos e anos atrás, ah, só um maluco fazer um programa de madrugada, mas foi surgindo, surgindo, foi pra televisão, e consegue todos os artistas que eu sei, vão de graça lá, só porque qua... ou quase todos vão de graça no sentido de que aparecer no programa dele, a difusão do Chacrinha é grande (inint.) em função da, do, do programa (inint.) é muito ouvido. E, e é mais autêntico, dentro do , do programa do outro canal, na mesma hora, que é o do Flávio Cavalcanti, eu acho que o Chacrinha é mais autêntico que o Flávio. Entre os dois, se fosse como comunicador, eu prefiro o Chacrinha, com todas as fantasias e, e maluquices que ele faz. Às vezes ele perde o respeito, principalmente ao público e artistas, exagera, mas quem vai lá, já sabe quem ele é, de modo que já se propôs a dar um, um vexame, no mínimo. Agora eu acho mais autêntico que o Flávio, embora eu assista o programa do Flávio no domingo. Ah, é, esse eu vejo também de vez em quando. E naque... no programa do Flávio alguns quadros, alguns quadros bons. Agora, entre, entre ver um e outro, embora eu goste mais do Chacrinha, eu acabo vendo o Flávio, é engraçado. Não sei por quê, talvez porque me canse um pouco. Agora, eu digo, em termos de comunicação, eu acho ... O fato é autenticidade. Eu gosto do Flávio, não desgosto do Chacrinha. eu gosto do Flávio. Que mais tem de programa de televisão? Filme, não é, filme altas horas da noite não dá pra ver, mas os enlatados são bons em si (inint.) quarenta e quatro novamente, de modo que é bom. O que mais?
DOC. -  Como você vê este fenômeno (inint.) de novelas entre nós?
LOC. -  Olha, eu acho que explora assim o lado humano das coisas. Realmente é ... Agora, agora, agora. Antigamente não, era mais dramalhões, era obra mais completa, mas hoje não. Eu acho que até a partir daquela que eu vi, o "Beto Rockfeller", que fez sucesso (inint.) tem muita coisa assim humana, comum, corriqueira que acontece todo dia, então cada um vai se, a gente vai se vendo ali, vai vendo que as coisas acontecem na vida real. Então agora é ao contrário, eles procuram acon... tirar da vida real os fatos, colocam nas novelas e, e, e vão dirigindo de acordo com o público, não é? Não tem importância, se morre um, não tem problema que eles, o enredo é mudado imediatamente, não há esse problema. Houve até já um fato, um fato que ocorreu de um ator aí morreu e eles continuaram a novela, mataram o sujeito, evidentemente. É o Hamilton não sei de quê.
DOC. -  Albertinho Limonta.
LOC. -  Albertinho Limonta, Albertinho Limonta morreu, Hamilton não sei de quê, Fernandes, Hamilton Fernandes morreu e eles mudaram o enredo com a maior naturalidade, a novela prosseguiu, todo mundo satisfeito. De modo que eles mudam, isso eu sei realmente, sei que eles mudam. Eles fazem uma série de capítulos iniciais e conforme a reação do público, eles vão dirigindo de acordo com a manifestação popular.
DOC. -  Mas eles quem?
LOC. -  Ah, os escritores (inint./risos)
DOC. -  Que outras pessoas trabalham?
LOC. -  Em quê?
DOC. -  Em televisão, na vista e por trás.
LOC. -  Hum, ah, bom (sup.)
DOC. -  (sup./inint.)
LOC. -  (sup.) Técnicos, pessoal da técnica, que eu acho (inint.) pessoal muito ligado à seção da técnica (risos) pessoal da técnica, eh, artistas, diretores e produtores. Acho que é só. E jornal tem mais gente, puxa, e como tem. Tem analistas, eh, costureiras, figurinistas, e dependendo do tipo de programa, pessoal especializado em cada área, balé, por exemplo. Tem, tem de tudo, quer dizer, muita gente.
DOC. -  E essas pessoas (sup.)
LOC. -  (sup.) E a gente só repara realmente aquele que aparece, né?
DOC. -  E essas (sup.)
LOC. -  (sup.) Não dá valor ao pessoal da retaguarda (inint.)
DOC. -  É. E essas pessoas que passam a olhar (inint.) imediatamente.
LOC. -  Certo.
DOC. -  Como é isso e como se faz?
LOC. -  Possibilidades (inint.) como (inint.) a possibilidade, eu acho excelente, assimilou o progresso, um avanço tecnológico muito bom, eh, formidável. Agora vem a televisão a cores ... Esperamos, esperamos que não tenhamos saudade do preto e branco, que ele é perfeito, tecnicamente bom, como é aí fora, um sistema alemão, né (inint.) alemão que é um dos melhores, de modo que, pelo menos nesse campo é promissor. Agora precisava realmente também uma parte ... É muito complicada a publicidade, a propaganda, né, de modo que falta assim inclusive uma, um programa assim de, de pouca, de pouca, os poucos programas bons, há o, o problema da falta de TV educativa que o Brasil teve, acabam fazendo um esforço, mas um foco isolado. O rádio, aliás, tem uns bons programas, agora, voltando, programas especializados da, da MOBRAL, não tem projeto, tem projeto, tem projeto aí ...
DOC. -  Minerva.
LOC. -  Projeto Minerva realmente é muito bom, aulas excelentes, já está se caminhando (sup.)
DOC. -  (sup./inint.)
LOC. -  (sup.) Já está se caminhando, prum, prum, prum avanço bem grande.
DOC. -  Agora, que nós estamos quase terminando, mas já que você falou mais uma vez na propaganda ...
LOC. -  Hum.
DOC. -  Eu acho que cada vez mais nós estamos mergulhados nesse (inint./sup.)
LOC. -  (sup./inint.)
DOC. -  (sup.) Hum. Como é que você vê essa intensificação da propaganda, publicidade, do ponto de vista, ah, do efeito, né, uma atitude comercial, mas também (inint.)
LOC. -  Hum, hum.
DOC. -  Do ponto de vista... Que há, dos últimos anos pra cá, alguma modificação do ponto de vista das formas de apresentação da linguagem da propaganda, em quê ?
LOC. -  Não, há. Olha, hoje em dia me parece que a propaganda já está, pelo menos, conseguindo ir mais diretamente ao, ao consumidor, vamos dizer assim, porque a propaganda é mais dinâmica, pelo menos me parece uma propaganda mais dinâmica e certos tabus assim sendo ... Talvez tenha um maior conhecimento, um maior 'know-how' nosso, que até há pouco tempo ninguém entendia direito de publicidade e propaganda no Brasil. Pra dizer a verdade, ainda dizem que não entendem, ah, pouca gente entende disso, mas talvez tenha uma especialidade (inint.) evidentemente, trazendo conhecimento de fora, terá que haver uma melhoria e os meios de difusão realmente facilitam. Hoje em dia, quer queira, quer não, se a gente não liga a televisão, a empregada liga. De modo que a gente fica ouvindo aqueles anúncios e evidentemente o ouvido acaba habituado e na hora de escolher um produto entre três ou quatro, vem aquele da televisão. Isso forçosamente acontece quando há uma predisposição para o programa. É uma tentação inclusive, anúncios horrorosos, enjoados, mas esses são aqueles que marcam também, não só anúncio bom, o ruim também marca porque é alvo dos comentários: Puxa, que anúncio horroroso da empresa tal, do produto xis. Agora, obteve o efeito da propaganda, porque atingiu, aquele anúncio, está se falando dele. Quer dizer, sem querer, a pessoa faz pra ele. Mas eu acho muito mais dinâmico, hoje em dia, e com a facilidade dos meios de difusão.
DOC. -  Você acha (inint.)
LOC. -  Olha, eu não sei, eu não, não tenho observação assim sobre isso não. É possível. Inclusive, eh, na televisão, não, mas (inint.) em termos gerais (inint.) revistas, mudam as cores, as cores realmente mudam. Chamam atenção, ele procura a combinação de cores para chamar a atenção, exploram muito, a publicidade. Aí vai também, estão explorando demais, atualmente, do sexo, tudo, até pra fumar cigarro, elas são geniais, são muito geniais, eh, um (inint.) como é? Um antes, outro depois. Realmente tem. Mas tudo, qualquer anúncio, hoje em dia, pode ser até de uma pomada pro, pro tornozelo, tem uma mulher nua, não é ?
DOC. -  Ham, ham.
LOC. -  Pomada para o tornozelo, aparecendo só uma, um, uma faixa, sei l'a, emfim, uma túnica e aparecendo só o tornozelo e a exploração muito de cores, pelo menos na TV (inint.) vermelho, amarelo e verde, não sei por quê, vermelho, amarelo, verde, preto predominando e também a parte de sexo muito grande, pelo menos nesse, nesse setor. De qualquer forma, a gente chama a atenção, estou falando é porque sem querer a gente vê, olha e registra, né?
DOC. -  Em termos da linguagem, você nota alguma, alguma coisa, algum ...
LOC. -  Linguagem?
DOC. -  Sim.
LOC. -  Linguagem nossa?
DOC. -  A linguagem da propaganda.
LOC. -  Da propaganda? Ah, a gíria é que começou a predominar, está predominando. Eu diria, é a comunicação também, né, é mais fácil. Tem vários exemplos aí, bota (risos) sujeito antipático, como eu vi ontem, eh, aquele metido a simpático, cara simpático, fora da lei. A televisão com, com anúncios em termos de gírias o tempo todo. Agora, isso também do lado, do, embora a propaganda seja boa, em termos de educação isso, eh, reflete até nos filhos, problemas, gírias pra lá e pra cá: Ó, podes crer. É aquela coisa: (risos) tá legal, do barato paca. Quer dizer, eles com sete, oito anos dizem tranqüilamente, quer dizer, isso influencia. Televisão, então, pra criança é um problema porque a empregada vê, quer ver a novela, as crianças estão almoçando ou jantando, acaba vendo o negócio, sabem de tudo. Agora, gíria, já em termos de ...
DOC. -  De linguagem?
LOC. -  De linguagem, gíria, realmente, eu acho ... Mas, não está predominando não, mas está, está tendo uma, um grande incremento nesses anúncios e a gente sem querer acaba assimilando também. Acaba falando nomes que a gente jamais pensaria em falar, você acaba falando, não é, e gíria. Eu digo em torno de gíria, não palavrão. (risos) Palavrão também se diz, tem o momento adequado pra se dizer, né?
DOC. -  Hum, hum.
LOC. -  (risos) Mas não é sempre, não deve ser sempre. Mas tem uns momentos que realmente o palavrão se faz necessário, não é?
DOC. -  Está bom.