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PROJETO NURC-RJ

Tema: "Corpo Humano"

Inquérito 0354

Locutor 434
Sexo masculino, 59 anos de idade, pais cariocas
Profissão: arquiteto
Zona residencial: Norte e Suburbana

Data do registro: 12 de junho de 1977
Duração: 51 minutos


Som Clique aqui e ouça a narração do texto


L
 (inint.) aspecto fisiológico, não é (sup.)
D
 (sup.) Exatamente, exatamente. O senhor poderia ... Como é que o senhor, por exemplo, se vê em relação a sua senhora. Ela é mais alta do que o senhor, é mais baixa, são parecidos, eh, como é?
L
 Eu sou mais alto (sup.)
D
 (sup.) Sei (sup.)
L
 (sup.) Ela é um pouco mais baixa (sup.)
D
 (sup.) Sim (sup.)
L
 (sup.) Nas expressões mais delicadas, certo? Já está começando?
D
 Já, o senhor pode falar o que o senhor quiser.
L
 Ah, sei. (riso) Bem, em primeiro lugar, eu gostaria de focalizar a importância do nosso corpo. Porque, segundo a espiritualidade, ele é a morada da alma. Então, se, espiritualmente, nós, nesta vivência terrestre, estamos em busca de um aperfeiçoamento e de uma elevação espiritual, não poderemos obter, atingir esses objetivos sem cuidar, com extremo cuidado, da saúde deste corpo, que é um verdadeiro relicário que o Todo Poderoso nos concedeu para justamente, através das sucessivas vivências terrestres, termos a possibilidade desta busca, desta elevação espiritual. Nós, seres humanos, somos seres que pensamos, sentimos e queremos. E o pensamento e o sentimento e a ação não seriam possíveis sem a manifestação fisiológica deste corpo que nos foi legado. Então este corpo é a sede do pensamento através de nosso cérebro. Este corpo é a sede de nosso sentimento através de nosso coração. Este corpo é a manifestação da ação através da atividade de nossos membros. Então ele é uma peça importantíssima. Ele foi criado pelo supremo criador de todos os universos, de todos os seres e de todas as coisas dentro da mais perfeita estética. Nós, geometricamente, somos inscritos dentro de um polígono, um pentágono estrelado. Somos uma estrela de cinco pontas como que o criador querendo simbolicamente nos despertar para que busquemos a perfeição do mundo material, que equivaleria ao resplandecimento de uma estrela no mundo espiritual, somando-se, por conseguinte, uma representação estrelar.
D
 Nessa forma estética como é o que o senhor poderia descrever (sup.)
L
 (sup.) Nesta forma estética, segundo eu disse há pouco, nós somos configurados dentro da rigorosa expressão do número de ouro, desta seção áurea. Evidentemente que o criador criou todo esse universo através dos seres humanos, dos seres animais, dos seres vegetais, dos seres minerais. O criador, na sua manifestação e criaç~ao, nos manifesta uma variedade dentro da unidade. Se, comparativamente, dentro dos três reinos da natureza, há em cada um deles miríades de formas, dentro do reino hominal, o homem, o criador também manifestou essa variedade dentro da unidade. De maneira que nunca seremos iguais, fisicamente, porque evidentemente que a nossa origem, a nossa fonte é diversa, e pai e mãe. Evidentemente que Deus, nessa variedade dentro da unidade, disseminou a raça humana através dos continentes, dando-lhe em função de condições geofísicas e climatéricas, evidentemente, modelou, plasmou a forma da figura humana em função dessas mesmas condições do meio ambiente a que essas criaturas pertencem. Então, surgiram as raças. E raças com formas plásticas diversas, não só quanto a sua própria forma, mas quanto também a sua cor. E isto vem confirmar esse princípio fundamental da composição da criação de Deus: a unidade dentro da variedade. Então as raças humanas se diversificam através dos sucessi... dos diversos continentes. Nos continentes elas também se diversificam e nos próprios países de grande extensão territorial, como o Brasil, nós encontraremos quase que uma confederação de outros países. Então, no tipo brasileiro, nós vamos encontrar diversas tendências, diversas manifestações de formas diferentes.
D
 O senhor compara sulista com nordestino (sup.)
L
 (sup.) É (sup.)
D
 (sup.) Quais seriam as diferenças físicas que o senhor apontaria assim mais depressa?
L
 Na questão assim, ah, quanto à forma volumétrica, o tipo sulista com maior volume, digamos, não só na complei... na sua compleição como na sua estatura. Quanto ao nordestino, de estatura mais mediana e de menos compleição. Vamos encontrar um tipo int... intermediário que seria o da zona, digamos, central-oeste. Mas essa diversificação não se manifesta tão somente através, digamos, da compleição, mas através também daquele privilégio divino que Deus nos concedeu, que é o uso da palavra falada. Então nós vamos encontrar o sotaque, pronúncias diferentes em diversos rincões do Brasil, culminando essa diferença maior entre o extremo-norte e o extremo-sul. E ...
D
 Em matéria assim de traços fisionômicos, de... o sul desenvolveu um tipo, com que características o senhor normalmente (inint.) o centro (inint.) o norte, nordeste (sup.)
L
 (sup.) Nós sentimos que (sup.)
D
 (sup.) O tipo de cabelo, como é que o senhor (sup.)
L
 (sup.) É, como o tipo humano é função também, como eu disse inicialmente, de influência de condições climatéricas e geofísicas, o sulista tem a pele mais clara, evidentemente por estar submetido à incidência de raios solares com menor força, digamos assim, com menor intensidade, do que o tipo nordestino, que já está na zona, podemos considerar, tórrida do planeta. Então a influência solar ditou diferenças de ação no pigmento cutâneo do tipo sulista em relação com o do nordestino. Quanto à questão da fonética também depende dessas condições do meio ambiente e também nisso influi a própria constituição física também do, do próprio ser humano. De uma maneira geral, nós sentimos que, não sou técnico em questão de fonologia, mas assim, `a priori', eu sinto que o padrão que deveríamos considerar mais em termos de uma melhor fonética estaria situado não no extremo-norte, não no extremo-sul, mas, digamos, na faixa central. Esse tipo, que poderia estar situado no Rio de Janeiro, Espírito Santo ou Minas Gerais, mas me parece mais no Rio de Janeiro, porque me parece que já há estudos prosseguidos anteriormente sobre essa questão da melhor fonética do tipo nacional, e me parece que foi o tipo do Rio de Janeiro, o carioca, considerado mais como um padrão, que representasse realmente as características melhores da fonética nacional, é evidente que esse tipo está justamente sujeito a condições de (inint.) digamos, de uma temperança e de influ... influências climatéricas do norte e as do sul.
D
 Então os do sul teriam a pele mais clara e os do norte e nordeste teriam (sup.)
L
 (sup.) Peles mais, eh, escurecidas, influência da, do, do clima, mas (sup.)
D
 (sup.) Sim. E assim, por exemplo, de rosto, feitio de rosto, de cabelo (inint./sup.)
L
 (sup.) O tipo sulista, pela própria influência climáterica, aproximando-se mais do pólo sul, ele se define mais com as características do tipo europeu, anglo-saxônico. Nós sabemos a influência anglo-saxônica, principalmente dos alemães, no sul do país. Já o tipo nordestino, ele se apos... apresenta, eh, com o rosto, por exemplo, talvez com uma dominante mais horizontal, com a saliência facial das maçãs, que são caracteres que devam ter também sua origem em função do clima, do meio ambiente. E acredito que estas condições todas que geraram esses tipos assim diferentes influíram consideravelmente na parte da emissão do som, se o corpo difere, evidentemente que o aparelho da fonação, da voz, não poderia ficar também do mesmo tipo (sup.)
D
 (sup.) O senhor tem assim idéia de quais são os orgãos que entram na, no processo da fonação?
L
 Bom, inicialmente nós temos a boca, não é, a boca, a laringe, né, que é o orgão da voz, e evidentemente que essa emissão da voz depende de uma força, força essa que não poderia ser promanada a não ser através dos pulmões, né? De maneira que (sup.)
D
 (sup.) A matéria-prima, o som (sup.)
L
 (sup.) Esse conjunto da caixa toráxica e da garganta forma, me parece, a sede do aparelho da fonação.
D
 Qual é a matéria-prima que tem de ser absorvida (sup.)
L
 (sup.) Ah, sim, teria que haver sempre a, esta troca do ar atmosférico, não é? A inspiração para possibilitar a emissão da voz, que seria uma espécie de expiração, não é?
D
 O senhor falou em raças, será que o senhor poderia descrever as diferenças, as diferentes raças e as características de cada uma delas no sistema Terra?
L
 Bem, a raça branca, ela se caracteriza pela predominância do pigmento corante branco e são raças que, de preferência, elas se localizaram nos extremos, pólos, né? Nas regiões mais perto dos pólos. Evidentemente que nós sabemos que geograficamente os pólos da terra recebem a incidência dos raios solares já quase que tangencialmente, então evidentemente que essa temperatura gerou uma pele mais branca. Ao contrário, as populações que se aproximam da, o equador, da zona tórrida, recebem incidentalmente a influência dos raios solares, daí a sua cor ser mais escura. Então nós teríamos, quanto à cor, a raça branca, a raça preta, a raça amarela e a raça vermelha. A raça vermelha, dos indígenas, dos povos principalmente que habitavam primitivamente a América do Norte, né, considerados os índios vermelhos. A raça amarela, no oriente, e a raça negra, na África, que naturalmente situa-se bem sob a influência do equador (sup.)
D
 (sup.) E assim do traço do rosto dos orientais que chamam imediatamente a atenção.
L
 É, a questão dos olhos, né (sup.)
D
 (sup.) Como são os olhos?
L
 Os olhos dos chineses e japoneses, não sabemos por que razão, eles se caracterizam pela face longitudinal, né? As pálpebras se aproximam muito, quase nos dando a impressão que eles devam ter uma certa dificuldade quanto à visibilidade, né? O normal que a gente aceita mesmo como padrão da raça humana seria a raça anglo-saxônica, primordialmente a formada pelos alemães e pelos ingleses. Nós já pertencemos ... Agora seria a caracterização das raças quanto às suas diversas origens, né? Nós somos neolatinos porque somos descendentes dos latinos. Nós conservamos os traços então característicos dos povos anglo-saxônicos, nós perdemos um pouco na estatura e a nossa tez já é um pouco mais queimada, um pouco mais morena, não conserva aquela parte tão branca dos povos mais nórdicos, porque, como disse, geograficamente, eles recebem uma influência solar bem menor do que a que nós aqui na América do Sul já recebemos.
D
 E das partes assim do corpo humano, quais seriam elas?
L
 Bem, como nós sabemos, o corpo humano se divide em três partes, né, cabeça, tronco e membros. Na cabeça, nós temos dois grandes grupos de ossos. Nós temos os ossos da face e os ossos do crânio. Nos ossos do crânio, nós temos os dois temporais e os dois parietais. Nos ossos da face, nós temos dois malares, dois nasais, dois maxilares superiores, um maxilar inferior, a mandíbula. Isso assim em termos gerais. Assim como a parte do nosso corpo, o tronco. O tronco se divide em duas cinturas: a cintura escapular, formada pelos ombros, e a cintura pelviana, formada pela bacia. Ligando essas duas cinturas e dando a parte erecta do corpo humano, nós temos a coluna vertebral, que se apresenta, como nós sabemos, com cinco regiões, se não me falha a memória, porque não sou professor mais dessa matéria, a estudei no curso secundário. Mas nós temos inicialmente a região cervical, formada, me parece, por sete vértebras, nós temos depois a região dorsal, formada por doze vértebras, se não me falha a memória, a região lombar formada por sete verbras (sic) vértebras também, a região sacra e a região coccigeana, me parece, cada uma formada também por cinco vértebras. Então nós temos, quanto ao tronco, as duas cinturas interligadas pela coluna vertebral. Quanto à terceira parte, os membros, nós sabemos que eles se dividem em membros superiores e os inferiores. Os superiores são aquilo que vulgarmente se chama os braços, mas que são braço, antebraço e mão. E os inferiores são a coxa, a perna e os pés. Como ossos, voltemos agora à segunda parte da cintura escapular, nós teríamos a caixa, formando também essa cintura, abaixo dela, a caixa toráxica, formada por costelas que também são de três tipos: as costelas verdadeiras, as falsas costelas e as costelas flutuantes.
D
 Por que que se chama de verdadeiras e falsas?
L
 As costelas verdadeiras, que são sete pares, têm este nome porque elas partem da coluna vertebral e se ligam diretamente ao osso esterno, na frente do nosso peito. As cost... costelas flutuantes (sic) são em número de três pares, porque partem da coluna vertebral mas já não se ligam ao osso esterno, elas se ligam às costelas verdadeiras. E o terceiro tipo, as costelas flutuantes, porque elas saem da coluna vertebral e ficam soltas e são em número de dois pares. Então nós teríamos sete e três e dois, nós temos um total de doze pares de costelas.
D
 Nós temos algumas artes que se ligam a uma expressão ou a uma capacidade, não é, digamos, de partes do corpo. Por exemplo, a música, o importante da música, o orgão do nosso corpo funcional, digamos, que é importante que a gente tenha desenvolvido para poder se, se dedicar efetivamente à música ...
L
 Bom, a, a, a música inicialmente, como todas as artes, e se são artes são a expressão do sentimento humano, mas quanto à música, eh, se a pessoa tiver sensibilidade musical mas não tiver o apa... aparelho auditivo, essa pessoa não poderá sentir as belezas da música, não terá capacidade de poder ouvi-la (sup.)
D
 (sup./inint.) há pessoas que conseguem perceber, né, o som até um certo ponto (sup.)
L
 (sup.) É (sup.)
D
 (sup.) E há outras pessoas têm um (sup./inint.)
L
 (sup.) É, é, hoje há aparelhos, ah, que através das vibrações podem talvez suprir a deficiência do tímpano, da bigorna, etc. para, mediante vibrações, transmitir, digamos, aquilo que as ondas sonoras fariam vibrando a membrana do tímpano, possibilitar à pessoa a audição (sup.)
D
 (sup.) As partes que compõem o aparelho auditivo e a função de cada uma dessas partes, o senhor teria uma idéia de quais sejam?
L
 Ah, sim, como também não é minha especialidade, mas nós sabemos que nós, eh, podemos apreciar o aparelho auditivo externamente com esta saliência anatômica, que nós chamaríamos do pavilhão, não é, depois nós temos o conduto auditivo externo, que forma uma verdadeira, um verdadeiro cone acústico, uma verdadeira trombeta. E a parte terceira, interior, que é a parte receptiva, cujas peças principais são o tímpano, através da sua membrana, e aquilo que funciona como um, uma outra parte, a bigorna e o martelo, não é? São mais ou menos assim, porque faz anos e anos que a gente ... Mas poderíamos admitir o aparelho auditivo como dividido em três partes, né, fundamentais.
D
 Mas o som, som seria uma espécie de estímulo que é levado ao cérebro, o senhor falou no início que o cérebro é uma coisa importantíssima. E é, nós sabemos (sup.)
L
 (sup.) É (sup.)
D
 (sup.) O senhor tem idéia da, do que compõe o cérebro, da, das diversas partes da, e os nomes que essas, essas partes recebem?
L
 Bem, se também não me falha a memória, o cérebro compõe-se da, da, da ... Propriamente, vamos chamar assim, o cérebro, o cerebelo, e o bulbo raquidiano. São três partes características que formam, digamos assim, o nosso aparelho cerebral, não é, aparelho este que é a sede do nosso pensamento, não é?
D
 Mas o cérebro é um órgão importantíssimo com relação ao, ao resto do corpo, determinadas (inint.) físicas são determinadas pelo cérebro, não é?
L
 O nosso cérebro, através do, do, do pensamento é aquilo que nós diríamos, é o órgão diretor de toda a nossa atividade pensante e executante. Ele centraliza a cura do, o pensamento, centraliza e é a sede do pensamento, e todos os demais órgãos e toda as demais peças de nosso organismo estão na dependência das ordens emanadas deste cérebro. De maneira que a par desse conjunto, digamos, de ossos que formam o esqueleto, a par desta massa plástica que reveste esses ossos, dando a plástica ao corpo, que são os tecidos, ossos e tecidos são peças dependentes das ordens do cérebro, ordens essas que se fazem transmitir através doutro sistema importantíssimo que nós temos que é o sistema nervoso.
D
 O senhor poderia nos falar um pouquinho a respeito do sistema nervoso (sup.)
L
 (sup.) O sistema, eh (sup.)
D
 (sup.) O que é, o que são, de que se compõe, o estado (inint.)
L
 (sup.) O sistema nervoso sob o ponto de vista fisiológico ele se apresenta no nosso organismo mediante uma subdivisão em dois outros grandes sistemas, né? O sistema encéfalo-raquidiano e o sistema simpático. O sistema encéfalo-raquidiano é o que comanda. Recebendo ordens do centro diretor, o cérebro, ele comanda toda a parte de manifestação, de apreensão, de locomoção ou de quaisquer outras, digamos, manifestações de ordem física, quanto ao movimento do corpo humano. Já o outro sistema do grande simpático, ou do simpático, ele regula todas as funções de ordem vegetativa, as funções de ordem, digamos, alimentícia. Então ele vai comandar toda esta parte de nosso abdômen, implicando nos seus respectivos órgãos: o fígado (sup.)
D
 (sup) Que órgãos? (sup.)
L
 (sup.) O fígado, o pâncreas, o baço, o estômago, o intestino e os rins.
D
 O senhor poderia falar da função específica de cada um desses órgãos?
L
 Bem, eh, essa parte de, de, de (sup.)
D
 (sup.) Estamos aproveitando porque o senhor sabe (sup.)
L
 (sup.) É exato, porque (sup.)
D
 (sup.) Mesmo porque não é qualquer pessoa que falaria como o senhor está falando sobre o assunto, não é (sup.)
L
 (sup./riso) Essa, ah, por exemplo, falar sobre esse conjunto de órgãos que constituem, digamos assim, os meios pelos quais se exercem as funções de ordem vegetativa, são o aparelho digestivo. Nós poderíamos, eh, compreender pri... primeiro lugar as diversas digestões que nós temos. Nós temos três digestões: digestão bucal, a digestão estomacal e a digestão intestinal. Na digestão estomacal há a impregnação dos alimentos por um fermento fabricado pelas glândulas salivares que são de três tipos (sup.)
D
 (sup.) Sim (sup.)
L
 (sup.) Acho que as glândulas salivares parietais, as glândulas salivares sublinguais e são, o outro tipo, me parece que são as parótidas, as amígdalas, aliás, as amígdalas. Eu não ... Faz anos e anos, também. Mas essas três glândulas fabricam um suco onde predomina a ptialina, que é o, um fermento que impregnando se nos alimentos, ele forma a primeira digestão nossa, a digestão bucal. Razão pela qual nós devemos ter o cuidado de quando estarmos nos alimentando de procurar mastigar o maior número possível de vezes os alimentos, a fim de que esse fermento, a ptialina, possa impregnar devidamente esses alimentos, para facilitar a segunda digestão, que é a digestão bucal, que vai se processar no estômago. Essa pro... essa segunda digestão, como disse, processando-se no estômago, ela, me parece, vai sofrer a influência do suco gástrico, que vai trabalhando os alimentos, já vai possibilitando um preparo de seleção desses mesmos alimentos na parte que se denomina alimentícia, daquela segunda parte que é mais importante para nós, que é a parte nutritiva. Continuando a sua trajetória, os alimentos partem para a terceira região, a parte dos intestinos. Inicialmente, os intestinos delgados, delgado. O intestino delgado divide-se em três partes, que é o duodeno, o jejuno e o ílion. Nesse intestino delgado, ele, os alimentos recebem a influência de três sucos: é o, o da bílis, que é o produto da secreção do fígado. Recebe a influência de outro suco fabricado pelo próprio intestino delgado, que é o suco entérico. E há também a influência de um outro terceiro suco que eu de momento não me recordo. No intestino delgado então houve a verdadeira separação da parte que é benéfica, que poderá ser aproveitada pelo organismo e daquela parte que não representa mais nada, que deverá então ser expelida. Esta primeira parte que se considera nutritiva, por isso que implica muito numa separação entre a alimentação, que é a ação de nós ingerirmos os alimentos, e nutrição, que é a parte que se aproveita desses alimentos. Então a diferença capital entre nós nos alimentarmos, e poderemos fazê-lo mal, e nos nutrirmos implica numa alimentação mais benéfica para o nosso organismo, mediante a qual nós poderemos ter maior soma de produtos, que nada mais são que sais e minerais e substâncias proteicas, para o reparo das nossas perdas orgânicas. Então no intestino delgado, através de vasos capilares, há a trans... digamos, tranferência dessa parte nutritiva para então esta parte sangüínea, este fluido que vai então beneficiar, vai levar o produto da alimentação aos diversos órgãos do organismo.
D
 Esses órgãos quando não funcionam bem, bom, o que acontece então são as enfermidades. O senhor tem idéia de, das doenças relativas a esses órgãos? Quais são? Como chamam?
L
 É, nós sabemos que há uma infinidade de, de doenças em decorrência (sup.)
D
 (sup.) Apenas algumas (sup./inint.)
L
 (sup.) Em decorrência da ... Em primeiro lugar, nós, seres humanos, quando, ouvi dizer, de maneira geral que maltratamos o nosso organismo, maltratamo-nos, maltratamo-lo muitas vezes em decorrência da nossa ignorância e muitas vezes em decorrência dessa parte materialista, do apetite, do prazer, da gula. Então, se esse organismo, para que ele possa bem funcionar, é uma decorrência daquilo que ingerimos, e este alimento é de duas ordens: de ordem, digamos, através do nosso aparelho nasal, o ar atmosférico, sem o que não poderia haver a nossa vida, porque é ele que nos traz o oxigênio necessário a essa manutenção. Então, o homem que muitas vezes não sabe da, bem respirar, não faz exercícios respiratórios, não aproveita o ar puro da manhã, mormente nas condições atuais, com uma poluição atmosférica que cada vez se acentua mais e mais, este mesmo homem que nem sabe, de uma maneira geral, respirar bem, então, também, não sabe bem alimentar-se. Então é notório dizer-se que o brasileiro, por exemplo, se alimenta mal, que a nossa comida, que a nossa cozinha é pesada. E as criaturas, à proporção que vão tendo maior soma de luzes intelectuais e espirituais, essa criatura vai se desprendendo dessa densidade material do alimento, então passa a ingerir alimentos mais leves, com predominância de vegetais, verduras e legumes e vai cada vez mais se emancipando na assimilação da carne, que contém muitas toxinas, muito de gordura e vai procurando substitutivos para essa mesma carne. Então as criaturas esclarecidas não sacrificam tanto o organismo na sua parte alimentícia, como as criaturas que vivem muitas vezes nas trevas da ignorância, sobrecarregando o organismo, porque essas criaturas, que vivem nas trevas da ignorância, normalmente são as criaturas propensas mais à influência de ordem material da vida, são propensas ao gozo. E isso tudo, nós sabemos, é prejudicial (sup.)
D
 (sup.) E o estômago (inint.) do aparelho digestivo. Eh, existem enfermidades que são típicas do aparelho digestivo, decorrentes da própria alimentação (sup.)
L
 (sup.) É (sup.)
D
 (sup.) Eh, digamos assim, defeituosa, mal feita. O senhor tem idéia, alguma vez o senhor teve algum problema desse tipo?
L
 É, aliás, atualmente eu estou me ressentindo um pouco. É. Mas, o, de uma maneira geral são doenças de ordem gástrica, né? E ... Nós não, não poderíamos, eu não, não, conhecer bem essa parte, eu não sou médico, mas todos nós sabemos, eh, que o estômago é quase que o primeiro sacrificado, que, se a pessoa não fez bem a sua digestão bucal, através da boa mastigação, que possibilitaria a ingerência melhor da ptialina, o estômago recebe aquela carga muitas vezes pesada, então vem o que a gente chama de gastrites, azias, e às vezes a pessoa diz que está sentindo empachamento, há criaturas às vezes que dizem até que têm a sensação que engoliram um boi, porque ele é, naturalmente, é a peça que recebe o impacto direto da má, digamos, assimilação por nossa parte dos alimentos e (sup.)
D
 (sup.) Eu acho (sup.)
L
 (sup.) Fora isso há uma doença terrível, né, que a humanidade até agora não conseguiu mesmo debelá-lo, que é o câncer, né, que muitas vezes se manifesta justamente no aparelho digestivo, né, através do estômago (sup.)
D
 (sup.) Mas aparece também em outras regiões do corpo, né (sup.)
L
 (sup.) É (sup.)
D
 (sup.) O senhor não poderia isolar (inint.) os elementos do corpo humano, né (sup.)
L
 (sup.) É (sup.)
D
 (sup.) Então o órgão onde fica justamente essa parte de (inint.)
L
 (sup.) Bom, a respiração, o aparelho respiratório, ele se compõe desse órgão externo que é o nariz, representado pelas fossas nasais. Este ar é introduzido aos pulmões que são o órgão base da respiração através daquilo que nós podíamos chamar a própria, a laringe, né, a fa... faringe e depois então, né, há uma ramificação nos brônquios e esses brônquios se ramificam em bronquíolos e os bronquíolos se ramificam em uma infinidade de orifícios que são chamados alvéolos pulmonares. É justamente nos alvéolos pulmonares que se faz, digamos, aquela combustão do ar que nós recebemos, cujo elemento primordial é o oxigênio, é nos alvéolos pulmonares que se faz a troca. O sangue que voltou ao organismo, venoso, que vem rubro, enegrecido, carregado de impurezas, ele se queima nos alvéolos pulmonares sofrendo a combustão do oxigênio. Essa combustão, este, esta queima, como poderemos dizer, vai formar no organismo humano a hemoglobina, que é o elemento, me parece, também isso faz anos e anos, é aquele elemento que vai realmente nutrir o organismo. Então este sangue que vai ter ao pulmão, onde se processam as trocas pulmonares e que vem carregado de impurezas, ele se purifica e volta novamente a percorrer o organismo humano, através das artérias, reparando todas as perdas orgânicas.
D
 Não, espera um instantinho aqui (inint.) o tempo (sup.)
L
 (sup.) O tempo (sup.)
D
 (sup.) Comparando numa criança, comparando num adulto, comparando num senhor de idade, como é que o corpo humano recebe, essa mutação, como é (inint.)
L
 Bem, o ser humano, como todos os corpos que existem no (inint.) todos eles nascem, todos eles se desenvolvem e todos eles têm a sua fase de decréscimo, de decadência, e, finalmente, aparentemente, morrem. Para nós espiritualistas não existe a morte, a morte é um eterno renascer. E, em termos de ciência oficial, o que se poderia admitir não é a morte, porque o que existe realmente é a transformação da matéria. Então, segundo Lavoisier, na natureza nada de perde, nada se cria, tudo se transforma. Se tudo se transforma, então nada morreu, nada desapareceu, houve apenas uma metamorfose. Então todos os seres têm, e o ser humano, é característico, nós temos, nós aqui no Brasil, poderia se admitir uma vida em torno de cinqüenta a sessenta anos. Porque quanto mais essa humanidade avança na tecnologia, mais nós apressamos a nossa vida nesse planeta, muito pelo abuso dessa tecnologia, não é, não saber bem empregá-la. Cada vez vamos encurtando mais a nossa existência. Então o ser humano é aquela criatura que nasce, cresce, se desenvolve, depois vem a fase do declínio, envelhecimento e, aparentemente, morte. Poder-se-ia admitir a infância até a faixa, digamos, até uns sete (sup.)
D
 (sup./inint.) a pele? Uma criança e o senhor, que aspecto físico, que acontecimentos (inint.) é evidente.
L
 Bom, a criança, é evidente, como nasceu e como não está ainda sujeita às influências de ordem climatérica e ela não, não, seu pigmento não é queimado, então essa criança tem a pele mais clara. À proporção que vai vivendo, evidentemente, vai essa pele sofrendo, digamos, esta, diríamos assim, esta queima, seria uma espécie de oxidação do ar atmosférico, como acontece com os metais e como acontece quando nós nos expomos demais ao sol nas praias, nós queimamos esse pigmento corante e, evidentemente, bronzeamos a pele, né, quando quase, muitas vezes, a enegrecemos, né? De maneira que esta questão é, da mudança da tonalidade da pele humana, é uma decorrência, me parece, da vivência, dessa mesma pele mais clara, na infância (sup.)
D
 (sup.) Mas era só na tonalidade ou havia (inint./sup.)
L
 (sup.) Ah, quanto à sua textura também, quanto à sua tessitura, a epiderme também, conforme nós vamos envelhecendo, eu estou sentindo isso agora nas costas das minhas mãos, a pele vai se tornando, apresentando uma morfologia geométrica quase como se fossem cristais, o que denota o seu empobrecimento, o seu envelhecimento, não é?
D
 O senhor usa óculos por quê?
L
 Bom, o fato de eu usar óculos é decorrência mais de dois descolamentos de retina que eu tive.
D
 Então eu queria que o senhor falasse um pouco do, dos olhos, da vista, o senhor poderia (inint./sup.) dos detalhes, eh, poderia descrever assim (sup./inint.)
L
 (sup.) Também (sup.)
D
 (sup./inint.) grau de miopia (inint.) do problema (sup.)
L
 (sup.) É, né? Sei. O meu não sei bem se foi parte emotiva, porque os médicos não sabem definir bem as, quais as causas do descolamento de retina. Há várias origens, pode ser sistema nervoso, pode ser o aspecto emocional, digamos, angústia, pode ser empobrecimento do tecido da retina, entendeu? Às vezes o descolamento é conseqüência, digamos, de um acidente, de um baque. A pessoa pode bater com a cabeça ou alguma coisa lhe bater no olho. De maneira que a primeira vez que eu tive descolamento, ele se manifestou através de uma grande ruptura neste olho direito e, indo ao, ao médico oculista, constatou-se que não bastaria apenas operar. Face à extensão do rasgo, era preciso completar com a fotocoagulação. E na época tive a felicidade de ser atendido pelo doutor Nélson Moura Brasil, que na época ... Não sei se hoje algum hospital já tem um aparelho de fotocoagulação, procedência alemã. Me parece que o instituto (sup.)
D
 (sup.) Só ele.
L
 É, mas na época só ele. É. Então, dois outros médicos, face a que havia esta necessidade de uma complementação com fotocoagulação, acharam que eu estaria em boas mãos me operando e complementando o tratamento com ele. E foi o que aconteceu. Fui muito bem sucedido, a operação durou hora e meia. A pessoa olha para mim, não vê, mas eu tenho esta vista encurtada porque deram uma verdadeira laçada para diminuir o globo ocular para preveni-lo contra uma eventual ruptura futura. Mas dois anos mais tarde eu tive novo descolamento na outra vista. Mas neste outro órgão o descolamento foi na crista, na parte superior da retina. O doutor Moura Brasil tentou ver se eu aquiescia em novamente me operar, mas eu não tinha condições, digamos, psicológicas para me submeter novamente a uma operação (sup.)
D
 (sup./inint.)
L
 (sup.) É um tratamento muito demorado e muito sacrificial. Então eu achei que se a foto pudesse resguardar a minha vista, eu não faria essa operação. Então foi o que ele fez. Ele fez um colar, como se chama, de pérolas, que é um verdadeiro colar de rebites, quatro foto... quarenta fotoscoagulação (sic) e reteve a retina, e a parte superior, que não pôde ser restaurada, ficou que nem um babado, ela está solta. Mas houve a fixação da retina através dessa barreira que ele fez.
D
 O senhor falou em retina, globo ocular, quais seriam, quais as outras partes que compõem o (inint.)
L
 Bom, o globo ocular, nós temos a parte externa que é a chamada o, o humor aquoso. Nós temos a ... Não, não, o humor aquoso, me parece que é a parte interna. Nós temos a parte ex... eh, externa, que é essa película do, me escapa o nome agora, mas a parte central nós temos a, o cristalino e a íris. A íris é a chamada a menina dos olhos, esse orifício que é resultante da maior aproximação ou dilatação da, do cristalino. Posteriormente nós temos, então, formando, digamos, como se fosse a estrutura geral do corpo humano, as três membranas, que são a, as, a retina, a esclerótica e a coroidéa. Não sei bem a ordem delas. Também faz muito tempo. Sei que são três membranas importantes. Mas a imagem visual ela é captada pela retina, que é a primeira dessas membranas. E não é toda a retina que capta a, o, a imagem visual. Há um ponto que é importantíssimo e tanto que se esse ponto for atingido a pessoa pode perder a visão e é os, o que os médicos chamam de mancha amarela. É na mancha amarela que há a focalização da imagem que é transmitida então ao cérebro.
D
 Além do, do problema que o senhor teve com a sua vista, há outros problemas que podem acontecer também.
L
 Ah, sim, há inúmeras outras doenças, não é (sup.)
D
 (sup./inint.)
L
 (sup.) Uma que não tem por exemplo cura, me escapa o nome agora, eh, mas nós temos a, aquela outra que é formada por uma capa que vai, digamos, envolvendo (sup.)
D
 (sup.) Uma película (sup.)
L
 (sup.) Uma película branca, né? Eh, agora também me escapa o nome mas há uma doença terrível que esta tam... também não tem, não tem cura, também o nome no momento me escapa.
D
 Hum? Não, só um instantinho, ainda tem um pouquinho de fita aqui. Seus filhos têm algum problema na vista?
L
 Não, o único que teve e aliás foi novidade na família foi, fui eu. Aliás naquela época não se costumava falar em descolamento de retina. Eu, por exemplo, que me dedicava aos estudos, cursei várias faculdades, não, nunca ouvia, nunca tinha ouvido falar nesta questão de descolamento da retina. Foi uma novidade para mim. E a minha sorte é que o descolamento se processou logo após a invenção deste aparelho. Porque milhares e milhares de criaturas no Brasil, mormente no norte, ficaram cegas por falta desse recurso cirúrgico, né?
D

  (inint.) o relógio ... Está bom