« MAPA «
PROJETO NURC-RJ

DIÁLOGOS ENTRE INFORMANTE E DOCUMENTADOR (DID):

Tema: "Transportes e viagens"
Inquérito 0033
Locutor 0041 - Sexo masculino, 41 anos de idade, pais cariocas, anallista de sistema. Zona residencial: Sul e Suburbana
Data do registro: 08 de dezembro de 1972
Duração: 40 minutos


Som Clique aqui e ouça a narração do texto


LOC. -  No avião que eu tinha um pavor do avião, quer dizer, é uma coisa que está sempre na minha cabeça. Hoje em dia eu viajo mais descansado mas, um pouco mais descansado mas tenho um certo medo ainda. Sou muito obrigado a, a, a andar de avião, a viajar de avião pra lá e pra fora. Outr... outras viagens, essas são viagens de negócio, eh, outras viagens são viagens de, a passeio. Tenho um carro, que eu gosto muito de andar de carro, gosto de dirigir estrada e quê mais? Transporte é barco que às vezes vou pra Paquetá, nós temos uma casinha lá. Sobre, ma... mas, como assim? É uma coisa vaga. Falar o quê, sobre dificuldades de transporte? (sup.)
DOC. -  (sup.) Você tem carro?
LOC. -  Tenho carro (sup.)
DOC. -  (sup.) Você pode falar sobre dificuldades.
LOC. -  Eu não tenho nenhuma dificuldade de transporte, porque a empresa fica aqui na saída da, do, do, do aterro, né, de forma que eu jamais enfrento a cidade com, com carro. Eu venho, em geral venho cedo, venho sete horas para cá e é tudo bastante fácil, não não ... O transporte não é uma coisa assim que me, me cause problemas. São muito fácil. Transporte pro trabalho, né?
DOC. -  O seu carro o senhor podia descrever pra gente, como ele é?
LOC. -  Ah, meu carro é um carro muito bom. É um Corcel GT e já estou pegando uma certa afinidade com ele. É um carro novo. Eu estou com ele há uns seis meses. E, e carro também a gente se acostuma. Tudo. Então agora eu est... no princípio não gostava dele, agora eu estou começando a gostar. Qualquer dia então vou começar a fazer estrada e andar.
DOC. -  Qual eram as vantagens e as desvantagens que você via e vê no carro?
LOC. -  As vantagens é que eu, eu gosto de carro, quer dizer, sou metido a conhecer carros. Então quando ele veio eu acreditava que, enfim, ele não, não se revelou aquilo que eu esperava imediatamente. Eu comprei um GT, então achava que era um carro de grande potência, de grande arrancada, quer dizer, coisas dessa ordem, entende? E na verdade ele não era. Comecei achar que ele era um carro pesado demais pro motor que tinha. Mas tudo é na dificuldade da, da transição, não é ? Hoje eu já estou começando a verificar que na, na, no tipo de carro, quer dizer, no preço, quer dizer, no tamanho é um carro assim absolutamente genial, né? Estou muito satisfeito.
DOC. -  Já deu algum problema?
LOC. -  Não, não. Nunca deu problema não.
DOC. -  Nenhum?
LOC. -  Os carros nacionais estão todos muito bons, né? Tanto faz. Cada um que, que, que compra um carro novo fica maravilhado depois de um certo tempo. Isso já de muitos anos pra cá. Os carros são bons em geral. Agora carro é muito temperamento, né? Tem o sujeito que compra o Volkswagem. Se não comprar o Volkswagem, ele compra o Opala, que é Chevrolet. São pessoas assim mais práticas, né? Quer dizer, o camarada de Corcel, quer dizer, é o mesmo camarada do, eh, encarna o europeu, ele vai no Jaguar, quer dizer, quando não tinha o Corcel ele provavelmente ia pro Simca Esplanada. Quer dizer, são carros assim mais esportivos, dão muito mais trabalho, quer dizer, mas pelo menos a gente imagina que, eh (sup.)
DOC. -  (sup.) Dão mais trabalho por quê? (sup.)
LOC. -  (sup.) Que têm mais 'performance`. Porque eles são mais, eh, e eles têm certos dispositivos. Os carros mais simples não têm. Então quanto mais coisa tem, quer dizer, mais escangalha, mais dá trabalho, mais desarranja. Então o carro que é mais simples, mais prático, ele não tem 'performance`, não te dá certos prazeres, mas também não te dá certas amolações.
DOC. -  O seu carro é um carro simples (inint.)
LOC. -  Não. Meu carro é, quer dizer, na modalidade do Corcel é mais complicado, quer dizer, eu sempre escolho as coisas mais complicadas. (riso)
DOC. -  Como é que, como é que é um carro? O que que um carro tem? O seu, por exemplo, por dentro. Por dentro, por dentro.
LOC. -  Bom, as coisas que eu vejo, bom, ele tem o que todo carro tem (sup.)
DOC. -  (sup.) Então o que é isso? (sup.)
LOC. -  (sup.) Agora, quer dizer, de especial ele tem um conta-giro, que é uma, que é um dispositivo que só os carros assim mais elaborados têm, pra você saber quantos giros a máquina está dando, pra ajudar a fazer as mudanças, saber se você está esforçando o carro. Quer dizer, isso é a grande vantagem que eu vejo nele, isso é que ele tem, quer dizer, ele tem um painel muito bonito que tem um termômetro, que os carros mais simples não têm. Eu sei exatamente a temperatura em que ele está, entende, quer dizer, não assim está no, na, na faixa perigosa, agora eu sei que ele está a oitenta graus, está a oitenta e dois, oitenta e três, posso controlar, quer dizer, então as coisas que, a única coisa que realmente me falta nele seria um relógio, quer dizer ...
DOC. -  Um o quê?
LOC. -  Um relógio. Os carros assim mais elaborados eles também têm um reloginho. Os bancos são muito confortáveis (inint.) viagem daqui pra Vitória logo que apanhei, que o apanhei na agência e tive que ir muito devagar, porque o carro estava, estava sendo amaciado. E, quer dizer, nove horas de estrada depois de chegar em Niterói, atravessar a barca e eu cheguei pra um jantar, quer dizer, estavam me esperando. Cheguei duas horas atrasado, mas cheguei novo, como se não tivesse feito nada, quer dizer, o carro realmente é um carro muito confortável. E as características boas dele por dentro são, são essas: eh, conta-giros, um, um painel muito completo, o banco de quem dirige muito confortável.
DOC. -  Quantas mudanças ele tem?
LOC. -  Tem quatro pra frente e uma marcha à ré.
DOC. -  Você não podia especificar essas, essas três primeiras?
LOC. -  Essas o quê?
DOC. -  As três primeiras mudanças. Você já falou na marcha à ré.
LOC. -  É.
DOC. -  E as três (sup.)
LOC. -  (sup.) Não, são quatro. Espera aí. São quatro? São quatro, quatro pra frente, não é isso? Especificar? Ahn, a primeira é a primeira, quer dizer, é uma mudança, quer dizer, que em geral em todo carro é, é a marcha de força pra arrancar ele do chão ou pra enfrentar, quer dizer, grandes declives. A primeira dele eu não gosto muito, porque ela é muito limitada. A segunda é bastante boa, ela vai quase até noventa quilômetros. A terceira é uma marcha que eu não me acostumei bem ainda com ele, é uma, seria teoricamente uma marcha ainda de força, mas ele, como se diz, quer dizer, às vezes eu estou em terceira, não quero mudar e calco o acelerador e ele refuga, ele, ele não responde. Essas são as três. A quarta é comum mesmo.
DOC. -  Antes de entrarmos também no, noutras partes.
LOC. -  Sim.
DOC. -  Você podia comparar o que você já teve com o que você tem agora, eh, as vantagens, desvantagens.
LOC. -  Bom, ele, ele ainda está levando desvantagem, porque os outros carros eu fi... eu em geral fiquei por muito tempo, muito tempo com eles. Quando você fica muito tempo com um carro, você se entrega de tal forma pra ele, parece que é uma coisa só. Então e, e conforme o tempo vai passando você vai caindo de amores pelo carro, né? Eh, o carro propriamente que eu tive mais amor é o carro mais ordinário do mundo, guardo ele até hoje, está lá em casa, quer dizer, eh, eu quis, perguntei o preço, quanto me dariam por ele, me deram quatrocentos cruzeiros, quer dizer, entende? (sup.)
DOC. -  (sup.) Qual é o carro?
LOC. -  É, é, é um Gordini Teimoso, quer dizer, mas eu acho um carro genial, questão de máquina, de peso potência. Bom, além disso ele é cheio de, de, de passagens afetivas, coisas interessantes que ... Enfim, o, o carro é, é, este carro pra mim foi de uma dureza, suportou tudo, agüentou tudo, quer dizer, então eu conservo e agora estou embelezando. Apesar de ele não funcionar mais, funciona poucas vezes, quer dizer, estou consertando ele todinho pra fazer um, um grande calhambeque daqui a dez ou quinze anos. Bom, um outro carro que eu tive que me lembro muito foi um Jaguar, quer dizer, mas isso é carro de outro padrão, né? Esse tinha um reloginho, tinha tudo, era um carro maravilhoso, eu ... Acabou numa batida com um caminhão e, e pronto.
DOC. -  O que que os outros carros têm, por exemplo, que depois a gente vê, qual a velocidade, se está caindo, etc. Tudo que tem assim na frente.
LOC. -  Ah, esse meu carro, por exemplo, ele tem um, começando da esquerda pra direita, no painel?
DOC. -  É.
LOC. -  Os instrumentos, quer dizer, tem o velocímetro, que mede a velocidade, tem o conta-giro, que mede a rotação da máquina, depois ele tem o marcador de pressão, depois vem o termômetro, depois vem o marcador de gasolina e depois, hum, hum, e o quatro não me lembro, é, ah, marcador de gasolina.
DOC. -  Um que marca a distância não tem?
LOC. -  Tem, mas esse é o, é o, como é que se diz, é o, é o odômetro, né? Ele está embutido dentro do, do velocímetro.
DOC. -  Hum.
LOC. -  Tem um, um deixa eu ver, tem os dois grandes que são o velocímetro e o conta-giro. Depois tem quatro pequenos que são o marcador de pressão, ahn, pressão, temperatura, gasolina. Que que falta? Pressão do óleo? Não me lembro o quarto.
DOC. -  Pra ele se movimentar como, o que é que o senhor faz (inint.) pro carro começar a funcionar? Durante a movimentação dele (sup.)
LOC. -  (sup.) Pra se movimentar, quer dizer, o que que eu faço? Eu ligo a chave. Não, primeiro eu vejo se ele está engrenado. Depois de ver se ele está engrenado, eu sou um sujeito supercauteloso, ainda puxo o freio de mão, que pode ser que eu me esqueça, quer dizer, ele imprense alguém. Bom, depois eu vou na chave, engreno a primeira, tiro o freio de mão, às vezes, às vezes me esqueço, e saio.
DOC. -  Você tem algum dispositivo dentro do seu carro, fora, não sei, pra, pra preservar ou pra (inint.) possíveis roubos (inint.).
LOC. -  Não. A única coisa que ele tem, que veio de fábrica é o, é a tranca de direção, não tem mais nada não. E inicialmente, quer dizer, eu tirava o, o cabo do distribuidor e levava na bolsa, mas dava muito trabalho, me sujava de graxa, quer dizer, e agora não faço mais nada, simplesmente deixo ele pra lá. Por enquanto não roubaram. Se roubar está no seguro.
DOC. -  Você cuida bem do seu carro (inint.)
LOC. -  Não, hoje não tenho mais tempo. Há uns anos atrás eu, eu escangalhava os carros todos que tinha, porque eu fazia mecânica, envenenava. Hoje não, hoje não. Esse, esse, esse Teimoso inclusive ele era um carro assim bastante ordinário. Eu, eu sequer botei uma gota de óleo nem nas dobradiças da porta, nunca, entende? Foi um carro assim que não tem o menor cuidado. E, e com esse também não tenho cuidado. A não ser os cuidados, eh, periodicamente, quer dizer, naquilo que está previsto no manual, quer dizer, então é trocar óleo, essas coisas eu faço. É absolutamente indispensável assim, mais nada.
DOC. -  Pra manter limpo como é que você faz?
LOC. -  Ah, manter limpo também isso é fácil, porque eu pago um sujeito pra, pra limpar todo dia. Todo dia eu quero ver limpo e se não está limpo eu mudo.
DOC. -  Se você não tivesse carro mais ou menos como você teria, como você poderia (inint.) no seu trabalho e tal pra se movimentar?
LOC. -  Bom, mas, eh, eh, eu não teria carro por quê? Por que eu não teria dinheiro?
DOC. -  (inint.\sup.)
LOC. -  (sup.) Ou por que tinha neurose? Ah. Bom, aí há dois, há duas alternativas. Eu podia não ter carro, como minha mulher não tem. Ela não tem carro, porque tem medo de carro. Então ela se movimenta só de táxi.
DOC. -  De táxi.
LOC. -  Entende, só de táxi. Bom, então também se eu tivesse dinheiro, não tivesse carro, só andava de táxi. Agora se eu não tivesse carro e não tivesse dinheiro pra andar de táxi, aí tinha que andar normalmente. A condução que existe, né, é o ônibus. Eh, satisfaz? É isso mesmo que você está perguntando?
DOC. -  É isso sim. Qual as oportunidades que (inint.) transportes (inint.) um lado pro outro (inint.)
LOC. -  Bom, se tem esses meios atuais, né? Tem, tem o navio, tem avião, tem ônibus. Que mais que eu conheço? Não tem mais nada? Sendo muito saudosista eu poderia usar o cavalo pra ir daqui até a Argentina.
DOC. -  Algum que ande por trilhos.
LOC. -  Trem? Puxa, até já tinha me esquecido do trem.
DOC. -  Alguma vez você já andou de trem?
LOC. -  Já. Eu quando morava no Méier andava de trem.
DOC. -  Você podia descrever, por exemplo, um dia que você, um dia de viagem (inint./sup.)
LOC. -  (sup.) Ah, era uma coisa terrível. Nem gosto de, de me lembrar, porque eu utilizava o trem às vezes pra chegar mais rápido, né, porque o trem levava assim quinze ou dezoito minutos até a Central. Então, quer dizer, era mais cômodo e confortável o ônibus, mas tinha sempre problema de pressa. Foi muitos anos. Puxa, vinte anos, sei lá. Mas era uma coisa dantesca, viu? Enfim, na... naquela época, quer dizer, talvez não causasse assim que apesar de (inint.) quer dizer, estou pensando naquelas impressões de uma pessoa hoje. Que na ver... naquela época eu era garoto, quer dizer, e, e aquela confusão de aperto, de desconforto talvez não, não significasse muita coisa. Mas eu sei que não era bom não.
DOC. -  Alguma vez você fez uma viagem de trem mais longa e não, quer dizer, propriamente do Rio pra outra cidade?
LOC. -  Não, de, de, eh, de trem, quer dizer, eu fui, fui a Belo Horizonte de trem. E achei muito boa a viagem. Eu fui no, no, esse trem de aço, Vera Cruz.
DOC. -  Hum. E como ele é?
LOC. -  Tive sorte que eu aluguei uma cabine só pra mim. Ele é de aço. Na ocasião ele era bastante novo, quer dizer, tinha ar refrigerado, tinha banheiro dentro, tinha uma cama que virava poltrona quando era noite. Era bastante espaçoso, quer dizer, me lembro que fui trabalhando. E, bom, isso a própria cabine, quer dizer, o serviço era péssimo, né? Restaurante era muito ruim, quer dizer, enfim, atrasou doze horas. Eu nunca mais viajei de trem. Perdi a reunião. Não quis ir de avião pra experimentar o trem e, e me dei tremendamente mal. Cheguei, era pra chegar de manhã cedinho, cheguei quase de noite em Belo Horizonte.
DOC. -  Por acaso você ainda se lembra do pessoal que trabalhava no trem?
LOC. -  Não me lembro nada não. Só me lembro eu na cabine e me lembro que o restaurante era ruim mas não me lembro do pessoal não.
DOC. -  E das partes que se compõem o trem você sabe, né? Como é que se chamam? O nome?
LOC. -  Bom, tem a locomotiva, né, quer dizer, tração e tem os vagões.
DOC. -  Não sabe por dentro? (risos) Estamos querendo realmente que você dê assim todo o vocabulário (sup.)
LOC. -  (sup.) O vocabulário? Ele deve ter umas cento (sup.)
DOC. -  (sup.) Exato (sup.)
LOC. -  (sup.) Cento e duas palavras e meia, mais ou menos assim, quer dizer, poucas palavras, né?
DOC. -  Pois 'e, tudo assim que você lembrar.
LOC. -  Não, eu, eu estou falando como eu falo normalmente, certo?
DOC. -  Mas é isso mesmo. Mas é isso mesmo.
LOC. -  Por exemplo, se eu, se vocês tivessem vindo aqui e eu tivesse acabado de conversar com o doutor R.M.F. de A. durante umas duas horas ele já (inint.) então vocês me encontrariam assim com um, com um português, uma coisa admirável, não é, usando palavras que eu sei, mas que estão esquecidas, quer dizer, ele então rememorava. Os filhos dele, a, a filha dele, a C. também, ela, ela guarda muito, muito do papo do velho R. Então uma hora de conversa com ela o nosso português sai completamente diferente. Mas normalmente você entra na, na empresa, parece que você se lembra de certas palavras e, e não utiliza.
DOC. -  Mas (sup.)
LOC. -  (sup.) Inclusive acontece muito isso, né? A... acontece nos dois sentidos. Eu tenho um amigo, compadre, que ele falando é (inint.) sujeito com uma eloqüência extraordinária. Agora, a redação dele é um negócio pobre. Tem outras pessoas que falam bastante mal, que capricham um pouco mais na redação e sai uma coisa bem melhor.
DOC. -  Claro, mas a gente está querendo é que (inint./sup.)
LOC. -  (sup.) É (sup.)
DOC. -  (sup.) Só que às vezes a gente (inint.) você, porque a gente quer realmente que você fale a área (sup.)
LOC. -  (sup.) Está certo, está certo. Eu vou colaborar. (sup.)
DOC. -  (sup.) Certo? (sup.)
LOC. -  (sup.) Eu vou responder exatamente.
DOC. -  Você já, você falou antes que viajou várias vezes de avião?
LOC. -  É.
DOC. -  Eh, quan... essas várias viagens que você fez foi sempre no mesmo tipo de avião ou foram tipos diferentes?
LOC. -  Não, quan... quando, quando as distâncias são grandes, quando se vai pro, pro norte por exemplo, então os aviões são, são de um tipo melhor, ainda mais que são a jato. A gente vai ou no Boeing ou no, enfim, são aviões a jato, quer dizer, são as viagens boas, gostosas. Você come bem, quer dizer, e bebe bem, o avião é novo. E tem essas viagens curtas, né, que são uma coisa miserável, pra São Paulo, pra Vitória, pra Belo Horizonte, você pega os piores aviões Dart Herald e esse, esse terrível avião que existe por aí, que assola o país, esse tal de, de Samurai. Ele é muito bom quando o tempo está bom, quer dizer, mas qualquer coisinha, quer dizer.
DOC. -  Esse avião Samurai é jato também?
LOC. -  Ele é turbojato. Turboélice. Mas eu tenho a impressão que ele é mal construído. De forma que balança muito, entendeu, e, e a gente sempre fica sobressaltado, né? Um avião que cai em parafuso, que pega vácuos tremendos. Esses aviões todos são muito desagradáveis. Além disso, quer dizer, o serviço é péssimo, você é tratado aos pontapés, quer dizer, viagens curtas. Quando dão um café é um café requentado, de três dias. Enfim é uma infelicidade total. Mas é rápido. Quais são os aviões? É Samurai, é Dart Herald. Quando a gente tem sorte pega um, um desse quadrimotor enorme, enfim, que desce apesar de tudo aqui no, no Santos Dumont, não sei, um avião inglês genial. Esse é bom, inclusive, esse é bom.
DOC. -  Electra.
LOC. -  Electra. Esse é muito bom. Que mais? De avião? Ah, esqueço o nome dele. Só olhando.
DOC. -  Olha, hoje, hoje não sei mais se acontece a mesma coisa mas antigamente, de um modo geral, a tripulação perguntava se os passageiros queriam conhecer o avião.
LOC. -  É.
DOC. -  As pessoas iam, iam pra aquela parte da frente onde fica a tripulação. Por acaso no avião que você viajou você conhece um pouco por dentro?
LOC. -  Olha, isso aconteceu uma vez que eu viajei de, vinha de Belém, quer dizer, e o comandante era um amigo meu. Então ele me convidou, eu não tinha a menor curiosidade de, de olhar aquele negócio na frente, mas eu dei um olhada, mas não, não posso nem me lembrar como é que é. Só sei que tinha muitos reloginhos, tinha muitos instrumentos. Fui até a cabine mas não, detalhes assim não, não me lembro.
DOC. -  O avião como o carro é movido a quê?
LOC. -  Gasolina? Eh, bem, quer dizer, o combustível é a gasolina.
DOC. -  É.
LOC. -  Às vezes é o querosene. Esse avião a jato, né? Esse Electra em questão ele, ele é a gasolina mesmo.
DOC. -  Você pra viajar você tem que fazer determinadas coisas, né? Existe todo um, todo um ato, uma preparação, um processo, não é?
LOC. -  É.
DOC. -  Pra você entrar no avião (inint.)
LOC. -  Bom, eu mando reservar a passagem e essa, essa sua pergunta vai, vai mais longe.
DOC. -  É.
LOC. -  Quê? As providências que se tomam? (sup.)
DOC. -  (sup.) É. Isso aí.
LOC. -  Numa viagem? Quer dizer, se numa viagem tal se não é uma viagem assim que pega o telefone e diz: olha, você, era bom você estar daqui a três horas em Belo Horizonte, porque está se passando isso. Então você vai correndo e não toma absolutamente providência nenhuma a não ser comprar passagem, né, e ver se está com a carteira de identidade. Eh, quando não, você sabe que passará uns poucos dias você, prepara sua mala, vê quando é que você vai, se você vai jantar, se você vai passear. No dia aprazado, na hora, você verifica se está com a carteira de identidade, sem o que você não entra no avião e a passagem e pega a malinha e vai embora.
DOC. -  Mas mesmo no próprio aeroporto também você tem que fazer determinadas coisas, né, antes de ... Quando chega no aeroporto e entra direto, não é?
LOC. -  Bom, você passa pelo, tem o balcão da, da companhia pra, eh, registrar que você está ali, né, onde você dá a passagem e a carteira de identidade, paga uma taxa de embarque, pesa a mala se tem mala e recebe um tíquete e é isso só que a gente tem que fazer.
DOC. -  Você tem, você tem um certo limite de peso, né, você pode levar (sup.)
LOC. -  (sup.) Certo (sup.)
DOC. -  (sup.) Até determinado (sup.)
LOC. -  (sup.) É (sup.)
DOC. -  (sup.) Até determinado (sup.)
LOC. -  (sup.) Perdão (sup.)
DOC. -  (sup.) Alguma vez você teve problema de ultrapassar isso? O que foi que aconteceu?
LOC. -  Tive uma vez e paguei o, o excesso de bagagem. Tive uma ou duas vezes. Normalmente eu viajo com pouca coisa. A maioria das minhas viagens são curtas. Viagens longas são poucas.
DOC. -  Alguma vez você viajou pra fora do Brasil?
LOC. -  Não.
DOC. -  E essa viagem que você (inint.) você salta em algum lugar pra onde você vai ou você faz outras viagens ou vai direto?
LOC. -  Não, normalmente, quer dizer, eu vou direto.
DOC. -  Se você não for direto, o que é que acontece?
LOC. -  Bom, nun... nunca sucedeu isso mas eu posso imaginar. Se eu chegasse, se fosse uma cidade que não tivesse aeroporto, digamos.
DOC. -  Mas tem (inint.) Porto Alegre. Você pega uma avião aqui, desce em Porto Alegre.
LOC. -  Hum. Você faz a baldeação.
DOC. -  Você já esteve em outras cidades de Minas, Belém, São Paulo?
LOC. -  Vitória, Goiânia (sup.)
DOC. -  (sup.) Vitória (sup.)
LOC. -  (sup.) São Paulo (sup.)
DOC. -  (sup.) Nessas cidades como é que você fazia pra se movimentar?
LOC. -  Táxi.
DOC. -  Sempre de táxi?
LOC. -  Eu tomava táxi. É, nunca, táxi. Em muitos lugares me botam um automóvel à disposição. Às vezes arranjo um automóvel emprestado, às vezes alugo um carro.
DOC. -  A sua empresa ela, ela tem, ela tem veículos pra utilização?
LOC. -  Não, não. Cada um aqui tem seu carro.
DOC. -  Não existe um veículo pra cada um?
LOC. -  Não, não existe. A empresa é pequena, não comporta isso.
DOC. -  E além desses transportes, eh, avião, automóvel, trem, você nunca utilizou nenhum outro pra viagem?
LOC. -  Barca, lancha. Quando eu vou pra Niterói ou Paquetá, né? E o que que há de mais nisso? O que que vocês querem que eu fale de, da barca?
DOC. -  Não, os transportes, veículos que têm pra locomoção dentro da cidade, aqueles até pra passeios, pequenos.
LOC. -  (Risos) Veículos? Bom, bicicleta.
DOC. -  (inint.)
LOC. -  Que mais tem?
DOC. -  Por exemplo, em Paquetá, em Paquetá você e sua família costumam passear de bicicleta?
LOC. -  Eh, propriamente passear não, quer dizer, mas, eh, lá o meio de transporte é bicicleta, então nós utilizamos. Quando nós chegamos lá na, na, na ponte que eles chamam de ponte não sei por quê, é a estação das barcas, eh, em geral a gente vem com mala, com, então toma-se uma charrete.
DOC. -  Existem, existem tipos diferentes de bicicleta fabricada?
LOC. -  Existe marca diferente. Uma tem pneu balão, outra tem o, tem, tem uma (inint.) de bicicleta geminada, né?
DOC. -  É.
LOC. -  Uma lateralmen... geminada e tem outras que são no sentido assim vertical, né? Que são trê... três rodas e três, e dois assentos. Mas no sentido longitudinal.
DOC. -  Quando você, eh, na sua condição de executivo você nunca teve dificuldade de utilizar um determinado veículo que é extremamente ruidoso. Em geral às vezes eles, os adolescentes gostam, é uma faixa de adolescentes (sup.)
LOC. -  (sup.) Ah, certo (sup.)
DOC. -  (sup.) Aquela faixa de ídolo (sup.)
LOC. -  (sup.) Motocicleta. É, é, é verdade (sup.)
DOC. -  (sup.) Marlon Brando. Você nunca teve vontade não?
LOC. -  Tive, todo mundo teve vontade (sup.)
DOC. -  (sup.) Alguma vez você andou de motocicleta? (sup.)
LOC. -  (sup.) De ter a sua motocicleta. Andei, andei na garupa, dirigindo nunca. Tive, tive vontade de ter mo... Cheguei a comprar uma, quer dizer, mas não me deixaram ir, ir apanhá-la. Tive que desfazer. Motocicleta, bicicleta, quer dizer, bonde. Bonde eu não sei se é da época de vocês, quer dizer, é?
DOC. -  É (inint.)
LOC. -  Bonde, trem.
DOC. -  Você chegou a andar de bonde alguma vez?
LOC. -  Pôxa, tenho quarenta e um anos, já andei muito de bonde.
DOC. -  E você se lembra como, como era? Como era o bonde, as pessoas que trabalhavam nele?
LOC. -  Ah, isso eu me lembro. O condutor era uma figura genial, sempre cheirando mal e o bonde é uma coisa muito confortável, agradável, fresca. Em geral limpa, né, arejada. Muito bonito o bonde. É uma pena que tivessem acabado com ele.
DOC. -  Escute, passando assim pra, pra, pra outra área em matéria de transporte, alguma vez, alguma vez você chegou a, a entrar, não que tivesse viajado, mas chegou pelo menos a entrar num navio?
LOC. -  Ah, navio (sup.)
DOC. -  (sup.) Você conhece algum navio por dentro?
LOC. -  Eu entrei umas duas vezes no navio. Porque amigos que iam pro exterior, visitá-los. A minha lembrança é muito pouca, quer dizer.
DOC. -  Você se lembra do navio? (sup.)
LOC. -  (sup.) De navio.
DOC. -  Normalmente existe, existe uma rota de navio, não é, pra Europa.
LOC. -  O nome do navio?
DOC. -  É.
LOC. -  Não, não me lembro.
DOC. -  Não se lembra como ele era, as coisas que existiam, o tamanho?
LOC. -  Eh, um barco (inint.) e pelo que eu me lembro era junto ao barco (pausa) as cadeiras, quer dizer, espécie de um bar, assim desse que tem em calçada. Amplo, quer dizer, era bonito o navio. Mas foi há algum tempo já, não sei, não me lembro muitos detalhes não. Agora já entrei num submarino também.
DOC. -  Ah, é?
LOC. -  É.
DOC. -  Você podia descrever?
LOC. -  Não me lembro. Tinha muitas, muitas manivelas, muita, muitos volantes, muitas válvulas, muitas ... Isso na época de escola ainda, uma visita que se fez à base de submarino. Que mais de transporte? Ah, tem o, tem o meu barquinho. Eu tenho um barquinho.
DOC. -  Você tem barco?
LOC. -  É, pra pescar, quer dizer (sup.)
DOC. -  (sup.) Você gosta de pescar? (sup.)
LOC. -  (sup.) Um barquinho com motor de popa. Heim?
DOC. -  Você gosta de pescar?
LOC. -  Gosto, quer dizer, é uma das, das minhas quatro manias, é pescar.
DOC. -  Uma das quatros?
LOC. -  É.
DOC. -  E as outras?
LOC. -  É pescar, porque elas são, são, como é que se diz? Elas têm, há fases, né? Pescar, jogar xadrez, jogar tênis e tocar violão. Uma quinta mas é inconfessável aqui pelo microfone, não é? (risos)
DOC. -  Esse seu barco, como ele é?
LOC. -  É um barco de fibra de vidro, é feito pra pescar, muito bem bolado, leve, dá umas quatro pessoas confortavelmente, apertado você bota umas cinco pessoas, seis e tem assim vantagens. E aí, esse, esse é o, o transporte, tem vários transportes, né, transporte. Mas é um barco extremamente prático porque eu, só, manipulo totalmente. Eu boto nágua, quer dizer, eu tiro dágua sozinho porque ele é leve, arrasto pela areia e tem um motorzinho de popa bem pequeno. Mas a minha pescaria é, é de fundo de baía, da baía da Guanabara, então não precisa mais do que isso. E é bom que seja assim porque com um barco veloz a gente não pesca. A gente fica três minutos, então acha que não está dando peixe vai pro outro. No final do, do, do dia ou da manhã você rodou muito, quer dizer, e, e não experimentou nada. Esse meu não. Ele é tão lento, quer dizer, que eu tenho que escolher muito bem o lugar e não tenho muita oportunidade de estar variando. Ou pega ali ou noutro lugar ou então não adianta.
DOC. -  Como você descreveria o barco, as partes que ficam embaixo dágua, a parte que fica por fora da água?
LOC. -  (risos) Deixa eu pegar ali o meu manual de marinharia que eu te digo todas as partes dentro (sup.)
DOC. -  (sup./inint.)
LOC. -  (sup.) Mas realmente (sup.)
DOC. -  (sup.) As que você se lembrar.
LOC. -  Não me lembro. Quer dizer, o que que tem um barco? Ele tem proa, tem popa tem, tem, me esqueço, assim dos lados eu sei, sei o nome, mas me esqueço agora.
DOC. -  E o carro ? O que que o carro tem? Você podia descrever? Diz tudo, eu quero tudinho, tudinho. Você falou do painel.
LOC. -  O carro tem bancos e tem o painel. Tem cinto de segurança, tem tapete (sup.)
DOC. -  (sup.) E aqui na frente? (sup.)
LOC. -  (sup.) Tem o consolo, tem vidro (sup.)
DOC. -  (sup.) E aqui na (sup.)
LOC. -  (sup.) Tem os vidros, tem o limpador de pára-brisa e tem a, o, o capô e tem o motor. Agora, o motor tem muitas peças, aí nisso eu conheço bastante. (sup.)
DOC. -  (sup.) E o motor, todas as peças? Tem, tem, eu quero que você fale, dê tudo pra gente (sup.)
LOC. -  (sup.) Ah, aí, aí eu posso dizer.
DOC. -  Então diz, tudo.
LOC. -  Bom, ele tem o distribuidor, tem as velas, tem a bobina (sup.)
DOC. -  (sup./inint.)
LOC. -  (sup.) Se tivesse, não tem mais. Na parte elétrica, né? Agora o distribuidor também tem uma porção de partes, quer dizer, vamos dizer só assim do geral que você vai cansar.
DOC. -  Não, não vou cansar não.
LOC. -  Heim?
DOC. -  De jeito nenhum.
LOC. -  Não?
DOC. -  Pode dizer tudo.
LOC. -  Bom, então por parte elétrica ele tem distribuidor, tem as velas, tem a bobina, tem a bateria.
DOC. -  Pra que que servem essas peças?
LOC. -  Bom, as velas elas servem pra fazer as centelhas pra explodir. O distribuidor, quer dizer, você sabe que o carro ele tem o bloco que tem os pistões. Então o distribuidor serve pra controlar as centelhas. Cada, em cada cilindro há uma explosão num determinado tempo. Então no distribuidor, quer dizer, ele tem um eixo, tem uma coisa que se chama cachimbo que gira em torno de determinados (inint.) quando passa por ali, então dá, faz a, a corrente. Transformam a corrente de alta tensão, quer dizer, dá a explosão. Bom, a vela serve pra isso, o distribuidor serve pra distribuir as centelhas, a bateria é pra fornecer a energia de partida e a bobina que exatamente é pra transformar a corrente de, de baixa tensão em alta tensão. Isso na parte elétrica. Você tem então, eh, no motor você tem o bloco, tem o estilete, tem o pistão, tem as bielas, tem as bronzinas, você tem o eixo de manivela. Você quer a explicação de como funciona?
DOC. -  Isso mesmo.
LOC. -  É?
DOC. -  O que que esse carro, por exemplo, está fazendo lá embaixo? Esse barulho e tudo.
LOC. -  Ele está acelerando. Ah, vai ser muito complicado (risos/inint.) vou dizer as outras partes só, só pra você (inint.) vocabulário. Deixa eu ver se me lembro de mais coisa. Bom, então o motor tem isso: tem o eixo de manivela, tem o bloco, tem o cilindro, dentro do cilindro tem os pistões, nos pistões você tem as, as bronzinas, tem ainda a biela, tem a tampa do bloco, você tem o cárter que distribui o óleo, você tem a bomba de óleo, você tem a bomba de água, você tem a bomba de gasolina, você tem o filtro de ar, (pausa) Isso no motor (pausa/inint.) bom, e, e fora do carro você tem as rodas, você tem o diferencial.
DOC. -  O que é isso? O que é diferencial? (sup.)
LOC. -  (sup.) Você tem ... Heim?
DOC. -  O que é isso, o que é diferencial?
LOC. -  O diferencial ele transforma, quer dizer, a energia mecânica do motor, do eixo de manivela pra levar pras rodas. E se o carro tem rodas traseiras ele tem um eixo e aqui é onde ele tran... passa essa ene... esse energia mecânica pras rodas. Uma rotação que é dada no motor, quer dizer, é transmitida pras rodas de tração. Bom, você tem o chassi, enfim.
DOC. -  E aqueles três pedaizinhos que a gente pisa? Volta pra dentro do carro.
LOC. -  Ah, isso está voltado pra dentro do carro, quer dizer (sup.)
DOC. -  (sup.) Voltando pra dentro do carro.
LOC. -  Você tem embreagem, o freio e acelerador. Tem a, a... Pronto. Isso eu não sei a palavra. A mudança, quer dizer, como é que se chama?
DOC. -  Como é que é essa mudança?
LOC. -  É, todo mundo diz mudança. No fundo é marcha, você (sup.)
DOC. -  (sup.) E, por exemplo, você já imaginou assim que o carro possa quebrar no caminho, etc. Então o que que a gente em geral tem dentro do carro pra se precaver, coisas que se precisa num acidente e guarda na mala do carro, etc.?
LOC. -  Eh, você tem a caixa de ferramenta, não é isso? Agora, bom, você leva uma porção de acessórios também, né? Você leva platinado, leva fios, leva borracha pra, pra tirar água ou gasolina de outro carro se te faltar, leva velas.
DOC. -  Que mais?
LOC. -  Leva cabos e cabo de freio, cabo de embreagem. Que mais que você leva?
DOC. -  É. Por exemplo, se você encontra um prego aí na estrada qual é o acidente que normalmente ocorre quando você passa?
LOC. -  Seria o estepe, né, o, o, a roda sobressalente. Antigamente eu levava, eu levava uma câmara de ar sobressalente, levava válvulas sobressalentes além do, do estepe ainda, e levava uma bomba, uma bomba pra encher. O F. se dava mal comigo. Ele esvaziava os meus pneus, quer dizer, tirava a válvula, eu simplesmente, quer dizer, eu podia deixar o carro onde quisesse. Na hora que eu vinha, botava a válvula, pegava a bomba, com o pé enchia, ia embora.
DOC. -  Quando você fura o pneu o que é que você faz?
LOC. -  Troco.
DOC. -  Como?
LOC. -  Ah, tem o macaco (riso) tem o macaco, coloco o macaco no, no ...
DOC. -  (inint.).