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PROJETO NURC-RJ

Tema: "Meteorologia"

Inquérito 0322

Locutor 392
Sexo feminino, 39 anos de idade, pais cariocas
Profissão: professora de didática
Zona residencial: Sul e Suburbana

Data do registro: 30 de abril de 1976

Duração: 45 minutos

Clique aqui e ouça a narração do texto


L
 (inint.) pode começar? O tempo no Rio de Janeiro é bem diferente do, do, do tempo no Rio Grande do Sul. Você pediu que eu fizesse uma comparação. O te... No Rio Grande do Sul as estações são mais assim marcadas, não é, e aqui não, nós temos um, um tem... o, o, as estações não são bem definidas, não é? No verão você sente frio, às vezes, no inverno você muitas vezes vai à praia e, eh, ou... outono, primavera também não são realmente estações temperadas, ao menos nós sentimos assim, o carioca sente assim. E fora isso, no sul, não, você encontra frio mesmo no inverno, né, neve, você encontra geada, não é, você ... Como no verão você tem um calor de quarenta graus, não é? É normal quarenta graus.
D
 E nas intermediárias, lá no sul, como é (sup./inint.)
L
 (sup.) Nas intermediárias, as intermediárias elas tendem mais para a temperatura fria. Você não tem bem estações intermediárias assim temperadas lá, você encontra mais dias frios. E quando a temperatura cai também, se chove, por exemplo, eh, a temperatura cai, cai e de repente pra muito fria. E você está com um dia de sol lindo, à noite f... cai a temperatura, faz um frio danado, você tem que vestir lã e usar cobertor.
D
 E, e do ponto de vista da vegetação, o que que caracteriza essas estações lá, onde elas são mais marcadas (sup./inint.)
L
 (sup./pigarro) Olha no ... Aí no ponto de vista de vegetações eu não sei porque eu não tenho assim muita, muita experiência de muitas idas assim, são idas, eh, assim esporádicas, mais pra esporádicas do que pra muitas. E vegetação o que, o que eu acho, não poderia dizer pra você assim caracterização de estações no sentido vegetação. Agora, eh, no aspecto paisagístico, aí eu poderia dizer pra você que eu acho lindos os campos, eh, verdes, aqueles campos de, eh, pastagem e o verde bem verde em contraste com o pôr-do-sol, por exemplo, é uma coisa linda. Agora, eh, assim mais tecnicamente falando de, eh, produções vegetais em relação à estação, eu não poderia falar pra você com segurança não.
D
 (inint.) independentemente da, da, do que se produz em cada estação, mas assim como é que se configura a paisagem realmente de acordo com a estação?
L
 A paisagem no, no, nos meses mais quentes que são dezembro até março, você encontra, a, a paisagem muito bonita. São esses verdes em contraste com, com azuis, bem azuis do céu, pôr-do-sol bem amarelo e você ... Mas fora isso você ... A paisagem é mais acinzentada.
D
 (inint.) mais cinza (inint.)
L
 É. É cinza a paisagem. Eu não gosto de lá fora do verão. Porque é cinza e o tempo me, me ... Eu tenho uma ligação muito grande com a temperatura até, e, e com a, a, a cor do tempo, digamos assim, quando o tempo está cinza eu por dentro fico meio cinza também. Então não vou muito lá nessa época. Não gosto.
D
 E o dia acaba às mesmas horas, de acordo com as estações?
L
 Não. O dia não. O dia lá é mais longo, né? Ah, na ... Quando está fazendo, quando está a temperatura mais quente o dia é mais longo. Vai até oito horas assim o sol e você assiste o pôr-do-sol às oito horas, oito e pouco, por aí. E também o dia começa mais cedo.
D
 Agora em termos assim, nesse período em que você costuma ir, quais são as condições assim (sup.)
L
 (sup.) Condições de quê? (sup.)
D
 (sup./inint.) de clima, e eu sei que você não gosta muito de ir quando está cinzento.
L
 É.
D
 (inint.) você vai em que período e como é que está?
L
 É dezembro, geralmente nós vamos em dezembro e está quente, está ... Faz sol normalmente e chove pouco, as flores estão bem, eh, de viçosas que elas estavam em novembro, por aí, elas passam a ficar queimadas pelo sol e os verdes também começam a perder o seu viço, né, não são tão verdes com, à medida em que o calor aumenta, à medida em que a temperatura aumenta.
D
 Seria assim comparável com, por exemplo, este mesmo período no Rio de Janeiro?
L
 Ah, vo... comparável em que termo você diz? (sup.)
D
 (sup.) Dezembro no Rio de Janeiro. Seria comparável, é igual em termos assim de, de condições de clima, de ...
L
 Não, de condições ... Não, de clima não, porque eu como me referi já há pouco ao clima eu, eu lá, ah, o calor é muito intenso. A sensação que a gente tem é que é mais intenso do que aqui. Diz o meu marido, porque eu também não sou gaúcha, eu estou falando pelas visitas que eu faço à terra dele, diz ele que é porque lá é um calor, eh, eh, seco ou úmido. Agora eu não sei bem, porque eu não entendo de clima como eu já falei pra vocês. Meteorologia, eu não entendo da, da área.
D
 (inint.) uma surpresa você dizer que lá, eh, eh, faz um calor desse tipo no verão (sup.)
L
 (sup.) É, faz, muito forte. Agora eu não sei, ele, ele já me explicou isso e eu já esqueci. Me, me parece que ele diz que lá é mais úmido e aqui é mais seco. Não sei se estou certa, não tenho segurança.
D
 Agora em termos assim de sensação sua em relação a esse calor de lá (sup./inint.)
L
 (sup.) A sensação é de sufoco (sup.)
D
 (sup.) E aqui?
L
 Aqui não sufoca tanto. Não sei por quê. Também não sei se é porque a gente passa verão com ar-condicionado ligado. Então parece que não é tão sufocante, sei lá. Lá, eh, a sensação é de que a gente vai ficar abafada de repente, de dia, meio-dia, por aí, nesse tempo.
D
 Pra mim é uma surpresa que no sul fizesse assim, quer dizer ...
L
 É. Nunca a gente pensa que no sul faz tamanho calor, né, quando acaba, no verão faz muito mais calor do que aqui. No inverno o frio entra pelos ossos, que eu já fui uma vez em julho. É, parece que você não, não, não, não encontra um agasalho que satisfaça, que você bota assim quatro, cinco cobertores, inclusive cobertor de penas que é muito usado lá, e penas de aves, né, e, e aí você coloca aquele monte de cobertores e parece que o frio nunca passa, entranha assim (sup.)
D
 (sup./inint.) frio tão desagradável, famoso no Rio Grande do Sul se deve apenas à temperatura baixa ou tem mais um outro fator que contribui?
L
 Como assim?
D
 Por exemplo, uma certa movimentação do ar, não é, pode contribuir?
L
 Não sei, porque eu não entendo de clima, já falei pra vocês. Se fosse uma, um assunto do qual eu entendesse mais (sup.)
D
 (sup./inint.) não (sup./inint.)
L
 (sup.) Eu não sei (sup.)
D
 (sup./inint.) a pergunta eu, eu formulei mal, porque minha pergunta é muito simples, eu tenho certeza de que você sabe o que que eu estou querendo dizer. Só não estou querendo dizer a palavra, tá? Mas por exemplo, o ar pode ficar parado ou não. Quando ele não está parado é o que ... Classicamente tem um nome, né? Um nome vulgaríssimo. E existe um famoso lá no Rio Grande do Sul.
L
 Que o povo chama de vento (sup.)
D
 (sup.) É! (sup.)
L
 (sup.) É isso que você quer dizer? (sup.)
D
 (sup.) E tem um famoso lá no Rio Grande do Sul (sup.)
L
 (sup.) O ar quando não está parado é vento. É essa a resposta que você previa? (sup.)
D
 (sup.) Hum. É isso (sup.)
L
 (sup.) E, e lá no sul é ou não é aquele, uhn, aquele, eh, agora eu não me lembro o nome. É o ... Como é que chama?
D
 É um vento que vem de uma certa região, me parece que é (sup.)
L
 (sup.) É. Daqui a pouquinho eu lembro (sup.)
D
 (sup./inint.) ele vem de onde? Ele vem de uma parte lá do sul que, que sopra, parece sobre Porto Alegre fazendo u... uma temperatura.
L
 É. Um vento tão conhecido, já falamos nisso quinhentas vezes, mas agora eu não me lembro do nome. Daqui a pouco sai.
D
 Agora aqui, em termos por exemplo de Rio de Janeiro, nós temos assim vários fenômenos assim desse tipo de, climáticos, uma variação climática. Agora assim como no verão é quente, também há uma época em que ocorrem fenômenos assim de chuva e de coisas desse tipo. Você já passou assim por alguma experiência assim desse tipo (inint.) chuvas de verão (sup.)
L
 (sup.) Muita chuva? Já.
D
 Descreve assim, conta (sup./inint.)
L
 (sup.) Enchente, já (sup.)
D
 (sup.) Sei. Mas conta como é que foi (sup.)
L
 (sup.) Ah, o que marcou (sup.)
D
 (sup.) O que você sentiu, como é que você viu (sup.)
L
 (sup.) Ah, o que marcou foi que eu vi muita desgraça, muita gente sem teto e eu fui trabalhar numa obra de assistência a esses flagelados e (sup.)
D
 (sup./inint.) Por que isso? O que que aconteceu nesse período? Como é que é a coisa vem em termos assim de fenômeno, digamos, atmosférico mesmo?
L
 Choveu muito. Agora, se você me perguntar por que que choveu, aquelas nuvens, cúmulos, nimbos, não sei o quê, eu não entendo nada.
D
 Certo. Mas (sup.)
L
 (sup.) Entende? (sup.)
D
 (sup.) Mas se choveu muito, como é que era essa chuva? (sup.)
L
 (sup.) Eu poderia (sup.)
D
 (sup.) É uma chuva como a de hoje? (sup.)
L
 (sup.) Vocês escolheram um assunto que eu não entendo. Se fosse (sup.)
D
 (sup.) Sim. Mas é uma chuva como a de hoje? (sup.)
L
 (sup.) Nós poderíamos manter um papo mais (sup.)
D
 (sup.) Espera aí, mas (sup.)
L
 (sup.) Se eu soubesse, se eu entendesse do assunto (sup.)
D
 (sup.) Não, mas a gente (sup./inint.)
L
 (sup.) Porque meteorologia eu nã... não adianta (sup.)
D
 (sup.) Descrição (sup.)
L
 (sup.) Mas eu não sei te dizer (sup.)
D
 (sup./inint.) uma chuva como a de hoje?
L
 Eu não sei, eh, uma chu ... Como a de hoje. Hoje não está chovendo.
D
 (inint.) ham. Está caindo aí assim ... Um pouquinho, né (inint.)
L
 Não. Não vi chuva hoje ainda.
D
 (inint.)
L
 Não, é, eu não vi. Não, essa chuva como eu disse a você foi uma enchente (sup.)
D
 (sup./inint.) mais frio, o oposto, como é que (inint.)
L
 (sup.) uma chuva fortíssima.
D
 Aqui, por exemplo, você já morava aqui em Laranjeiras?
L
 Não. Uma ou... Eu peguei uma outra enchente aqui e as ruas ficaram alagadas e ... Porque aqui por baixo da rua das Laranjeiras passa um rio, né, o tal do rio Carioca, que hoje em dia é quase seco, porque secaram os mananciais todos que tinha daqui do Alto da Boa Vista, Santa Teresa, não existem mais, né, quase todos secos. Então, mas quando chove realmente, chove mesmo, esse tal rio transborda, ele recebe todas as águas aí dessas, desses morros de Santa Teresa e Alto da Boa Vista e Sumaré e não sei o que mais e a rua transbordou, ficou ... Saía água pelos boeiros, assim um negócio de louco. E que mais eu poderia dizer?
D
 Mas isso foi acompanhado, não foi só a precipitação, digamos assim, de água, né, tem outras coisas (sup.)
L
 (sup.) Não, oh (sup.)
D
 (sup.) Tem outras coisas que costumam ac... acompanhar as grandes chuvas, né, que acontece no céu, fazem ... As crianças ficam assustadas, etc. né?
L
 Trovoadas, relâmpagos?
D
 Sim, eh, grandes barulhos, né (inint.) você tinha medo quando era criança (inint.)
L
 De trovoada? Ah, sim, tinha medo porque mamãe falava pra nós: olha, papai do céu está ralhando por você, que fez má-criação e desobedeceu durante o dia! Se chovia à noite. Então nós ficávamos todos assim feito pintinhos nas, nas asas da galinha e acho que a mamãe se satisfazia muito com isso, né, devia se sentir o máximo porque ninguém saía de perto dela, ficavam todos à volta e esperando que a trovoada passasse. Acho que muitos de nós tivemos esse tipo de experiência, né, pelo desconhecimento do que, do que isso poderia causar, não é, pelos nossos pais, não, não conheciam parte de psicologia, né, que faltava.
D
 Vem cá, você por acaso já foi àquela ... Observatório?
L
 Observatório, não. Eu já fui ao Planetário.
D
 Planetário?
L
 É.
D
 E lá, que é que você (inint.) viu lá?
L
 Bom, a reprodução do universo. Achei lindo.
D
 Pode contar como foi (inint.) é o óbvio. Mas é o óbvio que a gente quer, sabe (sup.)
L
 (sup.) Certo (sup.)
D
 (sup.) São as coisas bem banais mesmo que é pra gente ver as palavras que são correntes e ...
L
 Vi no, no observatório, vi as estrelas, vi todo o espaço que nós chamamos de céu, né, e movimento de, de astros e o que mais que eles reproduziam lá? Ah, quando eu fui ao planetário, o programa era, era viagem a Marte, se não me engano. Então vimos assim, que mais, a diferenciação de cores entre os diversos corpos celestes e movimentação, acho que eu já falei, dos corpos.
D
 Eles se agrupam, por exemplo, no céu a gente vê as estrelas agrupadas?
L
 Se agrupam? Sim (sup.)
D
 (sup.) Eles chamam a atenção para esses aspectos?
L
 É. Não me recordo se chamavam a atenção pra isso não. Que se agrupam, se agrupam porque a gente sabe que se agrupam, né? Mas não, não me recordo de terem chamado a atenção pra o fato de, dos agrupamentos, não.
D
 E dá uma orientação em relação a, à posição da pessoa?
L
 Dão orientação.
D
 Como é isso?
L
 Aí não me recordo, sinceramente, não me lembro assim.
D
 E se você tivesse que se orientar (sup.)
L
 (sup.) Porque eu olhei aquilo tudo (sup.)
D
 (sup.) Você sabe, você sabe o que que é (sup.)
L
 (sup.) Eu olhei mais com, mais assim deslumbrada do que com uma visão tecnicista da coisa, entendeu? Eu achei lindo o espetáculo como espetáculo, sem me prender a essa visão, termos técnicos e, e não, não me (sup.)
D
 (sup.) E em termos pedagógicos, por exemplo, se você tivesse que utilizar aquilo lá pra ...
L
 Se eu fosse professora de geografia teria, talvez, cuidado mais dessa parte. Possivelmente teria (sup.)
D
 (sup.) Sim, mas (sup.)
L
 (sup.) Porque seria uma área afim (sup.)
D
 (sup.) Por exemplo, você já (sup.)
L
 (sup.) Afim com a minha atividade (sup.)
D
 (sup.) Teve essa experiência. Então em termos de orientação de aluno, de trabalho, disso, você recomendaria que um professor de geografia trabalhasse com isso ?
L
 Recomendaria (sup.)
D
 (sup.) Por quê? (sup.)
L
 (sup.) Evidentemente. Pela questão de uso do, da, bom uso daquilo tudo ali, daquele material. O uso didático da coisa.
D
 Então quais seriam os aspectos que podiam ser explorados pelo professor? No geral, não é o específico. Se você tivesse que dar uma orientação pro professor que fosse lá, né, lá (inint.) as crianças podem ser preparadas, os alunos podem ser preparados pra observar tal tipo de coisa. Então lá você vai ter a oportunidade de, de chamar a atenção dele pra quê?
L
 Aí falta, sabe o que me falta? O conteúdo programático de um, de um, de uma área como geografia, entendeu? Se eu tivesse esse conteúdo aí eu saberia orientar. Agora assim eu não, não eu ... Olha o que eu (sup.)
D
 (sup.) Assim em termos assim intuitivos (sup.)
L
 (sup.) Olha, você sabe que, você sabe que (sup.)
D
 (sup.) O que você sentiu lá? (sup.)
L
 (sup.) Todos nós vemos a coisa nos projetando na coisa, entende? Eu me projetei ali, na, no espetáculo, como pequenininha diante do universo, como ser inacabado diante da coisa, que é tão ampla e tão, assim, inimaginável. Você não consegue, eh, transpor barreiras da imagina,cão quando você pensa em universo, porque a coisa é tão grande, deve ser tão linda e nós gostaríamos de conhecer e não vamos ter essa oportunidade, vamos morrer sem conhecer. Bem, isso traz uma sensação de, de, de ser humano, de homem pequenininho, isolado, de tanta magnitude, foi essa sensação. Não adianta vocês insistirem em vocabulário, porque eu vi a coisa dessa maneira (sup.)
D
 (sup.) Certo (sup.)
L
 (sup.) Certo? Eu não vou poder talvez, eh, eh, atender você, ta... talvez que a minha entrevista (sup.)
D
 (sup./inint.) Muito mais do que imagina, né?
L
 Não vai servir porque me falta o conteúdo, me falta o conteúdo (sup.)
D
 (sup./inint.) porque quando a gente tem que falar diante de um gravador pra pessoa que a gente não conhece (sup.)
L
 (sup.) Não, mas não, não me inibe não, isso não me inibe não, só que me falta o conteúdo (sup.)
D
 (sup./inint.) às vezes, a gente fica muito preocupado em realmente corresponder e aí a gente (sup.)
L
 (sup.) Não. Só lamento que eu não possa corresponder com, com maior uso do vacabulário específico de geografia. Mas eu não conheço, eu não tive ... Quando eu fui aluna de, antigo curso ginasial, na época, né, eu tinha uma professora e talvez também isso sim é que esteja agora, eh, a... atuando e é uma variável, vocês não podem controlar, porque, ah, talvez que se realmente (ruído) eu digo que não estou inibida, mas talvez haja uma inibição decorrente da falta de conteúdo na área. Se bem que a gente quer abranger quanto a todos os conteúdos de todas as, as áreas, mas é, é impossível, né, o máximo que você (sup.)
D
 (sup.) É claro (sup.)
L
 (sup.) Que você pode ter são pinceladas quando você desconhece a área, né, você tem que ter pincelada, porque você é um educador e tem que ter uma pincelada ou outra, não é? Mas você não tem assim pra, pra manter um papo nesse gênero como vocês querem. Não dá, o conteúdo não dá. Agora, talvez, como eu ia dizendo a vocês, esteja me, esteja interferindo agora a experiência como aluninha de, de A. P. C., professora de geografia, intensamente inibidora e se nós não decorássemos tudo que havia naquele livro básico, livro de texto, ela reprovaria e vi muitas colegas serem reprovadas e eu, menininha de dez, onze anos, a idade com que eu fui para o antigo ginásio, eu me via sem interesse nenhum diante daquela coisa, no entanto eu tinha de decorar aquelas coisas todas, eh, por exemplo, nuvens, eu me lembro, cúmulos, nimbos e mais não sei quê, uns nomes assim que não me diziam nada, porque nenhuma criança de dez, onze anos se interessa por esse tipo de coisa nessa, eh, feito dessa maneira, sob essa tensão, esse nível de tensão emocional, nervosa, né? Então, realmente, talvez que eu tenha querido riscar essa experiência da minha vida. Eu redescobri a geografia quando eu comecei a viajar de avião pro sul com meu marido, que eu olhava do avião pela janelinha e eu percebia baías, rios e enseadas e, e lagos e achei a geografia linda. Mas aí já, eu já havia passado da fase de aprender geografia, entende? Pa... O, o, a melhor fase em que eu realmente poderia ter aprendido se eu tivesse tido oportunidades melhores, já havia passado. Então hoje em dia eu vejo tudo isso assim, acho lindo, mas também não tenho assim vontade de sentar pra estudar esse conteúdo, porque eu tenho mil coisas outras pra estudar em decorrência das atividades que no momento eu, eu, eu estou exercendo, então não so... não di... diríamos assim, não sobra tempo pra redescobrir a geografia, a meteorologia, eh, tudo isso que eu acho que deve ser tão lindo de ser estudado porque faz parte da vida humana, né? (sup.)
D
 (sup.) Faz parte também de uma vivência da gente, por exemplo, fazer ... Viajar, sair do Rio e encontrar as condições mais diversas, do ponto de vista de clima numa estrada (sup./inint.)
L
 (sup.) Pois é. Não, isso é muito gostoso também, mas eu faço poucas viagens. Primeiro porque eu não tenho tempo de fazer mais, estou esperando me aposentar pra fazer viagens. (risos)
D
 Vai demorar, né?
L
 Vai. Não, faltam poucos anos. Se forem trinta, faltam só nove, fora licença prêmio que eu nunca tirei, então faltariam sete, digamos assim (sup.)
D
 (sup./inint.)
L
 (sup.) Eu tenho vinte e um anos de trabalho.
D
 (inint.) você pudesse descrever assim em termos ... Ah, eu acho que ... Eu vou fazer uma pergunta que eu acho que ela vai, vai ser ótima. Está ligada mais (inint.) que ela trabalha e que está dentro da questão. Você acha que, que existe uma relação entre as atividades humanas e os climas de diferentes regiões?
L
 Claro que existe. Agora que existe, existe, evidentemente, né? Você vai, você vai pra esse tipo de, de, de vegetação e de clima como tem o Rio Grande do Sul, você encontra atividades que foram se desenvolvendo ali também de acordo com o clima, né, não só de acordo com o tipo de, de colonização, mas também de acordo com o clima. Agora pra discorrer sobre isso, falar sobre isso, também não saberia.
D
 E, e em geral, por exemplo (inint.) aqui no Brasil as pessoas se vestem, se alimentam, de maneira adequada, em relação ao clima ou há um (inint.)
L
 Não. De maneira adequada eu não acho não, porque você ... De, de modo geral a, a mulher carioca ela procura, eh, copiar a moda européia, né? E na Europa você tem estações bem demarcadas e a mulher aqui, mal faz um ... Por exemplo, a mulher, né, que é mais vaidosa, de um modo geral assim do que o homem, se faz um pouquinho de frio, assim um pouquinho, a temperatura re... realmente caiu pouquíssimo, aí ela já se arvora a sair vestida de couros e peles, né, e, e, e lãs, né, mas não se veste a meu ver de acordo com o clima, né?
D
 Isso na Europa teria sentido por quê?
L
 Pelo fato de você realmente ter clima frio lá. Quando faz frio, faz frio mesmo.
D
 O que é fazer frio mesmo (inint.) seria interessante que você tentasse (inint.) pra gente ...
L
 Sim, a temperatura cai (sup.)
D
 (sup.) Cai (sup.)
L
 (sup.) O que mais eu poderia dizer? (sup.)
D
 (sup.) Existem outros fenômenos que contribuem, que com freqüência acompanham também o (inint.) ele já mencionou que no Rio Grande do Sul, às vezes, neva. Como é que é a neve mesmo?
L
 Não sei porque eu não tive a alegria, o prazer de ir lá na, nas épocas em que nevou lá, certo?
D
 Assim, de cinema, de ... A parte associada com uma época do ano especificamente nesses países em, em, no hemisfério norte (inint.)
L
 Associado ao inverno e daí (inint.)
D
 É. Eu digo assim, há certas, certas festas também, por exemplo, eh, nas, na imaginação da gente, nos livros de história de criança, etc. eh, há uma festa que é muito importante no ano, né? Talvez a mais importante de todas as festas (inint.) civilização ocidental pelo menos, que nesses países está associada a determinada estação (sup.)
L
 (sup.) Natal (sup.)
D
 (sup./inint.) o inverso da nossa, né?
L
 É.
D
 (inint.) livros de criança é o natal que aparece assim (sup./inint.)
L
 (sup.) aparece nevando. Agora a neve que você (inint.) que você pediu pra eu descrever, não sei porque, eu nunca tive contato com neve. A gente sabe descrever aquilo que a gente vive. Acho a vivência muito importante, o filme não dá essa vivência. A, a vivência real, não dá. Você tem a impressão que são floquinhos. Meu marido me disse que são secos. Eu supunha que, que, que, eh, eles, eles desmanchassem assim, virassem água. Não se transformam em água, né? A neve é, é seca. Eu não sabia também. Não sei. Eu sinceramente não sei. Esse papo vai ser infrutífero (sup.)
D
 (sup.) E a habitação tem relação com o clima? Quer dizer (sup./inint.)
L
 (sup.) É claro que tem relação, claro, no sul, por exemplo, você vê muita casa de madeira, porque a madeira é mais quentinha do que a, a laje, o cimento. Com madeira as condições de aquecimento são melhores.
D
 (inint.) uma coisa que (inint.) me interessaria seria assim, eh, idéia de (inint.) curtir, transar com a natureza, de um modo geral. Não. Como é que se diz? Observar as coisas (sup./inint.)
L
 (sup.) Sim (sup.)
D
 (sup./inint.)
L
 (sup.) de transa com a natureza?
D
 Hum, hum.
L
 Claro que eu tenho, eu já falei a você que, que quando o tempo (inint.) é, é, é cinza, eu me sinto cinza por dentro. Eu transo demais, curto demais a natureza, gente. Adoro um dia de sol, o céu bem azul me dá vontade de sair, passear, viver.
D
 Mas a gente olha o céu, eu acho que cada pessoa procura ver certas coisas, né, especificamente. Dependendo da hora do dia que eu olho o céu eu vou buscar descobrir uma coisa, né? Você tem essa experiência também? Por exemplo, ver se a tal hora já apareceu tal coisa ou se a tal hora se ainda existe (sup./inint.)
L
 (sup.) Então eu gosto de ver o pôr-do-sol e o nascer do sol de manhã. Quando eu acordo cedo, procuro ver o sol nascendo que reflete na janela do apartamento em frente e eu acho muito bonito.
D
 Qual é a impressão (inint.) que dá assim o nascer do sol? A mim me dá uma impressão muito particular mas não sei se é geral (sup./inint.)
L
 (sup.) Me dá vontade de viver. Porque eu acho que não vivo, vegeto. Trabalho muito e estudo muito. Se bem que é um, é uma fo... é uma forma de viver escolhida por mim, mas ainda assim eu sinto vontade de viver de maneira diferente, de aproveitar mais a natureza, mais o sol, mais o verde da grama, onde eu gosto de me deitar. Não ... Acho que vivo pouco. Acho também que daí a pouco a gente morre e nascerão quinhentas, eh, quinhentos sóis e quinhentos pôr ... pores-de-sol passaram e nós não aproveitamos a vida.
D
 Essa idéia assim de nascer e pôr-do-sol lhe daria idéia assim da, de orientação em relação a, a pontos?
L
 Não. Quando eu olho o sol nascendo eu não me lembro de leste nem de, de pontos cardeais, eu, eu vivo, eh, eh, quando eu vejo o sol. Eu sinto o sol em mim. Eu brilho como o sol, eu me sinto mais bonita, menos velha, mais jovem (sup.)
D
 (sup.) E à noite (sup./inint.)
L
 (sup.) À noite quando eu vejo a lua? A mesma coisa, eu me sinto romântica, gosto de sair com o meu marido, eh, eh, ver a lua, os dois, entende? Essa ... Mas nunca penso em orientação, nunca penso em pontos cardeais (sup.)
D
 (sup./inint.) existem pontos cardeais.
L
 (sup.) Sei que a gente pode se orientar pela lua, perdido numa floresta, não sei o quê já ouvi essa história que se pode se orientar pela lua. Mas não sei a... assim nada em relação a isso. Só de ouvir falar.
D
 Qual foi a sua sensação quando viu um homem pisar na lua pela primeira vez?
L
 Achei lindo! Achei que talvez fosse pra humanidade um grande passo realmente, se nós lá encontrássemos recursos que pudessem realmente suprir os nossos que estão, eh, em vias de serem extintos, né? Mas acho também que, que nessas viagens espaciais, tudo isso, acho que vai muito dinheiro, acho que o homem talvez esteja gastando numa área, eh, não prioritária. Acho que nossos problemas aqui, embora digam muitos que a... a... alguns de nossos problemas podem ser solucionados com as viagens espaciais e a busca de recursos noutros planetas e talvez até noutros sistemas solares, ainda assim eu acho que há problemas prioritários que in... independem dessa busca de recursos fora da Terra e que o homem deveria olhar mais pra eles no momento.
D
 Mas a, a gente antes de ver na televisão, a lua propriamente dita tinha, não é, a partir da poesia, quando mais não seja, uma certa imagem da lua. Ela conferiu, quer dizer, concordou com essa, com essa experiência concreta de ver que aquele solo, né, pisado por aquele homem que mal conseguia se manter, né, a todo tempo parecia que ia voar, né, e que (sup.)
L
 (sup.) Não (inint.) não conferiu não. Pra mim foi tudo surpresa. Não tinha idéia de como era a lua antes. Então pra mim cada passo do homem na lua e a viagem no, no, no veículo, tudo isso, motorizado, pra mim foi tudo surpresa, eu não estava conferindo com conteúdo algum, porque eu não tinha esse conteúdo antes.
D
 Mas o que que você viu? Como é que é que a lua parecia (sup./inint.)
L
 (sup.) Olha, quando você me pergunta o que que eu vi, eu me lembro do Flicts, do Ziraldo, a cor da lua (sup./inint.)
D
 (sup./inint.)
L
 (sup.) Flicts, que é um livro lindo, que vocês devem conhecer e eu tenho aqui na minha estante, e quando eu olhei a lua, realmente não, não, não ... Eu achava que o solo devia ser arenoso. Não tinha idéia daquelas, daquelas crateras. Mas não, não tive assim essa, essa preocupação de conferir com idéias preexistentes porque elas não preexistiam em mim.
D
 Eu fiquei frustradíssima.
L
 Por quê?
D
 Porque o, eu tinha a ilusão de que a lua era o paraíso, quer dizer, tudo que na minha cabeça era um paraíso em matéria de frui,cão, etc. etc. (inint.) pelo menos a lua fosse. E aí eu descobri que não (inint.) a lua não tinha nada disso (inint./sup.)
L
 (sup.) Não. Eu não tinha essa idéia não. Nem, não, jamais pensei. Eu pensava mesmo na lua como vazia, vazia. Não, não achava nada disso. (risos) Você pensava que era o paraíso mesmo? (risos)
D
 É. Mais ou menos (risos/inint.) nada realmente (sup./inint.)
L
 (sup.) Não. Não. Eu nun... nunca pensei assim ... Interessante! Pra mim a lua era realmente vazia, não ... Jamais eu pus coisinhas na lua, não, assim que o homem pudesse usar.
D
 Como é que se explica que os poetas tenham cantado tanto a lua e tomado tanto a lua como testemunho, assim, né?
L
 Porque eu acho ... A lua é o desconhecido. Como todo desconhecido para o homem, ele fascina. Ele fascina per... por ser desconhecido. E o homem então se lança a, a, a jogar esse desconhecido na sua poesia, na, na, na sua prosa. Ele ... Porque fascina. Todo desconhecido fascina. Na experiência humana também a, a, o, o desconhecido, o amigo desconhecido fascina. A mulher diante do homem desconhecido ela se sente atraída e fascinada e o homem diante da mulher da mesma maneira.
D
 Todos os astros, né, são desconhecidos pelo homem. Porque esse privilégio, né, da lua?
L
 Talvez pela proximidade maior da Terra, não é? Pela visão constante em relação à lua que o homem tem. Pelo fato de ser satélite da Terra, então ela, o, o, o homem tem sempre a lua pra olhar, pra ver. Talvez por isso ela seja mais cantada do que outros astros.
D
 E o que que é a noite?
L
 O que é a noite?
D
 A noite (inint.) experiência (inint.)
L
 A noite da experiência da gente? Bom, a, a, a ... Pra experiência do povo é a hora em que o sol vai embora, não é bem assim, né, pra ... Mas isso em linguagem, eh, eh, popular.
D
 Certo.
L
 Não é?
D
 E aí a lua entra como ...
L
 Entra ... A lua entra como? Não entendi o que você quer.
D
 (inint.) a lua ameniza um pouco isso, né, porque a gente teria, não houvesse a lua, não é (inint.) eternamente dias e noites iguais, né? Todas as noites seriam iguais.
L
 Por quê? Ah, sim ...
D
 Mas não há umas noites que são menos escuras do que outras?
L
 É. Não, é, há, as noites de verão são menos escuras.
D
 Quer dizer, há uma variabilidade, uma mutabilidade. A lua tem alguma coisa que ver com isso?
L
 É. Deve ter. A lu... a lua quando está cheia clareia, não é?
D
 Isso é a famosa luz da lua. Costuma ser muito cantada em poesia, né, na, na música popular, né? Tem idéia assim de quais são essas, essas (inint.) mudanças por que ela passa?
L
 Das fases da lua?
D
 Ham, ham.
L
 Sim, você quer que eu diga das fases da lua? Nova. É isso que você quer? Crescente, cheia, quarto minguante (sup.)
D
 (sup.) Você liga (inint.) você tem idéia (inint./ruído de falas) como é que ela se apresenta nessas épocas? (sup.)
L
 (sup.) Como ela se apresenta? Cheia (sup./inint.)
D
 (sup./inint.) Lua nova, por exemplo (sup.)
L
 (sup.) A nova ela está, ela não, ela, eh, não é vista totalmente, não é? Aí vem o conteúdo de geografia, de astrologia, de astrono... de astronomia, aliás, que eu não sei mais, eh, por que que ela é nova, eu não sei, sinceramente, por que é que ela não é vista, eu não sei, eu já estudei isso, já aprendi naquela aula (sup.)
D
 (sup.) Eu não quero saber o que ela é. Por que (sup.)
L
 (sup.) Porque eu tinha que decorar (sup.)
D
 (sup.) A gente quer saber o que você vê, a sua impressão, sua impressão.
L
 Na lua nova, a minha impressão (sup.)
D
 (sup.) Sim.
L
 Na linguagem coloquial o que é que eu falaria sobre a lua? (sup.)
D
 (sup.) Sim. Exatamente (sup.)
L
 (sup.) Nova? (sup.)
D
 Exatamente. Como é que você vê? (sup.)
L
 (sup.) A nova dá a impressão (sup.)
D
 (sup.) Como ela aparece (sup.)
L
 (sup.) De que ela se esvazia de luz, as, a, a, as, a crescente dá a impressão de que aos poucos ela vai se enchendo de luz. A impressão, né?
D
 Hum. E a forma? (sup.)
L
 (sup.) O fato científico não sei descrever.
D
 Mas é que pra gente não está interessando o fato científico, está intere... interessando exatamente é, é essa sensação sua, entende (inint.)
L
 A sensação diante da lua cheia, diante do fenômeno lua cheia? É vontade de sair à noite (sup.)
D
 (sup.) Hum (sup.)
L
 (sup.) que eu tenho, vontade de viver intensamente a noite, porque o homem perde um terço da vida dormindo.
D
 Como é que fica a noite de lua cheia?
L
 Noite clara, gostosa de sair.
D
 Antigamente as pessoas saíam cantando as coisas, né?
L
 Serenatas?
D
 É.
L
 Ah, não peguei esse tempo, embora tenha trinta e nove anos. (risos)
D
 Não. É uma outra coisa que ela falou aí, problema de, de aspecto científico, etc. Você costuma acompanhar, por exemplo, informes sobre (sup.)
L
 (sup.) Sobre astronomia? Não (sup.)
D
 (sup.) Sobre o tempo? Sobre o tempo que vai fazer?
L
 É. Também não.
D
 Não?
L
 Não.
D
 Nunca viu assim pelo jornal, na televisão (sup.)
L
 (sup.) Vejo no Globo, mas nem leio, passo por cima porque eu tenho que ler outras coisas, outras notícias que eu considero, que um educador não pode se afastar delas, tem que estar sempre a par do que esteja acontecendo no mundo, em termos por exemplo de, de, de homem e sociedade, não é? Então eu vejo assim, leio o que eu, o que eu tenho tempo de ler, que são as notícias referentes à (sup.)
D
 (sup.) Você tem assim uma, eh (sup./inint.)
L
 (sup.) À atualidade, mas o tempo, passo por aquela coluninha ali, nunca me, me preocupa o tempo (sup.)
D
 (sup.) Você tem idéia do que tem ali?
L
 Eh, ali são, eh, eles mostram, há um mapazinho do Brasil com as, as correntes de ventos e, e marés. E isso eu sei que há, mas não, não sei mais detalhes.
D
 E atualmente (sup.)
L
 (sup.) Clima (sup.)
D
 (sup.) Não sei com (sup.)
L
 (sup.) Não sei se seria mais ou menos assim (sup.)
D
 (sup./inint.) após a graduação e com algum tipo de trabalho que você tenha a oportunidade de ver televisão (sup.)
L
 (sup.) Não, não (sup.)
D
 (sup.) De assistir, por exemplo (sup.)
L
 (sup.) Não, não (sup.)
D
 (sup.) Jornal, noticiário de televisão (sup.)
L
 (sup.) Não, não, nem noticiário de televisão e nem (sup.)
D
 (sup./inint.) atualmente a gente tem fim de semana (sup.)
L
 (sup.) É. Tem, tem, eh, mas não tenho, não assisto não, Jornal Nacional, que eu gostaria de assistir. Sempre quando ele é proj... é projetado eu estou na rua ainda trabalhando, chego à casa às onze horas da noite e não vejo jornal. Então quando eu, antes de dormir eu sempre passo a vista, dou olhos assim no jornal, mas só nas notícias das quais um educador não pode se afastar realmente.
D
 Eh, outro, outra coisa: nessas notícias de jornal tem acontecido, por exemplo, de você ter interesse por notícias assim de grandes fenômenos atmosféricos, causando assim, problemas (sup.)
L
 (sup.) Abalos sísmicos e isso sempre impressiona, né? Aí quando a gente lê assim uma manchete dessa natureza, a gente pára um pouquinho. Tremeu a terra não sei onde (sup.)
D
 (sup./inint.) Guatemala (sup.)
L
 (sup.) A gente pára (sup.)
D
 (sup.) Treme todo dia (sup.)
L
 (sup.) É, mas eu não me detenho assim nesse tipo de notícia.
D
 Outras desse tipo que você tenha parado (sup.)
L
 (sup.) Hum, hum (sup.)
D
 (sup.) Além de abalos sísmicos (inint.) além de abalos sísmicos, por exemplo, agora há pouco tempo aconteceu na Guatemala e, por exemplo, nos Estados Unidos, essa área aí de, de América Central, sempre tem movimentos, né, ventos, fenômenos.
L
 Marés, esses negócios. O que é que tem?
D
 Não, que, que provocam, né (inint.) transtornos, né (sup.)
L
 (sup.) Não. Olha, você, olha (sup.)
D
 (sup.) Penso muito em violência (inint.) violência com que vem o tempo aí (inint.) famosos aí pelos Estados Unidos, América Central (inint.) arrastam navios e arrasam cidades (inint.)
L
 Não me detenho, assim, eu leio isso mas eu não me detenho, sabe? Não me impressiona, não me chama a atenção.
D
 Você não se recorda como é que se chamam esses ventos (sup.)
L
 (sup.) Hum, hum (sup.)
D
 (sup.) Que provocam as (inint./sup.)
L
 (sup.) Que fazem feito um redomoinho.
D
 Faz, às vezes, né, provocam grandes destruições (sup.)
L
 (sup.) Tufão, não sei o quê (sup.)
D
 (sup.) Ham, ham. É um dos nomes.
L
 É. É um dos nomes.
D
 Agora, há uma relação, parece, né, entre as fases da lua e uns certos (inint.) fenômenos que se dão na Terra (sup.)
L
 (sup.) Pois é, mas eu não sei nada disso (sup.)
D
 (sup./inint.)
L
 Pois é (sup./risos)
D
 (sup./inint.) no mar (sup.)
L
 (sup.) Se vocês me perguntarem sobre educação sei muita coisa pra falar (sup.)
D
 (sup.) No mar. No mar o que você curte (inint.) no mar?
L
 Eu curto no mar passeio de lancha, mais nada, com uns amigos que têm veleiro e eu curto o mar dessa natureza, dessa forma, aliás, passeando no barco à vela quando tem vento, quando não tem a gente vai com motor, mas eu não, não sei dizer nada (sup.)
D
 (sup.) Aquele deslocamento do barco provoca movimento na (sup.)
L
 (sup.) nas ondas (sup.)
D
 (sup.) Ahn (sup.)
L
 (sup.) o que é que tem?
D
 Eu é que quero saber o que é que tem lá (risos).
L
 Eu não vejo as ondas. Olha, sabe o que eu acho lindo quando eu estou passeando de lancha (sup.)
D
 (sup.) Sei.
L
 É aquela esteira branca que se forma com a espuma (sup.)
D
 (sup.) Ham, ham (sup.)
L
 (sup.) Entende, que dá ... E não presto atenção às ondas. É a tal história, cada um curte o negócio a seu modo, né? (sup.)
D
 (sup.) Ham, ham.
L
 E eu não sei, se você, eh, eh (sup.)
D
 (sup.) É sempre que vocês podem ir?
L
 De vez em quando.
D
 Mas, eh, de, de vez em quando, mas tem que ter certas condições de, de, de tempo favoráveis, né, favoráveis. Ou não?
L
 É tem que ser. Quando está sol, nós vamos, chuva não vamos (sup.)
D
 (sup./inint.) barco à vela principalmente tem que respeitar certas coisas (sup./inint.)
L
 (sup.) É, é, eu sei lá que meu amigo, o, o dono do barco diz que podemos ir com vela e não podemos, vamos com motor, só isso é que eu sei, mais nada, não tem vento pra vela, então, tá (sup.)
D
 (sup.) Cabral não tinha motor (sup.)
L
 (sup.) Não tem vento pra vela, recolhe as velas (sup.)
D
 (sup.) Cabral não tinha motor, então descobriu o Brasil. Por quê, né? (sup.)
L
 (sup.) É, pois é, né? (risos)
D
 (sup.) Houve, aconteceu (sup.)
L
 (sup.) É, veio com a vela, né?
D
 Os barcos eram à vela e aí ... Mas houve um episódio famoso, que foi para a ... Por conta deste fenômeno, né, que ele, segundo certa tradição, ele acabou nas costas do Brasil, senão ele normalmente estaria indo pras Índias, né?
L
 É, mas eu também não sei, confesso a você que eu não me recordo. Já passei por isso tudo, ficou guardado nas gavetinhas do saber durante um certo tempo depois joguei tudo fora porque, não, não era assim área de (sup.)
D
 (sup.) Há certos períodos (sup.)
L
 (sup.) de polarização dos meus interesses (sup.)
D
 (sup.) Certo. Há certos (sup.)
L
 (sup.) Entende? Eu passei a acreditar no negócio chamado educação e daí que ... A gente se bitola em relação às outras coisas, não dá tempo de abranger tudo.
D
 Sim, mas, eh, em relação, por exemplo, a, ao mar. Há períodos em que as praias são liberadas, as pessoas podem tomar banho e há outros períodos em que botam a famosa bandeirinha vermelha, né, quer dizer, as pessoas ... E às vezes está gelado e às vezes está mais quente, tambem. O que que é isso? No mesmo lugar.
L
 Ah, não sei também, estou dizendo a você que eu não sei do, olha, olha, desses (sup.)
D
 (sup.) Você já viu um fenômeno assim (sup.)
L
 (sup.) Não vai sair coelho desse mato, meu Deus! Vocês (sup.)
D
 (sup./inint.) Perigoso (sup.)
L
 (sup.) estão perdendo tempo (sup.)
D
 (sup.) De mar perigoso, já ouviu falar nisso? (sup.)
L
 (sup.) Já, mas eu não sei por que que está perigoso, não sei por que que as correntes (sup.)
D
 (sup.) Como se chama isso? (sup.)
L
 (sup.) Eh, eh, transformam (sup.)
D
 (sup./inint.)
L
 (sup.) Pois é (sup.)
D
 (sup.) São as correntes. Ela acabou de falar, né, ela diz que não sabe mas fala (sup.)
L
 (sup.) Mas eu, eh, eh, não adianta vocês puxarem (risos/sup.)
D
 (sup./inint.) já vai dizendo que ela não vai dizer.
L
 Não, mas eu não sei. Não adianta, entende? (sup.)
D
 (sup.) E essas correntes, não sei que lá ... Parece que (inint./sup.)
L
 (sup.) Cada vez que vocês (sup.)
D
 (sup.) Você mora no Flamengo? (sup.)
L
 (sup.) Cada vez que vocês puxam assim por mim, eu me sinto uma aluninha de curso primário (sup.)
D
 (sup.) Não, não é bem assim (sup.)
L
 (sup.) O professor está quase dando (sup.)
D
 (sup.) Espera aí, espera aí (sup.)
L
 (sup.) Bala pra ela falar a resposta certa, mas não sai, não adianta (sup.)
D
 (sup.) Você chegou a pegar o Flamengo num período assim que não tinham ainda posto (sup.)
L
 (sup.) O aterro? Sim (sup.)
D
 (sup.) E de vez em quando, via de (inint.) um, um mar dava a louca, digamos (risos). Lembra disso?
L
 Sim, me lembro que o mar invadia ali as pistas do Flamengo, me lembro, ressaca (sup.)
D
 (sup.) O quê? Ressaca? (risos)
L
 É. (risos)
D

  Ela ia apelar pros olhos da Capitu (interrupção).