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PROJETO NURC-RJ

Tema: "Profissões e Ofícios"

Inquérito 0320

Locutor 390
Sexo masculino, 59 anos de idade, pais cariocas
Profissão: professor de história
Zona residencial: Sul e Norte

Data do registro: 22 de abril de 1976

Duração: 40 minutos

Clique aqui e ouça a narração do texto


L
 Antes de mais nada, a profissão deve estar dentro daquilo que o camarada deseja ser. Eu acho que pra pessoa ser feliz numa profissão qualquer precisa estar dentro daquilo que ele acha que gosta e que tem que ser, não é? Eu não posso enumerar qual profissão melhor porque precisava saber o, cada um, o que que ele pensa, o que que ele ... Cada, cada um tem seu, seu sonho, sua tendência e isso, né? Eu, por exemplo, sou professor. Se me perguntar se eu errei a minha, minha, minha profissão, eu digo que não.
D
 O senhor pensou alguma vez em outra profissão?
L
 Pensei, pensei em duas outras, em duas profissões. Pensei em, e até muito diferentes. Uma, por exemplo ... Pensei em Marinha. Mas eu vi logo que não podia ser da Marinha. É o que eu digo, depende de cada um. Eu, por exemplo, podia pensar em fazer Marinha, mas não, não, não fiz Marinha, porque eu sempre tive esse defeito de visão de modo que marinha me saiu logo da cabeça.
D
 Sei.
L
 Não é? Bom, então, podia ser ... Pensei em ser diplomata, mas aí, outras razões vieram e eu acabei sendo professor. Pensei em primeiro ser, fiquei muito indeciso, sem saber que, professor de quê eu deveria ser. Então, eu fiz na Faculdade Nacional de Filosofia um ano de Letras clássicas. E, como não era bem o que eu queria fazer, eu depois fiz na PUC concurso para o vestibular de história e geografia que é o que eu senti mais, mais com gosto, coisa assim, compreendeu? De modo que essa coisa de profissão eu acho que está muito, em primeiro lugar, dentro da tendência de cada um, não é mesmo?
D
 Na, na sua família quais as ... As profissões são variadas ou há assim alguma profissão que a maioria dos membros da família tenha seguido? O senhor pode enumerar assim quais foram as profissões de sua área familiar, pessoas (sup./inint.)
L
 (sup.) Bom, na família de meu pai foram estadistas. Eu descendo dos Carneiro de Campos, né, estadistas, né? Da, da, da minha mãe é a descendência portuguesa, compreendeu? De modo que eu não, quer dizer, eu fui o único que saí professor, não sei por quê, eu saí professor, compreendeu? De modo que é o que eu digo a você. Agora, eu, a lei hoje existe até, exige até essa matéria de profissionalizante, né? Em princípio eu não sou contra não, compreendeu? Eu não sou contra não. Eu acho que nós precisamos de técnicos, não é, para, para melhor formar o Brasil, não é mesmo? Eu acho isso. Agora eu acho que todas as profissões são, são boas. O importante é você estar dentro daquilo que você quer. Isso é uma coisa que eu repito e digo sempre pros meus alunos, quando me perguntam o que que eu, qual é a minha opinião que eu dou pra eles seguirem, pra eles serem, a pro... o que ... Uma profissão qualquer, eu digo: olha, primeira coisa é vocês estarem dentro daquilo que se sentem bem, fazer. Já tem cinqüenta por cento de vantagem.
D
 E assim no Brasil, na história do Brasil que o senhor conhece, como foi surgindo e que profissões se foram destacando relativamente às classes sociais, como é que ...
L
 Bom, eu tenho a impressão que, dentro da história do Brasil, os médicos, os jornalistas, não é, os políticos, sobretudo, não é, eh, eh, eram homens mais de cultura geral, não é mesmo, de conhecimento geral. Agora, hoje está muito diversificado, né? Hoje tem, tem profissão pra tudo, não é? E mesmo a gente, a divisão de trabalho hoje está muito, muito grande, compreendeu? Eu vejo dentro da história, achei muito interessante uma coisa que uma vez um amigo meu me disse, que é uma coisa interessante de se notar, que ele estava em Poços de Caldas e comprou um livro. E esse livro era a história do pilão no Brasil. Eu acho isso uma coisa fantástica, porque você descer a minúcias, né, de ter que fazer um estudo sobre pilão no Brasil. E se voçê pensar bem é um estudo muito interessante, porque tem uma importância muito grande, uma importância socioeconômica muito grande, quer dizer, é o, é o que que é a divisão do trabalho. Chega a tal ponto que você chega a se aperfeiçoar, chega a se aperfeiçoar, chega a, a conhecer a, muito bem uma coisa só, o que às vezes até prejudica, de um certo modo, não é, hoje. Antigamente, não, a pessoa (inint.) um troço mais geral, né? A gente observa, no império, por exemplo, não é, na colônia, as notícias que a gente tem, eram homens mais universais, mais humanistas, compreendeu? Penso eu.
D
 Agora, havia uma divisão de trabalho muito nítida, né?
L
 Como?
D
 Uma divisão do trabalho muito nítida entre, digamos, o que seria um trabalho mais nobre e, e o trabalho (sup.)
L
 (sup.) Ah, bom. Nesse sentido, sim, podia existir, não é? Mas eu digo, não uma prioridade de profissões como há hoje. Eu acho que hoje é muito maior. Podia, realmente, distinguir isso ou as, as profissões mais nobres, é o que eu digo, no império você encontra os jornalistas, encontra médicos, encontra, ah, militares, encontra, homens de cultura geral.
D
 Sim, e, e o, os ofícios, assim, do povo, da camada mais popular? Quais eram os nomes das profissões que eles, de alguma forma eles tinham?
L
 De (sup.)
D
 (sup.) O pessoal mais do povo, a que tipo de trabalho eles se dedicavam?
L
 Bem, eu ... O problema eu acho que todo gira em torno do açúcar, não é? O problema do açúcar que foi aqui no Brasil o fundamental, né? Tudo ligado a engenho, não é? Então, uma terminologia muito própria, muito específica, né? Gilberto Freire nos ensina, nos diz, né (inint.) também fala muito, né? Uma terminologia muito própria, muito característica, né? O, o homem da casa do purgar, eh, essa coisa assim, tudo ligado a engenho, compreendeu?
D
 E entre essas profissões assim ditas mais humildes, alguma lhe chama a atenção? Qual que o senhor nomearia?
L
 Assim mais hu... mais humilde? Olha, eu defendo a tese que, que o importante é o homem trabalhar. Seja que trabalho for, é importante. Eu dizer a você qual é a profissão humilde é um pouco difícil. Eu acho que a primeira coisa que o homem deve ter na vida é trabalho, ocupar o seu tempo, e tendo trabalho eu acho que qualquer trabalho é honesto e merece o respeito, e merece a, o nosso, a nossa atenção, até mesmo aquele que nos tira os lixos, o lixo da casa, por exemplo, né? Uma profissão humilde e que eu acho que ele merece ser respeitado. É um homem que está trabalhando.
D
 Pois é, mas a, a nós estava interessando aqui que o senhor desse o nome de profissões desse tipo também, porque a gente tem uma tendência a achar que profissão ou vida profissional é só, digamos assim, do médico ou do, do professor, etc. (sup.)
L
 (sup.) Ah, sei. Você quer saber (sup.)
D
 (sup.) Mas há todas essas outras (sup.)
L
 (sup.) Há (sup.)
D
 (sup.) Categorias que nos interessaria que o senhor lembrasse e nomeasse (sup.)
L
 (sup.) Os c... os carpinteiros, por exemplo, né? A carpintaria? Eu acho um trabalho maravilhoso, realmente fantástico, não é, o carpinteiro, não é, na seu, no seu trabalho, na sua, na sua missão, não é? O padeiro, não é? Aquele que faz o pão, o sustento da vida, né? E todos que ... Eu descubro em todas as profissões alguma coisa de, que havia nos nobres, algumas coisas de nobre, alguma coisa de, de, de, de louvável, de, de respeito, né? Eu penso, né?
D
 O senhor falou que há profissões novas, hoje em dia, muitas profissões que não havia. Entre elas quais que o senhor podia citar, por exemplo?
L
 Eu acho, por exemplo, que você, a, bom, no ramo da medicina há uma, uma malva delas, uma categoria enorme delas, não é mesmo? Uma porção de médicos especialistas, isso e aquilo, né? É o que eu digo a você, é a, hoje é a, a mania que você tem do detalhe, do médico, eh, eh, hoje estuda só um órgão, ou estuda só uma coisa de órgão, quer dizer, ele s... ele se torna assim um especialista, não é mesmo?
D
 O senhor podia dar nome assim de algumas dessas especialidades?
L
 A otorrino, a otorrinolaringologia, por exemplo, né? Né? A otorrino é uma coisa que está muito, eh, evoluindo muito, não é? Né? A pediatria, por exemplo, não é? Que antigamente eu tenho a impressão que o, o médico era realmente um doutor, o homem que sabia tudo, não era assim tão es... especializado como hoje, não é mesmo? Você vê o papel de um, um, um nutricionista, hoje, por exemplo, né? É um papel importante, né? Compreendeu?
D
 Agora uma outra coisa que parece interessante também é que, por exemplo, antigamente o médico praticamente trabalhava sozinho e hoje em dia há toda uma série de profissionais que não têm o nível de formação, digamos, universitária, que um médico teria, mas que trabalham para, digamos, a medicina (sup.)
L
 (sup.) Ah, bom. Bom, isso seri... seria a, uma função técnica que eu não saberia dizer assim um nome propriamente de técnicos especializados em, neste ou naquele, eh, naquele sentido por exemplo. Nós temos na, da medicina nós temos o, não sei se é o nome certo, eh, o, o instrumental... o instrumentalista, não sei é bem esse, qual é o sentido, né? É, é a pessoa que não, não chega a ter assim um curso superior, mas é quem dá os ferros, ah, pro médico, por exemplo, né?
D
 Por exemplo dentro da sua área de trabalho (sup.)
L
 Professor (sup.)
D
 (sup.) Como professor e como pesquisador, o senhor tem uma série de pessoas que também ajudam ou têm uma responsabilidade no trabalho.
L
 Bom, eu acho que o pesquisador, ele pode ser assim um pouco nato dele, aquela tendência a pesquisar, não é? E você encontra professores que são somente professores e professores que são professores e pesquisadores. De um certo modo eu acho, no caso do professor universitário, ele é, ao mesmo, acho que deve ser ao mesmo tempo um professor e pesquisador. Eu não posso entender da história do Brasil sem pesquisar a história do Brasil. Aliás, eu sempre achei que a beleza que existia no magistério era a pesquisa. Agora, realmente, a pesquisa pode ser efetuada paralelamente.
D
 Agora, o senhor teria, tem pessoas que lhe ajudam no desempenho dessas tarefas? O senhor recorre a outras áreas pra que lhe dêem informações ou ...
L
 Ah, bem, sim, sim. Eu por exemplo, eu sou um professor que eu quando procuro dar, dar a matéria, eu procuro entrar em sala muito senhor do que eu tenho que dizer. De modo que eu estudo tudo muito direitinho. E às vezes acontece por exemplo de eu me esbarrar, de eu esbarrar em casos que eu não sei, que são de outras áreas assim, de eu precisar de um auxiliar. Aí telefono. Ainda hoje mesmo, foi uma coisa interessante. Um rapaz estava querendo fazer um, uma prova, então eu achei muito engraçado, sobre penicilina. E ele me disse: você, você sabe o que é penicilina? Eu disse: bom, sei que a penicilina, sei o que que é, não sei o, a penicilina sob o aspceto bioquímico, mas sei mais ou menos o que seja. Sei que foi uma grande, uma grande descoberta de Flemming. E qual não foi o meu espanto: ele não sabia quem tinha sido Flemming. E eu então achei aquilo muito engraçado, eu então disse: olha, o Flemming veio ao Brasil. Eu tenho uma idéia disso e quando, eu não sei, mas eu vou, eu vou perguntar quem sabe. Então eu toquei pro professor (inint.) de Vasconcelos. E ele aí me disse: não, ele esteve no Brasil sim. E eu contei um caso a ele muito interessante. Quando o Flemming chegou, os jornais notici... noticiaram que o Flemming ia chegar. A praça Mauá estava cheia de gente. E eu pela primeira vez senti assim como que um grande sucesso. Flemming sendo recebido por aquele povo, porque o povo reconheceu que a penicilina, enfim, era um, um grande lenitivo, um grande adiantamento pra eles, né? Então eu achei aquilo tão engraçado e disse: meu Deus! Fiquei satisfeito em ver que o povo estava ali pra homenagear Flemming. Mas qual não foi minha surpresa: que não estava ali pra homenagear Flemming coisa nenhuma e sim Emilinha Borba, porque ela chegava, o po... povo berrou: é ela lá, é ela. Depois daqueles gritos e aqueles histerismos todos e tal é que eu vi que a razão daquele povo não era o Flemming, era a Emilinha Borba, porque ela trabalhava aqui na rádio Nacional, que era no edifício ...
D
 A Emilinha Borba é o quê?
L
 É uma cantora aí de rádio, compreendeu? Mas aí eu achei interessante. Quer dizer, eu, quando não sei bem das coisas, eu procuro as fontes. Acho que você tem que procurar (sup.)
D
 (sup.) E esse professor que o senhor telefonou (sup./inint.)
L
 (sup.) É, é pr... é me... de história e medicina.
D
 É professor de história e medicina (sup.)
L
 (sup.) De história e medicina. Quer dizer, quando eu não sei as, eu não sei a, direito a, a explicar a coisa, que às vezes você ... Eu achei muita graça que um aluno uma vez me perguntou ... Pergunta, se está no texto pergunta: professor, o que é febre puerperal? Então eu tive que explicar o que era febre puer... puerperal. Bom, eu se não soubesse o que era, eu tinha perguntado a um médico, porque eu tinha lido no texto que a dona Leopoldina morreu de febre puer... puerperal. Eu tinha lido, né? Mas como eu sa... como eu sabia, eu expliquei ao menino, que é uma doença que dá na gestante, lá o que seja. Evidentemente que eu não podia explicar detalhes, porque eu não sou médico, não é? Mas eu acho que a gente, quando a gente não sabe, a gente deve buscar uma fonte, e eu busco a fonte. Eu consulto muito enciclopédias, eu consulto muito. As boas enciclopédias. São poucas, mas boas.
D
 No Instituto de Alta Cultura, em que o senhor esteve em Portugal, havia vários setores talvez. Como é que o senhor encontrava o que o senhor precisava em matéria de documentos? O senhor recorria a que pessoas, pra buscar os documentos?
L
 Não, ali (sup.)
D
 (sup.) Que tipo de funcionários havia? Especializados?
L
 Bom, o meu, o meu ... Sim. O meu problema é o seguinte: em Portugal, eu, eu fui convidado pra ir a Portugal. E eu pensei que já que eu ia a Portugal, eu cismei de fazer um estudo sobre corsagem francês no Brasil, sobretudo de Gatois. Então, eu chegando lá, procurei primeiro fazer um levantamento, ah, bibliográfico que existia por lá. Depois disso, passei pra, pra pesquisar nas bibliotecas que eu entrei o que que havia. E dali passei para o, a Torre do Tombo, e ali tinha funcionários espe... especializados que a gente diz mais ou menos o que quer e eles vão atender a gente.
D
 E o tipo de profissão deles, desses funcionários especializados, qual seria? Eles eram o quê em termos de profissão?
L
 Eu acho, o, o, C., que é a mesma coisa que é aqui, né? Que seriam eles? Seriam funcionários acho que públicos, não é, que eu não sei se eles teriam algum curso espe... espe... especializado, alguma coisa assim, para atender, pra aquele tipo de serviço.
D
 (inint.)
L
 Isso eu não sei, compreendeu?
D
 Uma coisa do tipo Biblioteca Nacional emprega que tipos?
L
 Bom, essas moças, essas, essas moças, o que elas serão? Essas moças, elas terão curso de Biblioteconomia?
D
 Possivelmente, né?
L
 Bom, mas na, não, bom, pode ser, não é? Pode ser, eu não sei. Eu não sei se lá em Portugal por exemplo as pessoas que me atenderam seriam, teriam algum, teriam sido treinadas para aquele tipo de atendimento. Isso eu não sei, podia ser até que fossem ...
D
 Nesse setor, por exemplo, de documentação hoje em dia é um trabalho assim desenvolvido (sup./inint.)
L
 (sup.) É, muito, porque o arquivo hoje é uma, é, é um, o arquivo é algo de vivo, não é algo de morto não, o ar... o arquivo é vivo, não é? O arquivo hoje tem um sentido todo contrário do que antigamente, né? Antigamente era o lugar que você deixava o documento repousar ali, ficar guardado, né? Hoje não, hoje o arquivo deve ser vivo. Agora, eu acredito que com o tipo de funcionários desse 'métier', dessa, dessa, desse, desse problema talvez possam ser funcionários preparados pra aquilo. Agora, eu não sei se são au... autoridades. Isso eu conheci um rapaz que trabalhava no, no, no Arquivo Público Nacional, ele não era nada. Ele não era nada. Não era nada, ele trabalhava. Agora ele tinha muito gosto pela história, então era uma espécie de um, de um, de um autodidata, se quiser nesse sentido. Ele não era nada, eu sabia que ele não tinha curso superior nenhum.
D
 Nem médio, de formação técnica?
L
 Nada, nada. Nada, nada. Ele não era.
D
 E no seu trabalho também no, no (sup.)
L
 (sup.) Agora, quer dizer, ele, e ele atendia a gente. E até teve um fato muito curioso. Houve até, até um certo momento que ele apareceu como pesquisador. Ficaram na cabeça dele os documentos, e ele foi ver os documentos. Eram documentos importantíssimos, e ele revelou aqueles documentos. Então passou até como pesquisador. Eu achei gozado que até como pesquisador; e ele não tinha nada. Agora ele gostava muito de mexer em papéis, mas ele não tinha, não, não tinha. Isso eu acredito (sup.)
D
 (sdup.) Agora geralmente mesmo essas pessoas, elas têm sempre certas categorias funcionais, né? Elas são incluídas dentro do funcionalismo público em categorias.
L
 Ah, estão, a, eh, as ... Bom, devem estar. E eu acredito que a pessoa que é nomeado ... Porque quem você nomeia pra um determinado cargo deve estar sabendo quem você nomeia.
D
 O senhor teria idéia assim dos nomes das, dessas, os nomes dessas hierarquias de cargos assim numa repartição pública?
L
 Bom, já um diretor, né? Um diretor, um chefe de serviço, não é, que pode designar um funcionário para chefe de almoxarifado, sei lá, uma coisa assim, pode até designar para uma coisa propriamente específica, para documentação, compreendeu? Agora depende muito de quem escolhe, aliás se ele tem cabeça ele vai saber escolher.
D
 Na, no, na secretaria de Educação, no nosso sistema de ensino, quais são as, geralmente qual é a montagem assim, qual é a estrutura do órgão? Nós temos a, a secretária, depois temos (sup.)
L
 (sup.) Nós temos a secretária e depois temos os, o di... o diretor de divisão, né? O diretor de divisão, depois tem ... Agora eu não sei bem como é que está, porque sofreu uma estrutura o Estado, né? Não sei bem como é que está. Mas (sup.)
D
 (sup.) O N. S. por exemplo (sup.)
L
 (sup.) É uma espécie de, uma espécie não, eu não sei o título dele, mas é uma, uma es... é uma espécie assim de diretor do segundo, do segundo grau, não é, um coordenador, não é isso, um coordenador. Compreendeu? Eu, eu, é mais ou menos o, mesma coisa na escola. Na escola nós tínhamos lá o quê? Nós tínhamos um, um diretor, não é, tínhamos um coordenador, não é isso, e tínhamos secretário. Pois é, um secretário, um secretário, nosso. Não era uma pessoa formada. Era uma pessoa que tinha curso, às vezes, es... especializado: um curso de secretariado, algo assim, eh, mais ou menos especializado, não é? Você vê que (sup.)
D
 (sup.) Havia também por exemplo pessoas que limpavam salas ou pessoas (sup.)
L
 (sup.) Serventes, serventes (sup.)
D
 (sup.) Mas havia graus também, e pessoas que tomavam conta dos alunos e (sup.)
L
 (sup.) Bom, entre um servente e um inspetor de aluno há uma diferença, não é mesmo? Inspetor de aluno tem que ser mais graduado, né? Agora, mesmo, num esquema de serventuários do Estado (sup.)
D
 (sup.) E além daquela secretaria, os ajudantes do senhor W., tinham que elementos ajudando o senhor W.? Como é que era mesmo aquela composição quando o senhor dirigia o colégio?
L
 Ah, C., eram funcionários nomeados pelo Estado. E tinham que trabalhar na secretaria, ou porque pediam pra trabalhar na secretaria do colégio, uma coisa assim, iam pra lá. Então, lá, eu acho que a escola, pra eles, é que foi uma grande escola. Eles aprenderam lá.
D
 Quer dizer que eles não tinham antes uma especialização?
L
 Ah, não, não, não. Isso é, isso é, não se ... Você não vê isso no Estado nosso não. A, o, você, quando muito o, car.. o, o, hoje, o, a coisa vai melhorando cada vez mais. Por exemplo, você pra ocupar um cargo de secretário de, de colégio, eles só aceitam quem tenha feito um curso. Há ainda a ESPEG, é uma escola de serviços do, do Estado, né, que faz treinamento pros funcionários. Então aceita esse, esse, essa gente treinada nessa escola, né? Hoje está se fazendo mais questão disso, né?
D
 A ESPEG faz treinamentos pra quê (inint.)
L
 Vá... vários tipos de funcionários. Tem o inspetor de, de alunos, serventes, ah, secretário de escola, compreendeu? Eh, arquivos, não é? Faz isso tudo, até biblioteconomia mesmo, cuidar dos livros e tal, de um certo modo.
D
 E o senhor disse que sua mãe foi professora?
L
 Minha mãe foi na ... Nós tivemos uma passagem na nossa vida muito dura. Nessa passagem minha mãe foi estenógrafa, isto é, professora de estenógrafa, professora de estenografia, compreendeu? Mamãe é uma criatura que foi educada em colégio alemão. Ela sabe alemão e francês. E engraçado que (inint.) num colégio alemão onde tudo era dado em alemão. Só não era dado em português porque não era possível. O resto era tudo em alemão: matemática em alemão, francês em alemão, geografia em alemão, tudo em alemão, compreendeu? Então, antigamente, eu acho que, no tempo da minha mãe, então eu tenho a impressão que não havia essa noção de, não havia um, uma ESPEG já treinando os funcionários, não é?
D
 E hoje há uma diversificação muito grande, por exemplo, na área de finanças, por exemplo (sup.)
L
 (sup.) E, nem me fale nisso, é uma coisa terrível, né (sup.)
D
 (sup.) O senhor vai lidar com pessoas que têm as funções mais diversas, por exemplo, eh, a gente entra num banco ou tem que aplicar um dinheiro, tem que lidar com quem?
L
 É, tem os funcionários do banco, né? A ES... essa ESPEG também faz treinamento pra isso.
D
 Pra que setores do banco (sup.)
L
 (sup.) E há, e, não, ho... hoje, quer dizer, hoje já o Estado abre concurso, né? De modo que já há uma prova de seleç... já há uma prova de seleção. Já entra, já há uma espécie de seleção, já é meio seletivo, já é meio controlado, já não vai qualquer um.
D
 Mas, geralmente, por exemplo, num banco o primeiro concurso em, em início da carreira, qual é mesmo, eh, qual é o grau?
L
 Eu penso que é escri... que é escriturário.
D
 É. Depois (sup.)
L
 (sup.) Depois é que vai, aí é que, aí é que vem a coisa, né? Você, por exemplo, hoje num banco tra... trabalha com computador. Então a ESPEG treina funcionários para computador, porque computador é uma máquina, precisa treinar a pessoa pra cuidar daquela máquina.
D
 Mas cada uma dessas atividades está tendo um nome (sup.)
L
 (sup.) Está tendo um nome, é. Compreendeu? Tem que ter um, um, um programador, como se diz, né? Programador de computador. Compreendeu? Quer dizer, então, o, a ESPEG vai trabalhar nesse sentido porque, aliás, é uma grande instituição, eu acho, a ESPEG é realmente formidável, porque, eh, antigamente, no tempo da, da, da minha mãe, no (inint.) da minha mãe não havia nada disso. Nem havia esse problema de você selecionar assim, não é, essas coisas, você ser nomeado pra aquela função e lá você aprendia. Se você tivesse gosto, tivesse tino pra aquilo, tivesse prazer naquilo, você podia ir longe (inint.)
D
 E dentro de uma casa, quando as coisas estragam, que tipo geralmente de profissão a gente solicita pra manter uma casa bonitinha?
L
 Bom, eu, quando eu, quando eu tenho que consertar os meus quadros, por exemplo, eu chamo os entalhadores, que é uma fortuna. É uma fortuna que eu gasto. Tem lá um, um quadro pra apanhar que está em um mil e quinhentos contos. E mandei consertar agora pra não ficar em dois mil e quinhentos. Compreendeu?
D
 E coisas assim domésticas, de um modo geral (sup.)
L
 (sup.) Coisas domésticas a gente chama o ... Bom, quando é um vidraceiro, quando é um vidro, é um vidraceiro. Quando é um, uma coisa de, ca... banheiro, é bombeiro, não é? Ou o que for, né? E se é uma coisa de madeira, é um carpinteiro, não é? Se é pra envernizar, é envernizador, não é? E (sup.)
D
 (sup.) E no atendimento assim particular (sup./inint.)
L
 (sup.) Limpeza doméstica eu tenho empregada.
D
 Num prédio como este tem empregados diversos, né?
L
 Bom, devia ter, né?
D
 Devia ter. De um modo geral tem. Quando eu entrei aí tinha uma pessoa na portaria (sup.)
L
 (sup.) De certo modo devia ter. Não, nós temos aqui dois, dois funcionários. O prédio se resume em dois funcionários. Eles dão mais ou menos conta do recado porque a... as áreas que pertencem a todos, ao condomínio, são áreas relativamente pequenas. Porque esse prédio, por acaso esse prédio é um prédio relativamente pequeno, não sei se você viu, né? É um prédio de um andar só, de modo que as áreas comuns são áreas pequenas, de modo que dois funcionários fazem papel de limpeza, de, de, de porteiro, ao mesmo tempo. Faz tudo isso. Ele é ao mesmo tempo porteiro, ele é limpador, é aquele assim quem limpa os metais, é quem lava a escada, quem faz tudo.
D
 Agora em termos, assim, mais amplos de prédios maiores há toda uma quantidade de outros (sup.)
L
 (sup.) Há (sup.)
D
 (sup.) De outras (sup.)
L
 (sup.) De outros funcionários, não é? E talvez aí, de certo modo, mais ou menos escolhidos, né? O porteiro, por exemplo, hoje, parece que existe até, eh, eu acho que é um, um ensino qualquer pra portarias, né, de modo a você aprender a ser porteiro, não é? Hoje tem, né? Tem esses cursos (sup./inint.)
D
 (sup.) É, cursos de, são chamados, pessoas que tomam contam, né (sup.)
L
 (sup.) Conta. É. Os zeladores, os porteiros mesmo, não é? Antigamente você tinha até por exemplo esse, eh, antigamente até era meio numérico, né? Você tinha por exemplo um oficial administrativo, classe setenta e três, setenta e quatro e setenta e cinco, não é? Era um, quer dizer, setenta e três, setenta e quatro, setenta e cinco, setenta e cinco era maior, quer dizer, então esses maiores ocupavam cargos de maior projeção, ganhavam mais. Era uma classificação numérica assim de certo modo, não é? Não sei se ainda permanece no Estado, né? Eu acho que não (sup./inint.)
D
 (sup./inint.) domésticas, pra serviços gerais de casa.
L
 Bom, a gente contrata as domésticas.
D
 Há umas especializadas que só querem (sup./inint.)
L
 (sup.) Ah, bom (sup.)
D
 (sup.) Se empregar numa coisa (sup.)
L
 (sup.) Você, eh, o, a... aqui por exemplo nós temos uma faxineira, que ela vem fazer faxina.
D
 Ela vem de manhã e fica o dia todo, não é?
L
 É, e tem uma lavadeira que vem pra lavar a roupa.
D
 Sim. E comida, tem em casa?
L
 Comida é a cozinheira.
D
 Você mantém em casa?
L
 Mantenho em casa.
D
 E assim num restaurante, assim, tem todo um tipo de gente que serve também, não é?
L
 Bom, isso é ... Bem, aí é uma coisa interessante. Nos restaurantes e no, nos hotéis por exemplo, o garçom hoje, não é, também existe hoje até escolas es... especializadas para garçom, cozinheiro, ajudante de cozinha, ajudante de copeiro, existe hoje, não é? Então (sup.)
D
 (sup.) Existe, na Pompeu Loureiro.
L
 É, né?
D
 A gente pode ir lá almoçar e ser servido por todas essas (inint.)
L
 É.
D
 Paga-se baratíssimo e ser servido com o maior requinte.
L
 É, é (sup.)
D
 (sup./inint.)
L
 (sup.) É existe até, nesse particular, existe isso aí (sup.)
D
 (inint./sup.) hotelaria.
L
 É. O, o, esse problema do, do, da hotelaria hoje está muito em foco, por causa do, da, do turismo, né? Turismo é uma indústria especializada, né? De modo que está muito, tem muita saída, né? Hoje, o que se, todo esse problema de hotelaria está sendo olhado com muito mais cuidado que antigamente, de certo modo, né?
D
 Hoje também tem toda uma área que eu acho muito desenvolvida que antigamente não existia. Seria a área assim voltada pra, digamos, pra beleza, pra arrumação das pessoas, pra ornamentação das casas, boa apresentação (sup.)
L
 (sup.) Bom, a de decorador, decorador, por exemplo, né? A gente chama um decorador pra decorar a nossa casa, né? Ouve a opinião dele, né? Esse decorador tem um papel muito importante na casa da gente, né?
D
 Antigamente como era?
L
 Antigamente ...
D
 Antigamente, antigamente por exemplo a pessoa queria cortar o cabelo, ia, quer dizer, cortava o cabelo. Hoje há institutos de beleza empregando assim (sup.)
L
 (sup.) Há, há, você falava em cabeleireiro. Cabeleireiro, existe hoje escola pra isso, né? Escolas de, de cabelo, de (sup.)
D
 (sup.) Com os novos cortes de cabelo masculino.
L
 Com novos cortes, masculinos, então, né, e cortes complicados, essa coisa toda, existe hoje. Quer dizer, realmente, por isso que eu disse a você. Hoje ... Por isso que eu disse a você (sup.)
D
 (sup.) E pro feminino então, há (sup.)
L
 (sup.) Hoje a profissão está muito variada. Está muito variada, muito variada, né? Hoje você tem ... Muito mais amplo, né?
D
 E dentro de um salão de beleza, além dos cabelereiros, geralmente tem o quê, também?
L
 O que que a gen... o que que a gente encontra lá, né? Manicure e to... todo aquele, aquele processo de, de embelezamento, né? E às vezes, eh, com esse requinte. Tem um fulano que vem tingir o cabelo, o outro que vem cortar. Então aquele é de tintura de cabelo. É um, né, é um 'expert' em tintura de cabelo. É interessante, né? Por isso que eu digo, hoje tem vari... Quando você me perguntou no início da nossa conversa qual é a profissão, eu achei, bom, é um pouco difícil de dizer qual é a profissão que eu acho que ... Todas elas são profissões e todas elas merecem o nosso respeito, não é mesmo? O importante do homem é ele não ficar à toa. Nós, como professores, devemos, a primeira coisa a ensinar pro menino é ele não ser ocioso, não ficar à toa.
D
 Lá ... O senhor ainda está no São Bento?
L
 Estou.
D
 E agora com esse programa assim de oferecer disciplinas profissionalizantes, que setores o São Bento escolheu?
L
 Ele escolheu três setores: museologia, administração e laboratório.
D
 Laboratório de quê? Em que sentido?
L
 Eh, laboratório clínico, clínica, clínico, de um modo geral. Pra medicina.
D
 Treinar o ... É obrigado agora, né?
L
 É, agora a lei, a lei está aí de pé, né?
D
 Agora há muitos, parece que a própria lei, o pessoal responsável está vendo que o problema é contactar com, com as empresas, né, e tirar da área do colégio, fazer os, os meninos freqüentarem cursos que já existem profissionalmente. Nessa área por exemplo de técnico de nível médio quais são os cursos que o senhor (sup.)
L
 (sup.) Pois é. Pois é. Eu, eu acho, sabe? É, eu acho. Eu acho que aqui no Brasil há muita coisa errada porque, muita coisa errada porque falta, na minha opinião, falta o essencial, é um padrão monetário capaz de suportar qualquer reforma dessa natureza, né? De modo que nós estamos num processo todo errado. Você vê que os nossos alunos ... Na verdade, eu sou a favor de tempo integral pra estudar, mas você hoje não pode pôr aqui tempo integral pra estudar. Não, não, não existe essa, essa possibilidade, não existe por isso, porque tem que haver escola para todos, mais não sei o quê, então eu acho que você não tem, não tem meios pra fazer do sistema de ensino um requinte muito grande. O Brasil não tem condições disso. É um país muito grande, que tem problemas específicos muito grandes, problema de transporte, problema de tudo. Você abrange tudo, né? Mas eu sou a favor de, do tempo integral pra aluno.
D
 E na área (sup.)
L
 (sup.) Uma educação completa (sup.)
D
 (sup.) Rural, quais são os tipos de, qual é o tipo de trabalho que aparece? Quais as profissões que alguém pode ter numa área rural?
L
 Bom, ho... hoje está muito, também até aí hoje, é como eu digo a você, sabe, C., a, o trabalho tem aparecido, as profissões também. Hoje já exi... existe um chamado engenheiro florestal, não é? Era uma profissão que não se falava, né?
D
 Um ramo da engenharia.
L
 Uma ramo da engenharia que não se falava, né? Um campo, né? Hoje existem técnicos de, de agricultura, sem ser propriamente engenheiro-agrônomo, são técnicos de agricultura, compreendeu?
D
 Na universidade Rural eles preparam, né?
L
 Nao é? Não é mesmo? Então essas coisas todas assim, hoje está tudo muito mais, nesse sentido, está muito mais, com muito mais, muito mais amplo.
D
 Muito mais ofertas.
L
 Muito mais oferta, né?
D
 (inint.)
L
 É lógico. É lógico.
D
 Na área, por exemplo, de informação, de comunicação, por exemplo, o que que há de profissionais atrás de, de um jornal, ou de (sup.)
L
 (sup.) Você vê (sup.)
D
 (sup.) Um programa de televisão (sup.)
L
 (sup.) Exato. Veja o jornal como consome uma, uma soma grande de funcionários e especializados naquilo, naquilo, naquilo outro.
D
 Você teria idéia assim de, dessas pessoas do jornal? Num jornal grande como O Globo, o Jornal do Brasil que emprega que, que tipo de variáveis?
L
 Bom, eu não sei assim bem, né? Mas é uma gama muito grande de, de funcionários, não é? Uma variedade muito grande, não é? Hoje, não é? Que tem o paginador, tem o redator, tem isso, tem aquilo, eu acho que (sup.)
D
 (sup.) E quem trabalha com aqueles tipos, como é mesmo o nome?
L
 Não sei se é, não sei se é, esse que chamam ... Não sei se é, linotipista, não sei se é o nome dele.
D
 Acho que é isso. É um trabalho minucioso.
L
 É.
D
 Porque antes havia uma coisa do jornalista sozinho, isolado, né? E hoje ... Fazia o jornal inteiro. A pessoa tem que catar as notícias, né? Quer dizer, eles começam (sup.)
D
 É. É. Hoje há, exi... há auxiliar pra todos, todos os repórteres, né?
D
 É. Em programa de televisão, não sei se você teve a oportunidade de, de observar quando sai assim a, a lista de pessoas que contribuem pra um programa da, da (sup.)
L
 (sup.) Você veja ...
D
 (inint./sup.)
L
 (inint./sup.) quando diz: agradecemos a fulano de, da, disso, ou fulano daquilo, daqui... fulano daquilo outro, né? Eles agradecem a colaboração de todos eles, não é mesmo?
D
 Da equipe ...
L
 Aquilo lá é uma equipe, né, uma equipe, né?
D
 Você tem idéia assim de quais são os elementos dessa equipe?
L
 É, a gente escuta falando assim no som, fulano de tal, na, na eletricidade, beltrano de tal, né, coisa assim. A gente escuta, né?
D
 Eu já vi que o senhor gosta muito de arte, de quadros, não sabia que o senhor gostava. Nesse setor assim das chamadas Belas-Artes havia aquele Liceu de Artes e Ofícios. Por que essa divisão: artes e ofícios?
L
 Olha, eu, isso eu não, não entendi também por quê, não, sabe, por que essa divisão. Não sei se seria, não sei explicar bem, sabe, C., porque essa divisão de artes e ofícios. Não sei se é porque talvez visando as artes como matérias profissionalizantes que são os ofícios, eu penso que tal coisa é nesse sentido. Mas é um nome muito antigo, muito antigo, Liceu de Artes e Ofícios. Ainda existe. Existe ensinando, dando um curso de ginásio, parece, hoje e tudo, né?
D
 (sup./inint.)
L
 (sup.) É. E antigamente a formação do, curricular era inteiramente diferente, não é mesmo, C.? Inteiramente diferente. Há coisa de, cinqüenta anos atrás, a formação era outra, né? Inteiramente diferente.
D
 O senhor fez o curso de história na (sup.)
L
 (sup.) Na PUC (sup.)
D
 (sup.) Na PUC, era Filosofia ainda a faculdade?
L
 É, tinha o nome de Faculdade, a, a, Fa... Fa... Fa... a Faculdade de Filosofia. Tinha esse nome.
D
 E formava assim uma (sup.)
L
 (sup.) Licenciado, dentro da Faculdade de Filosofia a gente escolhia a (sup.)
D
 (sup.) Havia quantos cursos (sup.)
L
 (sup.) É. Havia, havia, havia vá... havia (sup.)
D
 (sup.) Havia que cursos? Formava historiadores, formava (sup.)
L
 (sup.) Formava professores de história e geografia, que era junto. Formava professores de neolatinas, línguas neolatinas, professores de Letras clássicas, Letras clássicas: grego e ...
D
 Latim.
L
 E latim. Ah, formava, peda... pedagogia e formava a (sup.)
D
 (sup.) Na parte das ciências, quais eram os setores?
L

  Bom, tinha professor de matemática, depois, mas aí já, no meu tempo a PUC não, não estava assim tão crescida como é hoje não, hoje ela cresceu muito. Hoje tem professor de física, tem professor de desenho, eh, tudo isso, né? Toda essa, essa gama, né?