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PROJETO NURC-RJ

Tema: "Vida social e diversões"

Inquérito 0293

Locutor 353
Sexo feminino, 51 anos de idade, pais cariocas
Profissão: geógrafa
Zona residencial: Sul e Norte

Data do registro: 24 de junho de 1975

Duração: 45 minutos

 

Som Clique aqui e ouça a narração do texto


D
 Bom, podemos começar.
L
 Você quer que ... Bom, aqui, minha casa, né? Bom, ah, uh, eu ... Nós somos uma família de ... Eu (inint.) três filhos? Não? Sim. Ahn, é uma família de três filhos que vivem aqui em casa (sup.)
D
 (sup.) Sim, pode falar (sup.)
L
 É uma família de três filhos que vivem em casa, e minha mãe que é viúva como eu também moramos juntas, né? E temos uma empregada. Agora os meninos, os rapazes, que são dois, um é P. C. e o outro é M. A., estão estudando engenharia no Fundão. Um está estudando engenharia eletrônica e o outro engenharia química. E a menina, a S., está estudando, está se preparando para o, o vestibular no, no início do ano que vem, né? Ela quer fazer ciências biológicas. E tem um filho mais velho, que não mora comigo, que é casado e que já estudou, terminou o curso da faculdade, geografia, hoje ele está fazendo o, o doutorado, ou, como é, licencia... não, douto... é, doutorado na, na, na COPPE. Está fazendo o curso de planejamento urbano e, e, e, e regional.
D
 Como é o relacionamento da senhora com os seus filhos em termos assim de tratamento?
L
 Bom, o nosso tratamento aqui em casa é bem liberal, viu? Eu não interfiro em nada neles, inclusive, eh, sempre tiveram, as... sempre foram auto-suficientes, entendeu? Sempre ... Nunca, quer dizer, há uma vida ali assim não muito controlada, mas por trás eu controlo, viu? Não é assim uma liberdade excessiva. Por exemplo problema de horário em casa, eles não ... Eu sempre fui de ... Fico muito preocupada deles chegarem muito tarde. Os ... Sempre me avisam que vão chegar tarde. Agora, há um relacionamento assim muito, gi... ahn, assim, espontâneo entre nós, sabe, não há assim (sup.)
D
 (sup.) Como é que eles tratam a senhora, de senhora, tratam a sua mãe, por exemplo?
L
 Bom, nós aqui, os meus filhos nunca me chamam de mãe. Raramente me chamam de mãe. É sempre pelo meu nome. Inclusive a minha filha, ela me chama assim: E., sabe, é raríssimo eles me chamarem de mãe. Só quando eles têm assim um, ahn, eles querem, ah, um pedido, fazer um pedido, sabe? Aí então que eles já ... Um pedido assim como coisa que, eh, como se estivesse realmente, eh, não, não assim impondo não, mas querendo fazer um carinho. Eles então: Ah, mãe, você pode fazer isso? Mas é muito raro, geralmente é, é de, de, eles me chamam de mãe, como é, de, de E., pelo meu nome. E eu com a minha mãe, não. Já eu, eh, já eu a trato de mãe. Enquanto que eles ... E foram criados assim com ... Em casa, eh, junto sempre com a minha mãe, minha mãe sempre morando comigo, né? Mas eles as... assim, agora é um tratamento assim muito informal, viu? Nós aqui temos uma ce... tem uma certa liberdade. Não sei mais o que, o que que ...
D
 A senhora disse que, eh, quando eles querem alguma coisa eles, eles, eh, pedem, tratam de ... Mãe, você pode fazer alguma coisa (sup.)
L
 (sup.) É, aí eles me tratam de mãe (sup.)
D
 (sup.) Quer dizer, eles tratam de você (sup.)
L
 (sup.) É de você.
D
 E a senhora, como trata a sua mãe?
L
 Eu já trato de senhora. É. Já não é, é aquel... já, já é mais cerimonioso, né? Já guardo mais aquele, aquele respeito, né? Mas a minha mãe fica furiosa: não! Porque vocês não tratam sua mãe de mãe!" Mas não sei, sempre foi assim, viu? Nós nunca tratamos, nunca trataram de mãe. Raríssimas vezes. Há pouco tempo ate nos estavamos numa excursao, ha um, no ano passado, nos fomos a Manaus e, e um, um, colega meu, geografo, professor M., ele, de Recife, e minha filha: Ô, E., E. E ele disse: mas vocês não tratam a sua mãe de mãe ou de senhora? E ela disse: não, não, só trato minha mãe de vo... de E., ô E.! Ela só trata assim. E ele repreendeu, disse: "Mas você não trata sua mãe de senhora nem de mãe, não chama de mamãe? E ela disse: Não, eu estou acostumada a chamar de, de, de E., de você, nun... É, raríssimas vezes, mas é muito difícil me chamar de vo... de, de mãe ou então de senhora. É, acho que senhora é meio ... Nunca ouvi falar, sabe? Agora (sup.)
D
 (sup.) Como é que a senhora, eh, melhor, qual é o tipo assim de divertimento que a senhora gosta mais? Como é que a senhora ocupa suas horas de lazer, horas vagas?
L
 Sim, real... Eh, bom, gosto muito de ler, sabe? Eh, às vezes
 quando eu estou um pouco cansada, porque eu tenho uma vida muito, assim muito ati... quer dizer, não ativa de modo de, de, de fazer exercício, aliás é uma vida sedentária, muito parada na repartição, que eu levo oito horas de, de trabalho o dia inteiro, né? Então eu gosto muito pra quebrar esta monotonia de es... de dia inteiro estar trabalhando, lendo, estudando, então eu gosto muito de, de fazer tapeçaria, um bordado, entendeu? Assim que eu gosto de matar um pouco o meu tempo, eh, fazendo um trabalho manual pra eu descansar um pouco a cabeça, sabe?
D
 E fi... não sai de casa?
L
 Não, muito pouco, muito pouco. Inclusive eu, eu vou muito pouco ao cine... eh, antigamente eu ia muito ao cinema, agora não, agora eu tenho ... Não sei também se é porque eu já estou com mais idade e também não tenho companhia para sair, porque eu estou viúva há o quê, há quatorze anos. Então, a gente vai ficando ... Depois com essa vida, todo o dia saindo, saindo. Passo a semana inteira na rua, né? Eh, saio de casa às oito e meia e volto às sete horas da noite. Então passo o dia inteiro. Quando chego em casa estou cansada, ou eu vou ler ou então ver um pouco de televisão que eu gosto pra me distrair, ou eu pego num trabalho, sabe? Não é ... Eu não ... Eu pouquíssimas vezes eu saio. Muito pouco. Mas quando eu vou ao cinema, eu não gosto de ver ... Eu gosto de ver filme que, que me distraia, que ... Não gosto de ver filme que canse a cabeça não, sabe? Que re... que requer assim que eu, que eu tenha que quebrar a cabeça pra descobrir qual é o, o criminoso, qual é a, a trama não. Eu gosto de uma coisa que me, seja alegre, que me, me distraia. Inclusive meus filhos não ... A minha filha está com dezessete anos, não vai ao cinema pra ver isso, né? De jeito nenhum. Ela diz assim: mamãe, isso não é filme intelectual, você tem que ver filme intelectual. Mas eu disse: não, mas estou cansada, eu quero é descansar minha cabeça, quero ver uma coisa que me distraia, que me passa tempo. Ah, é, você o dia inteiro naquela, aquela rotina de, de ... Você está pensando, né, você tem ... Trabalha só com geografia, né? É ler e fazer trabalhos, quer dizer, você cansa. Então você ... Eu por exemplo, geralmente eu só vou ao cinema ou sábado ou domingo porque eu já estou mais descansada, viu? Raríssimas vezes eu vou ao cinema assim sexta-feira, porque saio da repartição com a cabeça cansada mesmo. Eu, quando eu vou, eu vou, é ao cinema, vou ao cinema é cine... é cinema alegre, viu? Não é cinema de arte não, que eu não ... Vou de vez em quando, porque minha filha me o... me o... me obriga a ir: vamos, você tem que ir comigo. Mas geralmente eu gosto de cinema, filmes assim alegres, sabe?
D
 E os seus filhos?
L
 O que dos meus filhos?
D
 A parte de divertimento deles, como é que eles fazem, como é que eles se divertem?
L
 Bom, eles também, eles gostam mais é de, de cinema também. Ci... mais cinema, né? Eles n~ao gostam de esporte. São uns meninos assim que nunca gostaram de esporte, eh, sempre gostaram mais de leituras, esses meninos meus são muito acomodados. Nun... nunca foram meninos assim de, de ir a festa, bailes, nenhum deles. Nem a menina mesmo, já está com dezessete e não gosta. Nunca ninguém ... Os meninos nunca foram a um baile de carnaval, nem baile de jeito nenhum, vão assim em reunião de bate-papo, viu? Gostam de, de ir prum bar assim de, onde tem amigos, bater um papo, beber alguma coisa, mas é nessa base, sabe? Não, não são mui... Ou então de cinema, cinema eles gostam muito. Teatro pouquíssimas vezes vão. Eles são um pouco introvertidos, sabe? Meu marido era filho de alemão e o alemão é meio assim fechado, né? E eles adquiriram toda a, a gênese do pai. (risos) Então eles são mais fechados mesmo.
D
 A sua família é grande?
L
 É, a minha família é grande sim.
D
 E vocês se reúnem, costumam se reunir?
L
 Sim. Eh, geralmente, com minha mãe. Da família dela, ela é a mais velha da, de todos os irmãos que ainda estão vivos, não é? Entao geralmente qualquer reunião de quando há família assim, ou um natal, um ano-novo, geralmente a reunião é em, em nossa casa, sabe? Aos domingos também, a reunião é aqui em casa. Vem meus sobrinhos, minha irmã e mi... uma tia também que são mais chegada a nós. Geralmente aqui em casa, todo domingo há reunião. Mas isso acho por causa de meu, minha mãe, porque a minha mãe é, é o elemento mais antigo da família, mais velha, então todo mundo a procura, sabe? Mas antigamente é que a coisa era muito mais unida. Hoje, não. Hoje a coisa está mais diluída. Assim antigamente nós nos ... Quando meu pai era vivo, meu pai gostava realmente, né? E ele era assim como que o patriarca da família. Então todo mundo vinha pra nossa casa e todo mundo ... E nós morávamos numa casa muito grande, então meu pai acolhia toda a família. Todo o, o elemento da família que estivesse em má situação financeira ia para nossa casa, quando melhorava de situação ele vol... ia embora. Assim ele tomava um outro rumo, né? Mas depois que ele faleceu nós diminuímos isso, mas continua assim nossa fami... muito menos, né, muito menos porque, porque meu pai ele era filho único e minha mãe é descendente de italianos, então a família dela eram de nove irmãos e alguns morreram, então quer dizer que o pessoal de minha mãe é que vinha realmente, que meu pai era um, só era ele e a mãe. O pai dele faleceu muito cedo, então, realmente, eh, eh, antigamente é que era real, era assim, ah, era o centro de toda a família, depois diminuiu, mas ainda continua sendo, mas não como antigamente, né? Agora ... E, e da parte do, do meu marido eu tenho uma cunhada ainda, né, que está viva. Meu mar... a parte ... A famía do meu marido toda, praticamente morreu quase toda, né? Só tem uma cunhada mesmo. Até um irmão do meu, do meu marido também faleceu. Mas eles têm uma vida mais separada da nossa, né? Não é muito assim unido a nós não. Não sei se é porque também temperamento, né? Eles são europeus, nós somos mais latinos, eles são anglo-saxônicos, nós somos latinos, né? Então é completamente diferente o modo de pensar, o modo de agir. Eu me dou com minha cunhada e tudo, mas não somos assim muito ligados não, sabe?
D
 A senhora disse que se reúnem no natal, vocês fazem alguma coisa
 especial no natal ou ...
L
 Não, quer dizer, como especial? Não, nós fazemos é árvore
 de natal e, e uma ceia comum, né? Não se faz nada de ... Por exemplo geralmente nós fazemos panetone, é feito em casa mesmo, eu é que faço. Mas é interessante que esse panetone, eu fui, eu aprendi com a minha sogra que, eh, era sui... era francesa mas, ah, não se faz nada assim de ... Faz uma ceia muito bonita, né? E a família toda vem pra cá e nós reunimos todos em casa, né? Vêm tios e primas, e todo mundo veio pra cá, uma prima que mora em Brasília também aproveita e vem. Quer dizer, o, a reunião é aqui em casa, é o centro da, de toda, dessa família mais chegada, viu? Aquela família por exemplo minha, porque da, de minha mãe, ah, a maior parte já faleceu, então tem a segunda geração, mas essa segunda geração já não é mais, é mais tão chegada a nós, entendeu? Então o que é mais chegada a nós é minha irmã, os filhos dela, eh ... por exemplo, meus filhos, uma tia que eu tenho também que é, que procura sempre nós e um primo também, mas é que aquela segunda geração já está mais afastada, viu? Não que não era antigamente, hoje não, porque quando ainda os meus tios eram vivos procuravam muito nós. Depois foram morrendo, ficaram os filhos e agora essas filhas já têm filhos também e neto e essa coisa toda, não sabe? Quer dizer que então já não há uma, um, não há aquela, aquele aconchego tão grande como havia antigamente.
D
 E além assim do, do natal há outras datas em que a (sup.)
L
 (sup.) A família se reúne (sup.)
D
 (sup.) Possibilidade de reunir a família, eh, ou comemoração do, do ... (sup.)
L
 (sup.) É, não, assim por exemplo no caso de aniversários. Geralmente a gente gosta de se unir, né? Aniversários e natal, ano-novo, eu acho que só mais assim aniversários, casamentos, né, lógico, casamento, bodas de prata, eu gosto assim, essas festas mais comemo... com... ligada mais a datas comemorativas mesmo da própria família, né? Natal, né? E eu acho que é só, assim de festa mesmo só. Agora o, o, o natal da família do meu marido é bem diferente da, no, do natal nosso, né? Porque ele, ele era nórdico, né, então eles lá, eles têm ... Por, um exemplo, lá eles, a festa de natal deles era muito mais bonita, porque lá eles cantam os hinos da igreja presbiteriana, né, e da, e da, e também da, da Alemanha, né, que eles são descendentes de alemães, por exemplo a árvore de natal nunca era acesa com lâmpadas e sim com velas. À meia-noite a gente apagava todas as luzes e só acendia todas as velinhas da, da, da árvore de natal e se cantava o Tannenbaum, sabe? E havia assim ... Era diferente o, a, a própria páscoa, a páscoa antigamente nós festejamos páscoa também. A nossa páscoa antigamente era mais bonita, hoje nós já estamos cresci... já estamos crescidos, mas eu peguei isso da minha sogra, que é ah, que é ligada realmente, ah, ah ... Por exemplo, coelho, então nós arma... as crianças armavam o ninho do coelho de noite, viu, cada um procurava uma caixa, um, um cesto e enfeitava o, o ninho, pudesse (inint.) mais bonito, ou flores ou qualquer coisa assim, pra enfeitar, e de, de noi... e, de, e nós, os pais, enchiam aqueles ninhos de, de ovinhos, de na... de coe... ovinhos, né, de, de chocolate e escondíamos os ninhos, né, e de manhã eles iam procurar. Então a gente deixava assim um rastrozinho pra mostrar onde mais ou menos estava escondido. Mas isso eu adquiri do meu marido, porque eles, eles eram descenden... Porque o, o português não tem isso não, né, eu acho que o italiano também não, isso eu peguei deles. Até a idade, até bem o quê, a minha filha até com idade de oito anos nós, nós fazíamos isso. Os meninos também foram educados assim, né? Mas eu não fui educada assim, então foi diferente.
D
 A senhora gosta de música, dona E.?
L
 Demais, adoro música.
D
 Que tipo de música a senhora gosta?
L
 Eu gosto, eu gosto de música clássica, gosto também desses arranjos, esses autores ... Músicos americanos também, né? Esse Tommy Dorsey, eh, quem mais? Aquele ... E músicas brasileiras também. Gosto muito de Vinícius, gosto de (inint.) eh, essa gente nova agora, a Gal, Gal Costa. Música ligeira também eu gosto, mas quando eu estou sozinha que eu posso escutar uma música clássica, eu gosto, viu? Agora, gosto muito da música brasileira também .
D
 A senhora ouve nesse aparelho aí?
L
 Ouço.
D
 E esse aparelho é diferente, antigamente não era assim não, né, como está aí?
L
 Ah, sim, coberto. Não, não era não. Não, era diferente, era ... Bom, eu peguei o gramofone, né? (risos)
D
 Como era o gramofone? Como era o (inint.) gramofone?
L
 O gramofone era aquela caixa, né? Mas isso era há muitos anos ... E aquele, bom, aquele que não sei como é que se chama, é, é onde saía o som, sabe, o alto-falante, né? E, poxa! Eu ouvia muita música, gostava demais de cantar e de dançar. Eu gostei muito des... de, de, de, de festas e por isso eu, eu me admiro demais de meus filhos, né, porque eu era o, era o inverso deles, né? Eu gostava demais de festas, de, de dançar, de carnaval, de festa junina, mas eles não gostam nada disso. Em casa aqui eles são muito compenetrados, sabe? Ninguém diz que é, que eles são tão jovens, parece ... São ... É diferente, viu? Muito diferente o temperamento deles do meu. Eles gostam de música, gostam muito de música mesmo. Gostam de música clássica, música brasileira, eh, gostam muito daquela, como é? A Gal, a ... Essa que está cantando no Canecão. Como é o nome dela? É a ... Cantando no Canecão agora com o Chico Buarque. Gosto muito do Chico Buarque. É a irmã do ... Sabe esse que está levando no, no Canecão, que está cantando agora no Canecão. É a ... Ah, meu Deus! Essa baiana, não me lembro! (sup.)
D
 (sup.) A senhora não lembra o nome (inint.) não sabe não?
L
 Eta! (sup.)
D
 (sup.) Não tem importância. A senhora sabe o nome dessas peças todas que estão aí?
L
 Sei. Aquele lá, é, é o, é o amplificador de som.
D
 Pra que serve esse amplificador?
L
 É para a, o, dar o som, né? Sem aquilo você não ouve a vitrola, sabe? Ali são os alto-falantes. E ali, aquele ali, aquele aparelhozinho pequeno, aquilo é obra do meu filho que ele liga a vitrola, eu dis... Aqui o negócio é assim, minha filha ouve rádio, dorme com o rádio ligado. Lá pelas tantas eu vou lá e desligo o rádio, porque todo mundo ... Aqui só se estuda com rádio. Só se dorme com o ra... com mu'sica. Então, ele chega, a hora que ele chegar ele liga a vitrola, mexe naquele aparelhozinho ali, liga também, controla, quando acaba o disco, desliga tudo, sabe? Ele é estudante de, de engenharia eletrônica, né? De ... Então isso tudo é obra dele. Esse aqui é, esse, eh, esse amplificador de som foi ele que fez.
D
 Ele que fez o amplificador?
L
 É. Ele que fez. Ele que faz tudo isso. As caixas acústicas também foi ele. Ele está no, no segundo ano de engenharia.
D
 A senhora disse que gosta muito de música clássica. Dentro da música clássica existem subdivisões, não é? Ou digamos tipos.
L
 Sei. (risos) Não, eu gosto ... Olha que gosto muito de ópera, algumas óperas, eu assisti várias óperas. Gosto de óperas, gosto de Beethoven, gosto de Chopin, gosto de Ravel, entendeu? Eu de... eu gosto desses, desses autores, gosto de Tchaikowsky, adoro Tchaikowsky! Essas músicas eu não sei como, como classificá-las mas, não é, é, é música clássica, não é a ópera, mas é a música clássica, né?
D
 Mas por exemplo um compositor como Chopin, ele tem, eh, peças de, com características diferentes, não é? Composições diferentes.
L
 Sei, qual que eu gosto mais?
D
 É. Que tipo de composição?
L
 Bom, deixa eu te dizer, de Chopin eu gosto ...
D
 Espera aí um instantinho. A senhora estava falando de Chopin, das composições.
L
 É. Eu gosto das sonatas (sup.)
D
 (sup.) Hum, sonatas!
L
 Sonatas, eh, gosto dos prelúdios, do, do, do Chopin, aliás tudo de Chopin eu adoro, né? Gosto demais!
D
 O que eu queria saber é o seguinte: é o que caracteriza uma sonata e faz com que uma sonata seja diferente de um prelúdio?
L
 Ah, bom, isso eu não sei, minha filha. Isso eu não sei mesmo!
D
 Isso a senhora não (sup.)
L
 (sup.) Não, porque o problema é o seguinte, eu ... Deixa eu lhe contar. Eu, eu adorava ... Eu, eu, gosto demais de música, mas eu não, não estudei música. Estudei piano. Ah, estudei, eh, piano, to... toquei piano e também estudei harmonia. Acontece que quando eu resolvi estudar na faculdade e o piano ocupava demais, né? Você para estudar piano, pra vo... estudar piano precisa estudar horas, horas, horas, horas. Então ou, eu tinha que optar, ou estudar piano ou então estudar na faculdade. Então eu disse pro meu pai: eu prefiro estudar na faculdade. E de... eh, desliguei totalmente da música, eu gosto de ouvir música, viu? Mas eu não posso dizer o que signi... ou qual a diferença entre uma sonata e um prelúdio. Isso eu não sei realmente, não sei mesmo! Agora que eu gosto de música gosto, viu? Não tenho muito tempo de ouvir porque eu aqui em casa não tenho prioridade. (risos) Inclusive eu não posso ... Muitas vezes eu quero ouvir um disco, ninguém me deixa, porque: ah, isso aqui, esse disco, eh, já está fora de moda. Quer dizer que ... Então pouquíssimas vezes eu posso ouvir músicas que eu gosto realmente, viu? Não tenho ... Você pensa que eu sento aqui para ouvir música? É difícil eu ouvir música, porque nunca tenho chance, né?
D
 A senhora podia por acaso descrever um piano?
L
 Descrever um piano?
D
 O que, o que constitui um piano. É, porque isso é uma curiosidade.
L
 Teclas. Eh, que mais?
D
 Mas as teclas são diferentes?
L
 É. Tem as teclas brancas, as teclas verme... azul, como é, pretas. Que mais no piano? Ah, pode ser um piano de cauda, né? Pode ser um piano comum, sem ser de cauda, os pedais, as notas. (riso) Esse aqui é o meu filho, o Ma... o, o, o, o, o M. A. Que mais que eu posso dizer do piano?
D
 Por dentro do piano?
L
 Por dentro do piano? Tem a, as, aqui, ó, são as cordas, né? São as cordas.
D
 As teclas brancas e negras servem pra quê? Por que que há teclas brancas e negras?
L
 Bom, as, eh, as teclas brancas, eh ... Bom, eu sei que as teclas brancas são as teclas da ... Ai! Bom, você agora me, me complicou. As teclas brancas se... é, é na, na ... É fá, né, eu acho que são as notas ... Ah, não sei, não sei não.
D
 Não tem importância.
L
 Não sei. (risos) Parece incrível, né? Mas nunca mais peguei num piano. Olha, bom, deixa eu te dizer há quantos que eu não pego num piano. Bom, eu estudei ginásio, terminei o ginásio em quarenta. Fui pra faculdade, terminei a faculdade em quarenta e cinco. Quer dizer, eu devo ter deixado o piano em mil novecentos e trinta e oito. Mas é gozado, mas eu nunca mais me interessei assim ... Realmente não sei pra que serve a, a, a, no... a, a, as teclas pretas, pra que que serve, heim? (risos)
D
 Não sei. Era só, (risos) era só uma curiosidade. A senhora ... Em música erudita, a senhora só gosta de piano, música pra piano ou a senhora gosta de música pra, pra mais instrumentos? (sup.)
L
 (sup.) Não. Gosto de ... Não, adoro, sabe o que é que eu gosto, um bom violão, tocado. Adoro. Um violão e o violino, né? Harpa também acho muito bonita. Gosto demais de harpa. Não gosto de, de instrumentos de sopro. Não é meu fraco não. É, realmente a única coisa, o único instrumentozinho de, de sopro que eu gosto é a flauta, flauta doce, eh, mas eu gosto realmente é, é de, é instrumentos de corda e é realmente, acho instrumento de corda que eu gosto mais, sabe? Violão, violino ... No violão tem que, tem só as cordas. (risos)
D
 A senhora sabe tocar violão?
L
 Não. Adoro um violão bem tocado. Acho um ... Sou capaz de ouvir a noite inteira um violão, mas não sei tocar. Nunca ...
D
 E a ópera? Eh, quais as partes que compõem uma ópera? A senhora sabe?
L
 Co... quais são as partes?
D
 É. O que é u... a, uma ópera?
L
 Ah! Bom, uma ópera geralmente é um drama, né? Geralmente é um drama entre ... Tem sempre o, a moça, o rapaz, o, o vilão ou o pai do, do, da moça sempre impedindo o, o, o namoro, né? Ou então a, a, a mulher sofredora como é a, a Noeme, né? Gosto demais de ópera. Agora ... Que mais que você quer que eu diga (sup.)
D
 (sup.) A senhora sabe a, a, as pessoas que participam da ópera? A senhora sabe (sup.)
L
 (sup.) Sim, eh, as vozes (sup.)
D
 (sup.) Os cantores, eh (sup.)
L
 (sup.) As vozes (sup.)
D
 (sup.) As vozes, hum.
L
 É. Temos o tenor, tem o barítono, tem o, a soprano, tem o, o, o, o, o, coro, né? O contralto, geralmente, por exemplo, a, a "Carmen" de Bizet geralmente é contralto, né? Quem canta o principal ... A "Carmem" mesmo tem que ser contralto. Que mais? O tenor, o barítono, a soprano, o contrabaixo também tem, né, o ... Acho que é isso (sup./inint.)
D
 (sup.) E música popular, eh, tipos di... diferentes de música popular. A senhora tem preferência (sup.)
L
 (sup.) Que eu gosto?
D
 É.
L
 Bom, eu gosto muito de seresta. Essa eu adoro. Gosto muito dessa, da bossa-nova. Gosto demais da bossa-nova. Eh, bom, eu não sei qual é esse ritmo por exemplo do Vinícius de Moraes. Acho que é sam... é samba, né, do Vinícius de Moraes. Eu adoro Vinícius de Moraes. Gosto também do ... Como é aquele que está sempre ... Vinícius de Moraes, Toquinho, né? Moraes. Gosto também do ... Como é aquele que está sempre ... Vinícius de Moraes, Toquinho, né? Aquele outro também que toca muito, que é o ... Que está agora com Elis Regina. Andou tocando com a Elis Regina. Não me lembro qual é o nome dele.
D
 A senhora disse que gostava de dançar quando era jovem. Eh, eh, os ritmos que, que havia na sua (sup.)
L
 (sup.) Ah, bom, isso ... Bom, os ritmos são os mais ... Tango, dancei muito tango, samba, eh, como é aquele? Roque, dancei muito roque também. Eh, a rumba, dancei rumba também. No meu tempo havia realmente muita música boa de, pra dançar, né? E aquele também ...
D
 A senhora está esquecendo uma que era romântica à beça.
L
 A valsa. A valsa, não?
D
 Não só a valsa. Eh, de depois, que é latino também.
L
 Ah, que é latino?
D
 É, a senhora falou em rumba, não foi?
L
 A rumba, a (sup.)
D
 (sup.) O pessoal dançava de rosto colado. (risos) Eu também dancei. (risos)
L
 Ah, é (sup.)
D
 (sup.) Você já pensou?
L
 Qual é essa, heim?
D
 A senhora não está se lembrando. É muito comum.
L
 A valsa ...
D
 Era da época em que as pessoas dançavam juntas. (risos)
L
 É, ah, uma ... Não, não sei qual é então essa. Já não me lembro mais.
D
 Gregório Barrios não lhe lembra nada não?
L
 Ah, sim. Espera aí, o que que é? Não me lembro, não lembro mesmo. Qual é, heim? É a rum... Não, rumba não.
D
 Não. Rumba é muito agitado. Este é mais romântico.
L
 Sabe que eu não sei? Não estou me lembrando. Po... Se eu ... Qual é? Qual é?
D
 (risos) Não tem importância, depois a senhora se lembra.
L
 É capaz de eu me lembrar.
D
 E folclore a senhora gosta?
L
 Ah, demais.
D
 Conhece danças, eh, ritmos folclóricos (sup.)
L
 (sup.) Ah, conheço, conheço, conheço. Conheço o xa... bom, o xaxado, né? Conheço, adoro, eh, aquela, eh, a capoeira, adoro a capoeira, acho muito bonita a dança da capoeira. Que mais, o boi bumbá, assisti muitas vezes o boi-bumbá. Ah, que mais que eu me lembro assim de ter assistido, eh ...
D
 A senhora se lembra dos instrumentos que acompanham a capoeira?
L
 Bom, eh, a capoeira eu me lembro muito bem é o berimbau, né? O berimbau é que acompanha geralmente a, a capoeira que eu acho que é só, acho que é o berimbau, acho que é só e tem aquele triângulo, né, o triângulo, mas o triângulo é do xaxado, né, xa... ah, é do xaxado. O que mais que você ia (sup./inint.)
D
 (sup.) Eu ia perguntar do boi-bumbá, eh, se tem algum instrumento, se a senhora poderia descrever o que é o boi-bumbá.
L
 Não, boi-bumbá é, é mais, é aquela, aquela, é, é o, é o, é um, um indivíduo, eh, caracterizado, mesmo dentro de um, de uma máscara de um boi mesmo, né? Então é aquela, é a dança do, do, do de uma espécie de toureiro que quer matar o boi, né, então ele foge e dança prum lado e dança pro outro, eles usam muito o bombo, sabe, é o bombo, o bu... o bombo é, é, é, feito um tambor, eh, deixa eu ver, eu assisti em Belém do Pará, mas acho que só foi uma vez, eu não assisti mais não. É uma coisa interessante. Que mais que eu vi mais assim, por exemplo no nordeste eu não me lembro de ter visto nem uma festa folclórica. No nordeste eu vi foi o, o que aquele, foi o desafio, né, isso eu assisti muito. Hoje já não se vê mais, agora a última vez que eu fui ao nordeste eu já não vi. Há muitos anos eu assisti naquelas feiras livres o, o desafio, né, que hoje eles chamam de quê, meu Deus, tem um outro nome aí, eu ouço as vezes na, na televisão, mas não me lembro. Eu sou assim, ando esquecendo muitas coisas, sabe? Mas é o desafio que hoje não se vê quase mais nas feiras. Quando estive agora no, no, no nordeste não vi nada, nada.
D
 A senhora disse que gostava de carnaval quando era moça, mocinha. Era muito diferente o carnaval daquela época do carnaval de hoje?
L
 Ah, sim, e como. Eu adorava fazer o corso, né? Eu fazia todo ano, todo carnaval eu fazia o corso na avenida Rio Branco e andava sem... e, e fantasiava sempre e começava meu, o meu carnaval começava no, no, no sábado mesmo, sabe, sábado de carnaval, só ia terminar na quarta-feira e sempre fantasiada e, eh, e o, e o, eu ia sempre ao, aos bailes, mas durante o dia ia sempre passear na cidade, eh, eh, como chamam, de sujo, vestia assim de homem e ia pra, pra avenida Rio Branco pular e andava de, de bonde nos trilhos do bonde. Bom, era um carnaval bem diferente de hoje, nem há dúvida, era um carnaval muito mais espontâneo, muito mais alegre (sup.)
D
 (sup.) O corso o que era?
L
 O corso era, era aqueles carros, eh, eh, de capota que arriava, né, e você ia sentado em cima daquelas capotas arriadas e soltando serpentinas e confetes e cantando e pulando e flertes de um, de um carro pro outro. Era muito gostoso sim. Era muito bom mesmo. Hoje não tem mais nada disso. E, e, e a própria brincadeira de bonde também que a gente ia nos trilhos cantando era muito mais animado. E dos clubes, eu hoje não sei. Ho... hoje não posso te dizer o que é o carnaval porque já não, não, não vou ao carnaval de... olha, desde que eu me, desde que eu comecei a namorar o meu marido, ele não gostava e eu então abandonei. Meus filhos nunca ... Essa minha filha não gosta de carnaval, eu me admiro como é que uma moça não gosta de carnaval, né? Ela não vai mesmo e não gosta, acha que é uma loucura, um, uma, um, que tudo, que é uma coisa assim boba, que não tem, não, não traz nada pra você, né? Só traz canseira, que ela diz: isso me cansa, não quero saber de carnaval. E não vai. Bom, eu brinquei muito carnaval.
D
 Ah, hoje a senhora não vê nem pela televisão (inint.) não existe nada no carnaval (sup.)
L
 (sup./inint.) bom, vejo sim, vejo pela televisão, aliás, este ano eu vi mais porque eu tenho televisão a cores e estava com uma hóspede colombiana aqui na minha casa. Então eu fui assistir ... Vimos pela televisão. Mas, eh, ultimamente eu não estava assistindo pela televisão nem nada (sup.)
D
 (sup.) Mas vêem o quê especialmente do carnaval.
L
 O quê, ah, eu ver? Ah, bom, ah, de ver pular não, só vejo as esco... os desfiles das escolas de samba. Isso eu vejo. Isso eu vi uma vez, adorei, achei um, um espetáculo e realmente deve ser visto por todo bom brasileiro, deve ver porque realmente é uma coisa muito bonita. Mas hoje não, não tenho mais interesse. Geralmente eu vou, no carnaval vou pra Petrópolis.
D
 A senhora sabe, eh, a, as partes que compõem uma escola de samba? A senhora sabe os nomes da ...
L
 Sim, eu, eu ouço falar, né? Nunca, nunca participei de uma escola de samba. Tem a, tem o grupo da ala, eh, como é o ... Ah, minha filha, tem as baianas, que mais, tem a ala social, né, que ... Ah, não sei, oficial, as baianas, eh (sup.)
D
 (sup.) Tem um casal importantíssimo, né (sup.)
L
 (sup.) Tem, é, são ... Como é que eles chamam? Os passistas, né, são os passistas. Tem a moça que, que leva ... Como é que chama aquilo, meu Deus, as... que leva o estandarte da, da esco... o estandarte da escola de samba, né (sup.)
D
 (sup.) E tem um que acompanha (sup.)
L
 (sup.) Tem, o que acompanha é o ... Não sei, não sei. (risos) Coisa interessante que realmente eu ouço assim, aquela coisa passa, eu, eu, eu estou completamente desligada, estou vendo a, a, o, o, o, como é que se diz, o desfile, mas não estou bem ligada. E eu acomp... gozado e eu acompanho quando, quando vêm os resultados das escolas de samba, mas aquilo não ligo muito não, interessante (sup.)
D
 (sup.) A música da escola de samba, o que que sustenta a música da escola de samba.
L
 Ah, eu acho que, que é, que é a bateria, né? E o enredo também eu acho muito, muito bonito o ... Geralmente eu ... Os enredos são muito bonitos. E eu a... eu acho que realmente as escolas de samba, a única escola de samba que eu não gostei este ano foi acho que de São Carlos, acho que foi de São Carlos. Mas de um modo geral, eh, eu gosto da, dos enredos que elas apresentam, sabe? E eu acho realmente a, a, a parte mais interessante da escola de samba são os passistas, e é ... A bateria também acho um espetáculo, gosto de ouvir a bateria das escolas de samba (sup.)
D
 (sup.) A senhora conhece alguns instrumentos que compõem a bateria da escola de samba? Tem idéia?
L
 Que eu sei é o pandeiro, acho que aquele ... Acho que é o pandeiro, que mais, o bumbo, né? E também ... Bom, eh, acho que é só, que eu me lembre é só. Eh, há os outros instrumentos, né, que eles têm, eles, saxofone, eh, acho que tem, o bando... como é, não, o bandolim não, aquele como é? Aquele, aquele feito um violão pequini... pequenininho, como é? Não é bandolim não, é cavaquinho, né? Geralmente isso aparece, né? Acho que é cavaquinho e acho que violão não. Nunca vi violão na, na, noite, na escola de samba. Acho que só.
D
 A senhora, a senhora, o pessoal da sua família, vocês por acaso gostam de jogar?
L
 Jogar (sup.)
D
 (sup.) Esses jogos assim tradicionais (sup.)
L
 (sup.) Ah, sim, sim, buraco, né? Buraco, gostamos, mas raramente se joga. Aqui em casa meus filhos não gostam e eu, gozado, eu, eu, eu gosto de jogar quando eu não estou muito cansada porque eu acho que o jogo prende muito a atenção, né? Então quando eu não estou muito cansada eu gosto de jogar. Passatempo, né? Às vezes todo sá... todo domingo aqui quando nós nos reunimos geralmente nós jogamos um pouco de buraco (sup.)
D
 (sup.) A senhora podia descrever o jogo buraco?
L
 (risos) Ah, olha eu, de buraco, realmente, eu pouco jogo, (risos) viu (inint.) sabe que eu não gosto muito, não sei, não é uma coisa que me prende a atenção.
D
 Mas começa assim pelo po... Qual é ... Com o que é que se joga?
L
 Com cartas, eh (sup.)
D
 (sup.) E todas as cartas são iguais (sup.)
L
 (sup.) São onze cartas, né, então há uma sequência que você tem que ter os naipes, né (inint.) e há uma sequência, né, de cartas dentro daquele mesmo naipe, né?
D
 Quais são os naipes?
L
 Bom, não sei é o ... Deixa eu ver é um, dois, três. Bom é o ... Como é que se diz? E o rei, a dama, o valete, o dez, o nove, (risos) né, por aí. O que mais que vocês querem que eu diga? (risos) Mas eu não guardo, gozado, sabe que eu não, não sou muito de jogar, não gosto mesmo. O pessoal que joga ... Ou eu estou vendo, lendo jornal ou estou, estou fa... lendo algum livro, mas que eu fique presa a jogo, gozado, não sou de muito ... Geralmente tem que, tem que ser parceiro, tem que ter parceiro. Eh, geralmente quem joga é a minha mãe que é ferrenha, adora jogar, uma tia que vem também que adora e minha irmã e uma amiga da minha irmã.
D
 E jogam sempre buraco, não, não jogam assim (sup.)
L
 (sup.) Ah, sempre buraco, aqui em casa é sempre buraco. Acho que nem, nem sei, acho que ... Só. Eu só ouço elas falarem em buraco. Eu não gosto não sou ... Não gosto muito de jogo não, sabe?
D
 E os seus filhos quando eram crianças, eh, brincavam de algum jogo?
L
 É interessante, eles nunca foram meninos de jogar muita bola não, sabe? Eles sempre foram ... Porque a maior parte da infância deles eles passaram em Belém do Pará, eu morava num, num museu de (inint.) meu marido foi diretor do museu de (inint.) e hoje ele é um parque. E eles gostavam era bicicleta, de, de tomar banho de, do, nós t'inhamos lá uma espécie de, de, de piscina, mas era um tanque enorme, sabe? Então eles gostavam de nadar, andar de bicicleta e correr e trepar em árvore, mas não, não foram muito amigos assim de, de jo... do, de jogo de futebol eles não gostavam muito ou então (inint.) de soltar pipa, eh, bola de gude, essas coisas, mas de, de jogar bola eles nunca gostaram muito não, sabe? Sempre foram meninos assim mais ... Eh, e eu, quando eu, quando era mocinha adorava jogar vôlei, mas hoje se você me perguntar quais são as regras (risos) eu não sei porque isso, eu estava muito, muito afastada. (risos) Adorava de jogar vôlei. Gosta... a... adorava de jogar, eh, de jogar aquele futebol americano, adorava tudo isso, eh, adorava também era nadar. Nadei muito na minha vida, nadei demais (sup.)
D
 (sup.) Vários estilos ou ...
L
 Não, eu nunca ... Fui sempre assim ... Nunca fui de freqüentar a piscina não, sabe? Era um (sup.)
D
 (sup.) Mas a senhora conhece os diferentes tipos de estilos?
L
 Eu, eh, é 'crawl', né? Tem aquele que é, é ... E tem o, qual o outro ... Braçada. Nós ... Eu não sei qual era o meu estilo, minha filha, eu sei que eu nadei demais, mas ... Nós, geralmente nós, nós nadávamos era 'crawl', sabe? E (sup.)
D
 (sup.) A senhora praticava algum outro esporte além de natação e vôlei?
L
 Não, só. Era só isso. Era natação, vôlei, basquete não. Nós sempre ... Era mais vôlei. Basquete eu nunca joguei não. Pingue pongue também nós fazíamos muito, né, porque, eh, nós tínhamos, morávamos em casa e tínhamos aquela mesa, né, de pingue-pongue. Sempre jogávamos muito pingue-pongue. Tínhamos assim uma, uma, um grupo muito grande de moças e rapazes, sabe, que, que é, morando em bairro e em casa, né? Eu só vim morar em apartamento quando eu voltei de Belém, eh, que foi em mil novecentos e sessenta e um que eu comecei a morar em apartamento. Eu sempre morei em casa. Então sempre nós tivemos assim esporte livre mesmo assim ... Tínhamos, tínhamos uma mesa enorme de pingue-pongue e jogávamos muito.
D
 Está bom.
L
 Está bom? (risos)
D

  Está, está ótimo.