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PROJETO NURC-RJ

Tema: "Corpo Humano"

Inquérito 0270

Locutor 327
Sexo masculino, 46 anos de idade, pais cariocas
Profissão: engenheiro
Zona residencial: Norte

Data do registro: 08 de abril de 1975
Duração: 44 minutos

 

Som Clique aqui e ouça a narração do texto


D
 O senhor podia começar a falar de seus filhos, fisicamente, pra nós, a aparência deles.
L
 Bem, meu filho é um rapaz de dezessete anos, tem um metro e setenta de altura, é moreno claro, tem tórax desenvolvido, eh, (ruído) estatura, já disse, um metro e setenta, estatura mediana, tem um tipo assim esportivo. A minha filha é, é um tipo 'mignon', pequenina. Esse 'mingon' vai intencional mesmo. Eh, tem um metro e cinqüenta e cinco, clara, loura, eh ... É isso.
D
 E qual é a preferência do senhor em matéria de tipo físico? Por exemplo, na... Quando o senhor, ah, casou, naturalmente, né, esse aspecto de interesse físico pela pessoa é muito importante, né, quer dizer, o senhor tinha em mente um tipo assim ou não, foi ...
L
 Não, absolutamente, eu acho que isto é secundário. Desde que haja um aspecto harmônico, não é, que possa satisfazer, não há um tipo específico. O que agrada é o con... conjunto, o equilíbrio das formas, não é? De modo que qualquer tipo pode agradar, desde que não seja um tipo daqueles menos atraentes, não há, não há escolha, não tenho preferência (sup.)
D
 (sup.) O que que é um tipo menos atraente, por exemplo?
L
 O que que seria um tipo, um tipo menos atraente? Por exemplo, uma, uma moça que tenha uma cintura muito grossa, não é isso, que não tenha um busto e de acordo com, com o restante do físico, nada que chame assim atenção e que fosse algo fora da estética.
D
 Sim. O senhor acha que, por exemplo, as novas gerações do nosso, do nosso país, pelo menos em certas classes sociais, estão se desenvolvendo mais fisicamente do que, ah, gerações anteriores?
L
 Não tem dúvida, nem tem dúvida. Hoje em dia no Brasil tem melhorado muito. Eu me lembro, eu que já tenho quarenta e seis anos, quando eu era menino e nós víamos as moças, tinham um determinado aspecto. Hoje as moças brasileiras, sobretudo aqui no Rio de Janeiro, têm um aspecto saudável, de beleza mesmo, isso não só se nota, não só os cariocas notam isso, como os estrangeiros também. Parece-me que o aspecto físico e que isso está naturalmente está ligado muito à saúde, né, tem melhorado bastante, sem (sup.)
D
 (sup./inint.) quais são as características (sup.)
L
 (sup.) Isso eu afirmo com toda a convicção. Hoje as moças no, no Rio de Janeiro são belíssimas, belíssimas mesmo (sup.)
D
 (sup.) Quais são as características? (sup.)
L
 (sup.) Isso não é pra agradar nem porque nós somos cariocas não, isso é uma verdade. De modo ...
D
 Quais são as características? O aspecto físico delas em termos da (sup./inint.)
L
 (sup.) Olha, desde tudo, até da epiderme. Porque antigamente se viam as moças, com freqüência, até com, com pernas marcadas de, de feridas, etc. Isso existia, quando eu era garoto, eu me lembro disso e se via com muita freqüência. Hoje não se vê nada disso. Se nota que a saúde, o grau de saúde melhorou muito, melhorou muito, não tenha dúvida. É só freqüentar as praias do Rio de Janeiro, Ipanema, que se vê meninas muito bonitas.
D
 E, e os cuidados que levam a isso, quais seriam?
L
 Ah, isso é problema de educação. A educação, a meu ver, enfeixa todos os problemas nacionais. No dia que nós resolvermos o problema da educação, os demais problemas estarão resolvidos. E todas as vezes que se melhora ... Vamos supor, agora, por exemplo, nós temos um milhão de universitários no Brasil, um milhão. Se pretende que em mil novecentos e setenta e nove já sejam um milhão e oitocentos mil. Ora, pra atender a esses oitocentos mil haverá que se formar professores, haverá que criar salas de aula, não é, isso no âmbito universitário. Ora, as dificuldades pra isso não serão pequenas, de modo que, em mil novecentos e setenta e nove, com um milhão e oitocentos mil na universidade, nós não teremos resolvido o problema da educação, talvez até nós tenhamos agravado um pouquinho, mas não quer dizer com isso que nós não tenhamos que ter dois milhões em vez de um milhão e oitocentos mil, de modo que o dia em que o problema da educação for resolvido, os demais estarão resolvidos, tal a dificuldade e a complexidade do problema da educação. Aí nós podíamos falar uma hora. (risos)
D
 Na escola primária, geralmente, as professoras, de zona rural, sobretudo, de zonas menos favorecidas, elas fazem uma série de recomendações, de cuidados sobre isso. O senhor poderia enumerar alguns desses cuidados que elas dizem pras crianças sobre o corpo? Elas recomendam geralmente um tipo de coisa, o quê?
L
 É claro que isso é um problema de higiene, né? Na zona rural a, a educação é muito rudimentar ainda e quero crer que sejam conceitos daqueles mais rudimentares.
D
 O senhor poderia enumerar alguns?
L
 Ah, as professoras até a escovar os dentes elas ensinam, não tenha dúvida. E há outros cuidados mais, não é? De modo que não há dúvida nenhuma que, que as professoras, na escola primária, têm um papel mais de educadoras do que propriamente de, de professoras. Na zona rural, eh, os contatos que eu tenho com moças que eu conheço, que são professoras, elas contam coisas tão simples que, que ocorrem, que naturalmente o atraso da região obriga a professora a ensinar as coisas mais (risos) simples, de modo ...
D
 Mas o senhor na sua experiência de pai, educador, notou, há hábitos que são mais difíceis ou mais fáceis das crianças adquirirem, nos cuidados com o corpo, por exemplo?
L
 Não, não tive (ruído intenso) eu nunca tive esse problema não, porque o caso das crianças é o exemplo, não é? Se eles notam que os pais têm determinados cuidados, determinados hábitos, a criança aprende aquilo sem se dizer. Eu nunca ensinei aos meus filhos que eles deviam ensinar, eh, que eles deviam escovar os dentes, que eles deviam se banhar diariamente, que eles deviam lavar o rosto, nada disso. Nunca houve necessidade disso, porque é uma questão que a, a criança ... É uma comunicação que se faz naturalmente. O tipo de recomendação que eu nunca precisei fazer, nunca. Nem eu, nem minha mulher. De modo que foi uma coisa espontânea, nunca houve necessidade de chegar e dizer: menino, vá lavar as mãos, que nós vamos almoçar! Nunca houve necessidade disso. Pelo fato de que eles verificavam isso. Eu, por exemplo, como tenho hábito de estudar, de escrever, como eu me sento à mesa para escrever, quando meus filhos eram pequenininhos, eles queriam uma folha de papel pra também escrever. Ainda não sa... não eram nem sequer alfabetizados e já tinham vontade de escrever. Eu fazia figuras, por exemplo, de engenharia, fazia pórticos, às vezes pra dar uma aula de estabilidade, fazia determinadas figuras, pórticos, quadros (inint.) etc. E os meninos viam aquilo e im... imitavam as figuras. Diziam: papai, estou fazendo um desenho que você está fazendo também. Mas aquilo era espontâneo, porque eu nunca sentei do lado deles e disse: faça esse desenho. Não eram nem alfabetizados, agora pegaram num lápis muito cedo, como um brinquedo, pegaram uma, uma folha de papel. De modo que sinceramente eu não, não tenho como ser falso nisso, não posso contar o que não se passou. Foi tudo mais ou menos espontâneo. E há o problema da televisão, comunicação da televisão é uma coisa espantosa. Uma criança vê um programa de televisão, às vezes num intervalo, num anúncio, ele absorve tudo do anúncio. O adulto não, pode não notar certos detalhes, mas a criança apreende, de modo que, mesmo num anúncio, a televisão às vezes ensina certos hábitos de higiene. O próprio anúncio do sabonete, o próprio anúncio da, do xampu, né, aparece um chuveiro, aparece alguém se banhando, nunca houve necessidade assim específica de ensinar a fazer.
D
 O senhor acha que no nosso país o princípio do 'mens sana in corpore sano', eh, realmente norteia a educação?
L
 Não se pode afirmar com convicção. Há é uma intenção, não é, da 'mens sana in corpore sano', é uma intenção. O ministro Nei Braga está interessadíssimo nisto. Aqui mesmo na universidade está havendo um programa de implantação da educação desportiva. Naturalmente que hoje está se limitando apenas a um teste de Cooper e a um programa de natação. Nada além disto. Agora mesmo a minha filha está no primeiro ano da escola de engenharia e está fazendo isso três vezes por semana. Mas já é o princípio. Um dia tem de começar. Mas nós estamos longe disso. Não há ainda uma educação física, não é, que desde, de pequeno o garoto fazer isso. O meu filho, por exemplo, foi do Colégio de Aplicação da UEG. A UEG não tem um, um departamento de educação física. Mas houve um tempo que faziam convênio com, eh, de modo que ele teve a oportunidade de praticar judô, o que foi altamente salutar pra ele. Ele melhorou, melhorou o físico, eh, ocupou e, mais ainda, eh, trouxe vantagens principalmente. Por exemplo, hoje ele é um rapaz forte, com muita força física, tem um desempenho intelectual muito bom, diria mesmo, sem falsa modéstia, acima do normal, e com disposição física, quer dizer, vale a pena, é uma verdade, é um refrão, mas é uma verdade.
D
 Quais são as atividades assim físicas que o senhor nota que ele gosta de fazer?
L
 Ele, ele gostava de, de praticar esse judô e futebol, que eu acho que o brasileiro já nasce jogando futebol. Futebol também ele fazia. Mas o, o judô ele fazia, quer dizer, duma maneira orientada, que era com o professor, e não se limitava apenas à prática, ao jogo na hora, né, à luta na hora. Havia um preparo, de modo que era uma ginástica orientada. De modo que ele fazia exercícios físicos até certo ponto bastante difíceis. Hoje ele está ocupado, porque ele está se preparando pro vestibular, ele já não tem tanto tempo. Mas não perdeu o hábito de de manhã praticar uns dez minutos, ele sempre faz, dez minutos de educação física. Quer dizer, foi educado pra aquilo, se dez minutos é muito pouco, melhor do que nada, entendeu? O que mostra que é de fato uma necessidade a prática desportiva de educação física de um modo geral. Agora é preciso que seja orientada, nem pra haver excesso, nem pra haver falta, de modo que eu sou partidário de que haja educação física no Brasil.
D
 Ele é parecido fisicamente com o senhor, quais seriam os traços, em que ponto, mais ou menos, ele é parecido com o senhor?
L
 Não, ele, não, ele ... Eu, por exemplo, meu aspecto não dá impressão que eu pratico educação física, de modo que ele praticando, eh, o aspecto é diferente. De modo que, quem o vir (sup.)
D
 (sup./inint.)
L
 (sup.) Quem o vir, vai verificar que ele é meu filho, ele é muito parecido comigo, mas não tem o mesmo tipo físico meu.
D
 Mas ele tem um ponto, assim, uma parte do corpo que a gente vê, que por tal detalhe parece (sup./inint.)
L
 (sup.) Ah, os olhos, os olhos. Os olhos, a testa, o rosto de um modo geral, não completamente, mas sobretudo os olhos.
D
 E com a sua senhora?
L
 Com a minha senhora? Vamos dizer, o queixo, a boca, o nariz.
D
 A moça é mais parecida com o senhor ou com a sua senhora?
L
 A moça é mais parecida com minha mãe, parece com a minha mãe mais do que comigo. Lembra a minha mãe. (ruído)
D
 (inint./ruído) traços seus (inint./ruído intenso)
L
 (ruído) Não, não tem (inint./ruído intenso)
D
 Como é que o senhor descreveria o rosto dela (inint.)
L
 É difícil descrever o rosto. É, é um rosto oval, não é, não é como o meu, de lua cheia, não é absolutamente. Um rosto oval, com os olhos um pouco menores do que os meus, o nariz parecido com o meu, os lábios parecidos.
D
 Agora, nós estávamos justamente falando eh, como, como os jovens, eles têm se desenvolvido fisicamente, né, as novas gerações, mas parece que também as pessoas mais velhas, ah, estão agora mais do que antes interessadas no culto do corpo, enfim, na sua forma física. A gente vai à praia e vê uma série de coisas. Por exemplo, o senhor podia nos falar um pouco sobre isso. A gente vai à praia cedinho e a gente vê pessoas de todas as idades, né, irem lá, se cuidando fisicamente.
L
 É, hoje há idéia de que os cora... o coração está nos pés, né? De modo que com esta propaganda toda o que há é a preocupação do, do, do homem andar, quando ele está numa idade mais avançada, pelo menos andar, caminhar, não é? Quando as forças físicas ainda o permitem, correr três mil metros, quatro mil metros, por dia. De modo que também é uma propaganda bem feita, bem orientada e que só pode melhorar a circulação sangüínea, só pode dar, em suma, eh, estímulos ao coração, de tal modo que o homem possa manter a sua vida por mais tempo. De modo que tudo isto, naturalmente, é fruto de propaganda, não se pode deixar de concluir que é uma propaganda bem orientada, no sentido de fazer o homem praticar esporte.
D
 E, mas, e a preocupação estética, em tudo isso?
L
 Nem tanto, nem tanto pela preocupação estética não. Quer me parecer que a preocupação maior é de saúde, mais do que a preocupação estética.
D
 E essas senhoras, que têm dinheiro e que freqüentam tanto certos, ah, institutos de beleza (inint./sup.)
L
 (sup.) Aí é pura vaidade, é vaidade feminina. Mais do que problema de saúde, para a mulher, é vaidade feminina.
D
 E como é que o senhor vê isso? (sup.)
L
 (sup.) Trata-se de (sup.)
D
 (sup.) Vaidade feminina? (sup.)
L
 (sup.) Manter a silhueta, né?
D
 O que que o senhor acha disso?
L
 É coisa muito natural, porque afinal de contas a primeira impressão no homem, não é, é, é o aspecto físico da mulher. De modo que é natural que a vaidade feminina alimente esses institutos de beleza, todos esses cuidados, cujos resultados são muito duvidosos, (riso) por sinal.
D
 E alguns perigosos.
L
 É. E alguns (riso) perigosos.
D
 E a respeito do tipo brasileiro que é produto de uma mistura de, de várias raças? Como é que o senhor vê isso?
L
 Bem, isso é um aspecto interessante, porque do caldeamento das raças, é o que se chamou etnia brasileira, é que resultou esse tipo que tanto tem agradado a todos e que tem resultado também com ... Que do ponto de vista intelectual também é muito interessante, porque a inteligência humana, que está distribuída por toda parte uniformemente, tenho a impressão que no caso do Brasil está um pouquinho acima da média. De modo que o QI dos brasileiros, felizmente, principalmente daqueles que podem se alimentar bem e na hora justa, não está abaixo dos povos mais desenvolvidos no mundo. Isso eu não digo gratuitamente nem falo como brasileiro não, mas é uma constatação.
D
 O senhor acha que existe realmente isso de um tipo brasileiro? Quer dizer, nós três aqui somos brasileiros e somos bastante diferentes, né?
L
 Certo.
D
 Nós somos quatro. Ah, nós quatro, né, exato.
L
 Não, no caso nós somos bem diferentes, mas nós estamos caminhando para um tipo brasileiro. Um dia nós vamos chegar lá. Por exemplo, agora, na Amazônia está, estão criando lá as agrópolis e as rurópolis. Não sei se já ouviram falar. Então, qual é a preocupação de povoar a Amazônia e de que modo? Eles têm levado pra lá às vezes famílias de japoneses, às, às vezes famílias de alemães, às vezes famílias de france... italianos. Não quero me referir, eh, propriamente a, na primeira geração não, gente de origem japonesa, de origem italiana, de origem portuguesa, eh, brasileiros, vamos dizer, do, do nordeste. A preocupação lá é casá-los logo e nunca colocá-los na mesma agrópolis, de tal modo que eles possam logo, logo fazer esse caldeamento e se obter um produto nacional brasileiro. Um dia nossa etnia se transformará num tipo mais homogêneo. É claro que essa heterogeneidade ainda existe, mas não tanto. Se nós visitarmos o, como eu disse, a zona sul, por exemplo, já se vislumbra um tipo característico, para o qual tenderá o brasileiro. Já se vislumbra.
D
 Desse ponto de vista, um país que tem discriminação racial, como os Estados Unidos, está (sup.)
L
 (sup.) Está muitos furos atrás (sup.)
D
 (sup.) Está em desvantagem, né (sup.)
L
 (sup.) Está muitos furos atrás do Brasil, pode crer nisso. Eu acho que essa é que é a grande vantagem do Brasil. Outro dia nós fomos visitados por dois, eh, jornalistas da Nicarágua. Então ele estava me contando da, estava me contando da grande simpatia que tem pelo Brasil, justamente porque no Brasil não existe essa discriminação racial, se comparada com os Estados Unidos. Vamos admitir que ainda exista, mas em grau muito menor, de modo que isso nos dá uma situação de destaque, porque é espontâneo, é espontâneo no Brasil. É verdade que ela ainda existe, não vamos dizer que, que a discriminação no Brasil seja zero, não seria verdade, mas confrontando com os Estados Unidos, nós estamos muitos furos acima. Quero crer que eles gostariam muito de estar no grau que nós estamos hoje. Isso é uma vantagem, é uma grande vantagem que nós temos.
D
 Eu, por exemplo, eu sou neta de índio, né? Se o senhor me olhar, assim, será que há algum traço no meu rosto que o senhor associaria ainda?
L
 Bom, a senhora dizendo não é mais vantagem, não é mais vantagem, mas pelas maçãs do rosto se nota (sup.)
D
 (sup./inint.) as maçãs do rosto, quando eu tiro os óculos se nota, né?
L
 É, exato, é. É claro que a epiderme não tem mais a coloração do índio, não é, mas isso aqui é muito característico. É característico. Ainda mais dizendo. Porque se alguma dúvida houvesse. Mas já não existe.
D
 Agora, o senhor acha que é possível imaginar o tipo físico, né, do futuro americano que for resultado da combinação de um vietnamita, não é, e um americano? Estão indo todas estas criancinhas vietnamitas agora pros Estados Unidos, né?
L
 Sei.
D
 Né? Vão viver lá, crescer lá e etc. Então, que será, né, o produto de um americano e um vietnamita? É uma coisa difícil pra mim (sup.)
L
 (sup.) Não posso avaliar, pelo pre... pelo fato de que americano nós vemos muito poucos, não é? Os americanos que nós conhecemos, alguns são de origem irlandesa, outros são de origem italiana, outros são de origem portuguesa, até, então eu não sei, outros de origem inglesa. Então o próprio americano não está, não está fixado na nossa retina e muito menos o vietnamita, para que eu depois pudesse imaginar qual seria o produto desse cruzamento. Não sei, com sinceridade. Eu imagino um vietnamita de pequena estatura e um americano muito alto, resultado disso, eu não sei. (riso/sup.)
D
 (sup./inint.) um ponto de equilíbrio (inint.)
L
 Deve haver um equilíbrio, sim, mas sinceramente que eu não imagino. (risos)
D
 (inint.) cor da pele, ah, olhos, por exemplo, também formato (sup.)
L
 (sup.) Não tenho, não tenho a menor, não tenho a menor idéia. Em Pernambuco, já os holan... os holandeses estiveram lá. Há alguns brasileiros cujo sobrenome é Holanda, é Holanda justamente por isso, porque são descendentes de holandeses. Alguns deles já mora... moravam no nordeste, já houve um, uma certa, houve cruzamentos no nordeste, e os resultados estão, estão aí nos Holanda, os Buarque de Holanda, por exemplo. Podem dar uma idéia, alguns são louros e têm o rosto típico do nordestino, embora os olhos azuis. De modo, o que vai resultar de um americano com um vietnamita não sei, (riso) sinceramente.
D
 O rosto típico do nordestino o que é que caracteriza (inint.) o cearense em geral, quando se fala em nordestino, como tipo físico característico é o do cearense. O que que é?
L
 É, eu vou usar o linguajar carioca mesmo. A pesquisa de vocês é pra provocar certas expressões. A pergunta é muito boa, seria insincero se evitasse cabeça-chata. Eu vou dizer: cabeça-chata. (risos) Por que que eu vou omitir o cabeça-chata? Não vou não. (risos) Cabeça-chata.
D
 Outros tipos de cabeça, quais seriam eles, em oposição ao cabeça chata, quais seriam os outros tipos? Será só a cabeça chata que faz o tipo cearense característico ou tem mais?
L
 Não, em geral eles têm o rosto arredondado também, né? O carioca diria cara de lua cheia, também. (riso)
D
 E o restante, como é (inint.) cor de pele, estatura ...
L
 A cor de pele não é (inint.) pele morena, em geral não tem muita barba. Mas há o cearense do tipo do ministro da justiça também.
D
 Como é que é o ministro da justiça? (riso/sup.)
L
 (sup.) É, o ministro é, é um pouquinho diferente, é um pouquinho diferente.
D
 Como é que é? Eu não conheço o ministro da justiça (sup.)
L
 (sup.) Tem as ... Ah, é o Armando Falcão. Tem o rosto também redondo, né?
D
 Ah!
L
 Há cearenses claros, não é, há cearenses louros. Eu conheço vários cearenses que não são de pele morena e que não são propriamente de cabeça chata.
D
 Bom, além dos cuidados de higiene que normalmente as pessoas têm que ter, que outros cuidados a gente tem para continuar vivo, quer dizer, o corpo, enfim, a... animado, enfim, a serviço de uma alma e continuar circulando. Que que é mais que a gente tem que fazer, que a gente tem (inint.) e eu acho que uma das razões pelas quais as novas gerações estão tão diferentes e mais desenvolvidas se deve não apenas a certos cuidados de higiene, que são importantes, mas a também outros cuidados, maiores preocupações hoje com uma série de necessidades do corpo.
L
 Não, o homem, naturalmente, vai, pela sua educação, ele vai tomando cuidado com a saúde, é claro.
D
 Hum. E em que consiste este cuidado com a saúde?
L
 Depende do grau de cultura do indivíduo, né? De modo que quando ele tem uma cultura mais, eh, eh, avançada, ele insti... ele insensivelmente vai tomando esses cuidados. É coisa de educação. Como ele está educado pra tudo, ele, ele já toma as suas providências, é verdade.
D
 Mas eu, quando penso em cuidado com a saúde eu penso que isso implica em várias coisas. Por exemplo, às vezes uma pessoa pode passar a vida inteira sem, ah, ingerir nenhum medicamento e ser uma pessoa que passou a vida tendo cuidado com a saúde. Em que consistiu esse cuidado com a saúde dela?
L
 Ah, evitar certos vícios, é natural.
D
 Por exemplo.
L
 De todos os, de todos os tipos. Excessos, bebidas alcoólicas, evitar, eh, remédios. Um remédio às vezes pode ter um efeito colateral.
D
 E alguma coisa positiva, quer dizer, que não fosse apenas, ah, não fazer tais coisas, mas fazer tais coisas?
L
 Fazer ... Dormir bem, por exemplo, oito horas por dia, é um bom hábito, é saudável. Não praticar excessos de hipótese alguma, nenhum excesso.
D
 Nem de mais, nem de menos.
L
 Nem de mais, nem de menos.
D
 Por exemplo, ah, sempre se, se diz que, ah, o que seria a nossa cozinha mais característica nacional talvez não fosse de acordo com as nossas (sup./inint.)
L
 (sup.) Não, os hábitos alimentares, infelizmente, nesse ponto, nós não estamos suficientemente educados. Mesmo gente formada, graduada, por exemplo, no verão se alimenta às vezes comendo feijão, e o feijão, se é um alimento muito bom no inverno, deixa a desejar no verão. No entanto o brasileiro não pode passar sem feijão, de um modo geral, gente até educada. De modo que no verão, eh, ingerir certos tipos de alimentos é uma prática que não é saudável.
D
 Sim. E também haveria relação com a quantidade e a qualidade daquilo que se come.
L
 Não. O, o homem bem alimentado não é aquele que come muito. O homem pode se alimentar muito bem, sem comer muito, e pode se alimentar muito mal, comendo muito.
D
 Quais são os seus cuidados (inint./sup.)
L
 (sup.) O que vale é a qualidade, não a quantidade. (riso)
D
 Os seus cuidados com a sua saúde?
L
 Evitar tudo aquilo que me parece ou que me informaram nas épocas de vida que não era bom e eu me convenci disso.
D
 Por exemplo, por exemplo.
L
 Por exemplo, eu, eu nunca deixei, nunca passei uma noite em claro, nunca, jamais, né? Posso estar mais ocupado possível, que eu sempre dedico uma parte do dia, como é normal, pra descansar. Sempre procurei me alimentar com os hábitos, de acordo com o que se, prescrevem os nutricionistas. Não seguindo à risca, porém não me afastando muito desses preceitos.
D
 E quais são esses preceitos, por exemplo (sup./inint.)
L
 (sup.) Ah, uma, uma alimentação equilibrada entre proteínas, calorias, vitaminas.
D
 E o senhor sabe assim, ah, que alimentos, né, de preferência, eh, assumem essas, essas calorias, essas vitaminas, essas proteínas?
L
 Ah, é claro, todo mundo conhece isso, quem lê um pouquinho, né? Proteínas todo mundo sabe que encontra na carne, no peixe, nos ovos, não é? Leite, por exemplo, tem, é um alimento de primeira ordem, tem cálcio, inclusive. Proteínas são encontradas até no feijão-soja, por exemplo. Na soja, nos cereais (sup.)
D
 (sup.) Há um tipo de exercício que se propõe, na linha assim oriental, que insiste muito num tipo de atividade natural fundamental ao (inint.) eu acho que há pessoas que passam a vida inteira fazendo este ato mal ou então de forma não suficiente. É o ato mais natural, sem o qual nós não sobrevivemos.
L
 Não sei o que é.
D
 É. O senhor sabe o que é, mas às vezes não ocorre à gente. Mas eu vou lhe fazer uma pergunta que, ah, provavelmente o se... não somente da sua experiência, mas, eh, de, de ter filhos. O problema da descoberta do corpo, por uma criança, é alguma coisa séria, quer dizer, que preocupa, assim, se não for bem orientado pode trazer conseqüências.
L
 Isso depende também do, do, do grau de, de inteligência, do grau intelectual da criança. São outras, são, são, são fenômenos naturais. Eu também não observei nenhum problema quanto aos meus filhos, em relação a isso. É verdade que eles sempre tiveram leitura, desde pequenos, pelo fato de conviverem com gente que lê, eles sempre tiveram leitura adequada, sempre conversaram naturalmente, com a mãe, com o pai, com a avó sobretudo, de modo que eu não tive o menor problema com essa descoberta. Eles foram muito equilibrados nesse aspecto, não tive o menor problema.
D
 Agora, um pouquinho de, de lembrança da infância, da, da, da época de escola primária. Os seus primeiros estudos, né? E a esse respeito, como é que foram? Quer dizer, o senhor se lembra quando começou a saber o nome das partes do corpo, enfim, que tipo de aula, como é que eram, como é que o professor fazia? Porque todos nós estudamos, né, na escola e aprendemos que na, tal parte do corpo se chama assim, tal outra se chama assim, como é que se faz isso normalmente na escola?
L
 Como está se fazendo agora (sup.)
D
 (sup.) Não (sup.)
L
 (sup.) Como era feito no meu tempo (sup.)
D
 (sup.) Como se fazia no seu tempo e como se faz agora.
L
 No meu tempo nem todas as escolas havia isto não. Por acaso na escola que eu freqüentei, havia uma diretora muito inteligente que, com muito, muito sutilmente, fazia isso com muita habilidade, sem produzir nenhum choque nos alunos. De modo que isso foi muito bem feito, na ocasião, isso já há muitos anos. Mas eu quero crer que foi, naquele tempo foi mero acaso. Hoje as escolas já fazem isso de uma maneira bem feita, sem se, sem chamar de, de educação sexual, sem nada disso, eles podem fazer muito bem feito e estão fazendo. No, no, nas escolas que meus filhos freqüentaram fizeram isso com muita habilidade, com muita naturalidade. Como é tudo natural, não é? Agora, também, não há necessidade de precipitar nem levar aos excessos que certas escolas inglesas levaram. Uma professora se despir perante os alunos pra mostrar as partes do corpo. Não precisa ir a esses excessos. Mas já houve casos desse tipo na Inglaterra, na Itália também houve. De modo que não há necessidade de ir a esse, a esse exagero. Afinal de conta, o, a inteligência humana é suficiente pra poder falar sobre essas coisas com a maior naturalidade. Aí o importante é a naturalidade. Desde de que haja naturalidade, não haverá pecado, nem maldade, né, não haverá as inibições de tempos idos, os tabus antigos.
D
 Qual é o conceito, ah, de beleza vigente entre nós? Por exemplo, quando há esses concursos de beleza por aí, né, que certas pessoas são escolhidas e não outras, isso se faz em função de um certo modelo padrão, que se tem (inint./sup.)
L
 (sup.) Mera convenção, mera convenção. Já houve até um trabalho de um professor daqui, naturalmente de natureza filosófica, que ele intitulou "Belo Mito do Belo". Muito expressivo, o título. De modo que é um conceito meramente convencional. Se se verificar uma pintura antiga, do tempo da Idade Média, o tipo físico de, de mulher pintado por aqueles pintores daquela época, hoje não seria aceito, porque é mera convenção. O que nos parece belo hoje, pode... poderá parecer às, às gerações vindouras que não é, de modo que ...
D
 O que que o senhor acha da moda atual? Porque a moda está em função, não é, de um efeito estético, não é, tratar fisicamente, etc. Como é que o senhor vê (sup./inint.)
L
 (sup.) É, é um fenômeno puramente psicológico. Porque, se está na moda, em ger... a maioria dos indivíduos aceita, porque há uma preocupação em não ficar diferente dos outros. Se pode ser, eh, discreto, sendo, não é, eh, sendo parecido com os outros. Nós podemos nos tornar indiscretos ou escandalosos se estivermos diferentes. Já imaginou um homem na idade provecta e de fraque e co... cartola, na cidade, hoje? Ele ia causar escândalo, porque iria chamar atenção. No entanto, era normal, no tempo do imperador dom Pedro II, um professor se apresentar num, numa, num, num colégio pra dar aula, de fraque e cartola. De modo que são ... Não é (sup.)
D
 (sup.) Seria possível definir (sup.)
L
 (sup.) O costume de acordo com o tempo (sup.)
D
 (sup.) Seria possível definir a moda atual (sup.)
L
 (sup.) São meros costumes (sup.)
D
 (sup.) Definir dizer se está usando (inint./sup.)
L
 (sup.) Definir como?
D
 Dizer se está usando isso ou aquilo, hoje, é possível dizer isso?
L
 Isso depende muito da observação que se faz. Naturalmente, se perguntar a, a uma moça o que se está usando hoje, ela lhe descreverá isso com os maiores detalhes, que ela está preocupada em expor nos mínimos pormenores. Eu confesso que eu não me preocupo com esses pormenores, mas sou capaz de verificando duas pessoas, se uma está de acordo com a moda ou não. Não vou lhe dizer como é a moda feminina hoje, nesse instante, mas aqui na nossa escola, nós temos um desfile de manequins, na moda. Nós estamos numa faculdade de arquitetura e agora recebendo alunos da escola de Belas-Artes, de modo que há meninas, há moças que estão aqui ao rigor da moda, aparecem aqui ao rigor da moda. Vou lhe dizer mais: hoje as moças estão usando umas calças na altura do joelho e algumas até com fitinhas. (risos) É a última novidade que surgiu por aí.
D
 Dá de tudo! Estuda-se anatomia na escola de arquitetura?
L
 Não.
D
 Mas estuda-se em Belas-Artes?
L
 Em Belas-Artes, mas não no aspecto que se dá na medicina, que se empresta na medicina.
D
 Qual é a diferença?
L
 Na ... Aqui apenas eles estão preocupados com a forma.
D
 Hum.
L
 De modo que ele estuda anatomia pra quando ele pintar um, um braço, eh, aparecerem os nervos de acordo, aparecerem os músculos como eles são, pra não haver a possibilidade de um pintor, fazendo uma pessoa faze... eh, fazendo um esforço físico e o músculo não estar contraído, como é na realidade. De modo que a preocupação é ser realista na pintura, mesmo quando acadêmico. Não é a mesma preocupação do médico.
D
 E no médi... e na medicina?
L
 Na medicina, não. Na anatomia, eles vão até o rigor, aos mínimos detalhes, né?
D
 Por exemplo ... As perguntas que nós estamos fazendo parece pedir respostas muito óbvias (sup.)
L
 (sup.) Certo (sup.)
D
 (sup.) O senhor pode hesitar um pouco por isso. Mas é que o nosso objetivo é perguntar coisas óbvias mesmo (sup.)
L
 (sup.) Sei (sup.)
D
 (sup.) Muito simples, né, que o senhor sabe que nós sabemos, mas não tem importância, somente pra (sup.)
L
 (sup.) Sei, eu compreendo (sup.)
D
 (sup.) Viu? Por exemplo (inint./sup.)
L
 (sup.) Não, mas eu estou numa dificuldade tremenda pra responder isso (sup.)
D
 (sup.) Não, mas, está ... Em medicina (sup.)
L
 (sup.) Eu estou procurando atender porque eu, eu não deixo de ligar as per... (riso) as respostas ao objetivo, e eu não quero que percam a, a oportunidade de fazer a pesquisa que desejam. Mas por outro lado, eu, eu sinto que às vezes eu não ... (riso)
D
 Não, que é assim mesmo, o assunto é ingrato pra qualquer pessoa. O senhor não se preocupe, nós já sabemos disso.
L
 (riso)
D
 Por isso que lhe pergunto um pouco em medicina.
L
 Pois não.
D
 Acho que se o senhor pudesse nomear como um médico estuda um corpo, parte por parte, em determinada cadeira ou em outra.
L
 Na, na, na anatomia, ah, eles vão muito longe. Em Brasília, por exemplo, eh, eles usavam uns professores especialistas. Então ia lá um especialista em pé. Então passava dez dias dando a anatomia do pé. E quando chegava na anatomia do pé, descia a detalhes curiosíssimos. Eu, como era professor de, de engenharia, também, às vezes era procurado por pesquisadores de medicina. Então, no pé, os detalhes são ... E interessante é que há engenharia no corpo humano de todas as especialidades. (riso) Então, no pé, por exemplo, há um arco e há cartilagens, que fazem o papel de tirantes, na estrutura. Já que querem detalhes eu vou dar. Então veja bem, o que é o arco? É uma estrutura que foi concebida pelos etruscos, porque só usavam materiais que resistiam muito bem à compressão e muito mal à tração. Então, se eles não tivessem imaginação criadora pra conceber uma estrutura cujos esforços se distribuíssem de tal sorte que todos os pontos aparecessem comprimidos, aquele material não teria os recursos. Mas o homem não inventa coisa nenhuma, o homem não cria nada, o homem só faz é imitar a natureza. Então essa solução do arco, papai do céu quando criou o homem usou no pé. Então, veja bem, nós temos um arco, na planta do pé. Quando esse arco é abatido, tem uma flexa pequena, há empuxo, que é uma força horizontal, que se distribui pelo arco. Esse empuxo é tanto maior, quanto menor é a flecha. Então o homem que tem o arco abatido, é o chamado pé chato, ele se cansa, se fatiga, não pode caminhar muito, porque aquele arco que está mal projetado dá esforços naquelas cartilagens, que levam ao cansaço. Isso é um detalhe da anatomia do pé, entendeu? O fêmur, por exemplo, o osso fêmur, que é o maior osso do corpo humano, ele tem uma forma. Se se fizer a análise de tensões do fêmur, se irá concluir que a melhor forma que poderia existir para o projeto do fêmur foi aquele que a natureza deu. Então não há engenheiro nenhum no mundo, por mais especialista que fosse que conseguiria imaginar uma forma mais perfeita. De modo que a anatomia não tem fim, toda essa parte não tem fim. Isso só do aspecto estrutural. Agora veja os outros aspectos. Você olha um pouco pra eletrônica, por exemplo, pros centros nervosos, está tudo no cérebro. O homem tem um computador eletrônico muito melhor do que esses que estão fazendo por aí. Apenas ele não utiliza completamente o computador. Mas comanda tudo, o computador tem memórias, como tem o outro computador. De modo que, do ponto de vista eletrônico, os nervos é que conduzem todos esses comandos do computador pros centros nervosos do corpo. De modo que isto também não teria fim, eu não sou médico, nem quero entender disso, mas às vezes a gente se interessa.
D
 Parece que o homem ainda não está utilizando todas as suas possibilidades.
L
 Nada. Nada. O homem, o homem é um ignorante, um grande ignorante, por enquanto.
D
 Mesmo no plano biológico ele está longe de saber (sup.)
L
 (sup.) De todos os pontos de vista. Não tenha dúvida, não tenha dúvida.
D
 Eu tenho a impressão que nós já gravamos quarenta minutos, quarenta minutos, já tomamos (sup.)
L

  (sup.) Eu acho que sim. Eu acho (interrupção)