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PROJETO NURC-RJ

Tema: "Alimentação"

Inquérito 0253

Locutor 304
Sexo feminino, 60 anos de idade, pais não-cariocas
Profissão: professora de didática
Zona residencial: Norte

Data do registro: 10 de outubro de 1974

Duração: 44 minutos

Som Clique aqui e ouça a narração do texto


L
 Porque a comunicação também ela está muito presa à clareza e à exatidão das, dos termos que a gente emprega. Agora na verdade também procuro não ficar distante dos alunos, refugando expressões que eles usam e que gradativamente vão passando a ter um significado e sendo englobados ao vocabulário, hum, da língua, vamos dizer, em termos de autenticidade.
D
 Sei. E esse tema que que sugere à senhora?
L
 Alimentação?
D
 Sim.
L
 Olha, eu pra ser franca com você, eh, dada a natureza das minhas atividades, de repente eu reconheço a importância dele, mas nunca me detive particularmente. Estou sendo absolutamente franca. Sou muito mais uma pessoa de contato e por temperamento, por feitio, por experiência, por gosto, uma pessoa que tem muito mais prazer naquelas atividades que envolvem relacionamento humano em todos os estudos que eu fiz, de sociologia, de psicologia, eh, na área profissional, atividades de formação de professores ou formação de pessoal pra atividades terciárias, portanto comércio e serviços. Então isso tudo daí indica a você, ou a vocês, muito mais do meu gosto, pra mim, o meu interesse por ciências, eh, humanas do que propriamente por aqueles aspectos do conhecimento científico, ah, vamos dizer, que nós colocariamos lá na área das ciências naturais. Então eu não tenho ... Se eu fosse escolher entre a biologia, a psicologia e a sociologia, eu ficava com a psicologia e a sociologia. Então honestamente eu não tenho estudos nem conhecimentos nem assim, ah, um bom, um aprofundamento maior nesse setor. Agora acho que a alimentaçaõ é extremamente importante, acho que 'e um, por exemplo, deve ser um programa prioritário em qualquer governo, acabo de fazer contatos com a Universidade de Michigan, onde se estu... se estudava exatamente o problema da educação não formal, então um dos programas que eles desenvolvem é o programa em torno da nutrição e eu considero isso muito importante, porque ela é básica no equilíbrio biológico e, e portanto no equilíbrio psicológico. Então o que a, a, a alimentação sugere, ela me sugere nos termos que eu trataria de nutrição, de um organismo bem alimentado com um metabolismo, eh, equilibrado, condicionando uma produção e um equilíbrio, em termos psicológico e sociais maior. É o que me sugere.
D
 Então vamos falar sobre a prática alimentar, uma coisa muito simples.
L
 Ah, sim.
D
 As suas horas de refei,cões, o que a senhora prefere (problemas na gravação/trecho inint.)
L
 Olha, honestamente eu tenho a impressão de que, eh, os meus hábitos alimentares não diferem grandemente dos demais. No momento eles refletem talvez uma preocupação do momento, que é o comer satisfatoriamente, pra, a ponto de ficar alimentada e não comer demais ou inadequadamente para não engordar. Então na verdade eu tenho horas relativamente certas de comer, relativamente, se eu estiver empenhada no trabalho, eu passo da hora, mas eu tenho horas relativamente certas de comer e como, eh, aquelas coisas que me alimentam, sem me sobrecarregar desnecessariamente de subprodutos que se traduzem em gordura (sup.)
D
 (sup.) A senhora podia especificar (sup.)
L
 (sup.) Então, eu como verdura, eu como verdura, eu como frutas, não gosto muito, mas hoje procuro comer mais do que já comi, gosto de carne, como bastante carne, talvez até mais do que devesse, para a minha idade, como pouco doces, não me dou ao luxo de comê-los muito, embora goste de alguns, gosto mais de bolo do que de doce propriamente dito. Mas é uma alimentação relativamente simples.
D
 Como é que a senhora resolve, porque a senhora tem uma atividade profissional muito intensa, então principalmente a senhora fica, principalmente não, a senhora fica o dia inteiro fora de casa, como é que a senhora resolve esse problema?
L
 Bem, quando eu trabalhava, não trabalhava aqui no SENAC, eu em geral organizava a minha vida de maneira a ter as aulas, digamos, fazia, eu sempre procurei viver higienicamente em todos os sentidos. Não que isso seja assim alguma coisa de r'igido, mas quero dizer, eu me dou por exemplo ao direito de ter horas de lazer quando eu gosto e preciso tê-las. E procurei sempre equilibrar os meus horários de maneira, digamos, no caso, no tempo em que eu trabalhava no Instituto, e na, e na Universidade, ainda não estava no SENAC, eu trabalhava, digamos, segundas, terças, folgava quarta, trabalhava quar... quinta, sexta, folgava sábado. Então, nesses dias eu trabalhava de manhã, começava às sete horas, apesar de não gostar de acordar cedo, mas, como o dia rende, eu me forçava a fazê-lo. Então eu vinha almoçar em casa e tinha aula na faculdade à noite, então dava perfeitamente tempo. Depois que eu vim para o SENAC, eu passei ou a almoçar no Instituto de Educação, que sempre teve um restaurante, ou quando fiquei exclusivamente no SENAC, passei a almoçar no SENAC. Então, ou eu almoço em casa, ou se eu preciso vir mais cedo para o SENAC, eu consigo manter esse equilíbrio de almoçar por volta, entre, digamos, onze e meia e vai até meio-dia, porque ou eu almoço em casa, antes de sair, e aqui neste caso eu entro ao meio-dia, ou eu almoço no SENAC, onde nós temos duas sessões para almoço, uma que vai de onze ao meio-dia, para os funcionários, uma que vai de meio-dia e meia a uma e meia, duas horas, para os diretores. Então é possível. Como eu chego em casa normalmente por volta de oito horas, o meu jantar é mais ou menos às oito horas. Então eu almoço entre, digamos, onze e meia e meio-dia, e eu janto quase que regularmente às oito horas da noite.
D
 Pela manhã, a senhora costuma comer o quê, exatamente, heim?
L
 Ah, eu nunca fui de comer, tenho, gosto muito de café e pra mim o essencial de manhã é tomar café. Mas nunca fui de comer muito de manhã, então, sobretudo depois que eu procurei, vamos dizer, evitar engordar, ou, inclusive, eu consegui perder um pouco de peso, porque eu estava um pouco gorda, eu tomo ... Isso praticamente é uma prática, digamos, dos meus últimos seis anos. E era mais ou menos o que eu fazia antes, um pouco mais talvez. Eu tomo uma xícara e meia de café preto, simples, porque não me dou bem com café com leite. Já verifiquei isso, não tenho maior interesse então, e gosto muito de café, então eu tomo uma xícara e meia de café preto. Bom, essa xícara e meia de café preto eu explico por que da xícara e meia. É porque eu só gosto de café e de sopa quente. Então eu não encho a xícara e quando ela começa a esfriar eu ponho novamente café. Então eu tomo café sempre quente, daí a eu tomar mais ou menos uma xícara e meia. Três bolachas dágua, com requeijão Poços de Caldas, esse é o meu café da manhã. E no almoço, como eu disse a vocês, é mais ou menos o quê? Um bife ou galinha ou peixe, uma entrada de legume, uma salada e, a não ser que a sobremesa seja muito gostosa, um quindim, por exemplo, ou um mil-folhas, fora disso eu fico ou no melão ou na maçã e freqüentemente nada, apenas café.
D
 E entre o café e o almoço e o jantar?
L
 Bem, nós temos, aqui nós não temos intervalo regular, temos apenas um café que é passado. Então eu tomo este café com, dependendo de estar acompanhada ou ter tempo ou não ter tempo, eu tomo, digamos, um meio copo, três dedos de café e trê... duas ou três bolachas dágua, dependendo de que, se eu estou na minha sala ou não estou na minha sala. E às vezes fico só no café. Agora além deste café eu em geral, eh, há um primeiro café que passa logo que se chega, então de fato a minha sobrecarga negativa na, no, do ponto de vista alimentar é a do café, porque eu não retirei o açúcar do café, sinto necessidade do café, gosto do café. Então eu fiz, perdi doze quilos no regime que fiz, meu, sem nenhum remédio, apenas retirando massas, açúcares e batata e, enfim, farináceos em geral, mas nunca retirei o açúcar do café. Isso representaria psicologicamente uma, vamos dizer, uma insatisfação e eu acho que não há nada que compense a pessoa não estar satisfeita por não fazer o que deseja fazer.
D
 A senhora disse que gosta de verduras e frutas, mencionou algumas frutas. E entre as verduras (sup.)
L
 (sup.) Não, eu não go... olha, pra ser absolutamente franca com você, eu não gosto muito nem de, muito de verdura nem muito de fruta. Como.
D
 Mas as verduras que a senhora (sup.)
L
 (sup.) Entre as frutas, por exemplo, eu prefiro as frutas nossas. Eu preferia os, se eu tiver que escolher ou puder escolher, eu prefiro uma fruta-de-conde, um sapoti, o que é muito raro de achar, abio, jabuticaba. Eu prefiro as frutas e gosto imensamente de banana. Como pouco, porque não devo, mas é uma das frutas que eu mais gosto. Agora me acostumei a comer laranja, que não era muito amiga. Não suporto, a única fruta que eu não gosto mesmo porque inclusive me enjoa, e é até uma coisa estranha, porque considerada digestiva, que é o mamão. O mamão eu não como, fora disso, eu não gosto de cajá, nenhuma fruta ácida eu me dou bem.
D
 E entre as verduras?
L
 Entre as verduras, eu prefiro por exemplo uma bertalha a um espinafre, como o espinafre mas eu prefiro a bertalha. Hum, preparado conforme eu preparo, eu como bem um repolho. Mas na verdade eu fico entre um espinafre, a bertalha, (tosse) quiabo, eu gosto do quiabo, eu gosto da ervilha, como alface, gosto mais do agrião que do alface.
D
 Por que que banana lhe faz mal?
L
 Não, ela não me faz mal não, ela engorda. Não me faz mal nenhum (sup.)
D
 (sup.) Ah, bom (sup.)
L
 (sup.) Ela engorda. Só. E inclusive eu gosto imensamente de banana, de todas as maneiras (sup.)
D
 (sup.) Sei (sup.)
L
 (sup.) Compreende?
D
 A senhora conhece várias maneiras de preparar banana (sup.)
L
 (sup.) Ah, sim. Olha, eu como a banana, faço o prato por exemplo, eh, de carne de porco em fatias, servido com a banana cortada em rodelas, juntamente com a laranja. A laranja ao natural, a banana em rodelas, preparada com um creme, ah, de, feito como se fosse uma maionese, né, um pouquinho de limão, etc. fica muito gostoso. A banana à milanesa, pra servir com o rosbife. A banana na farofa, que eu gosto imensamente de farofa, é o único luxo que eu me dou em matéria dos farináceos. A banana como sobremesa, dourada, em torta, cozida, assada, ah, preparada ao sol, banana passa, minha avó era maranhense, então aprendemos esse, essa forma de preparar banana.
D
 Você sabe como é que se faz, como é que prepara a banana-passa? (inint.)
L
 Bem, pelo menos a minha avó fazia da seguinte maneira: cortava a banana, ah, colocava, eu não me lembro, agora já não garanto, se ela colocava açúcar e canela ou simplesmente açúcar, colocava num tabuleiro, botava por cima essa banana cortada em fatias fininhas, mas na horizontal, colocava em cima do muro. Isso tudo eu me lembro do meu tempo de menina. Era assim que ela fazia. Em vez de fritar, ela deixava a banana absorver o, o açúcar e o sol ia fazendo um efeito que é muito melhor que a fritura.
D
 A senhora sabe cozinhar?
L
 Não.
D
 Não?
L
 Eu sei fazer ... Meu marido cozinhava muito bem, porque era filho de húngaro, de húngara aliás, português com húngara, e ele conhecia bastante uma variedade grande de pratos, todos eles, os irmãos dele inclusive gostavam e sabiam, inclusive o meu filho gosta muito, se já fez, se fizeram contato com ele, ele deve ter dito isso a vocês. Cozinhava pra ele até na Alemanha. Mas eu pessoalmente não sei cozinhar. Eu faço aquelas coisas que ... E como sempre fui uma pessoa que muito cedo comecei a estudar e a trabalhar e tivemos a felicidade na minha família de minha mãe, de ter uma empregada quase a vida inteira, e eu mesma ter, trinta e cinco anos, uma única empregada, então na verdade nós dividíamos o trabalho de maneira que ela fazia o que ela sabia e gostava e eu completava naquilo que ela não gostava. Então na verdade eu faço um bom bife, faço um bife muito bom, desses que fica tostadinho por fora e cru por dentro.
D
 O que é preciso pra fazer um bom bife (inint.)
L
 Eu acho que botar um, um mínimo ... Olha pode-se fazer um bom bife até sem gordura. Quando eu quis emagrecer, eu colocava o mínimo dágua na frigideira, na Tefal ou não, depois que descobri a Tefal foi melhor, e assim eu deixava a frigideira esquentar bem, e colocava o bife e passava, esfregando nesta própria água, bem quentinha, porque o suco da carne vai passando, a gente vira pelo outro lado e consegue o mesmo efeito. Agora ele evidentemente fica mais gostoso se você esquenta a manteiga, deixa tostar, esfrega o bife, sem apertar, vira do outro lado e faz a mesma coisa. Então ele fica tostado, queimadinho por fora, mas na verdade se você parte, ele está sangrando, que é como eu gosto do meu bife. Pra mim a carne deve ser ao ponto para crua.
D
 Que tipo de carne (inint.)
L
 Em geral evidentemente que a gente não pode se dar ao luxo de comer um filé-mignon, mas o meu marido gostava, e eu me acostumei e acho que é gostoso, o chã-de-dentro. A alcatra pra, para um assado e o chã-de-dentro para, para o bife. E sendo que nós fazíamos um rosbife que é muito difícil de comer fora igual ao que se comia. Eu sei como fazer, eu nunca cheguei a fazer o rosbife, rosbife não, isso a minha empregada fazia ou o meu marido fazia. Espetava, limpava a carne, o fim da chã-de-dentro, dois quilos mais ou menos, espetava toda a carne com uma pasta feita com pimenta do reino, eh, cebola e alho, sal, cebola e alho, deixava, passava em volta, espetava e depois levava na, na gordura bem quente. E virando aos pouquinhos e despejando aquele molhinho que vai se formando em cima e aí vai fazendo o rosbife. Eu pessoalmente nunca cheguei a fazer um rosbife inteiro. Tenho feito pequenos pedaços e quando só como, só cozinho quando não tem outro remédio, porque gostar propriamente não gosto, eu geralmente faço bife, preparo um ovo 'poché', que também gosto, resolve melhor do que um, gosto muito de um ovo frito, mas evito, porque sinto que não me faz muito bem, durante muitos anos eu fui propensa a enxaqueca. Depois que eu operei a catarata, eu sou operada de catarata dos dois olhos. Estou com lentes de contato, né? Levo a mesma vida que antes, mas, o que é, o que não é comum, mas, na verdade, depois que eu operei a catarata, não sei se a retirada do cristalino liberou um pouco, reduziu a, o fluxo do líquido do globo ocular e eu não tenho praticamente mais enxaqueca. Então eu evitava coisas assim que possam precipitar uma enxaqueca. O excesso de trabalho era difícil de evitar, a tensão também, né, mas a comida eu podia evitar então, por isso eu prefiro um ovo 'poché'. Quando eu não tenho outra maneira de me alimentar, eu faço dois ovos 'pouchés', faço um bife rapidamente, faço uma farofa, e estou satisfeita.
D
 Seu marido fazia pratos húngaros?
L
 Fazia.
D
 A senhora podia (sup.)
L
 (sup.) Bom, eu não teria assim muitas condições para descrever porque na verdade ele próprio tinha, teve um problema de fígado e, e de certo modo nós ... Consegui ajudá-lo a prolongar quinze anos da vida, reduzindo muito os tipos de comidas. Mas na verdade ele conhecia pratos por exemplo que se faz levando açúcar, molho branco com açúcar. Então esses tipos de, de comida assim se fazia, se fez lá em casa. Mas não era muito comum. A nossa comida era uma comida relativamente simples, mesmo mais que a comida brasileira, mesmo a pimenta do reino reduziu-se muito, as frituras reduziu-se muito. E como nós gostávamos muito de comida saudável, na verdade o grosso da nossa comida era mesmo uma carne assada, o, o rosbife, esse rosbife entrava mais, né, uma galinha bem preparada, um bolo de peixe, mas nada assim que levasse freqüentemente leite de coco, que levasse dendê, ou que levasse mesmo temperos estrangeiros. Isto nós evitávamos, embora ele soubesse fazê-los. Ele por exemplo fazia muito bem uma maionese, aprendi a fazer com ele, aprendi inclusive a corrigir uma maionese, eh, que tinha aí, eh, que às vezes se perde o ponto e ela fica, eh, vamos dizer, cremosa, ela não fica ligada direitinho, né? E isso com paciência e cuidado se faz, porque o sabor, o segredo de uma maionese está exatamente na, na dosagem do vinagre e do azeite e do bater, né? Mais azeite e pouquíssimo vinagre. E freqüentemente nós substituíamos o vinagre pelo limão. Faço um bom bolo, já fiz sobretudo, hoje faço menos, mas isso faço bem. Sobremesas, eu faço bem, 'profiterole', coisas assim (sup.)
D
 (sup.) A senhora podia descrever algumas das sobremesas, como a senhora faz.
L
 Não, por exemplo, o, a 'profiterole', né, que é uma sobremesa francesa, né, a gente manda preparar a bombinha, faz-se numa dessas casas assim como Colombo, São Sebastião, etc. e depois se prepara o creme de chocolate, quer dizer, um recheio de chocolate, o chocolate, o leite, a gema de ovo, né, uma pitadinha talvez de Maizena, mas eu acho que nem era necessário, não me lembro, creio que não faria, e recheia-se a, a bomba com o chocolate e prepara-se um creme que é colocado, então, o creme comum, normal, às vezes algumas pessoas substituem pelo sorvete, que é colocado sobre, sobre as bombinhas já recheadas. Então isso leva-se na geladeira e quando se serve, então serve-se novamente com creme de chocolate quente. Então aquele contraste entre o, o, o gelado e o, e o quente dá uma graça especial ao 'profiterole'. Mas isso eu faço muito raramente, porque estou muito pouco em casa. Agora faço por exemplo, se interessa a vocês, uma torta de, de nozes que essa é de, de encher a boca dágua. Moem-se as nozes, digamos, meio quilo de nozes, para meio quilo de nozes, quer dizer, com casca, se você quiser pode dobrar. Você põe, ba... mói as nozes, junta a essas, eh, antes disso, você deixa as nozes moídas, você bate claras, você, meia dúzia de, de ovos, essa meia dúzia de ovos você bate as claras, junta as gemas, junta o açúcar, e depois de tudo isso misturado então, é que você adiciona as nozes, sendo que quan... para meio quilo de nozes depois de raladas você acrescenta duas colheres, no máximo três, eu geralmente ponho só duas, de farinha de rosca. E não bate propriamente, mistura, mistura, leva ao forno para fazer, no caso com meio quilo, serão duas camadas e três camadas finas, quer dizer de, vamos dizer, estreitas, hum? Corta de maneira a poder dar três camadas e entre essas duas camadas, ah, coloca-se a ba... a baba-de-moça, que é feita com, ah, uma proporção, digamos, de uma xícara dágua para duas de açúcar, e três a quatro gemas, dependendo do tamanho do ovo. Essa gema vai se colocando, depois que se colo... consegue o ponto quase de fio, quando está se aproximando do ponto de fio, mistura-se um pouquinho desta calda nas gemas, e aos poucos vai-se pingando isto, e mexendo. A única dificuldade nesse, nessa torta é a baba de-moça, porque se a gente se distrair, se o fogo estiver forte demais, tem que ser forno brando, fogo brando, que é pra ir desmanchando aos pouquinhos e não, vamos dizer, e conseguir uma, um cremezinho, uma superfície lisa. Deixa-se, retira-se, deixa- se esfriar um pouco e coloca-se entre as camadas do bolo, que foi feito também, por sua vez, em fogo brando. Leva mais ou menos uns vinte minutos, meia hora no máximo. Agora, para que fique bem gostosa, a gente espeta com uma faca, então a, a camada vai, do bolo, vai, a camada da torta vai absorvendo, de modo que quando se coloca a segunda e se faz a mesma coisa, quando, recobre-se, o coberto pode ser de chocolate, em geral eu faço um coberto branco, feito com nozes e feito com, geralmente é um bolo, tipo de torta de natal, né? Enfeita-se com sininhos e coisas típicas de natal, de modo que quando se corta, que ela, a massa absorveu a baba-de-moça, então, é uma coisa de delicioso mesmo. Isso é uma das coisas mais gostosas que eu sei fazer em matéria de, de bolos.
D
 A senhora fez várias viagens pra Europa. A parte de alimentação como foi? Ah, eu quero saber o seguinte: se a senhora se interessa em conhecer, eh, a comida típica de cada país, ou se (sup.)
L
 (sup.) Olha, geralmente, eh, eu procuro sentir, porque eu acho que não se pode numa viagem, embora nessas viagens eu em geral tenho um objetivo definido que é ... Sempre em geral, com exceção de uma única vez, em que eu fiz uma excursão, que foi depois que eu operei de catarata, eu estava de licença, mas todas as outras viagens minhas têm sido viagens de estudos. Então na verdade o comer passa a ser pra mim uma coisa secundária, por duas razões: primeiro, porque eu tenho muito o que fazer, segundo, porque eu quero ver o mais possível e ainda tem uma terceira razão e porque eu evidentemente reservo o dinheiro para ver, pra conhecer. Agora eu me interesso evidentemente na comida dos diferentes países. Sempre procuro ir a um restaurante típico, uma coisa bem característica, procuro saber mesmo qual é o prato típico da terra. Eu diria por exemplo a você que eu já estive na Escandinávia, o que não é muito comum, por isso é que eu vou fazer esse comentário, e uma coisa por exemplo que me chamou atenção são, na Suécia, os sanduíches, as variedades de entradas, ele chamam de (inint.) essas entradas são, é uma coisa assim de chama-à-mesa, uma variedade enorme de, de sanduíches ou canapés. Então isso é típico do sueco. Já na Dinamarca me chamou a atenção que em geral todo prato, e eu comi inclusive em restauran... em "restaurants" de hotel típico, porque eu ia para um congresso de psicologia e ficamos num hotel que pertencia a uma cadeia de, de hotéis protestantes, de um grupo protestante, que eles chamavam "mission hôtelet", então era uma comida bem dinamarquesa, foi em Copenhague. Então eu notei que no mesmo, mesmo que você, seja lá o que você peça, geralmente vem batata de três tipos, apresentada de três maneiras. Então vem a batata cozida, vem a batata 'sauté' e vem a batata frita. O predominante na comida européia aliás durante muito tempo foi e continua de certa maneira a ser é a batata. E na, e na Dinamarca então chama a atenção, qualquer prato que você peça, eles trazem três travessinhas com a batata apresentada nas três maneiras. Se quiser come uma só. Então isso foi uma coisa que me chamou a atenção. A comida italia... a espanhola você sabe que é uma comida bastante temperada, né? A comida por exemplo na, na, na América do Sul, na Colômbia, na Venezuela, também tem muita influência espanhola na comida, aquela 'paella', quer dizer, então é um prato que leva ao mesmo tempo galinha, que leva mariscos, quer dizer, é um prato assim muito, muito complicados. Na França, foi a preferência enorme pelo que eles chamam "fruits de mer", né, os frutos do mar, quer dizer, algas e mariscos de todo o tipo. Eu comi por exemplo em restaurante marselhês, comi uma, comi uma sopa típica marselhesa que, a 'bouillabaisse', que corresponde mais ou menos à nossa sopa leão-veloso. A sopa leão-veloso é uma sopa típica que se comia muito aqui. Meu marido até gostava muito, se comia muito aqui nos, nos restaurantes à beira, ah, do cais e mesmo nas barcas, etc. e que leva uma varieda... tudo quanto é variedade de marisco. Então eu tenho comido, eu me interesso por comidas típicas, mas honestamente, ah, não gasto tempo nem dinheiro comendo na Europa. Eu prefiro aproveitar o meu tempo visitando, conhecendo, excursionando. Mas me interessa saber o que que se come no país, tenho comido algumas coisas assim interessantes, como eu disse a você, me ocorreu. Comida nos Estados Unidos por exemplo na cidade, por exemplo em Nova York, aliás em todo, em todo o mundo, pra você comer bem, come caro. E a comida nos restaurantes assim pequenos simples não é boa. A comida dos Estados Unidos, como na própria Inglaterra, a comida em si americana, como a inglesa, não tem muito gosto. Na Inglaterra come-se bem nos restaurantes estrangeiros ou a comida de, vamos dizer, pratos típicos estrangeiros ou, então, adicionando-se molhos e eu não sou muito, eh, assim muito adepta, eh, dos molhos, do molho inglês, mostardas, essas coisas eu não, não uso. Então na verdade onde a gente, sem maiores problemas, come bem, sem maiores despesas, é na Itália, porque a pasta 'asciuta', a, a massa é sempre gostosa e em geral, quando se está no estrangeiro, a gente acaba preocupando, vamos dizer, saturou da, de comer mal, hum, ou de pagar muito para comer melhor, a gente vai ao restaurante italiano, porque come uma comida saudável, barata e gostosa.
D
 A senhora falou antes que aquela torta linda que a senhora sabe fazer é um prato de natal. A senhora poderia falar, quer dizer, é comum nas refeições de natal, etc. fazer tortas deste tipo. A senhora poderia falar um pouco mais sobre o que é característico destas refeições de fim de ano, natal, ano-novo e (sup.)
L
 (sup.) Bom! (sup.)
D
 (sup.) das grandes festas?
L
 Na verdade, eh, o nosso natal, vocês sabem, eh, está muito, foi muito influenciado durante muito tempo e ainda é hoje, mas hoje há uma tendência a, a isso desa... eu não digo desaparecer, mas pelo menos isso está sendo, se esbatendo, sendo minimizado, mas nós sofremos muita influência européia, em particular influência francesa. De modo que na verdade as coisas que nós comemos, ah, elas não são, como talvez devessem ser, não sei, isso não é problema, isso não tem maior importância, mais típicas brasileiras. Eu mesma, talvez até por uma questão de independência, eu, durante muito tempo, nos meus, nos almoços de natal em minha casa, eu não fiz o, o tradicional peru. Eu disse a você, mencionei a você um prato, eh, que se faz de carne assada, fatias de carne assada, de, de porco, porco assado, pernil, mas não esse pernil preparado hoje, que não é o mesmo, quer dizer, o porco em casa preparado, as fatias cortadas, para ser servido com este acompanhamento, que é um acompanhamento frio, laranja descascada, quer dizer, só a polpa da laranja, quer dizer, então, o prato está arrumadinho, as fatias de, do porco assado e o acompanhamento representado pela laranja, a polpa da laranja e a banana em rodelinhas passada nesse creme de leite com limão. Então, isto era por exemplo um prato forte de um almoço de natal na minha casa, eh, quando meus enteados eram garotos, digamos, há uns vinte e tantos anos atrás, trinta anos. Então eu fazia uma entrada, digamos, representada por uma maionese ou por uma salada qualquer, e um segundo prato representado já por algo mais sólido. Eu fazia assim: eu fazia uma entrada de figo com presunto ou uma maionese de camarão, um segundo prato de galinha ou de peixe, e o terceiro prato a carne assada com esse acompanhamento, um porco assado com esse acompanhamento. Uma sobremesa, um pudim de queijo, que a minha empregada faz, fazia divinamente bem, ou nós fazíamos também uma gelatina chamada creme 'rose', que é uma gelatina feita com, metade folha de gelatina branca, metade de gelatina vermelha, então dá um rosado, e sobre esse creme 'rose' é despejado, sobre essa gelatina rosada é despejado, eh, um creme como gemada. Então fica um prato muito gostoso, porque a gelatina tem um sabor, vamos dizer, suave, reduzido, mas a gema, creme de ovo, empresta um sabor diferente. E vai um prato uma salada de frutas e depois uma dessas duas ou três, ah, sobremesas, e geralmente uma, uma salada de frutas e uma sobremesa de doce. Agora depois não, passei já a, a substituir pelo tradicional peru. Então peru recheado, quer dizer, uma entrada de filé de peixe com camarão e o peru, já no caso como o peru satisfaz plenamente, fazia apenas dois pratos. Um filé de peixe ou qualquer coisa similar e o peru à brasileira, só. Já ia o peru com as fatias de presunto, recheado de farofa, com ameixas à volta, pêssego, um, um misto de peru à brasileira e peru à califórnia.
D
 A senhora ainda não falou de bebida.
L
 Talvez porque a bebida não tenha assim maior significação na minha alimentação. Primeiro, pessoalmente, nunca desenvolvi, e fico até bastante ... Por um lado 'e pena, porque talvez fosse saudável, do ponto de vista das vitaminas, mas por outro não seria bom, porque engorda e eu não tenho hábito de sucos de frutas. Eu em geral as, a, a minha bebida, se eu tiver que escolher, numa refeição eu bebo água natural ou água mineral. Prefiro a gasosa à sem gás. Não tomo normalmente Coca-cola nem guaraná nem nenhum suco de frutas. Excepcionalmente, se me oferecem, prefiro maracujá ou um suco de laranja. Em matéria de bebida, se eu estiver numa reunião, entre o 'cocktail' e o uísque, eu prefiro o uísque. Não só porque gosto mais, como além de tudo acho que é mais saudável. Agora pessoalmente sei fazer, preparar bebidas. Preparo leite-de-onça, preparo um licor de leite que é alguma, uma coisa facilíma, que eu deixo a receita pra vocês, aprendi com a minha sogra, que são partes iguais de álcool, naturalmente o melhor álcool, álcool puro, leite ... Para um litro de álcool, para um litro de leite, um quilo de açúcar, numa terrina grande, na qual se coloca, praticamente um pacote de chocolate, o melhor que existir, e um limão cortado no meio. Você deixa isso de infusão dez, quinze dias, todo dia dando uma mexidinha, e depois você passa num papel de filtro. Sai um licor que é delicioso. Não é um licor, não chega a ser um licor de chocolate, embora entre chocolate, porque a quantidade de chocolate é proporcionalmente pequena, né? Então eu sei fazer, sei fazer o leite-de-onça, né, mas na verdade, eh, o meu ... Devo ter, embora não me ressinta normalmente, qualquer coisa de, na área de ou colite ou fígado, vesícula, então eu sinto que pra mim o melhor mesmo é uísque, a bebida que eu posso tomar em quantidades sem sentir coisa nenhuma. Tenho muito boa cabeça. Se eu não misturar, eu posso tomar talvez uns dois ou três copos de uísque sem sentir nada.
D
 E na (sup.)
L
 (sup.) Como você vê, entre ... Não, não sou uma boa, vamos dizer, não seria considerada, eh, em matéria de comida talvez 'gourmet', mas em matéria de bebida não. Porque se eu fosse escolher um vinho, eu escolhe... eu escolheria o vinho branco e doce. E sei que o, o vinho, o bom conhecedor de vinho prefere o vinho seco. Eu pessoalmente não gosto de vinho seco, porque eu tenho uma certa tendência para hiperacidez, então esse hiperacidez contra indica qualquer coisa mais ácida, daí a, eu, a evitar o vinho, e quando tomo, tomo o branco e o doce, porque é o que eu gosto, como gosto de champanhe, embora tome, tome pouco. Você vê por que que eu não falei tanto em bebida, porque bebidas não são o meu forte.
D
 Quando as pessoas não fazem as refeições em casa, nessa cidade, por exemplo, onde é que elas fazem? Há vários tipos de lugares onde é possível comer fora de casa?
L
 Aqui no Brasil ou no estrangeiro?
D
 Não, aqui, no estrangeiro. Onde é que (sup.)
L
 (sup.) Bom, eu acho que hoje é relativamente fácil. Não digo comer bem, mas é fácil comer. Não se come barato, mas eu acho que há tanta, eh, nos Estados Unidos muita 'cafeteria' (sic), no, no estrangeiro muito auto-serviço, e mesmo nós aqui já temos já bastante. Agora eu não diria que se come bem, porque provavelmente acaba se apelando para os mesmos tipos de comidas e em geral a base é o sanduíche. Então é uma alimentação, eh, vamos dizer, em que se incide sobre determinados tipos de calorias, quando na verdade eu acho que ela poderia ter uma dosagem melhor. Mas não acho que haja ... Acho, sim, que é relativamente caro comer.
D
 Eu não sei se a senhora entendeu a minha pergunta. Quer dizer, os lugares onde se pode comer fora de casa, alguns se chamam restaurantes (sup.)
L
 (sup.) Sim, exato (sup.)
D
 (sup.) Mas outros se chamam de outra maneira. Comer ou beber (sup.)
L
 (sup.) Lanchonetes, lanchonetes, bares. E auto-serviço. No estrangeiro, eles chamam, são chamados, considerados "self..." "self-service", né? São os auto-serviços. Na verdade, é que alguns desses aqui são auto-serviços. Mas a maioria não, são lanchonetes, bares, e eu não vejo ... Antigamente chamavam botequim e o botequim, eh, era mais ou menos reduzido a freqüência a pessoas de menos condições socioeconômicas e sobretudo mais para os homens. Eu pessoalmente entrei em ... Já numa época em que uma moça não entrava em botequim eu entrava, porque como eu disse a vocês, eu tenho uma hiperacidez, então eu não preciso comer muito, mas eu não devo ficar muitas horas sem comer. Hoje eu já não sinto tanto isto, talvez por uma questão de idade, de modificação do metabolismo, mas eu em moça, eu às vezes tinha, sentia fome, fome violenta e o que estava mais próximo era o café, que na época chamava botequim, aí eu entrava com toda naturalidade, pedia, sentava e pedia para me servir um café. Como hoje eu chego com naturalidade a um balcão, num desses cafés em pé e, e peço um café e tomo o café. Mesmo que só tenha homens.
D
 Agora, onde é que a gente compra alimentação que a gente prepara em casa? Os diferentes lugares nessa cidade.
L
 Bom, hoje basicamente nos supermercados, né? Embora muitas dessas organizações aí mantenham, se mantêm, vamos dizer, o tipo de pequenas organizações, há os antigos armazéns, se é isto que você está querendo, aqueles eram chamados armazéns, como os lugares onde se comprava verduras, legumes, antigamente, eram as quitandas. Mas hoje basicamente todos eles são supermercados. A gente no supermercado se abastece, eh, praticamente de tudo, excepcionalmente vai ao que se chamaria um mercadinho, que é a antiga quitanda, é o antigo armazém, que permanece de menor porte, então ele é chamado mercadinho. Mas a tendência é se generalizarem os supermercados. E é uma das coisas mais interessantes do Brasil, eu posso dizer isso à von... com um certo à vontade, é a rapidez como o brasileiro absorve a novidade. E me aconteceu ir ao estrangeiro e encontrar lá uma, um determinado tipo de abordagem no mundo dos negócios que não existia no Brasil, e ao retornar do estrangeiro eu já encontro aqui. Isso aconteceu por exemplo com relação aos supermercados. Os primeiros supermercados que eu vi, ah, talvez possa dizer que foi na Suécia. Inclusive até supermercado e, ah, vamos dizer, em situação escolar. Quer dizer, ensino dos, escolas de comércio, ah, com instalações mínimas de ensino de supermercado. E ao voltar, em sessenta e um, se não me engano, ou sessenta e três, quando eu cheguei, eu já encontrei aqui os supermercados. Um dos primeiros auto-serviços (ruído) foi auto-serviço de sapatos, não sei se vocês sabem. Foi, exatamente. Foi o Peg-Pag. O primeiro mercado foi Peg-Pag e começou com Peg Pag sapatos. Isso que hoje você só encontra na época dos saldos, né? Nas remarcações de fim de estação. E começou com o Peg-Pag sapatos. Depois é que passou a ser de alimentação e começaram então a se multiplicar os supermercados. Hoje a gente basicamente compra nos supermercados.
D
 Eu tinha uma outra perguntinha pra senhora. Como é que se alimentam os pobres neste país?
L
 Eu acho que basicamente à base da feira.
D
 À base?
L
 Da feira.
D
 Sim.
L
 Que é o remanescente, né, e todos nós compramos um, num determinado momento na feira e ... Porque na feira ainda é onde se encontra a mercadoria a preço mais baixo, porque não havendo a taxação que cai muito fortemente sobre os, as empresas organizadas, o feirante ele não só já tem as suas fontes de abastecimento, ah, vamos dizer que fornecem a preços mais baixos, como também ele pode, e nem tem às vezes condições de cálculos e sobretaxas, lucro-benefício, custo-benefício, de modo que de certo modo a feira ainda é, eu acho que seja, como nos estados menores, os mercados, ou ao que eu chamaria os comércios de beira de calçada. Em termos de alimen... de alimentação também e até de outros termos. Foi bom você ter mencionado, porque na verdade além dos, dos supermercados e das organizações privadas, nós temos os mercados populares e temos as feiras, onde elas ainda permanecem. E geralmente o pessoal de menos condições aguarda o fim da feira, porque aí já compra aquela mercadoria que foi recusada por aqueles que teriam condições pra escolher. Isso (sup.)
D
 (sup.) E o que basicamente eles compram? O que que eles comem? Quer dizer ...
L

  Bem, eu não teria assim muita condição honestamente de dizer a você, porque não parei pra fazer uma observação (interrupção).