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PROJETO NURC-RJ

Tema: "Dinheiro e finanças"

Inquérito 0227

Locutor 269
Sexo feminino, 38 anos de idade, pais cariocas
Profissão: professora de ciências
Zona residencial: Suburbana

Data do registro: 07 de junho de 1974

Duração: 44 minutos

Som Clique aqui e ouça a narração do texto


D
 Nós vamos tentar conversar sobre dinheiro, banco, finanças, Bolsa. Qual é sua experiência assim de lidar com dinheiro? Por exemplo, tem pessoas que têm uma extrema facilidade de lidar com dinheiro, tem outras pessoas que têm dificuldade. Mas, eh, talvez assim a sua rotina de ...
L
 Bom, eu com dinheiro, pra início de conversa, eu já não dou mesmo muita importância a dinheiro. Então eu nem aplico, não junto, não faço nada, só compras assim, né, coisas, lidar diariamente, eu tiro dinheiro de banco, coloco e só isso. Mas aplicar em Bolsa eu não aplico. Também agora nem adianta, né?
D
 Por quê?
L
 Por quê?
D
 Ham.
L
 Porque a Bolsa desceu tanto que é melhor você colocar em, pelo que eu sei, melhor colocar em caderneta de poupança, em qualquer coisa, que sempre rende mais do que Bolsa de Valores, né? A Bolsa agora está em baixa (sup.)
D
 (sup.) Você conheceu alguma pessoa assim que tivesse, eh, uma experiência, tivesse aplicado, tivesse (sup.)
L
 (sup.) Experiência negativa? Conheço.
D
 Ou positiva.
L
 Positiva eu não conheço (sup.)
D
 (sup.) Você podia contar assim mais ou menos (sup.)
L
 (sup.) Não, positiva, não. Só, só conheço duas pessoas que tiveram experiência negativa com a Bolsa.
D
 Como é que foi isso?
L
 Uma foi um, um colega lá do colégio que, inclusive, ele pegou dinheiro emprestado em banco pra, pra aplicar na Bolsa, naquela época que a Bolsa teve aquele, houve aquele 'boom', não é, aquela subida, e ele aplicou e depois a Bolsa começou a descer e ele perdeu tudo. Tudo que tinha aplicado ele perdeu. E o outro foi inclusive uma pessoa da família que também perdeu bastante dinheiro naquela época de Bolsa.
D
 Mas esse perder tudo significa o quê? (sup.)
L
 (sup.) Não, perder tudo não. Não assim de ficar na miséria. Perdeu aquilo que aplicou, certo? Esse colega meu tinha, tinha, eh, apanhado em bancos assim cerca de trinta milhões. Então ele perdeu aquilo. Mas era um rapaz que tinha apartamentos, imóveis e não vendeu como muita gente fez. Ele não vendeu não, apenas aplicou aquilo que apanhou, que não era dele, depois ele teve que pagar. Foi um prejuízo bem grande, né?
D
 Mas nessa aplicação ele comprou alguma coisa na Bolsa, não?
L
 Ele é quem comprou ações. Comprou ações da Belgo-Mineira, comprou ações do Banco do Brasil, comprou várias ações aí que entraram no mercado naquela ocasião, eh, deixa eu ver se eu me lembro de uma, Liasa, Lanari. Houve uma outra lá, lá do Amazonas, não sei, Siderama, acho que era Siderama. Todas essas ações que o pessoal ia vender lá no colégio ele comprava.
D
 Quem que ia vender?
L
 Ah, corretores, gente que ...
D
 Havia gente assim fazendo isso naquela época?
L
 Havia gente que passava lá. Conhecidos, né, conhecidos de um professor e tal, passava lá no refeitório que era totalmente independente do colégio, bem adiante, então vendia, perguntava (inint.) muita gente queria. Eu nunca comprei não.
D
 E qual era por exemplo assim ... O que que esses corretores ofereciam como vantagens pra que as pessoas comprassem? (sup.)
L
 (sup.) Olha, naquela ocasião não precisava nem oferecer vantagem nenhuma, (riso) porque a coisa, as a,cões subiam assim de um, cada dia estava num preço mais alto. Então o corretor não precisava nem falar nada, era só chegar lá, dizer que tinha uma determinada ação, todo mundo comprava. E esse rapaz comprou várias. Ele estava influenciadíssimo, que ele estava ganhando muito, não é? Quer dizer, um ganho fictício, porque a, as ações estavam subindo mas ele não vendia, então as ações desceram, ele deixou de ganhar.
D
 Sim, mas não é só o preço da ação que remunera, né? Há outras formas de remuneração.
L
 É, apesar de eu não estar muito por dentro disso, sei que há. Há ... Um momento. Bonificação, não é (inint.) bom, eu acho que ação, quem quer comprar ação, é pra ter lucro a, a longo prazo, a médio e longo prazo, né? Mas o brasileiro de um modo geral quer o lucro a curto prazo e quem entrou naquela ocasião ... Agora não. Se bem que o que eu acompanho de bolsa agora ela está sempre descendo, né, inclusive o Banco do Brasil. Não sei se porque todos o, os, os, os assuntos assim de, de dinheiro, de comércio estão sendo canalizados pro Banco Central, então o Banco do Brasil está descendo as ações, né? Mas sempre dá bonificação. Inclusive o meu marido tem algumas ações do banco.
D
 Você tem idéia do que que é uma bonificação?
L
 Bonificação, deixa eu ver se eu tenho uma idé... Se é (sup.)
D
 (sup.) Não precisa ser uma idéia correta não (sup.)
L
 (sup.) É a idéia que eu tenho, né, não sei se é correta (sup.)
D
 (sup.) Exato, é a idéia, é a idéia que você tem.
L
 A idéia que eu tenho de bonificação é quando uma firma dá lucro, não é, então dá um, dá um certo número de ações correspondentes àquele lucro, certo? Não sei se é isso. Não sei. Então vende a um cruzeiro, né, no caso, um certo número de ações e dá, ah, gratuitamente uma percentagem também, não é? Sendo que o lucro do banco ano passa... O lucro do banco não sei. As bonificações do banco, ano passado, foram de sessenta por cento, não é, isso eu sei (sup.)
D
 (sup.) É, mas eles dividiram (sup.)
L
 (sup.) Dividiram.
D
 Tinha uma dada gratuitamente, correspondia à bonificação, e essa de um cruzeiro como é que fica? Tem idéia de que que chamam?
L
 Ah, não sei.
D
 Eh ...
L
 Deixa eu ver se eu me lem... Eu não sei. Eu não me lembro mais.
D
 Que eles faziam aquelas chamadas pelos jornais pra ...
L
 É. Tem sim, mas eu agora esqueci o nome. Não sei. Há muito tempo que eu já não penso mais em ação. Antigamente eu ainda acompanhava, via, era o assunto assim do momento. Agora a Bolsa ficou tão esquecida que eu já nem me lembro mais.
D
 Sei. Agora, esse, essas ações do Banco do Brasil que seu marido tem, há dois tipos, né?
L
 É. Deixa eu ver.
D
 Se não tiver (sup.)
L
 (sup.) Nominativas (sup.)
D
 (sup.) Ham, ham.
L
 Né?
D
 Ham, ham.
L
 E preferenciais. Sendo que agora tem algumas ao portador. Umas continuaram nominativas e outras ao portador. Bom, isso eu sei. O meu marido sendo bancário, eu acho que eu tenho obrigação de saber, né, dessas do banco (sup.)
D
 (sup.) O que que ele acha que é a melhor? Qual é a vantagem? Sabe qual é a que ele tem preferência, por quê?
L
 Bom, a, a, ao portador tem preferência, porque você pode vender a hora que você quiser e a nominativa não, né? A nominativa quando você vende sempre leva, ah, dois a três meses, quando você compra leva uns dois ou três meses pra você receber e nesse intervalo a ação tanto pode subir como descer.
D
 E o que que você recebe pela ação? É a ação que você recebe?
L
 Não entendi.
D
 Há um, um ... Você compra ações.
L
 Hum.
D
 Então, suponhamos que sejam nominativas, leva dois a três meses pra receber o quê?
L
 Pra receber a ação.
D
 A ação. Ela vem representada por algum documento, alguma coisa assim?
L
 Vem, lógico.
D
 Você se lembra o nome daqueles documentos?
L
 Não.
D
 Agora, outra coisa, eh, no Amazonas, por exemplo, havia também possibilidade de compra de ações e eles davam certas vantagens. Lembra disso? Ainda dão.
L
 Não, eu não sei. Sofre um desconto de imposto de renda?
D
 Hum, hum.
L
 Não é?
D
 É.
L
 Acho que é bem assim.
D
 Como é que é?
L
 O que você aplica em ação você tem direito a descontar no imposto de renda, né?
D
 Por quê?
L
 Bom, porque aí, tenho a impressão que é pra você participar do, do, do progresso no caso, né, você ajudar, você cooperar, lucrando, porque sem lucrar, ninguém quer participar de coisa nenhuma, né? Quer dizer, isso é idéia minha, não sei se é isso não, estou respondendo assim (falas à parte/inint.)
D
 E o imposto de renda?
L
 Bom, o imposto de renda isso você tem que, você deve pagar, eh, satisfeito, porque você está pagando, eh, pavimentação, escolas, hospitais. Bom, aí não é vantagem nenhuma porque isso está na televisão a, explicando, né, até a história da formiguinha, não é?
D
 Sim, mas eu tinha interesse em saber. Você fez declaração de imposto de renda?
L
 Fiz.
D
 Esse ano?
L
 Fiz.
D
 Você descreve, diz como foi tudo? Só pra eu ter uma idéia. Eu não preciso saber quanto você pagou. Eu só quero saber o que que se tem que declarar no imposto de renda.
L
 Bom, vou te explicar direitinho, porque meu marido é que faz a min... a minha declaração, certo? Eu sou um pouquinho preguiçosa e ele faz muito bem feito. Inclusive faz às vezes pra alguns colegas que pedem, contínuos lá do banco que pedem pra ele fazer, dão os dados direitinho, ele faz. Está muito acostumado, é muito caprichoso, então ele fez pra mim. A minha declaração é feita por ele. É melhor.
D
 Você nem tomou conhecimento de como é que era?
L
 Bom, um conhecimento assim muito rápido, mas eu não, acho que a maioria das coisas eu não lembro.
D
 Mas que que você lembra? Não precisa de detalhe (sup.)
L
 (sup.) Vamos ver o que que eu lembro (sup.)
D
 (sup.) Vamos ver o que que lembra.
L
 Bom, eu ... Esse ano, depois que nós fizemos a declaração, mudou um pouco. Porque eu sempre fiz a minha declaração separada da dele.
D
 Hum.
L
 Fizemos individualmente, né? E esse ano ... Então eu não tenho direito a descontar coisa nenhuma, porque ele desconta, eh, todas a, todas as despesas são descontadas por ele. Eu, então, não tenho percentagem nenhuma de desconto, certo? E agora esse ano mudou. Então nós deve... deveríamos fazer, eh, ele não descontando a minha parte, então descontando na minha declaração. Inclusive nós entregamos errado, porque a gente sempre entrega antecipado, sempre adiantado, bonitinho e aquela, ah, aquela emenda que houve foi posterior. Então agora eu nem sei como é que vai ficar, né, que eu não descontei nada, descontei tudo na folha dele. E agora, por lei, eu tenho direito a descontar uma percentagem, não me lembro qual, mas eu já tinha entregue a minha, nem sei como é que está a coisa mais.
D
 E quais eram esses documentos que precisava pra entregar pra ele, pra ele fazer a declaração?
L
 Bom, quanto eu recebo por ano, não é? Que eu, a secretaria de Educação me dá o comprovante do meu total bruto e o que eu tenho direito de descontar, eh, Capemi, eh, uniforme, livros. Como professora eu tenho cinco por cento, né, com livros. Condução não dá direito. Só. Eu não desconto quase nada de imposto de renda.
D
 E assim, no caso dele, por exemplo, ele tem que descontos?
L
 Os filhos, a mim, os filhos, não é? Agora, a partir do próximo ano já se... eu não estou mais, eu ganhando, faço a minha declaração independente. Eh, caderneta de poupança, caso haja algum, algum investimento, não é?
D
 É todo investimento da caderneta de poupança que desconta no imposto de renda ou eles, eh, restringem isso?
L
 Isso eu não sei te dizer não. Não sei mesmo.
D
 E ele tem desconto de que mais?
L
 Colégio.
D
 Vocês compraram esse apartamento aqui ou (sup.)
L
 (sup.) Apartamento.
D
 Vocês compraram ou é alugado, como é que é?
L
 Não, esse é comprado.
D
 É comprado (sup.)
L
 (sup.) Comprado (sup.)
D
 (sup.) Ele foi comprado assim por algum ...
L
 Não, pela caixa do banco.
D
 Pela caixa do banco?
L
 Né? Caixa de previdência do banco.
D
 Tem uma idéia de como é que funciona esse tipo de ...
L
 É praticamente como o BNH.
D
 Eu gostaria ... Exatamente as coisas óbvias, né? (risos) É, eu gostaria é, é que você me diga como é que foi. (riso)
L
 Bom, então você faz um empréstimo, não é, no valor do, do apartamento e va... paga com correção monetária como qualquer financiamento do BNH. Sendo que no, no BNH você tem desconto, você tem direito a um desconto maior no imposto de renda, certo? A caixa de previdência do banco o desconto é menor.
D
 Mas o empréstimo é dado já com o prédio pronto ou pode ser na planta?
L
 Não, normalmente o prédio pronto.
D
 Prédio pronto? Há uma parte fixa e uma parte parcelada, como é que é?
L
 Não, esse empréstimo você, eh, escolhe o imóvel e, se corresponder a todas as exigências do banco, principalmente, ah, o, os documentos do imóvel, se estão em dia assim tudo perfeito e em ... E você desconta aquilo mensalmente, não dá entrada nem coisa nenhuma.
D
 Quer dizer, não tem ... E por exemplo, no caso do, da relação. É o banco que entra em relação com a construtora?
L
 É. O banco entra com, em relação com o proprietário do imóvel direto, o banco compra o imóvel que fica hipoteca... eh, fica, o, o, o funcionário compra e o imóvel fica hipotecado ao banco.
D
 Essa hipoteca, eh, vocês pagam como? Você desculpa eu estar (sup.)
L
 (sup.) Não (sup.)
D
 (sup.) Estar fazendo tanta (sup./inint.)
L
 (sup.) Não tem problema não (sup.)
D
 (sup.) Mas é que isso é que é exatamente a área pra gente ter, eh ... Pagam ao banco?
L
 É. Descontado em folha ao banco.
D
 Descontado em folha por quê?
L
 Bom, o sistema deles é esse.
D
 Em folha de quem? Na sua? (sup.)
L
 (sup.) Folha de pagamento. Não, do funcionário, né?
D
 O seu marido é funcionário do banco?
L
 É funcionário do banco (sup.)
D
 (sup.) Então pra poder ter (sup.)
L
 (sup.) Pra ter o empréstimo, o empréstimo do banco é assim. O banco logica... (sup.)
D
 (sup.) Tem que ser funcionário do banco?
L
 Tem que ser funcionário do Banco do Brasil, né? Essa caixa é do Banco do Brasil, certo? É o, é o financiamento deles. Caixa de previdência do banco (sup.)
D
 (sup.) E, e prazo é qualquer um ou tem ...
L
 Não, prazo de vinte, eh, o prazo era vinte anos. Agora eles aumentaram pra trinta. Tanto que nós ainda continuamos com o prazo de vinte anos, pra nós não interessa aumentar.
D
 E pode reduzir também?
L
 Não sei. Tenho a impressão que pode. Não sei (sup.)
D
 (sup.) E quais são as vantagens disso?
L
 Bom, as vantagens é que você fica com o imóvel próprio, pagando como se fosse aluguel, não é? Porque nem entrada, na caixa do banco você não dá nem entrada, certo?
D
 E você falou que era diferente do BNH. Você tem uma idéia de como que é o BNH?
L
 O BNH eu tenho a impressão que é a mesma coisa, só que o desconto é um pouco maior.
D
 Desconto de quê?
L
 Desconto mensal, nas parcelas mensais. Eh, não tem, não tem parcela intermediária, é tudo mensal, né, o, o empréstimo do BNH você paga por mês, mas, eh, o desconto é maior do que o da caixa do banco, a prestação mensal fica mais alta.
D
 E antes vocês moravam como?
L
 Antes, eu tinha um apartamento próprio em Icaraí que nós compramos, eh, financiado pela, pela própria firma construtora.
D
 E na ... Foram comprando (sup.)
L
 (sup.) É (sup.)
D
 (sup.) Eh, em construção?
L
 Em construção. Pagamos ...
D
 Lembra como é que foi isso?
L
 Pagamos ... Foi comprado em três anos. Demos uma entrada, pagamos umas prestações semestrais e prestações mensais, durante três anos.
D
 E vocês ainda têm esse apartamento?
L
 Vendemos, compramos um menor, à vista.
D
 Hum. E depois o que que fizeram com esse?
L
 Com esse menor?
D
 Hum, hum.
L
 Esse ainda tenho.
D
 E a, e ele está vazio, como é que está?
L
 Não, esse a minha sogra mora.
D
 Mora lá?
L
 Nós compramos pra ela.
D
 E aqui, em termos de prédio, além do que vocês pagam pela compra do imóvel, vocês ainda têm outras despesas, não é?
L
 É, despesa de condomínio.
D
 Que que incluem essas despesas de condomínio?
L
 Despe... despesa de condomínio, eh, luz, elevador, conservação do prédio, eh, impostos, eh, seguro contra incêndio, pagamento dos o... dos funcionários, dos empregados. Só.
D
 Só.
L
 Acho que é só, né?
D
 Em termos assim de ...
L
 Não, benfeitorias do prédio, né? Qualquer obra que precise, melhoramento de elevador, conserto, conservação de elevador. Uma série de coisas.
D
 Agora, uma outra coisa, vamos ... Mudando assim de ... Como é que você recebe seu pagamento?
L
 Recebo pelo banco. Banco do estado.
D
 Que tipo de pagamento é o seu? Qual é a sua categoria funcional? Cada categoria tem um tipo de pagamento, né? E, eh, quando você tem na, no imposto de renda, você tem cédulas diferentes, né, a, bê, cê, dê, e, efe, gê de acordo com o tipo de rendimento.
L
 Hum. Ah, aí, você sabe que eu nunca prestei atenção nisso?
D
 Nunca?
L
 Espera aí.
D
 Mas, por exemplo, eh, honorário é a mesma coisa que, por exemplo, de salário?
L
 Não.
D
 Quando você recebe no, no banco, você recebe o quê? Salário?
L
 Eu recebo o meu salário.
D
 Seu salário. Aí, é uma categoria de remuneração. Você poderia me dar idéia de outras?
L
 Ah, não sei te dar não. Como? Remuneração assim de, de ...
D
 Por exemplo, a tua empregada, você paga o que a ela? É um salário também?
L
 Também. Pois ela trabalha pra mim por mês.
D
 Hum, hum.
L
 Não é? Salário mensal. Honorário, quando você presta um serviço qualquer a uma pessoa e ela te paga, né? Então no caso é honorário.
D
 Caso de médicos.
L
 Médicos, advogados, dentistas. Eu não. Eu trabalho pro estado, então pertenço à lei traba... não, no caso, eu não sou da lei trabalhista, né? Funcionário estadual não pertence, não está enquadrado em lei trabalhista. Tenho a impressão que é salário.
D
 Sei. E agora outra possibilidade também é, por exemplo, você tem uma faxineira.
L
 Hum.
D
 Ela vem aqui periodicamente. O que que a gente paga quando uma pessoa trabalha assim?
L
 Diarista, no caso?
D
 Hum, hum.
L
 Sim. Como é que eu falo?
D
 É um salário também que eu vou pagar pra ela?
L
 Não, aí você, eh, aí você paga o quê? Uma diária?
D
 Paga uma diária.
L
 É. Uma diária.
D
 Exato. A gente fica perguntando as coisas óbvias, que você ficou em dúvida (sup.)
L
 (sup.) Tão óbvia que eu fico em dúvida mesmo. (risos)
D
 Mas é o óbvio mesmo que eu estou querendo, sabe? Pode ficar assim tranqüila que eu estou querendo é o óbvio (sup.)
L
 (sup.) Ah! Meu Deus! (sup.)
D
 (sup.) Não é a coisa complicada em hipótese nenhuma, nenhuma, nenhuma. Agora em termos assim por exemplo de banco. Você disse que não usa banco, mas há pessoas que usam. A gente queria saber, a idéia assim do que pode, que tipo de transações podem ser feitas com o banco.
L
 Bom, negócio de banco, sinceramente, eu só entendo é de receber e, e, e colocar cheque lá no banco.
D
 Como é que você faz isso?
L
 Como é que eu faço? Ué, chego lá no banco e preencho o meu cheque, chego no guichê que tem a terminação da minha conta e recebo. Tranqüilo. Que é mais que eu podia fazer?
D
 Isso pra receber e pra de... e pra depositar?
L
 Depositar, vou ao caixa com a quantia que eu quero e peço pra depositar na minha conta.
D
 Mas aí que que eles fazem? Eles têm toda uma formalidade, não é?
L
 É, ele toma no... ele, ele procura o meu nome, meu número pra fazer a, a declaração lá, né?
D
 Não preenche um, uma papeleta, uma coisa dessas?
L
 Preenche. (risos) Ai, meu Deus! Preenche uma papeleta (sup.)
D
 (sup.) E quando (sup.)
L
 (sup.) Com a quantia que eu estou depositando, né?
D
 Hum, hum.
L
 Eu assino.
D
 E aí você entrega pra ele. Que é que ele faz? Tenta lembrar assim uma vez que você depositou dinheiro aí. Simplesmente ele toma lá teu dinheiro e fica por isso mesmo?
L
 Não, eu, ah, ele, ele toma nota do que eu, do que eu ... Registra naquela máquina, não é? E só. Eu nunca, eu nem me lembro, nem reparo isso, é uma coisa que eu faço tão automática. Sinceramente que eu não reparei.
D
 E quando acaba o cheque?
L
 Quando acaba o cheque, ah, quando ainda tem dois talõezinhos, eu preencho aquele, aquele papelzinho pra requerer um outro talão. Entrego de manhã, normalmente quando eu vou fazer alguma coisa na cidade, que a minha agência é lá na rua do Ouvidor, e à tarde eu apanho.
D
 E aí como é que é o talão? Você podia de... descrever um talão de cheque?
L
 Descrever. Descrever como?
D
 Como é que é um talão de cheque? Novinho. Que que ele contém?
L
 Contém ... Ah, não sei te dizer quantos cheques ele contém, não sei.
D
 Hum. Mas cada um tem um número determinado de cheques? (sup.)
L
 (sup.) Um número. Tem, tem um número. Acho que são dez. Será que são dez? Parece que são dez cheques, né? Eu vou usando e nem presto atenção. Mas são dez cheques. Quando chega no oitavo ou no sétimo, entre o sétimo e o oitavo deve haver, é que há aquele papelzinho pra você requerer, aquele folhe... aquele folhetozinho pra você requerer, né? Qual é a próxima pergunta?
D
 Vai falando. O que que você lembra mais de dinheiro?
L
 Dinheiro? Mas não tem um assunto diferente de dinheiro não?
D
 Não, eu quero dinheiro ... (riso)
L
 Dinheiro?
D
 É. Imagina que você vai fazer compras.
L
 Sim.
D
 Que é que você usa pra fazer compras?
L
 Bom, uso dinheiro e talão de cheque ou então o cartão Nacional, né? Prefiro usar talão de cheque, não gosto de andar com dinheiro. Então normalmente com raríssimas exceções de, de, de conta de luz, quando eu ia pagar em banco, que havia sempre problema com o cheque, você tem que visar o cheque com, com o gerente e tal, dava um trabalho, dava, porque agora não tenho ido mais com cheque, mas me dava muito trabalho, então eu pagava em dinheiro. Fora isso, minhas compras todas faço com cheque, quando eu acho que vale a pena, com cartão Nacional.
D
 Quando é que vale a pena fazer com cartão Nacional?
L
 Bom, normalmente quando eu estou com pouco dinheiro, não é? Quando eu estou com pouco dinheiro, eu acho que o cartão Nacional é interessante que eu só desconto no, no outro mês, então no outro mês eu já, já estou mais equilibrada e ... Também não deixo atrasar cartão Nacional, porque eu acho que aí não é vantagem nenhuma, você paga juro, então pra pagar juros não vale a pena, né? Mas normalmente não, eu uso o meu dinheiro certo, controlo direitinho, quase não uso cartão Nacional.
D
 E (sup.)
L
 (sup.) Só nesses casos.
D
 Há por exemplo cheques de tipos diferentes. Às vezes eles não aceitam qualquer cheque numa loja, né?
L
 Hum, hum.
D
 Você já teve esse tipo de problema?
L
 Já. Até com cheque-verde, que eu só uso cheque-verde. Mas, eh, há, há certos funcionários de loja que não, não conhecem o cheque-verde, né? Então pedem identificação, às vezes não querem aceitar cheque-verde. Lá em Friburgo mesmo eu tive problema, não aceitaram cheque-verde.
D
 E aí?
L
 Que os únicos cheques aceitos assim o cheque-verde e cheque-ouro.
D
 Que que tem de particular esse tipo de cheque?
L
 Bom, esse tipo de cheque é que até duzentos contos ... O cheque ouro maior quantia, viu, mas o cheque-verde, que é o que eu uso, até duzentos contos ele é pago sem qualquer verificação. Então se não houver fundos, o problema é meu. O banco paga e eu depois vou me entender com o banco, né?
D
 Hum, hum.
L
 Então não há problema nenhum pra uma loja aceitar um cheque-verde porque ela vai lá e recebe, tendo fundo ou não.
D
 E o outro?
L
 O outro como? O cheque comum?
D
 O cheque-ouro.
L
 O cheque-ouro, o mesmo caso.
D
 É o mesmo caso. É (sup.)
L
 (sup.) O mesmo caso.
D
 Como é que a gente consegue ou um cheque-verde ou um cheque-ouro?
L
 Você fa... ah, você faz uma, você faz um pedido ao banco, ele então vê as referências, né, aquele cadastro, pra te dar o cheque-verde. Se você estiver com o nome limpo, sem dívidas, sem, sem protestos de, de promissórias, etc. você tem direito ao cheque-verde.
D
 E já lhe aconteceu, por acaso, dar um cheque e não ter cobertura num banco?
L
 Não, não (sup.)
D
 (sup.) Nunca? Você não conhece ninguém com quem tenha acontecido alguma coisa desse tipo? (sup.)
L
 (sup.) Não. A única coisa que me aconteceu não foi da, da, apresentar cheque sem fundo. É que eu tinha feito uma compra e paguei em cheque. Mas depois aquela compra, eh, não me interessou mais. Inclusive a culpa não foi minha, foi do, do vendedor, ele não tinha mais o produto pra mandar, então eu pedi ao banco que cancelasse o pagamento daquele cheque. Mas além de pedir ao banco pra cancelar, eu retirei o dinheiro correspondente àquela quantia. Então o banco me mandou uma carta explicando que aquilo seria o caso de cheque sem fundo e me fez assim uma advertência, né? Que eu não sabia que quando você cancela um cheque, por um motivo qualquer, você tem que deixar a quantia correspondente, porque senão isso corresponde a cheque sem fundo. Eu aprendi assim.
D
 E o banco cancelou?
L
 Não, não cancelou a minha conta não.
D
 Não, digo, cancelou aquele (sup.)
L
 (sup.) Cancelou o cheque (sup.)
D
 (sup.) Cheque? (sup.)
L
 (sup.) Cancelou. Inclusive eu ti... eu retirei o dinheiro muito tempo depois. Mas o, o lojista de... eh, foi depositar o cheque de... posteriormente ainda, depois que eu já tinha cancelado, tirado o dinheiro, é que ele foi e depositou o cheque, que eu já tinha mandado cancelar há um tempão.
D
 E assim você não conhece ninguém, uma pessoa que tenha acontecido?
L
 Não. Assim de cheque sem fundo?
D
 Dar um cheque sem fundo, ter problemas?
L
 Não, não conheço.
D
 Mas você tem notícia por exemplo que há pessoas que vivem em termos assim de empréstimos, não, cujo ganho não é suficiente e que então, eh, recorrem a empréstimos. Você tem uma idéia assim de como é que deve ser isso? Eu também não sei não, mas (sup.)
L
 (sup.) Não sei, não sei (sup.)
D
 (sup./inint.) uma idéia de como é que deve ser?
L
 Empréstimo, não sei. Empréstimo em banco, não sei.
D
 É.
L
 Nunca fiz.
D
 Nem tem uma idéia assim de outras pessoas que possam ter feito, como que fazem?
L
 Hum. Não. Que eu tenha conhecimento, não. Nunca me interessei. Se você conversasse comigo daqui a uns (inint.) meses, eu pretendia fazer um empréstimo no IPEG, então eu ia aprender direitinho como é. Mas eu nunca fiz empréstimo assim.
D
 Hum, hum. Deixa eu ver uma outra aspecto (inint.) ah, outra coisa também que me interessava por exemplo, eh, a idéia assim de ir a jantares e de ir a um restaurante ou de ir a qualquer coisa assim que você pode usar vários meios de pagamento. Você costuma ir? Como é que vocês fazem?
L
 Não, sempre que nós vamos ao restaurante ou a gente paga em, em dinheiro ou então em cheque também.
D
 Também? Mas, além disso, eh, do que eles cobram por exemplo numa refeição, às vezes há gratificações, né?
L
 Gorjeta já incluída, né?
D
 Ou não.
L
 Ou não.
D
 Ou não, não é? Como é que vocês fazem?
L
 Bom, quando a gorjeta é incluída, ah, dez por cento normalmente, né? Fora isso, você dá a gorjeta por fora.
D
 Agora outra coisa também que me interessava saber por exemplo, você, seu marido, dois filhos, eh, seu marido ganha uma certa quantia, você ganha outra e aí vocês têm que fazer uma distribuição disso pra todos os gastos da casa. Vocês, como é que vocês fazem mais ou menos isso? Ou não fazem?
L
 Não, nós fazemos. Inclusive, eh, o nosso dinheiro é todo controlado e, e sempre nós aplicamos juntos, não é? Nós fazemos as despesas sempre juntos. Então certos encargos ficam pra mim. A maioria fica pra ele. Eu pa... eu, com o meu dinheiro, eu pago colégio das crianças e ... Pago colégio das crianças e alguma despesa assim que apareça em casa, um dentista que eu resolva levá-los, qualquer coisa, fica por minha conta. O resto, a despesa toda é por conta dele. Tem minhas compras também, né?
D
 Mas vocês teriam, assim, os itens de despesas?
L
 Como? A despesa de (sup.)
D
 (sup.) Vocês se organizam?
L
 Organizam.
D
 Como é que é mais ou menos? (sup.)
L
 (sup.) Despesa de mercado, nós, eh, fazemos despesa de mercado, gasolina, conservação do carro, pagamento de, de contas fixas, não é, luz, gás, telefone, imposto, condomínio. En... então nós fazemos uma lista e com os, os gastos fixos e o que se pode gastar fora isso, em separado.
D
 Hum, hum.
L
 E eu só contribuo com o colégio das crianças.
D
 Mas o colégio das crianças deve representar assim (sup.)
L
 (sup.) É (sup.)
D
 (sup.) Uma boa parte, né? (sup.)
L
 (sup.) O colégio das crianças corresponde a uma quarta parte do meu ordenado, certo?
D
 E como é que isso é pago? É ...
L
 Mensalmente. Pago em banco.
D
 Paga em banco também? Agora me diz uma coisa, você falou que seu, que seu marido trabalha em banco. E que tipo de banco, em que posição?
L
 Ele é conferente, seção, eh, seção de câmbio do Banco do Brasil.
D
 Eh, aonde? Que é, em que lugar que ele trabalha? Em que local?
L
 Ele trabalha na presi... na confluência de presidente Vargas com avenida Rio Branco.
D
 É lá que é a sede mesmo?
L
 Sede do, da parte de, de câmbio é toda ali.
D
 Você tem uma idéia assim de como é que funciona essa parte de câmbio?
L
 Bom, essa parte de câm... No caso dele, ele não lida assim com, com dinheiro, certo? A parte que ele lida é apenas de remessa, eh, por escrito, pra todos os países. Então, não lida assim com uma outra seção que há lá de, de, de você trocar o dinheiro, você trocar cruzeiro por dólar. O caso dele não é esse.
D
 E quando você viajou, você teve que fazer essas coisas ou foi ele que tratou disso tudo?
L
 No... nós tratamos juntos.
D
 É? Conta como é que foi? (riso)
L
 Olha, já foi há bastante tempo. Eu viajei em sessenta e oito. Fui aos Estados Unidos em sessenta e oito. Quer dizer, alguma coisa já não lembro mais, né?
D
 Hum, hum.
L
 Nós fizemos o quê? Tratamos de passaporte, não é? Ah, ah, sei que me deu muito trabalho, mas já nem lembro mais. Na ocasião, eu andei um pouquinho. Fui troc... eh, fui trocar os meus, os meus cruzeiros em dólares, e só. O único trabalho que me deu foi esse, mas já não me lembro assim aquela rotina, os lugares a que eu fui, o que que eu tive que tratar, não me lembro mais.
D
 E outra coisa também que importava pra gente é que no Brasil tem havido assim uma sucessiva mudança de nome da unidade monetária, né?
L
 Hum, hum.
D
 Eu acho que qualquer um de nós tem uma idéia assim de como é que essa, (riso) como é que houve tanta mudança. Você podia dar uma idéia de como é que isso mudou? Como é que era antes, depois virou não sei o quê. Hoje, como é que é? (sup.)
L
 (sup.) Cruzeiro velho, depois cruzeiro novo, né, multiplicou por mil e passou a ser cruzeiro novo. Então a mudança que eu peguei foi essa. Porque o tempo de mil réis e tal eu não peguei, não era a minha época, né? Eu peguei aquela parte de cruzeiro velho, centavo e tal. Depois, agora, há cerca de uns quatro anos, se não me engano, então o cruzeiro novo.
D
 E quais são as unidades que nós dispomos em mão no sistema atual? Da maior à menor.
L
 Bom, cédula de quinhentos cruzeiros, cem, cinqüenta, dez, cinco, não é? Um cruzeiro, moeda de um cruzeiro e os centavos. Bom, você tem dez centavos, vinte, não. Dois centavos. Ainda estou no sistema antigo, né? Dois centavos, cinco centavos, cinqüenta centav... cinqüenta centavos e um cruzeiro (inint.) porque a gente faz uma troca, né, cruzeiro antigo, cruzeiro velho, tanto a gente usa um como usa o outro.
D
 Pois é, quando você estava falando de (sup.)
L
 (sup.) Às vezes eu ainda uso mil réis, conto de réis, de vez em quando eu ainda uso.
D
 Pois é, era isso que eu queria, eu tinha notado que a uma certa altura ela falou em conto de réis. Então que que corresponde o conto de réis, hoje?
L
 Bom, um conto de réis corresponde a mil cruzeiros.
D
 Hum, hum. E mil cruzeiros pelo sistema antigo (sup.)
L
 (sup.) Mil cruzeiros velho, mil cruzeiros antigos, não é?
D
 Que hoje é o quê?
L
 Mil cruzeiros antigos, um milhão.
D
 Um milhão?
L
 Mil cruzeiros antigos, um cruzeiro.
D
 Um cruzeiro hoje, né? (risos)
L
 Ô, meu Deus do céu! Mil cruzeiros antigos, um cruzeiro hoje, mil cruzeiros novos, um milhão.
D
 Agora outra coisa também é que as pessoas, quando não têm dinheiro, eu vou insistir nisso, recorrem às vezes aos processos assim, há vários processos (inint.) eu preciso de dinheiro pra comprar um carro e a agência não me financia esse carro, então eu posso recorrer a outros mecanismos, né? Tem uma idéia de quais são esses outros?
L
 Os que eu vejo, assim financeiras.
D
 Hum, hum.
L
 Não é? Bom, espera aí. O que que você falou? Que eu não prestei muita atenção. Eu não guardei.
D
 Sistemas assim de tomar dinheiro emprestado.
L
 Bom, a agência do carro não financia.
D
 Não financia.
L
 Então você pode recorrer a uma financeira. Então, são agências, agên... são firmas especializadas em, em conceder empréstimos, não é?
D
 Hum, hum.
L
 Quando não tem financeira, você tem que recorrer a amigos ou banco. Que eu saiba, só.
D
 E há um sistema assim, por exemplo recorre a um amigo.
L
 Hum.
D
 Às vezes há pessoas assim especializadas em emprestar dinheiro, né? (sup.)
L
 (sup.) Ah, bom, agiotas, não?
D
 Por que agiotas?
L
 Bom, agiotas porque cobram um juro normalmente maior que o juro de lei.
D
 Hum, hum.
L
 Não é? Então o juro de lei um por cento, um agiota cobra cinco, dez, vinte por cento, não é?
D
 E as financeiras?
L
 Financeiras. Não, eu não sei, porque eu não recorro a financeiras, mas deve ser juro de lei, não?
D
 Agora, suponhamos que depois que acaba um prazo que um banco deu, que uma financeira dê, eu ainda não tenha esse dinheiro pra pagar, que que eu posso fazer? (sup.)
L
 (sup.) Então você, no caso, renova o empréstimo por mais ainda algum tempo, né? Mais três meses, normalmente são mais três meses, né (inint.) deve ser.
D
 E há qualquer exigência pra fazer esses empréstimos?
L
 Não sei te informar. Assim, não sei.
D
 Você chega lá, a financeira te dá o empréstimo de qualquer jeito ou ela vai fazer exigências pra isso?
L
 Caso você já tenha o empréstimo? Só pra renovar?
D
 Não, não. Se você vai buscar, se você não tem um ainda.
L
 O que eu acho que ela vai fazer é ver o, no, no caso, renda familiar, se você pode pagar ou não, né? Fazer uma pesquisa (sup.)
D
 (sup.) Agora, ainda tem uma outra coisa, assim, em termos de dinheiro, que me interessava, eh, o sistema de comércio usa assim mil formas de venda, quer dizer, nós dispomos de possibilidades de comprar de várias maneiras, né?
L
 À vista, a prazo. É isso que você quer saber?
D
 Hum, hum.
L
 E qual é a pergunta que você quer?
D
 É que você desse uma idéia assim de como é que é isso.
L
 Bom, acho que a maioria do sistema agora, eh, quem compra à vista é uma percentagem muito pequena, né? A maioria das pessoas que eu conheço compram a prazo. Eu não gosto de comprar a prazo.
D
 Por quê?
L
 Bem, porque eu compro uma coisa, eh, eh, aí depois eu já enjoei daquilo, ainda estou pagando aquele negócio. Então não me interessa. Eu prefiro pagar à vista. Comprar menos e pagar à vista, porque eu não me preocupo com o pagamento. Porque se eu tenho algum pagamento pra fazer, aquilo me preocupa tanto que não vale a pena, certo? Uma vez eu fiz um crediário na casa José Silva, aliás não foi um crediário, foi uma, uma compra que eles chamam até de à vista, porque em três ou quatro vezes você paga o preço de à vista, né? Mas aquilo me preocupou, que no segundo mês eu fui lá e paguei tudo. Então não dá (sup.)
D
 (sup.) Mas há pessoas que preferem (sup.)
L
 (sup.) Preferem.
D
 Sistematicamente (sup.)
L
 (sup.) Sistematicamente pagar a prazo, não é?
D
 Agora, houve toda uma situação econômica brasileira que levou a isso e às vantagens de pagar a prazo. Ou há, ou não há realmente vantagens?
L
 Bom, vantagem de pagar a prazo eu não vejo muita, porque sempre há, há, eles cobram um, um, uma percentagem de juros que corresponde já ao aumento daquela mercadoria, né, no caso, correção monetária. Então, você está pagando a prazo uma coisa que se você pagasse à vista saía praticamente a mesma coisa. Pelo menos eu compro à vista por isso. Há quem queira me convencer que a prazo você ganha mais e tal, você tem lucro, mas eu não vejo vantagem em comprar a prazo. E, quer dizer, você vê o preço do, do objeto a prazo, ele fica bem, às vezes, vai até o triplo, né, do, do valor dele à vista. Então você vai pagar em muito mais tempo, mas também vai pagar uma quantia muito maior.
D
 E isso se deve a que no Brasil?
L
 Inflação. (risos)
D
 Exato, é onde eu estava querendo chegar, né, inflação. Como é que a gente está funcionando em termos dessa inflação? Você tem uma idéia assim? Houve toda uma mudança de perspectiva ultimamente, né?
L
 É, em termos de, de ... Nós estamos, eh, ah, o governo está tentando conter a inflação, não é? Inclusive o, o povo está colaborando e estamos exportando muito. Vamos ver. Acho que a coisa vai melhorar.
D
 Pra você, que que isso significa, inflação, mesmo?
L
 Inflação acho eu que é você não ter reserva em ouro, né? Então você faz mais dinheiro, você emite mais dinheiro do que o que você realmente tem (inint.)
D
 E isso implica em quê? Numa ...
L
 Numa desvalorização da moeda.
D

  Numa desvalorização da moeda.