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PROJETO NURC-RJ

Tema: "Terreno"

Inquérito 0225

Locutor 266
Sexo masculino, 39 anos de idade, pais cariocas
Profissão:médico
Zona residencial: Norte

Data do registro: 01 de junho de 1974
Duração: 45 minutos


Clique aqui e ouça a narração do texto


L
 Do Rio, realmente nós fomos, nós fizemos um trajeto e, e foi nossa intenção realmente fazer um trajeto que, eh, englobasse a maior parte de, de terreno que eu pudesse ver. Então nós fomos pelo interior do Brasil mesmo. Nós fomos daqui, eh, pela, por Minas, Bahia, fomos a Feira de Santana e de Feira de Santana nós fomos pelo interior mesmo do Brasil e fomos a, a Juazeiro e Petrolina, está na divisa do estado da Bahia com o estado de Pernambuco que é dividido ali naquela região pelo rio São Francisco. De Petrolina nós fomos até Teresina (inint.) nós atravessamos aí uma região muito agreste, uma regiáo bastante seca e uma coisa inclusive que chamou bastante atenção é que chegando a Petrolina, chegando a Juazeiro, a cerca de dez ou vinte quilômetros, vamos dizer, dessas regiões, portanto bastante perto dessas cidades banhadas pelo rio São Francisco são regiões inteiramente secas, inteiramente secas. E aí são uma região bem próxima ao rio São Francisco, eu procurei indagar os motivos de uma região tão próxima ao rio São Francisco, uma quantidade enorme de água e no entanto aquela região seca, mas seca de, eu tirei até fotografias de galhos de árvores e só o esboço, eh, das árvores. Então eles explicaram que o rio São Francisco apesar de ser um rio caudaloso, um rio de grande volume de água, é um rio com poucos afluentes, então permite uma irrigação, eh, precária das regiões onde ele banha. A não ser as próprias margens dele, o próprio vale dele, as regiões próximas têm uma irrigação bastante deficiente. E eu li agora, tenho escutado agora que estão fazendo inclusive uma área de experiência de irrigação artificial justamente nessas regiões do Juazeiro e Petrolina. Juazeiro e Petrolina são divididos apenas por uma ponte que atravessa o rio São Francisco, de um lado é Petrolina, no ou... no estado de Pernambuco, o outro lado é Juazeiro pelo estado da Bahia. De Juazeiro e Petrolina nós fomos a Teresina. De Teresina nós fomos a São Luís.
D
 Você falou que essas regiões são todas áridas (sup.)
L
 (sup.) Essa região (sup.)
D
 (sup./inint.) você não notou nenhuma diferença?
L
 É a região mais seca que nós, pelo menos na época que nós viajamos foi essa época mais ou menos, foi em julho, a região mais seca foi justamente essa próxima a Petrolina e Juazeiro, Petrolina fica bem no oeste do estado do Maranhão (sic), quer dizer, é uma região que está dentro do, daquele polígono da seca, não é? Dali até Teresina é um terreno ainda bastante árido, mas só até Teresina, de Teresina a São Luís não, Teresina a São Luís é área verde, totalmente verde, eh, eh, predomindando a plantação, eh, plantação, ah, ah, como é o nome daquelas palmeiras, eh, coco, babaçu, palmeira do coco-babaçu, dizem que três quarta, três quartas partes do territórios do Maranhão são, eh, são ocupados por palmeiras do coco-babaçu, né? Então a, a paisagem, não sei bem quantos quilômetros são, eu acho que são cerca de quatrocentos, quinhentos quilômetros de Teresina a São Luís, a paisagem é sempre a mesma, é de, a não ser quase chegando a São Luís em que nós vemos essas palmeiras serem trocadas por arrozais. O Maranhão parece que produz um arroz da melhor da qualidade, embora o maranhense coma um arroz da pior qualidade porque ele é exportado. Do Maranhão nós fomos, nós voltamos, nós, do Maranhão nós fomos, ficamos praticamente em São Luís só, o resto foi só de passagem.
D
 E essas (inint.) cidades, por exemplo, São Luís, Teresina, como elas são?
L
 São Luís é uma cidade que agrada, eh, agrada porque é uma cidade colonial, é uma cidade que tem bastante coisa pra se ver e em relação à história, à arquitetura, a tradições, então São Luís é uma cidade que tem coisa interessante pra ver, principalmente pela, pela arquitetura e a história do Brasil. Eu costumo dizer que a história do Brasil está no nordeste porque o Brasil é um país de história curta, então a história, a maior parte da história do Brasil está no nordeste, é da Bahia pra cima, a Bahia foi a capital, e as invasões holandesas, francesas foram todas no nordeste, então eu costumo dizer que a história do Brasil está no nordeste e o sul tem muito pouco em relação ao que tem no nordeste. Então no Maranhão, o Maranhão foi fundada por, por franceses, né, daí o nome do Maranhão, São Luís foi fundada por franceses, daí o nome de São Luís em homenagem ao, ao rei da França. Então teve uma colonização francesa, depois foi aquela luta de franceses e portugueses, depois, eh, teve uma invasão francesa, de modo que tem bastante coisa em relação à história e, e estilos arquitetônicos, aqueles, os azulejos clássicos de, de São Luís e, agora mesmo no Jornal do Brasil eu li, seção de turismo de quinta-feira tem uma reportagem falando exatamente sobre isso, dizendo que, que o progresso com a, com montagem de uma siderúrgica bastante grande lá em São Luís vai acabar com, com a parte histórica de São Luís. Então São Luís é uma cidade que agrada, é uma cidade que tem bastante coisa pra se ver.
D
 No Piauí vocês chegaram a ir a uma ci... a um local, agora eu não sei se é uma cidade que sempre o pessoal de lá sugere que as pessoas de fora conheçam que é muito importante, é um local estranho, não sei se é um local ou uma cidade.
L
 Bom, uma, em (sup.)
D
 (sup.) Parece até que, por, eh, não é, não é bem por, por questão histórica não, é pela própria, próprio aspecto físico da, desse local, dessa cidade?
L
 Eh, nós não ... Há umas coisas, deve ser isso você está se referindo a, ao Parque Nacional das Sete Cidades.
D
 É, o que é esse parque nacional?
L
 No Piauí realmente acho que é obrigatório ir ao Parque Nacional das Sete Cidades, é uma das coisas mais interessantes que tem no Piauí pra se ver realmente é isso. É um, é um parque, hoje é parque nacional numa região que não ... É proibido caçar, é proibido pescar, então hoje é uma coisa limitada, tem uma administração, eh, é federal inclusive. Embora seja ocupada lá por membros da PIENTUR, que é a, a entidade de turismo do Piauí. Eh, e tem um alojamento lá e quando nós estivemos lá parece que iam iniciar a construção de um hotel, um motel, não sei se já existe, se estão construindo. O Parque Nacional das Sete Cidades é um, são formações rochosas, são formações rochosas. Agora o que existe é realmente interessante e, vamos dizer, comparando, poderia se comparar até certo ponto com Vila Velha no Paraná. Então aquelas rochas com diversos formatos e fruto da erosão, então realmente tem pedra da tartaruga, dos canhões e a máquina de costura, então são formações rochosas que se aproximam na sua forma a determinados objetos, então tem uma formação rochosa que parece pedras empilhadas e que eles deram o nome de biblioteca, realmente sob certo ângulo parece um, uma série de livros empilhados. Agora, existe muita lenda em torno do Parque Nacional das Sete Cidades. Há quem diga que aquilo são ruínas de uma cidade muita antiga e tal. Agora o que existe de mais interessante nesse parque nacional são as inscrições. Existe inscrições que até hoje não foram decifradas, eh, feitas numa tinta vermelha nas rochas e essa tinta vermelha, eh, só se pode tirar quebrando a pedra, não sai, é uma tinta vermelha, então tem incrições em vários lugares e dizem os guias lá que a cada dia eles descobrem novas inscrições. Essas inscrições, eh, segundo alguns pode ser até de fenícios que tenham estado lá em épocas muito antigas. Para outros são inscrições indígenas, mas o fato é que até hoje não foi decifrado aquilo não. Existem vários lugares, eu tenho fotografias também dessas inscrições e tal. Existem semelhantes a essas também no, no estado da Paraíba, no estado da Paraíba, eh, numa cidade, município que tem entre Campina Grande e João Pessoa, eu nem estou lembrando bem o nome do município, existe uma pedra, uma pedra grande, um bloco, eh, monolítico bastante grande e tem inscrições exatamente iguais a essas que tem no Parque Nacional das Sete Cidades. Eh, nós tentamos visitar, tentamos ver essas, essa pedra, mas não foi possível porque ela fica dentro de uma fazenda dentro desse município, eh, eu agora eu não me lembro o nome, era um assim indígena, o nome do município, e acontece que não dava passagem pro carro, eh, passava jipe, ou rural passava, eles nos ofereceram nos levar lá de rural ou de jipe, mas nós estávamos com bagagem no carro então não pudemos ir.
D
 Não dava passagem pro carro, por quê, só se (sup.)
L
 (sup.) Porque estava cheio de água, estava inundado e o caminho é péssimo, não ... Agora, existe uma, uma réplica desta pedra não sei que material é feito aquilo no museu que fica na igreja de São Francisco, em João Pessoa. Nós vimos a réplica dela num, numa, num museu. É um, é uma igreja, fica na igreja de São Francisco. Essa igreja de São Francisco tem um, um museu dividido em duas partes, um, uma parte é museu de arte sacra e a outra parte é um museu comum histórico, geográfico e aliás um, uma coisa muito bem organizada. Eh, nesse, nesse lugar nós encontramos moças que serviam de guia falando inglês, francês, alemão, espanhol, pessoas novas falando várias línguas e a gente não sabe que existe isso na Paraíba, né? E de modo que esse Parque Nacional das Sete Cidades tem, é interessante, nós gastamos uma manhã inteira pra ver esse parque, tem guias e tem esse acampamento, que há pessoas, é evidente que não tem muito conforto e tal mas pessoas que querem ficar lá mais tempo.
D
 E em, em outros parques nacionais, outros, que há outros no Brasil, você já esteve, teve oportunidade de visitar também?
L
 (sup.) Bom, tem o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, né, (riso) aqui em Teresópolis, eu, eh, parque nacional também em Foz do Iguaçu, né? Foz do Iguaçu aquela região toda (sup.)
D
 (sup.) Porque tem diversos (sup.)
L
 (sup.) É considerada parque nacional (sup.)
D
 (sup.) E são diferentes? (sup.)
L
 (sup.) Inteiramente diferente, né?
D
 Já teve essa oportunidade? (sup.)
L
 (sup.) Já (sup.)
D
 (sup.) Podia descrever assim como é que é?
L
 O, o parque nacional, o Serra dos Órgãos a gente visita uma pequena parte, o Parque Nacional de Foz do Iguaçú, eh, é uma paisagem do sul, né, uma paisagem com vegetação abundante, eh, inclusive os pássaros em bandos de, de araras, periquitos, a gente pensa que é só do norte, mas não é, no, no parque de Foz de Iguaçu o, também lá é proibido caçar, pescar, até os animais vivem, eh, existem bandos desses, dessas aves, periquitos e papagaios e araras e água em abundância e mata em abundância, quer dizer, eu, eu não conheço a Amazônia mas eu tenho a impressão que talvez seja uma paisagem parecida porque predomina a água e, e vegetação alta, né? Tenho impressão que, o clima tenho impressão que deva ser parecido porque é um calor, aquele calor abafado, úmido, entendeu, e a gente começa a suar sem saber direito, então tenho impressão que, que o clima deva ser parecido. Talvez pela abundância de água, né, que as cataratas do Iguaçú ... O Parque Nacional das Sete Cidades não, é árido, é pedra, pedra, vegetação quando existe, rasteira, não, não ...
D
 Eles organizam também as excursões e, para visitantes?
L
 Eu tenho impressão que, que hoje está se tornando mais conhecido. Se você acompanhar essas seções de turismo, acompanhar revista Quatro Rodas, por exemplo, eles falam bastante, ultimamente tem falado mais até nesse Parque Nacional das Sete Cidades. Ho... hoje em dia a estrada está toda asfaltada pra lá, ele fica entre dois municípios só não sei bem a que município pertence. Eu estive aprendendo, eh, um Piracuruca, Piripiri e Piracuruca (sic), fica entre esses dois municípios, pode ser tanto ... É o caminho, ele fica a meio caminho entre Teresina e Parnaíba, uma cidade importante no Piauí, né? De modo que é, hoje está tudo asfaltado, quer dizer, o acesso hoje é fácil, a gente vai daqui ao parque nacional no asfalto se quiser (sup.)
D
 (sup./inint.)
L
 (sup.) É evidente que no Brasil a questão de turismo é ... Mas o Piauí já tem inclusive a sua entidade de turismo, a PIENTUR. Nós nos hospedamos numa praia linda de, que fica próximo a Parnaíba, fica, Parnaíba é uma cidade bastante grande, agrada como cidade mais do que Teresina, mais do que Teresina. Teresina é uma cidade de ruas estreitas e um calor pior que o do Rio de Janeiro, de modo que é uma cidade meio sufocante. Tem ar refrigerado por todo lugar porque é um calor, nós estivemos em julho, um calor tenebroso. De modo que próximo a Parnaíba existe uma cidade chamada Luiz Correa. Essa Luiz Correa é atual, é a antiga, se eu não me engano é Amarração. Quando eu estudei no primário cidade importante Piauí era, era cidade de litoral, eu acho que é Amarração o nome que era, hoje ela chama-se Luiz Correa, fica próxima a Parnaíba. Então nós nos hospedamos num motel, num motel dessa praia que chama-se praia de Atalaia, nós nos hospedamos num motel que era, estava recém-inaugurado, recém-inaugurado uma semana pertencendo essa entidade de turismo do Piauí, motel muito bem cuidadinho, construído no meio da areia, no meio da praia que nós ficamos lá, estava cheio, tinha carros no Piauí, tinha carros do nordeste todo do Brasil lá, é sinal que o pessoal sai do, dos outros estados pra ir pra esse lugar.
D
 Tá. Mas aí a paisagem é totalmente diferente (sup.)
L
 (sup.) A paisagem de praia (sup.)
D
 (sup.) Da paisagem do, da Serra dos Órgãos por exemplo (sup.)
L
 (sup.) Bom, ah, completamente diferente!
D
 (sup.) O que que caracteriza assim geograficamente como essa área da Serra dos Órgãos?
L
 Serra dos Órgãos é a vegetação abundante, né, o parque nacional lá em Teresópolis tem água e, e mata, né? Lá não, não tem vegetação, a vegetação eh, ih, a única vegetação que a gente vê, que predomina no, são as palmeiras, diferentes da, do, do Maranhão, né, Maranhão é o coco-babaçu, né, a palmeira do ... E no, no Piauí predomina a, a da carnaúba. Então a gente viaja, eh, carnaubeira, sei lá, tem casas construídas com os troncos das carnaúbas, das carnaubeiras, não sei se chama assim.
D
 E essa, essa região dessa par... dessa parte do Maranhão, do Piauí é uma região em termos de elevação, por exemplo.
L
 Hum, hum.
D
 Você não sentiu diferença saindo do Rio depois descendo o nordeste?
L
 A estrada, por exemplo, que vai de, de Teresina a São Luís é uma estrada plana, né, não tem muitas subida, muita descida, muito (sup.)
D
 (sup.) Todo o nordeste é assim?
L
 O nordeste tem serras, né, no Ceará tem serra e nós estivemos num local, eh, do Maranhão (sic), chamado Garanhuns, é frio, nós estivemos, todo mundo agasalhado, Garanhuns está pra, pra, pra Recife como Teresópolis está pro Rio de Janeiro. Eh, Garanhuns, eh, fica em serra, eu não sei qual é a serra ali, mas fica em serra, é bem alto, é lugar de veraneio, veraneio, tem o, tem hotéis lá, os hotéis têm tudo, como se fosse uma estação de água dessas de Minas ou ... Tem charrete, tem jogos, tem ... E é um lugar bastante frio, Garanhuns, eh (inint.) de serra (sup.)
D
 (sup.) E a viagem de Recife até Garanhuns você percebe essa (sup.)
L
 (sup.) Ah, percebe! É subida, a gente vai a mais de mil metros por altura, Garanhuns está mais de mil metros de altura. Eu tenho impressão (sup.)
D
 (sup.) E Recife? (sup.)
L
 (sup.) Recife é o seguinte, eh, acho como cidade do nordeste é a melhor cidade do nordeste, mas como cidade, como cidade. Eh, a gente entra em Recife e tem a impressão que está entrando assim num Rio de Janeiro, é uma cidade que, eh, como cidade, como construção e tal. Agora, não, não considero a cidade mais interessante, do ponto de vista turístico pelo menos, não é, aí eu acho que Salvador em matéria de, de turismo e de coisa pra se ver, de arte, de arquitetura, de tudo, acho que Salvador será sempre a cidade mais importante no nordeste sob esse aspecto. Embora, sob o ponto de vista de, de cidade moderna, cidade, acho que Recife é realmente a cidade mais importante do nordeste, pelo menos eu conheço as capitais todas do nordeste e, e realmente a que mais impressiona, eh, pelo modernismo dela eu acho que é realmente conhecida. Eu não esperava encontrar em Recife a cidade que eu encontrei, eu não esperava (sup.)
D
 (sup.) Vocês estiveram em Veneza, né?
L
 Estivemos.
D
 O que você acha do brasileiro falar que ...
L
 Não tem nada a ver um coisa com a outra. (risos)
D
 O quê?
L
 Que Recife é a Veneza brasileira. (risos)
D
 Por que que não tem razão uma coisa com outra (sup./inint.)
L
 (sup.) Não, eles comparam, eh, não, porque eles dizem que Recife é a Veneza brasileira porque ela é cortada por rios, por canais, né? Mas os canais que cortam Recife não são a milésima parte dos que cortam ... E são canais que, na verdade, são rios que desagua ali, né, em Recife. E Veneza não, Veneza é um conjunto de não sei quantas ilhas lá, não sei quantas, né, milhares de ilhas, né, pequenas ilhas e no mar, quer dizer, não ... Eu acho que, eh, pode se dar o nome assim mas é mal comparado, não, não tem assim. Quem, quem esteve em Veneza ou, ou em Recife não encontra assim um termo de, de comparação. Apenas porque tem muitos canais em Recife e realmente a cidade tem muitas pontes e tal, mas acho que não se assemelha a nada em Veneza não.
D
 Agora, uma coisa que talvez fosse interessante é em termos assim de, de Brasil quando a gente estuda, por exemplo, a geografia no ginásio, a gente ouve falar que o Brasil tem por característica do ponto de vista assim de relevo uma quase que ausência de, eh, acidentes geográficos, eh, e de relevos marcantes, não é, uma coisa mais igual, a costa pouco recortada, enquanto que em outros lugares a gente encontra assim muitas outras variedades de apresentação desse relevo ou dessa (sup./inint.)
L
 (sup.) Não, eu acho que é mais em relação às altitudes, né? No Brasil as serras são muito baixas em relação aos, aos outros lugares, né? Já aqui quando se vai a mil metros, já é considerado uma altura bastante grande e tal, de modo que, questão de costa mais recortada ou menos recortada, eu não sei se tem assim grande diferença, mas eu acho que isso se refere mais a problemas de, de, de montanha, realmente as nossas montanhas são muitos baixas, né, em relação, eh, às que existe nos outros continentes, e nos outros continentes não, porque a própria América do Sul tem a cordilheira dos Andes e nós não temos isso. Nós não temos um acidente geográfico nada semelhante à, à cordilheira dos Andes. Pra nós a serra da Mantiqueira é uma coisa importante, é um acidente, comparado com os Andes, eh, é bastante pequeno, os Alpes Suíços, né? Nós fomos a, à Suíça, nós fomos a três mil metros de altura, aqui o que que tem três mil metros de altura que se possa ir? Acho que tem nem nada no Brasil inteiro, acho que no Brasil inteiro não tem.
D
 E faz diferença assim do ponto de vista da pais... a paisagem?
L
 Ah, fa... faz, eu acho que faz, bastante diferença, né? Inclusive o problema de neve, que não depende só da altura, que não depende só da altura, eh, Campos Jordão, por exemplo, é um lugar que pela altitude, pelo, pelas temperaturas poderia nevar, não neva parece que é por questão de úmidade de ar, parece que é só por isso que Campos do Jordão não neva e a maior mágoa que tem pessoal de Campos do Jordão é isso. Mas no Brasil tem lugares que nevam. Nós estivemos agora em Gramado, no sul, em Gramado neva, nós trouxemos cartões-postais, nós não vimos nevar, mas nós trouxemos cartões-postais de lá com a cidade coberta de neve, mas nevou em setenta e dois, antes tinha nevado em sessenta e nove e antes em sessenta e quatro, quer dizer, é uma coisa que não é certa, é uma coisa esporádica, né?
D
 E sua experiência assim de Europa por esse aspecto é diversa? Por exemplo a Itália tem assim um ...
L
 É, eu acho que sob o ponto de vista assim de, geografico, a Itália, nós passamos em, em lugares bastante altos na Itália, no norte da Itália, ali próximo a Cortina d'Ampezzo então ali já pega o sul da Alemanha, pega já próximo a divisa da Áustria, Cortina d'Ampezzo é bem próximo da divisa da Áustria, então ali realmente é uma paisagem sob o ponto de vista de montanha, eu fui à Áustria mas, eh, se aproxima com essas fotografias que a gente vê da região do Tirol, da região, eh, alpina realmente. Aquela parte dos dolomitas, né, fica, fica justamente nessa região, uma ilha muito bonita e aquilo não é bem Itália no meu modo de ver porque fala-se mais alemão lá do que italiano. E tudo tem em, escrito em duas línguas em italiano e alemão.
D
 E ao sul, o senhor foi também?
L
 Eu fui, sul, sul, sul mesmo, eh, fui em Nápoles, Sorrento que já é bem pro sul, já é pro sul de Roma, mas ali na Calábria e tal aí não fui. Mais essa parte, a parte do, da, do italiano louro, né, a parte do norte, eh, é louro porque ele é meio alemão, meio austríaco (sup.)
D
 (sup.) Nápoles também é assim em termos de (sup.)
L
 (sup.) Nápoles é sul (sup.)
D
 (sup.) Eh, geográfico apresenta uma variedade enorme não porque ...
L
 Tem, eh, aquele negócio, "ver Nápoles e depois morrer", né?
D
 Ham, ham!
L
 "Ver Nápoles e depois morrer". Nápoles não é uma cidade bonita. Eu pensava que fosse, quando cheguei lá foi uma decepção, Nápoli (sic), a cidade de Nápoli (sic), suja e feia, evidente que tem muita coisa pra se ver, tem o museu de Nápoles que é uma coisa extraordinária e tal mas não é, o que é bonito naquela região não é obrigatório ver-se de Nápoles, vê-se de Sorrento que, que é a baía de Nápoles, essa é realmente uma paisagem muito bonita, um mar azul, azul, o contorno da baía de Nápoles que a gente faz de barco quando vai a Capri com o Vesúvio ao fundo. Então realmente é uma paisagem muito bonita mas não é em Nápoles em si é a paisagem que se vê de Nápoles, é aquela história de Niterói, né? Bonita é a Guanabara vista de Niterói, né?
D
 E deu pra ir ao Ves... ao Vesúvio?
L
 Deu, eu fui na cratera do Vesúvio.
D
 Como é que foi?
L
 Ham?
D
 Como é que foi isso? Isso é interessante.
L
 Tem, tem funivia, né, eh, ah, tem o bondinho que vai até a cratera do Vesúvio. Acontece que tinha havido muita chuva antes e as máquinas do, da funivia estavam enguiçadas, então eu queria ir de qualquer maneira à cratera do Vesúvio, eh, nos indicaram uma estrada, nós fomos seguindo uma estrada asfaltada e tal. Essa estrada ficava a, o fim da estrada ficava a, a mil metros da cratera do Vesúvio. (riso) Então eu fui a pé lá, quase que morri, quase que morri, eu ... Nossa senhora!
D
 Uma espécie assim de terreno ...
L
 É, ih, é!
D
 Como é que é?
L
 É pedra, pedra, não tem vegetação, não tem nada, é, eh, completamente seco, pedra, como se fosse um, saem das lavas, pedra, cascalho daquele tipo preto, uma terra preta com pedra, é essa, o aspecto, é o aspecto também na encosta e o aspecto no, na, no fundo da cratera é o mesmo. Mas vai-se a pé. É bom ir a pé nesse pedaço, mas é cansativo demais. A (inint.) não foi não, não teve coragem de ir, disse que estava com dor no pé e tal e lá em cima tem até oxigênio. Agora pra descer desce rápido, né, em quinze, vinte minutos a gente desceu, (riso) mas pra subir levei uma hora e meia eu acho, pra subir e pra contornar a cratera eu acho que leva assim umas duas horas se quiser contornar a cratera toda.
D
 Como é que é essa cratera, eh, dá uma visão da ...
L
 Ela é mu... é muito maior do que eu pensava e muito mais profundo que eu pensava. Eu tentei tirar fotografia pegando a altura toda dela não consegui com a máquina, não consegui, dá uma idéia aproximada e a profundidade também, a, o tamanho da cratera não dá uma idéia bastante na fotografia porque, eh, a fotografia é em duas dimensões, né, então ela aproxima uma margem da outra, mas é bastante grande, eu não calculo, eu sou meio ruim pra calcular negócio de distância, de, eu não calculo, mas é muito maior. Eu calculo que leve, eu contornei uma parte, pelo que eu contornei eu calculo que leve umas duas horas pra contornar aquela cratera, é um terreno ruim pra se ir, mas dá pra contornar e tem umas fumacinhas e tal que saem de lá.
D
 Fumacinha?
L
 Sai fumacinha, é.
D
 Mas não está assim ...
L
 Não, não está, está extinto. dizem, né? Sai a fumacinha assim das partes laterais, nas fotografias saem bem as fumacinhas.
D
 Agora, a gente tem notícia de vez em quando assim de outros lugares que (sup.)
L
 (sup.) E quando se teve um (sup.)
D
 (sup.) Em outros lugares de acidentes desse tipo (sup./inint.)
L
 (sup.) Não, mas lá eu acho que está extinto, pelo menos eles consideram como extinto. O dia que aquele Vesúvio resolver se tornar ativo outra vez vai ser uma catástrofe porque tem muitas cidades em volta. Ah, Po... Pompéia continua lá, tem uma cidade lá não sei o quê Greco, tem um monte de cidade ali tudo em volta, a própria Nápoles, quer dizer, o dia que aquilo resolver se tornar ativo outra vez (sup.)
D
 Como é que é Pompéia, é próximo, as pessoas vão lá, visitam?
L
 É, Pompéia tem a, tem a parte da cidade atual de Pompéia, é uma cidade como outra qualquer e tem a parte das escavações de Pompéia, é a Pompéia antiga, e ainda tem uma grande parte a ser escavada, mas eles não têm dinheiro pra, atualmente pra escavar aquilo. Ela está ainda uma, uma parte grande soterrada ainda. Mas, eh, é cercada, é uma cidade que pode se visitar, visita-se e, e tem muita coisa interessante pra se ver, muita coisa ainda até bem conservada. Tem um, um anfiteatro, talvez seja a coisa mais bem conservada que tem em Pompéia. A gente não calcula que aquilo tenha tantos anos e, e tenha sido soterrada por lavas e tenha sido escavada e esteja no estado de conservação que está, tem muita coisa ainda conservada. As obras de arte maiores elas foram transferidas pro museu de Nápoles, tem muita coisa ainda em Pompéia, mas as coisas mais importantes foram transferidas pro museu de Nápoles, questão de conservação, a manutenção fica mais fácil.
D
 E os outros países europeus que você visitou?
L
 Nós fomos a quatro países só na, na, fomos à Suiça, além da Itália, uma gracinha de lugar, uma paisagem totalmente diversa. Nós passamos sete dias na Suíça no mês de outubro, portanto, era outono, né? Outono, né?
D
 Hum, hum, outono.
L
 Outono. E não passamos um dia sem ver neve, isso no outono. Todos os caminhos que a gente ia, não que a gente procurasse propositadamente, seguia caminho de uma cidade pra outra sempre acabava subindo, subindo e, e nessas subidas passa pelos pontos mais altos que são chamados de passos, né, passos.
D
 (inint.) o senhor chegou a estar por exemplo na fronteira assim da Suíça com a Alemanha e ...
L
 Bom, eh, fronteira, eh, nós estivemos em Basiléia, Basiléia é fronteira com a Alemanha, nós não passamos por aí, nós, o que eu queria passar porque se eu fosse eu ia querer continuar a viagem, tal, esse negócio, todo mundo estava podendo ir mesmo porque tinha tempo, então eu, eu delimitei, na, eh, de Genebra, por exemplo, nós fomos à França, fomos a Chamonix e Neg`eve porque são perto e são lugares importantes, nós fomos.
D
 Seria um termo interessante, quer dizer, comparando, mesmo o sul do Brasil e Europa uma espécie assim de paisagem, de cultivo de campo, em relação, por exemplo, a norte do Brasil?
L
 Eu fiquei impressionado. Bom, a, a plantação lá, a plantação na Itália, por exemplo, que nós vimos, eh, era os vinhedos, né, nós vimos as parreiras, aquilo eles aproveitam até a beira da estrada assim, eles vão colher as uvas na beira da estrada, eles estão colhendo, estão colocando aqueles caminhões pra colher as uvas, então tem uma paisagem na Itália, de uma época que nós fomos tinha paisagem predominante que eram as parreiras, plantações de uva, era época realmente. E eu me impressionou no estado, no estado de, de Pernambuco, por exemplo, a região toda que nós percorremos no estado de Pernambuco é um estado muito plantado. E o estado de Alagoas, eu tenho a impressão que ele é todo plantado de cana porque todo, toda a parte que nós andamos eram canaviais, na beira da estrada assim mais, quilômetros e mais quilômetros de canaviais.
D
 E há uma espécie assim de repartição que dá pra ver?
L
 Muito pouca repartição, muito pouca, em vez por outra a gente encontrava um caminhozinho e "Engenho", indicando, eh, a localização de um engenho, mas praticamente aquilo era seguido, não tinha assim uma (sup./inint.)
D
 (sup.) Mas há outras áreas que contrastam com isso assim violentamente, não? Em termos de terra, mesmo no nordeste?
L
 Ah, sim, eu por exemplo não passei ali no sertão por exemplo do Ceará que é a parte mais seca, mas da parte seca que, que me impressionou de solo todo quebradiço de, de plantas ponte sobre o rio tal, só tinha a ponte não tinha rio (sup.)
D
 (sup.) Que que tinha? (sup.)
L
 (sup.) Foi, foi essa ... Não tinha. Tudo seco, era, foi justamente essa parte, eh, perto de Juazeiro e Petrolina, perto de, de, o oeste do estado de Pernambuco. Então es... de seca mesmo, de, de, de, de solo árido em te... sem água nenhuma foi realmente a região que eu vi de seca, então eu tive uma idéia do que, do que é região de seca mesmo no nordeste por essa região, porque o resto eu não vi coisa seca mesmo, eu vi vegetação rasteira, eh, eu fiz uma viagem da outra vez eu fui a Salvador à cachoeira de Paulo Afonso de carro. É uma vegetação bastante rasteira, eh, a gente passa pelas cidades de sertão mesmo baiano, eh, o local onde andava Lampião, eh, Jeremoabo, Cícero Dantas, a família de, de, de Lampião, os descendentes, sei lá, a mãe, a mãe da Maria Bonita, a época que nós fomos lá morava ali perto de Paulo Afonso, ela era viva ainda, morava, ia lá, periodicamente ela ia a Paulo Afonso e morava lá, quer dizer, região de sertão mesmo mas não era tão seco como essa paisagem que nós vimos, eh, próximo a Petrolina (inint.)
D
 E Paulo Afonso como é que é?
L
 Paulo Afonso acho que é uma coisa que deve ser visitada entendeu? Eh (sup.)
D
 (sup.) Podia descrever assim Paulo Afonso, aspecto de aproveitamento e ...
L
 Bom, eh, Paulo Afonso é uma queda de água, hoje está tudo muito modificado porque justamente pelo aproveitamento eles modificaram muito, mas, eh, é uma queda de água de setenta metros de altura. Pra se ver a cachoeira de Paulo Afonso você chega lá só não vê a cachoeira de Paulo Afonso, tem que atravessar uma queda de água que flui artificial e é aproveitada justamente pra mover as turbinas e tem que atravessar num bondinho, tipo bondinho do Pão de Açúcar tal, então vai-se ao outro lado, então daí se vê realmente a cachoeira de Paulo Afonso do rio São Francisco, aí dividindo, eh, no limite da, do estado da Bahia com o estado de Alagoas. No estado de Alagoas tem uma casinha ali, do outro lado, eh, que foi a primeira usina hidroelétrica brasileira e foi construída pelos ingleses, eh, porque eles ali tinham uma fábrica de fiação, uma coisa assim, então eles aproveitaram, já ali naquela época a cachoeira pra, eh, dar energia. Agora o interessante da cachoeira de Paulo Afonso é que essa água desce pela rocha, encravada na rocha, essa água que é aproveitada pra mover as turbinas. E ela vai passar justamente a setenta metros de profundidade, então pra se ver as turbinas que ficam lá na base, que é que vai aproveitar a queda de água pra mover as turbinas, pra se ver essas turbinas, eh, desce num elevador, eh, num recinto encravado na pedra, na rocha, eh, desce a setenta metros de profundidade. A setenta metros de profundidade então tem um salão enorme e no fundo desse salão na parte baixa, ele é feito uma sacada, no fundo desse salão nós temos então as turbinas funcionando. Naquela época eu não me lembro quantas turbinas tinham, se são cinco ou seis, tinham sido recém inauguradas duas ou três, mas a cada ano eles vão colocando mais até chegar a capacidade máxima em Paulo Afonso que eu não sei quanto é.
D
 Sabia que vai desaparecer Sete Quedas?
L
 Pois é, eu não conheço, estou querendo ir lá antes de acabar, mas tem duas coisas no Brasil que tem que ver antes que acabe: uma vai acabar agora, uma, eh, são os canais de São Simão, que eu não conheço, fica na divisa de Minas com Goiás. Vai acabar também porque estão fazendo uma usina hidroelétrica no ... Esse, esse vai acabar agora (sup.)
D
 (sup.) quem fez esses canais de São Simão?
L
 Eu não conheço mas dizem que são formações muito bonitas, formações de rochas, eh, num rio, nem sei qual é o rio, mas é na divisa de Minas com, com Goiás, dizem que são, é uma paisagem bonita, eu não sei bem o aspecto mas estão represando ali, estão fazendo usina, quer dizer, vai acabar, e outra é Sete Quedas que vai acabar também, mas Sete Quedas vai demorar mais um pouco, quem quiser ver, tem ver agora, senão vai acabar. (riso) Não acabando com Foz do Iguaçu que é ...
D
 (sup.) E Argentina? Só ficou em Buenos Aires, não viajou pra (sup.)
L
 (sup.) não, Argentina, fui a Buenos Aires, fui a La Plata, fui a Mar del Plata, fui a Bariloche.
D
 Como é Argentina? Toda igual, há diferenças?
L
 Bom, nós fomos em dois lugares muito distintos de, de, da Argentina, né? Um, a parte de Buenos Aires, eh, que é que fica mais perto da bacia do Prata tal. Eh, a paisagem, eh, do campo, a Argentina é planície, a paisagem semelhante à do, do Rio Grande do sul, pampas mesmo, planície, a estrada de, de Buenos Aires a Mar del Plata são quatrocentos quilômetros, não tem uma elevação, é um negócio plano aqueles campos um lado e do outro, o campo vai a distância como daqui a São Paulo sem ter um morrinho pra subir. E fomos a Bariloche, paisagem completamente diferente, coisas lindas de morrer, você não conhece não?
D
 Não, Bariloche não!
L
 Uma coisa que ... Agora está, está nevando lá. Nós fomos no verão, apesar de nós irmos no verão pegamos um pouco de neve lá ainda. Lá, eu tenho impressão que Bariloche é um lugar pra se ver duas vezes, uma vez no inverno, outra vez no verão, no verão a paisagem, eh, se assemelha um pouco à paisagem suíça, mas é muito bonita. Eh, são a, os morros de neve e a cordilheira dos Andes, fica em plena cordilheira, e os lagos, né, muitos lagos, nós fizemos um passeio de Bariloche a uma outra cidade também de esquiação que é San Martin de Los Andes e por uma rota, uma 'ruta`, né, uma estrada que eles chamam, eh, Ruta de Los Siete Lagos, mas são muito mais de Sete Lagos, então nós fomos andando por, por lá encontramos uma porção de carros brasileiros por lá, hotéis. Então realmente é uma paisagem inteiramente diferente dessa que nós vimos de Buenos Aires. La Plata é uma cidade, eh, cultural, né, é a cidade que tem a universidade. A Argentina é um país, eu no modo de ver, espetacular, eu, eu lamento profundamente quando vejo as notícias sobre a Argentina, a Argentina é um país de, de, de, de, de adiantamento muito grande em relação a nós, eu acho. É pena que eles, vão acabar não sendo, mas, mas eu lamento profundamente quando eu vejo essas notícias sobre a Argentina. Pra ter uma idéia a Argentina toda tem noventa por cento da sua população alfabetizada. Em La Plata cem por cento da população é alfabetizada, isso pra ter uma idéia do estado atual da Argentina. A renda per capita na Argentina é mais de duas vezes a nossa, ainda é, ainda é, apesar de todas as crises.
D
 (inint.) Pra encerrar, você esteve em Brasília também, não é?
L
 Brasília.
D
 Você vê assim uma espécie de contraste do aspecto topográfico de Brasília com o Rio de Janeiro, por exemplo?
L
 Ah, Brasília é no planalto, né, o Rio não é. É um planalto, não tem elevações também, o Rio de Janeiro, não, a característica do Rio de Janeiro é uma cidade à beira-mar recortada de morros, né? Brasília não, Brasília é um planalto de limites, de horizonte indefinido, né? Sob o ponto de vista topográfico, do ponto de vista topográfico é isso, é inteiramente diferente (sup.)
D
 (sup./inint.) atuação do homem pra modificar esse tipo de ...
L

  Muita gente que não gosta de Brasília, sabe, eu acho que eu moraria bem em Brasília, eu, eu acho a vida no Rio muito agitada apesar de ter nascido aqui e tal, mas eu tenho impressão que pra se viver não deva ser uma cidade tão ruim assim, pelo menos determinados temperamentos. Agora pra quem goste de uma vida muito agitada talvez não seja realmente o lugar ideal, mas eu acho que pro meu temperamento eu moraria lá sem, sem maiores problemas. (riso).