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PROJETO NURC-RJ

Tema: "Vestuário"

Inquérito 0213

Locutor 249
Sexo feminino, 45 anos de idade, pais cariocas
Profissão: nutricionista
Zona residencial: Norte e Suburbana

Data do registro: 08 de maio de 1974

Duração: 43 minutos

Som Clique aqui e ouça a narração do texto


L
 (inint.) começar a falar sobre o quê, no início?
D
 A gente pode começar a falar por você mesmo. Eh, se você usa um determinado tipo de roupa pra trabalhar, diferente da, da que você usa, usa pra outras ocasiões por exemplo.
L
 Bem, sim. Eu realmente sou muito vaidosa. Me preocupo muito com vestiário (sic). O meu vestuário é sempre modificado de acordo com a moda. Procuro sempre acompanhar a moda, desde que não me prejudique, aparentemente, viu? Aquela que pode estar na moda e, eh, no último lançamento, mas se não vai me, me favorecer, eu não uso absolutamente. Mas eu gosto de andar na moda, gosto de andar bem vestida, me preocupo muito com isso. Tenho roupas para uso no trabalho e tenho roupas também pra sair. Tenho roupas pra determinado horário também, que nem, nem sempre a gente pode utilizar a mesma roupa, né, no horário todo.
D
 Essas roupas que você usa pro trabalho, como são? Queria que você descrevesse.
L
 Não. São, são esportes, as roupas que eu uso pro trabalho são esportes. Geralmente 'chemisier', blusa 'chemisier', de, de fazenda boa, viu?
D
 Você tem preferência por tipo de fazenda?
L
 Não. As minhas roupas são quase todas americanas atualmente, porque meu marido, meu marido atual (risos) está nos Estados Unidos. Já vai fazer três anos e todos os anos eu vou lá e trago um estoque novo de roupa. Agora mesmo eu estive lá, cheguei a semana passada e trouxe um estoque enorme de roupas.
D
 Que roupas que você trouxe? (sup./inint.)
L
 (sup.) Agora. É. Não. As roupas de lá, eu não gosto muito do tipo das roupas de lá. Eu escolho muito pra poder trazer algumas. Mas eles têm um tipo de tecido de seda, parecendo seda tipo 'lingerie', assim uma seda maleável, uma seda muito gostosa, e sempre que eu vejo aquela fazenda, roupa no, no mer... no comércio, eu compro. É uma, um, um tipo de roupa fina, esporte fino, viu, porque lá já é muito caro, aqui então seria muito mais. Não é assim nada de extraordinário não (sup.)
D
 (sup.) Agora (sup.)
L
 (sup.) É uma coisa comum, um tipo 'chemisier', abertinha na frente, golinha ...
D
 Mas já, eh, o vestido já, já pronto?
L
 Não, vestido não é. Eu não uso vestido americano. Eu uso sempre blusas e calças americanas. Tenho muitas mesmo. Eu devo ... Muita, muita quantidade mesmo de roupas americanas.
D
 Você não tem problema? Porque deve ser diferente, não é, você comprar uma, uma blusa aqui no Brasil e lá, por causa do tamanho, manequim.
L
 Não, aí, o meu varia porque o manequim de lá não corresponde ao daqui.
D
 E como é lá?
L
 Entende? Lá, por exemplo, o manequim, aqui, é manequim quarenta, quarenta e dois, não é? Não, lá é, é 'size' doze, 'size' nove, 'size', viu, oito. O meu lá, eh, o 'size' é doze, viu, 'size' doze. Corresponde ao manequim quarenta e quatro aqui, não é? E, quanto ao preço, lá é sempre mais barato do que aqui, não é, transformando em cruzeiros aqui é muito caro, viu, mesmo se eu ... A blusa que eu compro lá por quinze dólares, se eu tivesse que comprar aqui no Brasil, custaria duzentos e tantos cruzeiros, viu, são boas mesmo.
D
 Você está vestida de uma maneira especial, não é?
L
 Eu estou vestida de uniforme. Uniforme determinado pela chefia do, do hospital.
D
 Vocês foram consultados pra, pra esolher o ...
L
 O uniforme?
D
 É.
L
 Não. Eu quando cheguei aqui já haviam determinado esse uniforme, acompanhou o INPS, não é, a nutricionista do INPS já usava uniforme desse tipo. Então nós, que somos nutricionistas da, do STH acompanhamos o mesmo uniforme. Não temos, não, não tivemos nenhuma interferência.
D
 Você podia descrever com detalhes pra nós? Seria muito importante pra nós esses detalhes.
L
 Sobre?
D
 Desse, esse uniforme.
L
 Esse uniforme? (risos)
D
 Como ele é.
L
 Esse uniforme é um casaco, tipo 'chemisier' com gola esporte, ajustando na cintura, com recorte dos lados, bolsos embutidos. Esse é, é um casaquinho, não é? Mangas curtas e calça comprida simples, tipo pantalona. É esse o uniforme. Cor verde.
D
 Calça comprida, tipo pantalona. Existem outros tipos de calça comprida que você tenha por exemplo?
L
 Não, eu só tenho tipo pantalona porque é, é a moda atual, não é? As, as que eu tinha de perninha estreita já, já despachei. Já dei pra outras pessoas.
D
 Então você falou que a gola é do, é esporte. Existem outros tipos de gola?
L
 Existe. Existe gola toalete, essa, essa ... Mais, mais toaletezinha, né, fechada, viu? Como é? Golinha redonda, tipo chale, além dessa, né, existem outras.
D
 E manga?
L
 Manga existe manga godê, manga raglã.
D
 Como é manga raglã? (risos)
L
 Manga raglã é aquela inteira que segue da, da blusa sem recorte. Ela vem inteira saindo as mangas.
D
 Mas agora (inint.) roupas, eh, isso pra trabalhar, né (inint./sup.)
L
 (inint.) só trabalhando (sup.)
D
 (sup.) no trabalho. E além da, da roupa, as outras coisas que você põe em você pra trabalhar?
L
 Ah, bom. Pra trabalhar?
D
 Faz parte do vestuário.
L
 Pra trabalhar eu boto também um sapato combinando com a bolsa. Boto um, um brinquinho, desses moderninhos, boto uns, uns cordo~ezinhos bacaninhas, tipo moderno também. Eu gosto de pulseiras, essa tipo moderna. Isso pra trabalhar. Agora à noite sempre boto uma coisa mais pesada, né, boto pulseira de ouro, sempre boto jóias mesmo à noite, pra sair. E uma roupa mais, tipo mais pesada, né, dependendo do lugar em que eu vou.
D
 Como é uma roupa mais pesada pra você?
L
 Bom, uma roupa mais toalete que eu digo, né, uma roupa mais toalete, viu? Agora no inverno eu ponho casaco, geralmente um casaco comprido, calça comprida.
D
 Os, os tecidos por exemplo, o que você usa no verão e no inverno, são diferentes?
L
 São. No inverno, no verão eu uso um tecido mais leve, um tecido, seda, um tecido de ... Uso muito malha, muita malha. E no inverno eu uso mais lã.
D
 Você disse um casaco, que usa um casaco comprido quando sai à noite (sup.)
L
 (sup.) Também. É (sup.)
D
 (sup.) Mais comprido porque ... Há vários graus, não é, de ...
L
 Sim. É um comprido, é um ca... tipo casacão, não é, abaixo do, abaixo do joelho, né? Casacão. Também tenho casaco curto. Comprei um casaco na Argentina muito alinhado, muito bonito, vermelho, muito bonito e esse também eu deixo pras ocasiões especiais.
D
 Como é ele?
L
 Ele é um tipo comum de casaco, traspassado, tipo jaquetão, não tem nada de especial, com quatro botões, mas é uma, um tipo de fazenda muito bonita, viu, que realmente agrada às, às pessoas que vêem.
D
 E sapato? Você tem, eh, predileção por tipos, modelo de sapato?
L
 Ah, eu gosto muito de sapato esporte. Eu gosto muito de sapato mocassim pra usar com saia, gosto pra tipo de vestido 'chemisier', gosto muito de sapato mocassim salto médio, né, não é altão, também não é do baixo. Não suporto sapato baixo. E para sair eu prefiro um, pra passear, né, eu prefiro um salto bem alto. Gosto de salto alto, gosto de sola dupla que no momento está em moda, né?
D
 É, exato, eh, você se lembra de uma época em que os sapatos eram completamente diferentes dos que estão sendo usados agora? As mulheres todas usavam na moda e hoje a gente vê e acha estranho.
L
 Ah, é, é, acha estranho. Eh, antigamente usava sapato de bico fininho, né, aqueles saltos fininho, salto carrapeta, salto fininho, aquilo ridículo, eh, eh, ago... que atualmente eu chamo de ... Mas era moda e eu usei muito, então que tinha a casa Pedro, ali na esquina de rua Sete de Setembro com a Uruguaiana que os sapatos ali eram alinhados mesmo, tipo carrapeta, bem alto e eu usava aquilo e me equilibrava bem, sabe, hoje eu não sei se, se ... (risos)
D
 E (inint.) na calçada, né?
L
 É, não, nunca aconteceu não. Mas muitas das minhas amigas, eh, perdeu na calçada. Ficava o saltinho ali grudado na, na, nas calçadas, viu? Mas eu andava, me equilibrava bem naqueles saltos e usava os mais altos que haviam. Atualmente não, não é, agora ... Antigamente também usou muito bico quadrado, né, bico quadrado era moda, bico quadrado eu usei, sempre, sempre procurei andar na moda.
D
 Essa ... Neste verão houve em relação a calçado, houve uma, uma moda, inclusive a sua bolsa, por exemplo, a gente, toda ... Ficou bastante comum em termos de calçado, de bolsa, coisa que não aconteceu no verão passado. Esse sapato não é de, de couro, por exemplo.
L
 Não, é sapato de lona, né, lonita. É lonita? Lonita, né? Eu usei. São aqueles tamancos, né, de lonita, as bolsas acompanhando também, do mesmo tecido. Eu tenho e ainda uso quando ... Agora não, depois que eu vim dos Estados Unidos que aqui está um pouquinho frio, né, não dá mais pra usar. Mas espero que um dia aí esquente, eu ainda meto aquelas sandálias no pé, que eu gosto muito.
D
 O que foi que você achou da mulher americana, heim, em termos assim de, de moda? Sempre falam tão mal da americana em relação à brasileira, por exemplo (sup./inint.)
L
 (sup.) Eu achei, eu achei ... É, eu achei a mulher americana muito deselegante. Muito deselegante. Elas são é muito ... Elas procuram esmerar muito no, na roupa, ouviu, elas variam muito de roupa, mas a roupa lá é feia, de maneira geral é feia e elas são muito deselegantes, quando a, quando a, a mulher é, é chique, viu, ela usa o que há de melhor. Mas nunca estão elegantes porque as roupas são feias realmente e elas são desajeitadas, são, são ... Quando é magra, é muito esguia, muito, muito reta, não, não tem formas. Quando é gorda, são obesas, mais, eh, desconformes, disformes mesmo, grandes demais, viu? E o que mais me impressionou nos Estados Unidos foram os crioulos de lá, viu?
D
 Por quê?
L
 Eles são esnobes demais. O comércio funciona em função dos crioulos. Os crioulos só, qualquer casa comercial você só encontra crioulo. Mas os brancos você tem a impressão que nem saem na rua. Em Chicago, sessenta por cento da população é de crioulo. Então você só encontra crioulo na rua, mas impressionante o número de crioulos que tem na rua. E você, ah, é aquele vozerio na rua porque eles fazem questão de, de ser esnobes, de ser ...
D
 Como é que eles se vestem normalmente?
L
 Os crioulos (sup.)
D
 (sup./inint.) chamam atenção (inint.)
L
 É. Os crioulos, eh, os crioulos se vestem diferente dos brancos. Os brancos geralmente se vestem muito simples. Quando é broto, moça, mocinha, rapazinho vestem sempre com calça Lee e às vezes estão descalços em plena cidade sem, sem nenhuma preocupação, viu, de, de andar na moda, de andar requintado. Agora o crioulo faz questão absoluta de andar rigorosamente na moda variando o máximo. Então andam de chapéus, as mulheres andam de chapéus, com aqueles penachos, com abas largas, com passarinhos. Os homens andam de, de chapéu também com penas, andam de travessas cada qual maior naquela cabeleira imensa, porque Toni Tornado aqui é, é escovinha pros americanos, viu, porque os ame... a cabeleira dos americanos é impressionante. Aquele cabelo duro, grande, de um, uma ... Enorme mesmo, viu, eles ficam com uma cabeça enorme. Eles então botam naquela carapinha, eles botam aquela travessa de chamar atenção, com brilhantes, com coisas, os homens, então mete o cabelo, às vezes assim, mete uma travessa grande. E as, as roupas eles andam mesmo, ah, de colete, colete vermelho, blusa roxa bem fofa, as mangas, mangas compridas bem fofa, a calça vermelhona. Um negó... uma roupa bem berrante que chame bem atenção. Os saltos deles são bem altos, sapatos com salto bem alto e bem mais alto até que as mulheres. Bem altos, viu, os negros andam ...
D
 E você, você percebeu uma diferença por exemplo entre as mulheres americanas brancas e as negras na parte de acessório, de se enfeitar, porque a brasileira gosta de se enfeitar, não é? (sup.)
L
 (sup.) É, a brasileira anda (sup.)
D
 (sup.) Gosta de acessórios (sup.)
L
 É. Lá os acessórios, n~ao sei se é por isso, são muito caros. Qualquer bijuteria lá são caríssimas. Eu até andei procurando no comércio alguma coisa porque são muito bonitas mas o preço é demais, viu, não se encontra nada por menos de cem cruzeiros, nada, nada. Qualquer bobaginha que se queira usar é ne... nessa base, cem cruzeiros pra cima. Coisas às vezes que a gente compra muito bonitinha aqui por vinte, trinta cruzeiros, lá não existe. Tudo é muito caro, então elas andam com o mínimo, viu? Agora as escuras, as crioulas, essas esnobam com tudo, com anel, com pulseira, mas com tudo. Você vê mesmo que o comércio lá funciona em função do negro, que é ... O americano branco quase não faz compra, então eles se, eles não se preocupam, vivem de calça Lee, vivem de calça Lee, os homens, os senhores vivem de bermuda. No início do verão do ano passado eu estive lá, então eles estavam de bermuda, meia três quartos, tênis e camisa de meia. As moças de calça Lee, uma blusinha, dessas blusas bem, de malha bem simplesinha. Muitas vezes descalças, com o sapato na mão, outras vezes de tênis que eles usam muito tênis. Agora as crioulas é que é o chique de lá, viu, andam mesmo alinhadas, alinhadas. Você vê que elas se preocupam em gastar dinheiro com vestimenta, viu, compram mesmo coisas muito caras.
D
 Mas você teve um, você teve um tipo de vivência, eh, assim quotidiana, não é, no comércio.
L
 É. No comércio, é.
D
 Agora você teve alguma oportunidade de ir a uma, uma reunião mais formal em que as pessoas estivessem vestidas de uma maneira diferente?
L
 Eu fui sim, lá tem (sup.)
D
 (sup.) Com um pouco mais de cuidado.
L
 Lá tem um brasileiro que já vive nos Estados Unidos há mais de vinte e cinco anos e é casado com uma americana. Então ele fez um, deu um jantar no aniversário dele e nos convidou pra ir lá, haviam muitos brasileiros e também muitos americanos. Então nós verificamos que os americanos predominava a simplicidade, mesmo nas senhoras, nas, viu, nas, nas moças. Era um ambiente requintado mas predominava a simplicidade, agora as brasileiras estavam mais puxadas pro chique, mais alinhadas, se preocuparam mais com o, a toalete.
D
 Mas voltando pro Brasil, você não acha que houve assim uma modificação muito grande na maneira do, do homem brasileiro se vestir de uns tempos pra cá?
L
 É, eu acho que sim. Os homens brasileiros antigamente eles usavam aquelas roupas, eh, nem sei como é o nome daquilo. São roupas de ... Como é que eu falo? Eh, atualmente eles estão mais pra frente, né, já usam as calças mais largas embaixo, com as pernas mais largas, já usam umas camisinhas moderninhas tipo broto, mesmo os senhores andam assim feito broto, com camisinha agarradinha no corpo, curtinha, e eu acho até que eles, eh, avançaram muito e fizeram bem, viu, porque ficam muito bem vestidos feito, feito broto, moderninhos.
D
 Você, você, assim, eh, tem preocupação assim, gosta, acha bonito um homem que esteja bem vestido, elegante?
L
 Gosto, dependendo (sup.)
D
 (sup.) Como é que você vê, você acha (sup.)
L
 (sup.) dependendo do momento (sup.)
D
 (sup.) Como é que um homem está elegante, bem vestido, pra você?
L
 Não, dependendo da, de onde ele esteja, do local onde ele esteja, da ... Ele se vê ... Eu acho por exemplo um homem está num, num jogo de futebol mas está com uma bermuda alinhadinha, uma blusa tipo esporte, chiquezinha, então eu considero esse homem bem vestido. Se ele está, vamos dizer, numa festa informal e está com sua blusa esporte, sua camisa esporte, sua calça alinhada, de boca larga, bonitinha, sem muito bolso, sem muita, sem muita, muita carteira, né, de bolsos, então eu considero esse homem alinhado com sua blusa, camisa de Escócia, considero esse homem alinhado. Agora se ele estiver num casamento, eu gostaria que ele estivesse com um terno, com uma gravata muito chique, combinando, uma camisa bonita.
D
 E uma, uma situação mais formal ainda que um casamento. Uma roupa que fosse, eh, mais formal ainda?
L
 Bem, eu gostaria dele, que ele estivesse de, com ... Como é que é? Como é que é? Essa roupa, essa roupa de ... (interrupção)
D
 Por exemplo, se você e seu marido fossem convidados pra festa, pra recepção do presidente Geisel deu no dia da posse, como é que vocês iriam?
L
 Bom, eu iria com um vestido longo, bem alinhado, viu, chique.
D
 Bem alinhado como? Feitio, tecido (sup.)
L
 (sup.) Bem alinhado, decotado, de, de, vamos dizer, eu, eu poria seda, eu poria seda, com umas plumas.
D
 E a cor?
L
 A cor? Eu gosto muito de amarelinho, amarelinho claro. Umas plumas. Bem chique.
D
 E os outros complementos?
L
 Botava um ... Se fosse decotado eu poria uma, um cordãozinho com uma, uma pérola, um, um cordão de pedra, mas coisinha discreta. E uma pulseira, não poria muita não, poria uma pulseira de brilhante, um, um anel de brilhante, uma, uma aliança, pronto. Não poria mais nada.
D
 E o rosto e o cabelo, como é que você faria?
L
 Ah, no rosto faria uma maquiagem discreta. Naturalmente a posse seria de dia, né, (riso) se fosse de dia eu faria uma, uma maquiagem discreta e um penteado também discreto que eu não gosto muito de penteado, muita coisa, a cabeça muito armada, cabelo muito armado, eu não gosto. Mas não me sinto bem com cabelo mui... muito armado não, prefiro o cabelo ao natural e arrumado, bem arrumado.
D
 E o seu marido, como é que você gostaria que ele fosse?
L
 Não sei, eu estou querendo (inint.)
D
 Eu acho que ele teria que ir também, não é (inint.)
L
 Pois é, ele teria que ir com (risos/falas paralelas/inint.)
D
 Você tem que falar aqui no microfone. (riso) Você não sabe descre... descrever a roupa?
L
 Não, eh, eu queria saber o nome certo que no, no momento está me fugindo, ah, viu? Essa roupa que eles usam para ... Feito garçom, como é o nome dessa roupa? Ah, não lembro.
D
 Como é, como é feita? Como ...
L
 É tipo jaquetão, traspassada, com quatro botões, aquela pala de, de seda pura, né, de seda pura, cetim. Como é o nome, meu Deus, querem me ajudar, por favor? (risos)
D
 Deixa pra lá, não tem importância não.
L
 Querem me ajudar, no momento não me lembro o nome daquilo. Sei que eles parecem meio garçom, sabe, com aquela roupa, mas ficam alinhados.
D
 E a calça?
L
 E a calça também preta, acompanhando o terno. Eu prefiro preta, eu não gosto daquela, daquela jaqueta branca que aquilo ali parece mais garçom do que, do que mesmo traje toalete chique. Eu gosto todo preto e uma blusa, uma camisa branca por dentro, alinhada, uma gravata borboleta, eu gostaria que ele fosse bem chique.
D
 Agora você disse que de dia faria uma maquiagem mais discreta. O que que você considera uma maquiagem mais discreta e menos discreta?
L
 Não, não carregada assim na pintura e na cor, né? À noite sempre a gente requer uma pintura mais pesada, um ruge mais forte, mais vermelho, um batom mais vermelho, uma pintura mais ...
D
 (inint.) usa ruge, batom (inint.)
L
 Eu só uso uma base, ruge, batom, pinto a sobrancelha, uso rímel.
D
 Rímel, pra que que é?
L
 É para os cílios. Que mais deseja saber?
D
 E a ... (risos) Você tem cuidados assim com a, com o seu rosto?
L
 Tenho, tenho cuidados com o meu rosto. Acho que é por isso que, vocês não disseram nada mas eu acho que eu não aparento os quarenta e cinco anos que tenho, pelo menos quando eu estou arrumada ninguém me dá essa idade e nem acreditam que eu tenha, sabe? Mas talvez seja por (inint.)
D
 (inint.) que cuidados (inint.)
L
 Eu tenho cuidado de lavar o rosto, à noite, não lavo todos os dias, de vez em quando eu lavo, quando está muito calor eu lavo o rosto, lavo com sabonete Fisohex, viu? Agora quando não está, hum, quando não está calor, quando está menos, está menos calor, eu costumo tirar a pintura com creme Pond's, viu, limpar bem a pele e dormir assim com a pele limpa.
D
 E o, o seu cabelo?
L
 Meu cabelo, eu quase que diariamente eu boto uns 'bobs' na cabeça, talvez porque eu não durma acompanhada, no momento (risos) porque se dormisse eu não poderia dormir de 'bobs' porque os homens não gostam, não é, sentem-se mal com as mulheres com a cabeça presa, com o cabelo preso.
D
 E as unhas?
L
 As unhas, eu me sinto muito mal quando elas estão assim sem pintura. Eu cheguei dos Estados Unidos e por incrível que pareça, lá, a manicure é um, um profissional muito caro, trinta ... Corresponde a trinta cruzeiros aqui a mão e oitenta o pé, oitenta cruzeiros o pé. Então não é qualquer um que faz unha lá, lá geralmente a gente faz a unha em casa, e eu andei fazendo uns dias lá, mas já cheguei com a unha feia e eu não tive tempo, por incrível que pareça, de ir à manicure, pretendo ir amanhã porque já estou me sentindo mal com elas assim, mas eu gosto de unhas bem tratada.
D
 O que a manicure faz com suas unhas?
L
 A manicure faz o seguinte: coloca as minhas unhas dentro de uma vasilha com água e sabão, depois tira a cutícula, bota uma base, depois o esmalte que eu escolho.
D
 Mas você disse que vai à manicure, ela não vai na sua casa não, né?
L
 Não. Eu prefiro ir à manicure porque eu nunca tenho hora disponível para dizer: ah, vá a tantas horas lá em casa. Então é a hora que eu tenho disponível que eu vou. Eu prefiro ir.
D
 À casa dela mesmo que você vai?
L
 Não, eu vou ao salão. Costumo ir ao salão.
D
 Pois é, isso que eu queria saber, você vai ao salão fazer as unhas mas e aí (inint.) nunca, jamais cuida do cabelo no salão?
L
 Não, no salão só corto o cabelo. De vez em quando. Mas fazer o cabelo no salão, eu não faço. Eu não gosto de cabelo penteado. Gosto de meu cabelo penteado por mim, gosto mais dele solto, jogado, não, não gosto de cabelo penteado por cabeleireiro.
D
 Mesmo pra reuniões formais, você nunca ...
L
 Bom, pra reuniões formais eu vou, mas pedindo o mais simples possível, o cabelo mais leve possível, nada de armações, de muito laquê, de muito duro, eu não, não gosto mesmo desse tipo de cabelo, acho horroroso, não me sinto bem.
D
 Agora outra coisa, e, e em casa, heim? Como é que você anda normalmente?
L
 Eu, em casa eu sempre ando arrumadinha, viu, porque em minha casa, eh, toda hora está entrando ... Eu tenho uma garota com treze anos e um menino com dezesseis, então essa brotolândia toda, os coleguinhas deles estão indo, batendo, toda hora, eu tenho que abrir porta pra, pra essa garotada entrar. Então eu costumo sempre estar arumadinha, né, andando o mais simples possível mas sempre de sapato, de sapato baixo e de saia e blusa. Estou sempre assim arrumada em casa.
D
 E pra dormir?
L
 Ah, agora pra dormir eu gosto de roupa bonita, viu, muito bonita mesmo. Então eu trouxe agora um estoque de, de camisolas e pijamas dos Estados Unidos, de robe, cada qual mais lindo. Trouxe um muito bonito, no momento estou usando um vermelho, muito alinhado, de náilon, tem o robe igual, mangas comprida, muito bonita.
D
 E roupa interna?
L
 Roupa interna, eu gosto muito de biquíni, muito, muito cavadinho, bem saliente mesmo e com sutiã acompanhando, eu gosto sempre do jogo.
D
 E o tecido?
L
 O tecido varia, não tenho, não tenho preferência por tecido não. Nos dos Estados Unidos eu preferi comprar um tecido assim parecendo cetim, muito gostosinho o tecido, viu, muito maleável, muito bom.
D
 Você só usa, eh, o biquíni, o sutiã, você não, não usa outras peças assim internas?
L
 Não. Só uso biquíni e sutiã.
D
 Mesmo quando você era adolescente por exemplo, você não, não acha que houve também uma diferença muito grande na própria roupa interna, uma (sup.)
L
 (sup.) Ah (sup.)
D
 (sup.) uma modificação (sup.)
L
 (sup.) Houve sim, porque antigamente usava aqueles sutiãs de, com enchimento, né, com aqueles enchimento que fazia o seio ficar mais exuberante, mas eu prefiro a moda atual, viu?
D
 E bem antes desse tipo de sutiã, tem um outro negócio também que se usava internamente, bem antes, século passado. Século passado.
L
 Século passado, eu não sei dizer muito sobre o século passado, né?
D
 Século passado, não (sup./inint.)
L
 (sup.) Mas usava aquelas anquinhas, né, aquela ... Como é que era? Umas cintas apertando, né? Eu lembro mais ou menos mas não sei ... Lembro do retrato, heim, você não queira me dizer que eu sou do século passado porque eu vou ficar muito zangada.
D
 (risos) E os seus filhos? Você tem um casal de filhos, não é, uma menina de treze e um (sup./inint.)
L
 (sup.) Tenho um casal de filhos maravilhosos, muito bons (interrupção)
D
 (inint.) se vestem? Como eles gostam de se vestir (inint.)
L
 Meus filhos se gostam à vontade, né, gostam de se vestir na moda, a menina, tudo que eu compro pra ela é cafona e ela mesmo que quer comprar, tanto que vai a uma festa do clube, do Vila Isabel, como faz aniversário agora sábado e ela quer ir de vestido comprido, então ela mesma foi à loja, comprou a fazenda, já levou pra costureira, já escolheu o feitio, ela é muito independente, sempre fez isso desde novinha porque eu sempre fui muito ocupada, dois empregos, e nunca pude levá-la à costureira, experimentar com ela, infelizmente nunca pude fazer isso. Então ela faz tudo isso sozinha. Agora escolheu o feitio, agora estou fazendo questão de ir a lo... a ... Quando ela for lá provar o vestido, eu ir também pra ver como é que está, o que que ela comprou, que nem a fazenda eu vi. O menino anda também na moda, esse é mais accessível, então o que eu compro ela gosta, viu, ele, de uma maneira geral ele gosta de tudo que eu compro pra ele. Mas procuro comprar aquilo que ele gosta também, né? Calças moderninhas, blusas curtinhas, né, como eles gostam e ... Mas eles são muito bacanas, viu, são muito obedientes, são muito bons, filhos excelentes que eu tenho.
D
 Agora, você disse que sua filha tem treze anos e vai a um aniversário com um vestido comprido, você com treze anos não usava vestido comprido, não é?
L
 É, pois é.
D
 É uma outra geração.
L
 Uma outra geração.
D
 Na nossa geração tinha todo um, um ritual pra (sup.)
L
 (sup.) É (sup.)
D
 (sup.) Pra você, pra mulher usar determinadas roupas (sup.)
L
 (sup.) É (sup.)
D
 (sup.) fazer determinadas coisas.
L
 Realmente. Agora não, atualmente as meninas andam de longo desde cedo, né, com dez anos já estão de longo nas festas, de saltinho bem altinho, já pintada, já com, com rímel, já com sombra, né? Já fazem sobrancelha. Minha filha faz sobrancelha desde onze anos. Tira o excesso e agora já está com a sobrancelha bem fina, que de vez em quando eu dou uns duro nela, digo: não vai tirar mais. Porque senão qualquer dia está com a sobrancelha mais fina que a minha, viu? Mas é muito vaidosa essa minha garota.
D
 Mas você, como foi você na adolescência (inint.)
L
 Eu fui muito vaidosa também. Fui muito vaidosa, mas como meus pais não tinham assim grandes recursos, eu me conformava com aquilo que podia usar. Nunca fui exigente porque eu não podia ser, viu, mas atualmente os meus filhos são exigentes porque sabem que podem, viu? Mas eu não era não.
D
 Mas na sua geração, na minha geração (inint.) havia todo um, uma comemoração toda especial quando a mulher fazia quinze anos, né?
L
 É. É.
D
 Isso já não existe mais, as, as garotas atualmente já não ...
L
 Não, mas ainda, algumas ainda, ainda querem, né, fazer. A minha já está dizendo que vai fazer aniversário de, quando ela fizer quinze anos quer a festa dela no, no Vila, no Vila Isabel, nesse clube. Então que ela quer uma festa, quer missa, eu disse: mas, vem cá, isso já está cafona, minha filha, já não tem mais isso, ninguém mais ... Não, mas eu quero, sim. Eu quero isso, gosto e vou, vou, vou continuar querendo. Então está bem. Como faltam dois anos, até lá pode ser que ela já tenha mudado de idéia.
D
 E você, teve, eh, esse tipo de festa?
L
 Não, não tive não. Eu aos quinze anos, eu tive apenas o meu bolinho, com as quinze velinhas, algumas colegas e co... e rapazinhos lá em casa. Não tive mais nada não. Mas foi bom, eu fiquei satisfeita, era o que eu podia e fico feliz.
D
 Você nunca teve ocasião de ir a uma festa dessas de uma amiga, de uma colega?
L
 Fui também, fui a várias festas, mas não fui a festa nenhuma em clube, de colega não, que antigamente, eh, não era ...
D
 (inint.) como era (inint.)
L
 (inint.) no meu tempo (inint.)
D
 (inint.) queria saber como era a festa, que que acontecia.
L
 Não, antigamente as festas de quinze ano, pelo menos das minhas amigas, que não, não tinham assim grandes recurso, eram feitas em casa mesmo. As que podiam mais tinham a sua vitrola e davam uma festinha e a gente dançava em casa mesmo, não tinha nada de mais além disso não. Atualmente é que se faz em clube, se faz com damas, não é, essas meninas vestida de um jeito, os meninos vestido de outro. A minha filha ontem estava me perguntando se eu achava alinhado o, numa festa de quinze ano, a menina ir com o, o vestido da cor da camisa do menino, do menino, e cada menino com uma blusa de cor diferente e a calça igual. Eu disse: ô S., eu não sei não, mas eu estou achando isso meio cafona, mas você é que está por dentro da moda da, do adolescente, eu não estou, eu estou por fora, mas por fora mesmo, mas se isso é moderno, talvez seja bonito, eu não sei, eu nunca vi esse tipo de festa assim não, dá mais assim impressão de festa junina, né? (riso) Ela disse: ah, mamãe, isso é bonito, está usando. Então está usando, você é a pessoa mais indicada pra me informar, porque eu não sei.
D
 Como é que é a roupa da festa junina?
L
 Ah, a roupa de festa junina eu acho uma graça, gosto muito mesmo, não gosto pra adulto porque já, já caiu de moda adulto, mas antigamente no meu tempo de criança, cada festa junina eu botava uma, uma roupa caipira, um chapeuzinho de palha enfeitado de fitas vermelhas e flores vermelhas, rosas geralmente, botava aquele vestido de, de golinha alta, franzidinho, vestido de manguinha bem fofa, botava aquele vestido bem rodado ainda com a anágua enchendo bem pra ficar bem rodadinho, as meinhas três quarto, um tênis, e brincava muito, olha, brinquei muito, muito, muito em festa junina, gostava demais das festas juninas.
D
 De carnaval, você gostava?
L
 De carnaval gosto até hoje.
D
 Fazia roupa pro carnaval?
L
 Gosto até hoje. Hoje em dia eu não faço roupa apropriada para o carnaval porque o meu marido não gostava que eu fizesse, mas gostava que eu brincasse de calça comprida e eu brincava sempre. Mas eu gostaria de fazer uma fantasia bem bonita e, e passar lá na, naquela passarela do Municipal, ser fotografada, isso eu gostaria sim.
D
 Você nunca fez fantasia na sua vida?
L
 Não, nunca fiz não, mas eu tenho impressão que um dia ainda vou fazer, viu, eu acho que ainda vou fazer uma fantasia porque eu gosto. A minha, a minha irmã faz todo ano, brinca no Sírio Libanês, este ano mesmo eu não brinquei com ela porque eu não programei nada pro carnaval porque eu ia pros Estados Unidos nas vésperas do carnaval, mas como deu tudo errado, eu não fui e como não programei nada pro carnaval, eu não fui com ela porque na última hora já não dava mais pra estar fazendo fantasia. Mas ela fez uma fantasia muito bonitinha, tipo havaiana, branca, com flores caindo assim pela perna, tinha um bustiêzinho também todo em flores. E estava muito bonitinha porque realmente ela é muito jeitosa, tudo fica bem. Eu gostaria de, de estar também assim no carnaval mas não, não foi possível.
D
 Seu filho gosta de carnaval?
L
 Meu filho gosta muito de carnaval mas ele brinca na casa da avó dele lá em, em Santíssimo, perto de Campo Grande. Ele vai sempre pra lá e brinca, todos os quatro dias ele brinca lá. A menina prefere brincar no clube que é o ambiente dela é ali, ela gosta, a garotada toda está ali e brincou bem os quatro dias. Eu só fiz esse ano servir de babá: levava ao clube, esperava por ela e depois trazia pra casa. Não fiz mais nada. Muito contra o gosto.
D
 E carnaval de rua, você não gosta?
L
 Carnaval de rua eu gosto de ver. Não, eu não gosto de, de participar, mas eu gosto de ver carnaval de rua.
D
 O que você acha das escolas de samba?
L
 Ah, eu acho uma maravilha, eu acho aquilo lindo, se pudesse desfilava também. Eu acho maravilhoso. Não sei se tenho assim resistência física pra, pra fazer um desfile daquele, mas acho que se tivesse, eu gostaria de desfilar porque eu gosto muito de carnaval.
D
 (inint.) ss roupas são especiais, não é?
L
 Roupas lindas, é, os tecidos ... Eu gosto muito das roupas de, das escolas de samba. Eu acho aquilo maravilhoso (interrupção)
D
 Estava falando das escolas de samba.
L
 É. Gosto muito de escola de samba, de desfile, desse dia, eu acho esse dia maravilhoso, se eu pudesse participava, mas não podendo, eu me contento em olhar na, na, na avenida e gosto muito.
D
 Agora uma coisa, você mora em Vila Isabel, né, e trabalha aqui em Ipanema, existe toda uma, uma espécie de, de, de lenda em torno de Ipanema como bairro, as pessoas que moram aqui. O que que você acha, eh, em relação ao vestuário por exemplo.
L
 É (sup.)
D
 (sup.) Das pessoas que trabalham, que moram aqui, sobretudo a, a parte de, de pessoas mais jovens?
L
 Não, eu acho que elas se vestem muito direitinho, avançadas, na moda e eu gosto muito dessa vestimenta dessa brotolândia toda, viu? Aprecio e acho que elas estão certas e se veste muito direitinho. Eu gosto muito da roupa delas. Desse tipo de saias compridas, franzidas na cintura e de remendos, né, todas de remendos. Eu gosto muito. Acho, acho que essa gente está toda pra frente e que faz muito bem. Lamento na minha época não ter tido isso tudo, viu?
D
 E o comércio de Ipanema?
L
 Ah, o comércio de Ipanema eu não conheço muito porque eu trabalho aqui mas não tenho tempo de explorar o comércio. Então de vez em quando eu dou, de vez em quando eu dou uma fugida por aí e o pouco que vejo eu gosto muito, acho tudo com muito gosto, muito fino, muito bom.
D
 Porque, veja só, é um pouquinho, um pouquinho diferente o comércio de Ipanema por exemplo do comércio do centro da cidade. As lojas, você não acha não, diferentes?
L
 Acho sim. Acho, acho aqui mais requintado, o pessoal mais fino, então, ah, sempre as lojas têm coisas mais bonitas, mais modernas. Também bem mais caras, né?
D
 Hum.
L
 Eu acho. Ontem estive olhando aí as lojas de sapato e achei ... Tinha sapatos até de duzentos e oitenta cruzeiros pra mulher. Fiquei admirada porque eu não sabia que havia desse preço. Eu já comprei de cento e vinte, mas duzentos e oitenta eu não sabia que havia. Realmente é um sapato muito bonito mas eu não teria coragem de dar não.
D
 Outra coisa, as suas roupas todas você já compra ...
L
 Pronta. Eu nunca fiz roupa. Nunca, nunca fiz não, eu já fiz em alguma época roupa em costureira, mas depois que eu comecei a trabalhar e ganhar dinheiro eu só uso roupa comprada feita.
D
 Você nunca tem problema com o manequim, está sempre perfeito?
L
 Não, agora, atualmente, com manequim quarenta e quatro, eu compro muito bem, não, não, tenho problema não, nem de apertar nem de aumentar. Muito bem, compro bem minhas roupas. Não tenho esse problema não.
D
 E a parte assim de, eh, conservação das roupas, de limpeza, como é que você faz, você mesmo que cuida ou ...
L
 É, eh, calça comprida geralmente eu mando para a tinturaria. E blusas eu, eu prefiro lavar, viu? Não confio à empregada não. Eu mesma lavo em casa, cuido da roupa, pra durar um pouquinho mais, sempre com mais cuidado, aquela que eu gosto mais então, eu cuido mesmo (inint.)
D
 Uma, uma roupa por exemplo um vestido ou qualquer outro tipo de roupa que você já, que você acha que já não dá mais pra usar pra sair, como é que você faz? Você dá?
L
 Ah, eu dou a roupa. Eu não, não, não conserto roupa porque isso vai depender de, de costureira e costureira quando conserta nunca fica a meu gosto, então eu prefiro dar, passo adiante, nunca uso roupa ... Também roupa lavada dificilmente eu uso.
D
 Roupa lavada?
L
 Lavada, é. Se é tecido, tecido assim, vamos dizer, esse tecido que modifica com a lavagem, eu não uso mais. Fica feio, eu não uso. Agora se é uma malha muito boa, eu lavei com cuidado e ficou perfeitinha, eu uso, mas se deformou um pouco, eu não uso mesmo. Eu dou muita roupa. Dou muito mesmo. Tenho uns parentes pobres, viu, uma, umas primas que utilizam muito a minha roupa e são muito úteis pra elas e então eu prefiro não estar consertando nem usando roupa muito lavada. No máximo que eu uso são duas lavagens. E conforme também se for roupa pra toalete, se lavou, eu não uso mais. Não uso. Mesmo lavada em tinturaria eu não gosto. Eu uso a roupa, eu economizo o máximo pra não lavar, viu, eu tenho o máximo de cuidado, o máximo que faço é lavar embaixo do braço, pra tirar o suor, às vezes na gola quando suja um pouco de maquiagem, eu lavo com cuidado e mantenho a roupa um determinado tempo sem lavar, porque quando lava eu já não uso mais.
D
 E você vai à praia?
L
 Gosto muito de praia. Costumo freqüentar a Barra da Tijuca. Uso biquíni, sutiã, biquíni, sutiã, uso uns tamanquinhos, um chapéu, óculos, uma bolsinha de palha bonitinha, uma saidazinha de praia, gosto de ... Vou de carro sempre, não, não vou de ônibus, se tiver que ir, eh, de ônibus eu não irei nunca. Gosto muito de comodismo.
D
 Você sempre usou biquíni?
L
 Sempre usei biquíni. Sempre usei. Antigamente eu não usava muito, né, usava era maiô e na época de maiô eu usava maiô. Mas depois que surgiu a moda do biquíni, eu gosto de biquíni.
D
 Existe, eh, tecido, eh, tecido diferente pra, pra, pra maiô ou é tudo feito do mesmo tecido? Sem ser biquíni por exemplo.
L
 Não. Existe de malha, de lastex, existe de, de fazenda, fazenda. Eu, o meu geralmente é malha. Quando é maiô é malha e quando é biquíni também é malha.
D
 Bem, nessa, nessa parte de biquíni você não acha que houve uma modificação muito grande?
L
 Ah, sim, houve sim. Tem biquínis aí que são biquininhos mesmo que cobrem o, o essencial e mais nada, né? Esse eu não teria coragem de usar, porque também seria ridículo eu botar com quarenta e cinco anos um biquíni que só cobrisse o, o necessário. Então eu boto um biquíni um pouco maiorzinho, não é, não é aquele bem, aquele mínimo não. Um pouquinho maior, e uso bem, sem nenhum constrangimento.
D
 E pro homem também houve modificação, não é?
L
 É, houve sim, eu estou vendo que os homens agora estão usando umas sungas tão, tão pra frente.
D
 Antigamente era ...
L
 É, antigamente eles usavam aqueles 'shorts' até aqui em cima, bem apertado, de lastex, não é, que apertavam bem. Atualmente não, eles estão usando de, de malha e bonitos, eu gosto.
D
 E parte de roupa interna, pro homem?
L
 É. Os homens agora atualmente tem biquíni também pra eles, e eu gosto, acho bonito, gosto. Agora mesmo uns amigos nossos foram pra os Estados Unidos, esta semana, e eu mandei para o meu amor, que está lá, mandei três, muito alinhadinhos pra ele. Muito bonitinhos. Ele naturalmente não vai gostar muito não porque ele ainda é conservador, viu, (risos) acho que ele preferia aquelas cuecas na metade da perna, mas como eu não gosto, eu mando pra ele usar uma coisinha (inint.)
D
 Por exemplo, roupa para dormir ele tem preferências?
L
 Ele tem preferência por pijama de calça curta, de calça curta, mas quando está muito calor ele dorme sem, sem, sem a blusa do pijama, somente com a calça curta.
D
 (inint./sup./várias falas) Um instantinho (inint.) só um instantinho (inint.) olha aqui, só um instantinho, você disse que ele está há muito tempo nos Estados Unidos, não é? Três anos.
L
 Três anos.
D
 E as roupas que ele usa em função do, eh, do clima de lá, do trabalho que ele tem lá?
L
 Sim. Ele é médico. Está fazendo especialização de cirurgia cardíaca. Ele usa para trabalho um guarda-pó que é o que todos os médicos usam com roupa normal, calça e camisa. E para passeio ele usa geralmente a roupa, a roupa que vai daqui do Rio. Sempre que eu vou eu levo e sempre que ele vem também ela leva roupas, ele não compra roupas lá, porque as calças de lá são horrorosas, são calças tipo de palhaço, aquelas calças de xadrez bem grandes.
D
 Como é a calça de palhaço?
L
 Calças de xadrez, mas xadrez bem largo e bem grandes parecendo toalha de mesa. E a roupa de americano geralmente é toda de xadrez, as calças, viu, via de regra é, é de xadrez, e feias. Os americanos se vestem mal. Quando eles estão muito bem vestidos, eles estão com, eles estão de calça, eh, calça cor de vinho e paletó branco, sapato branco, uma gravata borboleta que vai quase de um ombro ao outro. Eles aí estão muito chiques, naturalmente vêm duma festa de, de gala.
D
 E no inverno? As mulheres usam, usam casaco comprido, etc. E ...
L
 É.
D
 E os homens?
L
 Os homens usam também casacões grandes, compridos até os pés.
D
 Não protegem as mãos, pescoço?
L
 Protegem. Andam de luvas, andam de cha... de cachecol, eles andam de chapéu, né, andam de chapéu, usam muito chapéu também, no inverno.
D

  Tá. Está bom.