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PROJETO NURC-RJ

Tema: "Animais e rebanhos"

Inquérito 0211

Locutor 247
Sexo feminino, 52 anos de idade, pais cariocas
Profissão: médica
Zona residencial: Sul e Suburbana

Data do registro: 22 de maio de 1974

Duração: 40 minutos

 

Som Clique aqui e ouça a narração do texto


D
 A senhora nasceu em Piedade, morou trinta anos lá, a senhora morava em casa ou em apartamento?
L
 Morava em casa, casa com quintal, um relativo conforto, relativamente espaçosa, com jaqueira no quintal, com galinhas e passarinhos na gaiola e de vez em quando dava assim aquela vontade em mamãe e em papai, plantavam, faziam uma pequena horta, mas que geralmente era muito pouco e finalmente tudo terminava, daqui a pouco começava tudo de novo. Uma vidinha pacata de subúrbio.
D
 Esse, os passarinhos, a senhora disse: passarinhos na gaiola. A senhora se lembra, eh, se havia variedade, como eles eram?
L
 Lembro assim, eu não prestava muita atenção não, o passarinho não era meu, então eu não prestava muita atenção. Mas lembro de um que infelizmente morreu de fome, porque eu ganha... Nós saímos e não, não estava previsto a gente demorar e nós passamos a noite fora e ficamos mais, passamos dois dias e ninguém lembrou do pássaro. Quando nós chegamos em casa já tinha morrido de fome e de sede. O que foi assim uma consternação, um sentimento de culpa muito grande pra todo mundo, porque esqueceram um pássaro.
D
 Agora, ele, ele tinha uma alimentação especial ou não?
L
 Não, que eu me lembre não. Uma alimentação comum, da alimentação para pássaros, né, não, não tinha assim, não, não, nós cria... não tínhamos assim grandes preocupações. Era uma coisa normal, tinha um pássaro sem grandes preocupações de, de, como tem criadores, que se interessam muito, que fazem muita questão, não, era apenas mais como 'hobby', né?
D
 E, e com as galinhas, era a mesma coisa?
L
 Ah, mesma coisa. (risos) As galinhas lá no cantinho delas e naturalmente que ficam mais do que (inint.) porque depois que as galinhas cresciam ninguém queria matar, porque ficava com pena, né?
D
 Exato.
L
 Então, não adiantava criar galinha, porque galinha era apenas, só pra lamentar e elas acabavam mesmo falecendo (inint.) pela idade.
D
 E elas não, eh, enfim, vocês não exploravam, em vez de matar a galinha, vocês exploravam de um outro jeito a galinha?
L
 É, mas é sempre, é muito difícil, né, porque criava sem técnica, de forma que, de forma que assim deitar, botar os ovos pra fazer criação, então já quando nasciam, já não nascia um número de ovos correspondentes, que tinha sido colocado, dois, três (inint.) então nascia já metade daquilo mais ou menos, um dos que nasciam daqui a pouco também começava a não ficar muito desenvolvida, né, quando a gente via toda a criação estava perdida. Pela falta de técnica, naturalmente, né?
D
 E também não tinham preocupação com raça não, né?
L
 (inint.) tampouco, né? Era um negócio feito meio empiricamente, de forma que ia botando de qualquer jeito.
D
 Agora, além desses animais, passarinhos, galinha, não havia outros animais domésticos?
L
 Não (sup.)
D
 (sup.) Nunca tinha, a senhora nunca teve (sup.)
L
 (sup.) Não. Nunca tivemos cachorro nem gato. Mamãe achava que dava muito trabalho e que a gente se afeiçoa aos bichos e que no fim aquilo se torna em muito trabalho, em muita atenção e ela já tinha muitos afazeres, então não queria mais.
D
 Porque normalmente criança gosta muito, não é?
L
 Gosta. Mas nós fomos privados disso, porque mamãe achava que ela já tinha muita coisa pra fazer e bicho dava muito trabalho e ainda acarretava, porque às vezes o bicho adoece e dá preocupação e então ela preferia não ter, ela preferia coisas mais simples, da maneira mais simples.
D
 Hoje em dia, eu acho que nessa época ainda não havia essa sofisticação em relação a (inint.) de assistência ao animal?
L
 Não, de maneira nenhuma.
D
 Inclusive a senhora deve ter conhecimento como mestre de profissionais especializados, não é?
L
 Tenho. Apesar de que eu não ligo (sup.)
D
 (sup.) O que que a senhora acha disso? Inclusive com um detalhe, eh, quase que, digamos psicanalista pra, pra cachorro, pra gato. O que a senhora pensa disso?
L
 Ah (inint.) os cachorros estão ficando neurosados da mesma forma que as pessoas que ficam levando a mesma vida, né, inteiramente artificial, dentro de um apartamento, preso e, e com ansiedade, com angústia, com essas coisas todas que ele imita, pega e, e faz a mesma reação que o homem faz, porque vê que tem uma vida inteiramente anormal como animal. E isso também eu, embora goste de cachorro, gosto muito mais de gato, não teria, não pretendo ter dentro de um apartamento. Eu acho que não está certo a gente submeter um bicho a um sacrifício desse, viver dentro de um apartamento, e a gente tendo que sair, tendo que ir trabalhar, não podendo dar assistência, carinho, então, fica um animal preso dentro de um apartamento, às vezes o dia inteiro sozinho, como eu conheço casos. Eu acho isso tremendo, que a gente faça, vá lá, mais obrigar um bicho a participar disso, eu acho um crime.
D
 Então, porque a senhora disse que prefere cachorro, gosta mais de cachorro do que gato?
L
 Não, eu gosto mais de gato.
D
 Mais de gato, por quê?
L
 Não sei, eu, embora o gato não seja mais dócil, pra mim, não sei se, talvez porque, tem cachorro pequeno também, mas o gato tem um porte menor. Não sei, se aconchega mais ou porque ele é mais esquivo do que o cachorro. Não sei, eu sei que ele me agrada mais, o gato do que o cachorro.
D
 E a senhora conhece raças diferentes de gatos?
L
 Não, isso, que eu saiba, eu não sei, quantas raças existem, não sou aprofundada nisso. Agora, tenho sempre sido assim mais fiel ao siamês, que eu acho muito bonitinho, uma gracinha e o (sup.)
D
 (sup.) Como, como é o siamês?
L
 O siamês é aquele marrom, um meio corpo de leite, café com leite com uma marquinha bem marron e olhos azuis geralmente. Pelo menos o que eu já vi é assim. E, e parece que é muito difícil a criação dele, traz muita preocupação, muito trabalho, ele precisa de muito cuidado, principalmente quando é pequeno, quando é novo, tem uma série de, de cuidados.
D
 E você não (sup.)
L
 (sup.) E se eu tivesse gato seria qualquer um. Eu tenho um sitiozinho aí no estado do Rio e não tenho gato meu, mas aparece lá o gatinho porque inclusive quando a gente chega e ele sabe que a gente está, ele se chega e ele é o primeiro a ser servido no leite, no miolinho de pão que ele gosta. E então ele não é da gente, mas quando a gente está lá, ele está junto, porque ele é muito bem tratado e ele gosta muito de ficar e eu adoro ele, porque, sei lá, ele veio, foi conquistado, ele quando chegou assim, chegava com outro (inint.) naturalmente apavorado, pensando que a gente não ia aceitar, mas hoje vem a ser uma docilidade, uma graça. Então, é um encanto de bichinho.
D
 E esse sítio seu fica aonde exatamente?
L
 Fica num, num, é município de Cachoeira de Macacu.
D
 E isso aí é grande, médio, a senhora tem outros animais lá?
L
 Médio. É, nós temos um cabrito e temos dois cavalos, e uma galinha. Mas tudo assim, eu digo que não é um sítio, é uma casa com quintal. Mas pra quem mora em apartamento, aquilo pode ser chamado de sítio, mas eu (sup.)
D
 (sup.) E a senhora costuma passar fim de semana lá?
L
 Fim de semana eu geralmente, eu passo lá.
D
 Há muito tempo que a senhora tem esse sítio?
L
 Uns cinco anos, que a gente fim de semana sempre vai, porque, pra sair um pouco do aperto, né? Apesar de que a ida e a volta é bastante problemática, e às vezes bastante cansativa e o tempo que nós não tínhamos a ponte Rio-Niterói, a barcaça às vezes quase que anulava o prazer do fim de semana.
D
 Não existe ninguém que, que tome conta quando a senhora fica, por exemplo, que tome conta quando a senhora fica por exemplo (inint.)
L
 Não. Tem um empregado que toma conta dos bichos, cuida dos bichos, né, alimentar, pra (inint./sup.)
D
 (sup.) Cabrito, cavalo.
L
 Cabrito , cavalo, cachorro tem muito, mas que não são nossos, eles são visitas, eles chegam quando a gente chega. Gato também chega quando a gente chega. Só o cabritinho é da gente e o cavalo também.
D
 Um cavalo, o que que tem que fazer pra cuidar de um cavalo, quer dizer, a espécie de um cavalo de corrida, por exemplo, um cavalo profissional e tal, mas um cavalo assim como esses que a senhora tem?
L
 Olha, ele não dá muito trabalho. Nós temos um pequeno pasto lá, eles comem ali. Agora, tem que suplementar a alimentação deles com ração, com alfafa, né? E, e mais nada, eh, cuidar e, e ver se tem algum parasita ou (inint.) sujeito a carrapato ou então a (inint.) cuidar se tem algum ferimento, cuidar do ferimento, não, mas fora disso, não dá trabalho. Qual é o animal, né, que não dá trabalho? (sup.)
D
 (sup.) A senhora tem irmãos?
L
 Uma irmã só, mora (sup.)
D
 (sup.) Vocês quando eram crianças, vocês não, não, não gostavam muito de ir ao jar... jardim zoológico?
L
 Gostávamos de ir ao jardim zoológico, apesar de que na nossa infância a criança não era tão cuidada, tão, não recebia tanta atenção como recebe agora, né, hoje a criança é o centro, né, em uma família. Na, na minha época infelizmente ainda não era, apesar de que eu acredito que era uma época já muito melhor e que meus pais não tiveram o que nós tivemos, a criada é que mencionava, né, mas ainda nós não estávamos na situação que a criança tem hoje de ter toda atenção, todo mundo se preocupa com o que a criança deve ter, precisa comer, em todos os terrenos, eh, educação, psicológicos e, e médicos, né, todas essa assistência que a criança tem que infelizmente no meu tempo não tinha.
D
 Porque eu, eh, o jardim zoológico é uma coisa muito importante pra uma criança, né, quando ela vai ou costuma ir. Eu me lembro que eu, a primeira vez que eu entrei no jardim zoológico, lá na minha cidade, Manaus, era um jardim (inint.) sabe, bem tímido mesmo, mas aquilo era lindo, deslumbrante, porque a criança vê animais que ela jamais imaginou que existisse, né, da fotografia (sup.)
L
 (sup.) É, o jardim zoológico nosso era em Vila Isabel na, no terreno que era do Barão de Drummond. E é até muito interessante contar isso porque foi ele o inventor do jogo do bicho, né?
D
 Ah, é?
L
 É.
D
 Como é que foi, a senhora sabe essa história?
L
 Olha, eu não, eu não sei bem como ele fez, mas eu sei que ele foi o inventor do jogo do bicho, eu não sei bem (sup.)
D
 (sup.) Como é o jogo do bicho?
L
 O jogo do bicho é, é, ele ganha um número a cada animal, então e fica em ordem alfabética e eu até agora não sei exatamente a ordem, não sei se é águia e avestruz e depois vai por aí, cachorro, né (inint.) do bicho e a (inint.) gato e elefante e macaco e até o número vinte e cinco, né, são vinte e cinco mesmo, né? Ou vinte e quatro, vinte e cinco, eu não sei bem. Então ele dava um valor pra cada e então de tarde sorteava, não sei nem como, se era ele próprio que sorteava, se ele fazia ... Ele era o banqueiro, então de tarde um bicho saia sorteado, a pessoa que tinha apostado naquele bicho ganhava. Foi assim que nasceu o jogo do bicho.
D
 Depois passou pra loteria, né? Agora, agora é com a loteria, eu acho.
L
 O jogo de bicho? O jogo do bicho é proibido, né?
D
 É proibido mas todo mundo joga (sup.)
L
 (sup.) Sim, mas (inint.) né?
D
 Eu acho que é com loteria.
L
 Mas ainda com a conotação de, aquela numeração do jogo do bicho, né, quer dizer, é utilizar a loteria pra outras coisas.
D
 (inint.) compara, né?
L
 A pessoa quando joga, joga no bicho. Joga no porco porque sonhou com elefante, joga no elefante porque sonhou com, ahn, mil e uma coisas, que ele faz uma trama pra poder concluir qual é o bicho que vai dar.
D
 Voltando pra esse jardim zoológico, a senhora se lembra como ele era? Agora está em outro local, né?
L
 Agora está na Quinta da Boa Vista.
D
 E a senhora se lembra como era?
L
 Lembro, era um terreno assim, um local bastante atrativo, bastante vegetação e me lembro assim de bichos que eu vi lá, eu me lembro de girafa, me lembro do leão e naquela época de criança, me lembro muito assim do terreno, da vegetação, da disposi,cão do terreno, era um local assim elevado, muito agradável de se ir.
D
 E esse novo, esse novo zoológico, a senhora não conhece, conhece?
L
 Conheço.
D
 Conhece também?
L
 Conheço, conheço.
D
 E a senhora acha que, eh, enriqueceu, digamos assim de (sup.)
L
 (sup.) Não, eu não sei, quando eu fui ao jardim zoológico (inint./risos) a gente, eh ... Cla... claro que enriqueceu, muito melhor.
D
 Agora o que que a senhora acha desses animais, por exemplo, eh, dos animais, os que não são brasileiros, que ainda não estão acostumados com o clima e que estão no zoológico?
L
 Eh, eu realmente achando é uma coisa a se estudar, né, porque a gente tem direito pra mostrar, pra fazer daquilo um, até um aprendizado pra poder instruir as crianças. A gente pode fazer isso com bicho, né, tirar ele do seu clima, do seu lugar, onde poderia viver bem e trazer às vezes para um clima inteiramente diferente, em condições inteiramente desiguais, onde o bicho sofre muito, padece muito, mas não sei se a gente tem direito de fazer isso, né? Eu acho que era preferível que as crianças conhecessem através de fotografias, cinema e deixasse o bichinho no lugar dele, né?
D
 Porque inclusive as crianças, quando elas vão ao zoológico, elas ficam ... Eles proibem, né? Os coitados ficam tão entusiasmados que vão, empurram, a criança (sup.)
L
 (sup./inint.) prejudicam ele, né? E quando não aparece algum que até maltrata o bicho.
D
 E que que a senhora acha de certos americanos, que americanos, que americanos têm muito mania disso, que vão pra África fazer (sup.)
L
 (sup.) Ah, aquelas (sup.)
D
 (sup.) Fazer caçadas.
L
 Eu acho muito bacana, não sei se eu faria não mas eu acho muito alinhado. Aliás, em São Paulo tem, né?
D
 Em São Paulo, é?
L
 Um safari assim míni, né?
D
 Como é? Tem em São Paulo. Você conhece?
L
 Não, nunca fui não, mas tem uma região lá que eles separaram, toda particular, feito por um particular onde entra o carro ... Eu não sei se entra a pessoa com seu próprio carro ou se eles fornecem o carro pra você entrar.
D
 Eles andam (inint.) soltos, né?
L
 Não (inint.)
D
 Essas pessoas podem caçar lá?
L
 Não. Só pra ver, só pra ... Não sei, né? Eles dizem que tem toda segurança, que não há problema. Se tiver algum problema, tem um rapaz que atende. Mas eu li num jornal, tenho a impressão que está aqui, o menino foi, botou o braço do lado de fora do jipe e foi, esse menino morreu (sup.)
D
 (sup./inint.) morreu (inint./sup.)
L
 (sup.) É porque o menino ... Não sei se a porta do jipe se abriu, houve um problema assim, e o menino se apavorou, se atrapalhou e o leão pegou. Eu não sei se esse menino foi arrastado, morreu. Houve um drama desse. Não me lembro. Não me lembro.
D
 E circo? A senhora foi, foi a alguns?
L
 Fui. Gostava muito de circo. Me lembro assim, eu acredito que eu tenha ido várias vezes, mas tem algumas coisas que ficam, né? Me lembro que fui com a minha avó, ahn, papai morava em Quintino, era uma estação acima de onde nós morávamos. E então me lembro de uma noite nós nos arrumamos pra ir ao circo de noite. Eu me lembro tanto, tanto da mágica, do mágico, né, que fazia desaparecer parece que era um gramofone, botava um pano em cima e o gramofone sumia. (risos) Então achei aquele negócio tão bacana, mas tão bacana e fiquei com aquilo na cabeça e até hoje eu me lembro da mágica que o gramofone sumiu.
D
 E animais? Geralmente circo, né?
L
 Desse tempo eu não me lembro muito bem não. Agora eu me lembro de um circo muito bom, mas muito bom mesmo, que era o Sarrazani que esteve aqui no Rio, aí eu já era bem mais crescidinha. O Sarrazani era um 'show'. Era um circo completo. Era alemão (inint.) era um 'show' que o Sarrazani fazia. Isso eu me lembro muito bem mas aí eu já era bem crescida, entendeu, não mas como criança. Já tem ... Eu tenho impressão como uma adolescente mesmo vi esse circo. Não me lembro muito de todos os números. Era um circo completo.
D
 E os números com animais? Como eram? Havia animais?
L
 Havia. Havia toda espécie de número. Havia animal fazendo acrobacias, pulando obstáculos (sup.)
D
 (sup.) Que tipo de animal?
L
 Leão, eh, cavalo, né? Eles faziam assim muita exibição de cavalos. As pessoas montadas nos cavalos correndo e as pessoas pulando de um cavalo para outro. Enfim, um 'show' que (inint.) muito bonito, muito bom. E eu vi quando era adolescente ainda. E aliás todos os adultos adoravam o circo, gostavam e era realmente um grande espetáculo.
D
 Esse, há pouco tempo, eh, há pouco tempo, não faz muito tempo não, esteve aqui o circo de Moscou. A senhora chegou a ver? (sup.)
L
 (sup.) Não. (risos) Eu não tenho criança pra levar pro circo, então não dava, né? Eu ir assim só pra (sup.)
D
 (sup.) A senhora vê televisão no domingo (inint.) Fantástico não, né?
L
 É. O Fantástico é um programa bom. Eu, se estivesse sempre em casa naquele horário eu veria. Mas nem sempre estou porque é justamente na hora em que estou voltando, né?
D
 Normalmente o Fantástico apresenta números de circo internacionais. A senhora não chegou a ver não, né? (sup.)
L
 (sup.) Não. Não cheguei a ver esse programa (sup.)
D
 (sup.) Em geral era o número que abre o programa. São circos assim famosos, internacionais. Alguns números que eles apresentam com animais que são, eh, especialmente treinados. Voltando pra aquele aspecto que a senhora estava dizendo, que animal criado, criado em apartamento (inint.) e quais são os aspectos do animal que é treinado para uma atividade profissional praticamente?
L
 Eh, é difícil de responder esta pergunta sobre o animal. Saber se o animal está gostando ou não, se é bom pra ele ou não (sup.)
D
 (sup.) Do ponto de vista da pessoa que prende o animal e explora aquele animal comercialmente, que ganha dinheiro, o que a senhora acha?
L
 É (inint.) fazem tantos, né, e a gente fica assim, não tenho uma opinião formada sobre isso (inint.) realmente (risos) pensar no assunto.
D
 E qual seria o processo de treinamento desses animais?
L
 Qual seria se eu tivesse (sup.)
D
 (sup./inint.) como por exemplo o leão?
L
 Bom, eu não sei. Eu tenho a impressão que eles fazem o que é melhor porque o pessoal que trabalhava com isso, que treina o animal sempre, quer dizer, eles devem estar esperando uma maneira mais fácil de fazer, uma maneira melhor. Uhn, sinceramente eu nunca pensei, eu não parei pra pensar no assunto e qual seria a melhor maneira como fazer, como deixar de fazer. Se é válido fazer ou não. Sinceramente nunca me (sup.)
D
 (sup.) Acho que a pergunta da C. é no sentido de, se ele explora determinadas características do animal para automatizar, por exemplo, entende? Isso que a C. estava interessada exatamente. Se o animal tem certas pré-disposições, digamos, para ser automatizado, treinado a partir de determinadas características dele. Como, por exemplo, no laboratótio onde se usa determinados animais com experiências e tal, eh, nesse, eh, seria nesse sentido, né C.?
L
 É, provavelmente ele, eh, devem detectar nos animais tendências, né, quer dizer, às vezes determinado animal faz melhor tal e qual coisas, quer dizer, determinado animal é impossível de submeter a esse ou aquele atividades, né? O outro fará com facilidade e então, naturalmente, eles selecionam e fazem assim o treinamento. Por exemplo, um leão pula o obstáculo com facilidade, aprende a fazer, faz bem, faz com um comando com facilidade. Um, diríamos, um, um cachorro talvez não fizesse igual com a mesma facilidade, mas faria outras coisas com mais fac... Naturalmente essas pessoas que trabalham com ele estão mesmo muito presente. Eles observam muito pra ver qual é a característica melhor de ser explorada no animal. Que às vezes surpreende a gente, ver o leão, o elefante faz coisas incríveis, né, que a gente fica surpresa, um animal enorme daquele que parece tão desajeitado, como ele é dócil, né, como ele faz coisas assim, interessantes e agradáveis de se ver. E a gente se surpreende como se consegue aquilo com o elefante.
D
 A senhora já viajou pelo sul do Brasil, Paraná, Rio Grande do Sul (sup.)
L
 (sup./inint.) é (sup.)
D
 (sup.) Que a senhora se lembre se, se era muito diferente. Se a, a fauna seria diferente da fauna daqui do Rio?
L
 A fauna, a vegetação é assim, me pareceu pelo menos quando eu vi, assim surpreendentemente diferente, sabe? Pra mim pareceu assim super... assim tão mais viçoso, solto, tão mais agradável, a vegetação, o verde me pareceu mais ou menos como é o mar de Olinda, como é o mar, a praia do nordeste, são assim lindas, belíssimas. E eu fiquei assim ... Isso no sul em relação à vegetação, uhn, só a vegetação mesmo. Foi assim o que mais me impressionou, pelo menos ...
D
 Mas por acaso nessa sua viagem para o sul ou para o nordeste ... A senhora também conhece Pernambuco, Fortaleza, eh, a senhora teria visto bichos diferentes que a senhora não conhecesse, que fossem mais comuns nessas regiões do que aqui no Rio de Janeiro?
L
 Não. Não cheguei a ver, isso não aconteceu não. Vimos criação de gados.
D
 A senhora chegou a ir em alguma fazenda?
L
 Cheguei a ir a uma fazenda. Uma no caminho (inint.) fui num congresso então geralmente a gente conhece, do local recepciona, né? Então nós chegamos a esta fazenda onde havia churrasco, onde havia coisas típicas, número de danças típicas, assim de 'shows' preparado. E não vi grandes novidades pra ver (inint.)
D
 Não tinha criação nenhuma na fazenda pra ver?
L
 Não. Nenhuma. Não houve ... Não me lembro desse aspecto não, quando cheguei lá. Me lembro assim da recepção, do churrasco, ao ar livre, dança.
D
 Agora passando pra outro tipo de, de animal mais desagradável. Insetos, por exemplo, algumas pessoas morrem de medo. Têm medo, horror, pavor. Sobem pelas paredes com determinados animais. A senhora tem algum medo, alguma aversão deste tipo?
L
 (risos) Subo e desço várias paredes, tão difícil de encontrar por causa de uma aranha. (risos)
D
 A senhora tem medo de aranha?
L
 Pavor. (risos)
D
 Porque às vezes as pessoas não têm medo, têm é nojo. A senhora tem medo?
L
 Tenho pavor a tal ponto que eu tenho que exterminá-la, né, se ela estiver por perto. Eu e uma aranha dentro de uma casa e não tem lugar pra duas, tem que ser exterminada. E eu não confio em ninguém. A tarefa é minha porque às vezes as pessoas não matam e então, pra me contentar, dizem: Ô, já matei, já matei. Não. Eu quero vê-la. Então pode deixar, pode deixar que eu mato, que eu quero ver qual é o fim da aranha.
D
 Como é que se extermina uma aranha?
L
 (risos) Ah, isso com (risos) qualquer, qualquer coisa que tiver por perto: vassoura, chinelo, o que tiver por perto serve. Ela não pode continuar dentro de casa.
D
 E o... outros animais que a senhora (sup.)
L
 (sup.) Não tem.
D
 Só de aranha?
L
 Só de aranha. Olha, eu convivo perfeitamente bem com ratos dentro de casa (sup.)
D
 (sup.) A senhora (sup./risos)
L
 (sup.) Eu sei que (sup.)
D
 (sup.) A senhora não tem nojo de ratos, não?
L
 Eles têm nojo. Não vai deixar uma comida exposta, essa coisa toda. Mas o fato de saber (sup.)
D
 (sup.) Não tem medo, não?
L
 Não. Se tiver um ratinho transando dentro de casa de noite, pra mim não faz diferença. Lá no sítio, né, tinha um ratinho que de noite vinha visitar a gente, então dava trabalho muito grande. A gente tinha que guardar tudo, assim, pro ratinho não comer. Mas eu sabia que de noite ele fazia sua transa lá e fui deixando até que o gatinho veio e acabou com o ratinho. Acho que ele comeu. (risos) Esse ratinho, o gato então deu cabo dele.
D
 E além de rato? Rato, aranha ...
L
 Rato, ara... barata. É, naturalmente é um bicho que a gente tem nojo, também da mesma forma não quer que ele passe nas coisas da gente, que a gente vai usar. Mas também eu deixo, eu esqueço. A única não fica esquecida de jeito nenhum é a aranha. Essa não fica mesmo. Eh, pode ser do tamanho que for, pode ser grande ou pequena não faz diferença. Pra mim ela é nociva de qualquer tamanho.
D
 A senhora alguma vez já chegou a ver aquelas aranhas enormes?
L
 Já (sup.)
D
 (sup./inint.) essas aranhas assim domésticas, né, que são (inint.)
L
 É porque na casa que eu nasci, fui criada numa casa velha, uma casa antiga, e então albergava muita aranha (inint.) deve ser daí esse meu medo. Albergava muita aranha, e eu me lembro delas enormes, feias, horríveis, né? Hoje assim em apartamento a gente não vê. Uma aranha pequena de vez em quando. Mas lá no meu sítio tem. E elas têm o tratamento que merecem.
D
 Lá tem dessas, dessas grandes?
L
 Não, não. Nenhuma enorme dessas assim, você se refere à aranha caranguejeira, né? (sup.)
D
 (sup.) É
L
 Não. Essas eu nunca vi, mas dessas aranhas domésticas já bem crescidinha tem por lá sim.
D
 (inint.) e, digamos, assim animal como alimentação, que tipo a senhora prefere pra, pra alimentação, que a senhora gosta mais? Que espécie de animal? Há pessoas que não gostam de certas coisas, né?
L
 É, de uma maneira geral (inint.) comida mais comum que a gente come aqui no Rio. E eu como de tudo, é carne de vaca, eu não gosto muito de carne de porco que eu acho muito gordurosa, não me agrada muito. Mas galinha e peixe, eh, coelho (sup.)
D
 (sup.) A senhora já comeu coelho?
L
 Comi. É gostosinho, bem assadinho é muito gostoso. É minha alimentação (inint.)
D
 Caça. Alguma vez a senhora já comeu? O que muita gente chama de caça, quer dizer, é, é um tipo de animal que é, não é doméstico, mas não é completamente selvagem, sabe? Não sei como explicar.
L
 É, olha, caça a gente pode classificar como (inint.) não sei (sup.)
D
 (sup.) Por exemplo, nessas viagens que a senhora fez pra Fortaleza, Pernambuco, nessa viagem pelo Nordeste.
L
 É, de comida típica que eu me lembro é na Bahia, que isso eu me lembro bem de ter comido. Mas eu fui pro Ceará e em Recife e eu não me lembro muito de comida típica não. Não tenho lembrança. O que me lembro muito de Recife, coisa assim espetacular, foi sapoti. Eu me lembro, mas eram imensos, enormes mas gostosíssimos. Esse eu me lembro bem. E eram assim quase dado. Tinha uma feira perto do hotel onde eu estava no centro. Mas era quase que dado. E eu aqui no Rio eu estava acostumada a ver sapoti, gostava muito, mas eram pequenos. E quando eu vi o tamanho do sapoti com aquele aspecto lindo que eu provei e eram gostosos, dá vontade de levar pra gente armazenar em casa. Infelizmente tinha que comer lá só, e deixar por lá porque não podia trazer tantos quanto eu gostaria de ter trazido.
D
 Mas voltando, então, a senhora disse que não come porco, come carne normal, peixe (sup.)
L
 (sup.) Peixe, camarão, galinha. Em geral aquela comida assim (sup.)
D
 (sup.) Há alguma outra ave que seja um pouco mais sofisticada, que não seja o trivial, digamos, que alguma vez a senhora teve oportunidade de comer?
L
 Eu já comi sim. Eu fui comer num restaurante em Brasília, onde era a especialidade deles, eh, eles serviam assim ene pratos. Então vinham essas coisas assim que a gente nunca tinha ouvido falar, extravagante, de maneira que eu nem me lembro da (inint.) eu sei que enquanto você quisesse comer eles estavam servindo, né? Eles têm certeza que a gente tem um limite pra comer, então eles serviam lagosta e depois vinha carne de porco, depois vinha peixe, depois vinha língua de porco, e depois vinha frango, e depois vinha coelho, e depois vinha um prato de tatu (sup.)
D
 (sup.) Tatu! Como era esse prato de tatu que a senhora comeu?
L
 Ah, vinha aquela carne mais ou menos (sup.)
D
 (sup.) A senhora chegou a provar?
L
 Cheguei a provar. É uma carne, uhn, cozida, eh, com um molho em cima que a gente olha e não faz grande diferença. Come e também não acha grande diferença. Tanto fazia dizer que era tatu ou não que pra mim era a mesma coisa.
D
 Que mais eles serviram (sup.)
L
 (sup.) Nessa linha lá eles serviram que mais, heim? Coisas assim raras da gente que no trivial não entra mesmo, né? Não estou bem lembrada não. Mas eles serviam uma infinidade pratos que a gente podia comer todos. Agora, uhn, é claro que a gente tem um limite pra comer, e que no quarto ou quinto prato mesmo que a gente tenha tirado apenas um pedaçinho de cada um, não dá mais. Mas ele tinha variedades imensa de pratos variáveis, todos bem feitos, muito gostosos, não sei se este era muito bem visto lá, era característica dele.
D
 A senhora gosta de, de experimentar (sup.)
L
 (sup.) Gosto (sup.)
D
 (sup.) A senhora tem o hábito de assar partes diferentes do (inint.)
L
 Gosto muito do paladar. O paladar é inteiramente diferente, assim, maneira, né, de, tem pessoas que gostam de misturar salgado com doce. Eu gosto muito de experimentar se a coisa é nova, novidades que nunca vi, eu gosto de experimentar pra ver como é que é. Se agrada a gente fica freguês, se não deixa pra lá. Pelo menos provou e sabe o que é, porque tem pessoas que 'a priori' diz assim: não gosto disso (sup.)
D
 (sup.) Eu sou assim. Não gosto do mar. Por exemplo, do mar além de peixe, a senhora conhece variedade de peixe, tipos diferentes? Tem um negócio do (inint.) assim dos animais marinhos (sup.)
L
 (sup.)Tem umas coisas assim que são meio, meio repugnantes (sup.)
D
 (sup.) Tem sim (sup.)
L
 (sup.) É meio assim, polvo por exemplo, né, é um negócio assim (sup.)
D
 (sup.) A senhora já provou?
L
 Eu já provei. Inclusive era a parte de trás (sup.)
D
 (sup.) Pois é, o que que é do polvo? É o polvo inteiro? Porque eu não gosto muito de olhar pra aquele negócio?
L
 É. Eu também não sei como prepara, mas eu tenho a impressão que é o polvo inteiro. Deve abrir e tirar as vísceras (inint.) se tem, eu não sei bem, se tem peles para tirar e então se resume em cozinhar com temperos e pronto (sup.)
D
 (sup.) Como é que é a carne?
L
 É assim meio escorregadio, um negócio assim que não é nem muito consistente (sup.)
D
 (sup.) Como é que chama aquilo, eh, meu Deus, eh, entra aquilo inclusive, né, aquelas (sup.)
L
 (sup.) É mais eles não botam, eles não servem assim no prato da gente aquele polvo com uma perninha pra cada lado, senão a gente fica meio perdido. Eles dizem que é polvo e pedaços de coisa que eles põem no prato e que a gente aceita. Eu não sei que pedaço é aquele do polvo. Também eu só comi uma vez ou duas e não comi mais.
D
 A senhora viu o filme da (inint.) em que ela trabalha nas ilhas tropicais dos mares do sul, assim, tinha umas lutas do galã com o polvo, né, a senhora nunca chegou a ver, né? (sup.)
L
 (sup.) Vi sim.
D
 Lindíssimo, né?
L
 É uma beleza (sup./risos)
D
 (sup.) Acho que esse negócio de polvo ... Tem uma seqüência de uma, uma luta do galã, não (inint.) não (inint.) eu acho. O galã atraca com o polvo enorme, horroroso.
L
 É um negócio assim tão estranho.
D
 Mas peixe, voltando aos peixes, a senhora, a senhora sabe, a senhora conhece tipos diferentes de peixe?
L
 Ah, eu conheço esses, esses peixes aí que tem no supermercado, é vermelho, eh, aquele que gostam muito de comprar, que é fino, eh, pescadinha (sup.)
D
 (sup.) Pescadinha. Qual a diferença de pescadinha pra pescado?
L
 Ah, eu não sei não. Não é no tamanho não? (risos)
D
 Como é essa pescadinha?
L
 Pescadinha é um peixe assim, eu diria que se parece com uma sardinha um pouco maior. É bem diferente de sardinha mas é um peixinho assim com aquele feitio clássico de peixe e um tamanho assim de um palmo, um palmo e pouco, né, um peixinho bem fininho, e de gosto agradável, não é muito acentuado. É fino, é leve. Dá assim um prato gostosinho. Não, que eu não sou muito versada, sabe, eu compro assim aquelas coisas que eu já conheço porque até hoje eu não conheço carne assim pra comprar (sup.)
D
 (sup.) A senhora não sabe (sup.)
L
 (sup.) Não sei comprar carne, então, é o, é o que o açougueiro me dá.
D
 Quer dizer, conhecer aquelas partes todas (sup.)
L
 (sup.) Sim, conhecer aquilo tudo e se ele está me dando uma alcatra no lugar de chã-de-dentro, isso eu não sei, aí eu compro. A única coisa que eu ainda posso distinguir é filé-mingnon e lagarto, porque o lagarto é aquela parte redonda, né, aquela (sup.)
D
 (sup.) Por que será que eles chamam de lagarto?
L
 Porque parece realmente, né, a diferença é (sup.)
D
 (sup.) De que parte do boi é o lagarto? Eu não reconheceria isso.
L
 Não? Ele é em parte músculo bastante comprido do peito, então ele dá assim uma forma comprida como se fosse um lagarto, dá a idéia de um lagarto ... Um negócio muito fantasiado. Mas ele é bastante típico e difícil a gente errar. E tem filé-mignon, também é difícil a gente errar (inint.) bastante característico (inint.) não dá, não dá mesmo. Pode me dar qualquer carne que eu aceito e trago para casa. Eu não sei distigüir. Tem peixe também, eu compro aqueles assim mais comum: camarão que é fácil de comprar, lagosta muito fácil. Não dá para me aprofundar muito não, embora eu goste de cozinhar, não me incomodo de cozinhar, eu gosto de cozinhar, tenho prazer de fazer, mas não deu pra me aprofundar.
D
 Agora a se... eu falei, nós falamos há pouco tempo nos americamos que vão para África fazer caçada e tal ... É, então existem umas instituições, eu não sei se são ligadas a, a organismo da ONU, alguma coisa assim, que estão bastante interessadas em preservar animais, espécies, que mesmo na África essa espécies estão em, acabando (sup.)
L
 (sup.) Extinguindo (sup.)
D
 (sup.) É, por causa da (sup.)
L
 (sup.) Da caça, né? Não precisava dessa atividade, né, de caça. E o americano vai para lá ...
D
 (inint.) não é, não é que exista um certo preconceito, e eu tenho um certo preconceito contra o caçador, entende?
L
 Ham, ham.
D
 Que ele caça simplesmente por diversão (inint.) caça, caça os patos (sup./inint.)
L
 (sup./inint.) que quando o homem mata um animal para comer, não passa da condição que a gente tem que se alimentar. Mas matar um bicho só pelo prazer de matar, ver o bicho cair morto e largar, e se sair, e se sentir muito vitorioso é um negócio que cai mal, né?
D
 É uma coisa meio estranha. É um prazer que, que o homem tem de certa maneira ... É um negócio meio preconceituoso assim, parte do pricípio que todo caçador é um tarado, é um pervertido. Isso é tolice. De qualquer maneira, é um prazer que ele tem. Existem certas espécies na (inint.) africanas, né, de animais que existem, que só vivem lá ainda, que já estão praticamente se extinguindo (sup.)
L
 (sup.) É (sup.)
D
 (sup.) Os elefantes estão ameaçadíssimos e outros animais de porte, maiores, né?
L
 É, realmente não faz sentindo, né? Uma pessoa ... Como pesca, tem gente que pesca pelo prazer de pescar somente, às vezes nem gosta de peixe. Então ele não está precisando do peixe para comer, ele não, ele não, ele pesca somente pelo prazer de pescar. Ele se sente vitorioso por ter pescado, por ter tirado, conseguido um peixe ...
D
 Mas sabe, eu acho mais inofensivo pescar porque está o indivíduo sozinho, então ali com aquele anzol, pega um peixe e tal. A não ser quando ele usa uma, quando ele é mais agressivo, por exemplo, ele joga uma bomba ... Isso eu vi muito na minha região (sup.)
L
 (sup.) E mata muito (sup./inint.)
D
 (sup./inint.) tipo de pesca é predatória mesmo, ele jogavam bomba. Inclusive fica ruim porque a essa altura você vai comer um peixe já morto.
L
 E não utiliza, né, quer dizer, desperdiça uma série de, é uma porção de peixe pra ele pegar um, dois, porque ele não vai pegar todos, né? Então ele joga uma bomba assim indiscriminado, mata uma infinidade de peixes que ninguém se aproveita.
D
 É um negócio muito complicado, inclusive porque às vezes não é nem, eh, é o homem, mas o homem indiretamente, por exemplo quando limpa o rio (sup.)
L
 (sup.) É isso aí, a gente entra por um terreno muito perigoso, (risos) né? Porque isso aí vai, a gente não sabe se a gente tem direito ou não de fazer isso, ou se é justo que faça ... Isso aí que a gente se perde, né?
D
 É que às vezes não é, é inconsciente, por exemplo, o problema da lagoa é diferente. De vez em quando a gente vê lagoas que aparecem toda platinada de tanto peixe morto. Não é que alguém tenha (sup.)
L
 (sup.) Não! (sup.)
D
 (sup./inint.)
L
 (sup./inint.) aí é um problema de ... Até hoje parece que não se sabe exatamente, mas há uma alteração qualquer, eh, na água, é, no fundo da lagoa, o que se vê é que os peixes, falta oxigênio e eles morrem.
D

  Está bom!