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PROJETO NURC-RJ

DIÁLOGOS ENTRE INFORMANTE E DOCUMENTADOR (DID):

Tema: "Vida social e diversões"
Inquérito 0019
Locutor 0022 - Sexo feminino, 48 anos de idade, pais não-cariocas, professora de geografia e história. Zona residencial: Sul
Data do registro: 23 de novembro de 1971
Duração: 40 minutos


Clique aqui e ouça a narração do texto


DOC. -  Você pode falar de você, onde trabalha (sup.)
LOC. -  (sup.) Sim, é? É. Bem, eu sou carioca e como boa carioca eu sou sociável. Gosto de viver em sociedade, não gosto de isolamento. Gosto da vida barulhenta do Rio de Janeiro, embora seja cansativa, é uma vida difícil pra quem trabalha, pra quem todos os dias tem que tomar uma condução, eh, tem hora marcada, mas, de qualquer jeito, eu prefiro esta vida a uma vida pacata. Prefiro viver em convívio com o ser humano e sentir todas as manifestações do homem do que viver isolada. Gosto de me divertir, gosto de ir aos lugares, adoro teatro, isso eu não preciso dizer porque eu faço teatro, sou atriz, mas além de fazer teatro, eu gosto de assistir teatro, eu gosto de ver bons espetáculos, eh, em divertimento, eu acho que gosto de todos os gêneros porque não só teatro, eu gosto de ir a restaurantes, a bares, a (inint.) gosto do convívio humano, gosto de conversar. Eu acho bate-papo assim uma instituição, uma coisa maravilhosa. Eu gostaria que vocês me fizessem uma pergunta pra ver o que, eh, como me dirigir, como falar alguma coisa porque é difícil você falar assim sem ...
DOC. -  E de música, você gosta?
LOC. -  Gosto de música, gosto bastante, embora não tenha conhecimentos musicais para poder criticar a música. Mas eu gosto de música clássica e gosto, naturalmente, mais acessível, a música popular.
DOC. -  Você gost... Você costuma ir a casas de música?
LOC. -  Costumo. Vou de quando em vez.
DOC. -  Um instrumento musical assim você tem algum de preferência?
LOC. -  Não, eu acho a orquestra por exemplo, pra quem não conhece música, uma coisa mais completa, de modo que é mais grandiosa, atinge mais.
DOC. -  Qual o instrumento que (sup.)
LOC. -  (sup.) Agora por e... por exemplo eu assisti há pouco tempo um concerto maravilhoso, do Cláudio Arrau na sa... na sala Cecília Meireles. Eh, sendo uma, um 'show' que não, eu não considero assim uma maravilha, mas assisti há poucos dias o, o 'show' do, do Ca... do Canecão onde, eh, justamente há uma união entre a música popular e a música clássica, que é bastante interessante, embora em princípio eu tenha achado um pouco arrastado, mas depois eu, eu, é um 'show' de bom gosto e bonito. Procuro ver 'shows', eh, de quando em vez música clássica também, embora não seja o meu fraco. (sup./inint.)
DOC. -  (sup.) E além de teatro você ... Quais os locais de diversão que você freqüenta?
LOC. -  Bem, quando eu faço teatro é muito difícil freqüentar outros lugares porque é uma vida, uma vida que exige muito. Você tem um horário muito apertado, você além de trabalhar todos os dias, fazer várias matinês, você só pode sair depois do seu espetáculo, ou então segunda-feira que é mais ou menos um dia em que todos estão parados, né? E em geral depois do espetáculo você vai mesmo é a restaurante pra jantar e pra conversar também sobre teatro.
DOC. -  E a propósito assim de música, você pode dividir e tal. A propósito de música regional que que você conhece?
LOC. -  De música regional?
DOC. -  Músicas, danças ...
LOC. -  Bem, eu conheço um pouco do Brasil, de modo que eu conheço um pouco do folclore brasileiro. Eu já viajei bastante pelo Brasil todo, de modo que conheço alguma coisa de, de folclore das diversas regiões do Brasil. E agora realmente de, de música popular, eu gosto é do samba, porque eu sou carioca. (risada)
DOC. -  Assim de alguma região específica, você tem alguma preferência, alguma ...
LOC. -  Bom, eh, Pernambuco tem uma música muito boa, interessantíssima, é o frevo, né? E além disso tem um ... Eu acho que o nordeste todo é muito rico em folclore, né?
DOC. -  Agora outro tipo de diversão, por exemplo futebol que (inint.) você (inint.) não gosta (sup.)
LOC. -  (sup.) Não. Não, eu não gosto. Não, absolutamente (sup.)
DOC. -  (sup.) Qualquer tipo de jogos (sup.)
LOC. -  (sup.) Não sou absolutamente esportiva. Embora eu goste muito de um, num dia de verão ir à praia e passar o dia na praia, o dia inteiro, só voltar à noite, mas não sou esportiva. (riso)
DOC. -  Você não aprecia nenhum tipo de esporte ou não acompanha nenhum tipo de esporte?
LOC. -  Não, a não ser no campeonato (riso) mundial que naturalmente todo mundo (inint.) fica vidrado no, no vídeo (sup.)
DOC. -  (sup.) Você podia falar um pouco disso?
LOC. -  De esporte (sup.)
DOC. -  (sup.) Mesmo que você não freqüente eu pediria que falass... que você falasse um pouco sobre os esportes que você conhece.
LOC. -  É, sim realmente eu, eu não sou conhecedora de esportes, (riso) não sabe, não, não, eu conheço muito pouco. Vejo futebol, como já disse, nesses momentos assim que todo mundo assiste e torce pelo Brasil, que é uma coisa assim nacional, né? É uma coisa que empolga realmente, eh, acho o esporte uma coisa muito bo... Por exemplo uma corrida de cavalos, é uma coisa linda você ver os animais correrem no, no prado, é uma coisa lindíssima aquela disputa, uma beleza, e acho por exemplo a natação muito bonita, o remo, o tênis, que é um esporte lindo, mas não sou freqüentadora, não assisto não, não sigo. Naturalmente algum grande acontecimento todo mundo tem que estar a par mas, eh, de uma maneira geral assim eu não, não, não sigo esporte. Gosto naturalmente de ar livre, adoro o ar livre, adoro andar de bicicleta, ir à praia e esse contato direto com a natureza eu gosto imensamente, a montanha, mesmo andar a pé, mas o esporte realmente eu não sigo.
DOC. -  Você costuma fazer assim muitas visitas?
LOC. -  Não, não sou muito sociável não, nesse sentido de gostar de fazer visitas. Eu gosto de estar com meus amigos, mas amigos íntimos, que eu possa conversar à vontade, bater papo e trocar idéias, mas em geral são pessoas que têm os mesmos interesses do que eu.
DOC. -  Que, que você acha das visitas em ocasiões formais?
LOC. -  São necessárias, você não pode prescindir delas, mas que muitas vezes é um grande sacrifício, é.
DOC. -  Em que ocasiões você costuma fazer estas visitas?
LOC. -  Por exemplo, quando uma visita, vamos dizer de, de condolências, quando morre alguém que eu tenho, sinto que eu tenho necessidade, ou então um casamento, umas bodas, um lançamento, enfim essas datas importantes da vida, mas, eh, realmente eu gosto de estar com as pessoas, pessoas muito ligadas a mim que eu possa não formalmente conversar.
DOC. -  O tipo de conversa que você tem com, com qualquer pessoa é sempre a mesma?
LOC. -  Não, não porque eu me dou com pessoas diferentes.
DOC. -  Você procura adaptar?
LOC. -  Evidente, eu tenho que adaptar o, a conversa à pessoa. Mas realmente as pessoas que eu me dou são pessoas pelas quais eu tenho muita afinidade e muita ligação. Embora os assuntos, os interesses de vida sejam diferentes, ah, justamente eu tenho afinidade por essas pessoas, por isso são minhas amigas.
DOC. -  Existem vários tipos de reuniões, você costuma freqüentar que tipos de reuniões?
LOC. -  Em geral reuniões informais. Como eu acabei de dizer, quem gosta de estar entre pessoas íntimas, eh, e amigas não gosta de coisas formais. Eu gosto por exemplo de ir a um, um lugar, de um ambiente bonito e que ... Mas raramente, não sempre, gosto de ver alguma coisa bonita, vamos dizer, mesmo de sociedade e ir a algum grande coquetel ou uma coisa assim, mas não comumente, raramente, pra ter a impressão do que se faz, do que existe, mas não é o cotidiano, não é o corriqueiro.
DOC. -  Já que o seu assunto é assim específico é teatro, que que você acha do teatro em televisão?
LOC. -  Olha, eu acho que é muito importante porque a televisão é um meio de divulgação fantástico, você trabalha às vezes anos e anos no teatro e passa no anonimato absoluto. E a televisão, por menos que você faça, você entra nas casas das pessoas, então é uma divulgação fantástica, formidável. Eu conheço ainda hoje muitas pessoas que nunca entraram num teatro. E justamente a televisão é uma maneira de levar o teatro às casas, às pessoas, entende, de divulgar o teatro. Há uma verdadeira mania de novelas, todo mundo é preso às novelas e pelo menos se habitua à idéia de, de que existe uma história, um enredo, tem uma noção de teatro, o que é feito. É uma pena que não se faça mais o teatro completo, como vários programas já existiram em televisões no Rio de Janeiro. Atualmente é a febre da novela, o teatro praticamente não, não tem, eh, quem o subvencione, quem o patrocine, e por conseguinte, eu acredito que não, esteja no momento extinto nas televisões. Porque era um programa interessante. Em geral era uma peça apresentada durante uma hora, mas uma peça completa, havendo só nos intervalos anúncios e propaganda, mas que levava o teatro realmente à casa.
DOC. -  Além assim de televisão, o, a, a, assim, ah, hoje em dia há muita divulgação do próprio teatro em praças, você conhece assim, além de, de, na televisão, em que outros meios o teatro está sendo levado, em que outros lugares?
LOC. -  Bom, a, o, o teatro levado em praças como disse você, eu mesmo já trabalhei, não como atriz, mas levando teatro pra criança em épocas festivas, como natal e princípio de ano, reis, ah, espetáculos em praças públicas para crianças. É uma maneira de divulgar realmente boa, uma maneira que você pode levar o teatro sem discriminação pra toda criança, todos que estejam interessados ou passando podem assistir.
DOC. -  Eh (inint.) você tem alguma prática social relacionada com religião?
LOC. -  Não. Não tenho. Eu sou católica, mas não tenho assim maiores ligações com religião.
DOC. -  Você não freqüenta nenhum local ligado a religião?
LOC. -  Não, absolutamente.
DOC. -  Você poderia me descrever como é que é sua vida, eh, cotidiana, desde de manhã assim ...
LOC. -  Bem, eu, eu sou funcionária pública também. Então, (risos) ah, eu sou técnica de educação no ministério da Educação e estou no momento lotada no Serviço Nacional de Teatro. No momento não, já há bastante tempo, desde que eu comecei a fazer teatro. Quando eu entrei pro teatro de estudante eu consegui minha remoção para o Serviço Nacional de Teatro. E foi excelente porque aqui eu tive oportunidade de conhecer autores, atores, enfim, vivi no meio, que seria o meu mais tarde. Depois que saí do amadorismo, me profissionalizei, eu já entrava assim com conhecimentos bastante bons e excelentes contatos. De modo que isso me valeu muitíssimo. E aqui como funcionária eu tive oportunidade de trabalhar numa coisa que eu só posso me envaidecer que foi o Teatro Nacional de Comédia. Foi criado, eh, eu, eh, eh, em mil novecentos, eh, não, não posso precisar a data, talvez, oh, em sessenta, cinqüenta e, cinqüenta e poucos, sessenta, e eu tive oportunidade de trabalhar desde da, da fundação e colaborar com toda a fundação, com os primeiros espetáculos, trabalhar nos primeiros espetáculos, então isso também foi pra mim, pra minha carreira, uma grande chance, uma grande oportunidade e uma maneira de me dar no que eu gostava e que queria fazer. Agora no momento eu trabalho aqui na biblioteca e não tenho assim um trabalho muito específico. Mas eu espero melhores dias. (risos)
DOC. -  Vem cá, o Brasil assim se você pudesse citar como esporte típico você citaria normalmente o futebol?
LOC. -  Futebol, sim (sup.)
DOC. -  (sup.) É, e, e outros países assim tem algum, alguma coisa que é marca característica?
LOC. -  Na França, corrida de bicicleta, importantíssimo. (riso) Tem sempre milhões de turnês, eles adoram andar de bicicleta, fazer as turnês de bicicleta.
DOC. -  Na Espanha você citaria algum?
LOC. -  Ah, isso é lógico. (riso) Tourada. (riso)
DOC. -  Você já viu alguma tourada?
LOC. -  Olha, eu não, eu, eu já estive na Espanha, mas não, não assisti nenhuma tourada. Fui assistir em Portugal, mas a tourada em Portugal é diferente, que não (inint.) matam o touro, não é? Não matam o touro (sup.)
DOC. -  (sup.) O que eles fazem com o touro?
LOC. -  Eles, eh, os, os, os, os cornos do touro são cobertos por um couro, né? E isso impede que o touro fira o toureiro, e ele é apenas agarrado pelos cornos, mas ele não é morto.
DOC. -  Você prefere esse tipo de tourada?
LOC. -  Bem, eu não assisti a outra, de modo que eu não posso dizer. Embora eu ache a tourada uma, eh, esteticamente belíssima, um espetáculo maravilhoso, mas pra nós que não estamos habituados é um pouco constrangedor, porque o problema de matar o touro ou matar o toureiro é aflitivo.
DOC. -  A roupa do toureiro (sup./inint.)
LOC. -  (sup.) É belíssima. Isso é um, esteticamente um espetáculo maravilhoso. Tudo que contorna a tourada, as músicas, a alegria do povo, a gritaria, compart... o, o povo compartilha de uma maneira fabulosa. É quase que um retrato do povo espanhol, eu acho que a tourada ... Porque são as fanfarras, a música, a entrada, o desfile, as bandeiradas, aquilo tudo eu acho que representa muito do sangue, do estilo do povo espanhol. E por isso como espetáculo é maravilhoso.
DOC. -  E de específico, ainda nessa área, você viu alguma, você pode observar alguma coisa em outros países?
LOC. -  Ahn, de esporte você diz, né?
DOC. -  É, qualquer coisa.
LOC. -  Bom, teatro na Europa você pode ver o que há de maravilhoso, espetáculos maravilhosos.
DOC. -  Em matéria de diversão há, em cada país tem, tem uma, tem um tipo de diversão predileta assim característica ou não? Eh (sup.)
LOC. -  (sup.) Não, de uma certa forma sim. Você por exemplo, eu não conheço Alemanha, mas eu, eh, eh, na Tchecoslováquia eu vi e soube o, o amor pela ópera, que é uma coisa que pra nós parece ultrapassado, na Europa eles ainda gostam imensamente. É um gênero apreciadíssimo. Eu tive oportunidade de ver em Praga óperas que duravam quatro horas, Wagner, e, e eu só assisti uma, uma ópera que foi de Wagner, porque nós estávamos, eu estava por pouco tempo, eh ... Mas eu sei que na Alemanha tem festivais de semanas inteiras que só levam óperas e que todo mundo se locomove e vai a est... às determinadas cidades para assistir ópera, pra ver cantores e, quer dizer, é um gênero realmente apreciado.
DOC. -  Certo. E você poderia por exemplo, você se lembraria assim de, você poderia descrever o cenário? Assim (inint.)
LOC. -  Bom, são cenários grandiosíssimos e custosíssimos. E, e são mais ou menos feitos no gênero clássico. Esse, essa que eu assisti, eh, era gen... era um gênero clássico. Foi o, o (inint.) e era toda no gênero clássico. Mas o que se gasta, as verbas destinadas aos cenários, que quase sempre são de ópera, por exemplo em Praga, na Tchecosleváquia, é uma coisa monumental, uma coisa extraordinária. São pomposos e, e riquíssimos, mas são ma... os, o que eu assisti era no gênero clássico.
DOC. -  Você disse que na sua linguagem com determinados tipos de pessoa, você não fala da mesma forma, né?
LOC. -  Sim, lógico.
DOC. -  Então existem formas em geral que a gente usa por exemplo quando você se encontra com alguém, formas de tratar as pessoas?
LOC. -  Não, eu não, propriamente não vou dizer formas de falar. Eu digo assuntos diferentes, mas a minha forma de falar é sempre a mesma.
DOC. -  Você não, não usa expressões diferentes?
LOC. -  Não, as que eu uso, uso em geral sempre as mesmas.
DOC. -  Quais são?
LOC. -  Falo com naturalidade. Na minha maneira de ser, não procuro ... Eu tenho observado hoje em dia que existem formas de falar, em determinados grupos, que eu acho uma coisa artificial. Por exemplo uma coisa que é muito usada hoje em dia entre os estudantes, entre pessoas pra se sentir parece que à vontade, não sei, é a seguinte: bem, pessoal, o negócio é o seguinte ... É uma coisa que me impressiona. Outro dia por exemplo eu comecei a tomar nota das palavras (inint.) o vocabulário como é restrito. Usam sempre a mesma maneira de dizer. Eu não acho que isso seja moderno, não vejo razão pra ser, pra isso. Por que estereotipar a maneira de dizer e de falar? Eu posso dizer que uma coisa é bacana ma... ou genial, mas não preciso dizer isso de cinco em cinco minutos, pra me expressar (sup.)
DOC. -  (sup.) E a maneira de cumprimentar as pessoas, de saudar as pessoas. Você tem várias formas? Por exemplo dependendo da classe social da pessoa, da idade, do grau de instrução (sup.)
LOC. -  (sup.) Sim, naturalmente dependendo da idade eu vou cumprimentar a pessoa de uma maneira mais formal. Mas eu não sou muito formal, de modo que de uma certa forma eu cumprimento naturalmente de uma maneira mais austera, mas sem ser demais (sup.)
DOC. -  (sup.) E como seria (sup./inint.)
LOC. -  (sup.) Eu fui habituada (sup./inint.) sim ...
DOC. -  (inint.)
LOC. -  Também, dependendo da situação, não é? Mas eu, eu não, eu, eu fui habituada numa família em que eu sempre tratei os meus pais por você, meus avós por você e beijava a todos com intimidade, de modo que eu não tenho um certo formalismo na maneira de ser.
DOC. -  Agora esse relacionamento pessoal, eh, você poderia estabelecer diferenças nas diversas regiões do Brasil, inclusive na Europa em relação ao Brasil?
LOC. -  É, eu acho que o, por exemplo o problema entre pais e filhos, o europeu, ele trata também na maneira de, de se dirigir, ele trata também o, o, quer dizer, eu estou falando da França, eu não, não, não posso dizer muito dos outros países, Portugal acredito que não seja assim, a Espanha eu não sei. Mas ele trata também por você, ele não trata, ah, eh, formalmente não, ele tem uma, uma ligação, acho o pai com (sup.)
DOC. -  (sup.) Mas por exemplo se a pessoa tem que se dirigir a um órgão institucional como, ou, ou religioso, há, há determinadas formas prefixadas de, de tratamento?
LOC. -  Eu acho que sim, embora eu ache que o mundo modermo tenha evoluído, se modificado muitíssimo, o que ... Por exemplo antigamente você dizia que, eu estou citando sempre a França que é um país que eu conheço mais, que na França a pessoa, enfim, até trinta anos não jogava. A mulher por exemplo não aparecia, só depois de uma certa idade é que ela começava a ter uma certa independência e aparecer, até então ela ficava um pouco no anonimato. Hoje em dia isso está inteiramente superado. Você chegando, vamos dizer, num centro de estudantes tudo isso, ou mesmo num, em, num centro artístico, você vê mocinhas desde de dezesseis anos compartilhando da vida, a vida artística, a vida social. Cem por cento.
DOC. -  Assim em matéria assim de diversão, lu... luga... lu... luga... eh, luga... lu... lugares de reunião, você nota alguma diferença entre a França, já que você conhece mais que o Brasil, alguma coisa que seja específica, alguma coisa que você sinta falta, lá ou cá?
LOC. -  A França tem quatro mil anos de civilização, (risos) então há uma diferença, é lógico, muito grande em tudo. Você vê, é uma vida riquíssima, uma vida artística riquíssima. Tudo o que você quiser você tem. Você tem uma vida religiosa, você tem, na, na própria igreja, você tem concertos maravilhosos nas missas. Você tem conferências, você tem uma universidade onde tem assim personalidades fabulosas que vêm para fazer conferências. Se você quer uma vida mundana, você tem 'shows', tem boates, tem restaurantes, uma comida deslumbrante, quer dizer, é uma vida muito mais rica que o Brasil. Mas eu acho que estamos assim bem adiantados, eh, e em progressos muito acentuados.
DOC. -  Ah, ainda em jogo ... Você gosta de jogo de xadrez?
LOC. -  Não.
DOC. -  E carta, você gosta?
LOC. -  Também não. Não tenho muita paciência. Ó, a carta pra mim é um, que eu jogo muito mal, é um, uma chance, uma oportunidade de estar em contato com pessoas. E então eu converso e não presto muita atenção. (riso) Não sou boa jogadora (sup.)
DOC. -  (sup.) E quais os jogos, quais os jogos que você joga? (sup.)
LOC. -  (sup.) Olha (sup./inint.)
DOC. -  (sup.) Os menos piores?
LOC. -  (risos) Não, os menos difíceis. Eu, eh, buraco, né, que todo mundo joga e canastra, eh, essas coisas que todos jogam (sup.)
DOC. -  (sup.) Buraco assim, eh, você pode me dizer alguma coisa técnica do buraco pra gente (sup.)
LOC. -  (sup.) Ah, não, não me mande falar (sup./inint./risos)
DOC. -  (sup.) Quantos jogadores, você sabe?
LOC. -  Ah, isso eu sei que são quatro, né, aliás, pode ser seis ou dois, mas o ideal é uma parcerada com quatro pessoas, né? Dois parceiros, né? De dois em dois, e isso, também isso é elementar. (risos)
DOC. -  Mais alguma coisa assim bem elementar, ainda no jogo, você pode dizer pra gente?
LOC. -  Há muitos anos eu joguei um jogo que era muito interessante. Me diziam que em parte parecia com bridge, se chama 'king'. Mas eu já me esqueci porque há muito que eu não jogo. (risos)
DOC. -  Quais outros tipos de jogos de baralho que você conhece fora o buraco, o bridge que você citou?
LOC. -  Olha, eu sei que existe um, chamado crapô que é uma fascinação, porque, eh, uma porção de gente ao meu lado joga este jogo, ficam horas jogando, o que me inquieta um pouco porque eu quero conversar e atrapalho. (risos)
DOC. -  (inint.)
LOC. -  Sim, eh, mais ou menos.
DOC. -  O que você pode dizer a respeito de esportes, eh, com relação à defesa pessoal?
LOC. -  É, o esporte eu acho uma coisa formidável, eh, faz parte da educação moderna o, vamos dizer, o boxe, o jiu-jítsu, tudo isso é uma coisa que as crianças hoje em dia aprendem, aprendem como defesa. Você vê por exemplo na Bahia, capoeira que é uma defesa fantástica, é um, um, é um esporte e é um jogo e uma, e como defesa é também extraordinária. Eh, eu acho que hoje em dia faz parte da educação da, da infância, do, da criança, o esporte, ele desenvolve o corpo sadiamente (sup.)
DOC. -  (sup.) Você já assistiu a uma luta dessas?
LOC. -  De capoeira? Assisti na Bahia a várias.
DOC. -  Você pode descrever?
LOC. -  Olha, é sedutor. Ele tem movimentos levíssimos, parecem, eh, panteras se atirando. Eles batem, em geral batem as mãos no chão e com os pés eles raspam por cima do outro. Mas chegam a atingir, eh, a capoeira é um jogo violentíssimo. Mas realmente é lindo. Inclusive eu fiz uma peça aqui no Teatro Nacional de Comédias, "O Pagador de Promessas" do Dias Gomes, em que em cena tinha uma luta de capoeira que era assim apreciadíssima. E sobretudo quando nós estivemos em Montevidéu levando "O Pagador de Promessas", no teatro Solista, o uruguaio ficava fascinado pelos capoeiristas. Eles tocam o berimbau, eh, eh, e dançam, e jogam a capoeira, né? E ali era representado como um, quase como uma dança, mas é um esporte, é uma luta.
DOC. -  Você acha que o carioca tem conhecimento da, do que se passa no resto do Brasil, da tradição do resto do Brasil quanto à riqueza (inint.)
LOC. -  Lógico que o carioca mais culto tem conhecimento. Mas eu não acredito que o, a grande massa tenha conhecimento nem das misérias do Brasil, nem o que sofre o nordestino, nem dos problemas sociais do Brasil. Desconhecem inteiramente.
DOC. -  Você falou em berimbau. Você poderia, eh, dizer pra gente, eh, outros instrumentos aí usados em época de carnaval?
LOC. -  Ah, cuíca carioca, que é tão conhecida, o pandeiro, o, eu não co... eu não sei o nome do instrumento, mas é uma campainha de ferro que é batida com, com um outro pedaço de ferro que é usadíssimo nas escolas de samba, no, no (sup.)
DOC. -  (sup.) De que que faz a cuíca? De que que faz?
LOC. -  De que que faz? De couro de gato. (risos)
DOC. -  Você, você dá muita importância a comida, a alimentação?
LOC. -  Acho uma coisa importante, sim. Saber comer, não quantidade, mas saber comer eu acho muito importante.
DOC. -  Você tem algum tipo de comida que você prefira quando você vai em restaurante, num restaurante típico?
LOC. -  Sim, naturalmente, é que eu vou escolher a comida de acordo com o lugar em que eu estou. Se eu vou a um restaurante baiano é evidente que eu vou comer um vatapá ou uma muqueca, um xinxim de galinha. Mas se eu vou a um restaurante francês eu vou pedir alguma coisa assim que se enquadre na comida francesa.
DOC. -  Se você tiver que optar por um tipo de restaurante, você tem alguma, uma preferência?
LOC. -  Não, eu gosto imensamente das comidas típicas brasileiras. Não gosto da comida do Pará. Quer dizer, faço uma ressalva, ah, ao pato do tucupi (risos) que são as comidas clássicas, né? O açaí, isso eu não gosto, mas, eh, os peixes do nordeste, do norte, do nordeste são maravilhosos, eh, os camarões, as lagostas. Nós hoje em dia exportamos lagosta pro mundo, né?
DOC. -  Você falou alguma coisa a respeito de percussão. Você poderia dizer alguma coisa a respeito de como são básicos os tipos de instrumentos de sopro?
LOC. -  Instrumentos de sopro?
DOC. -  Sim, ou de cordas?
LOC. -  De cordas eu acho mais fácil. (risos) O violão, que é um típico instrumento brasileiro, né? Eu acho que, que é muito característico nosso, o violão.
DOC. -  E os instrumentos de sopro? Quais os que você conhece? Se você tivesse que descrever rapidamente uma orquestra, quais os primeiros instrumentos que você lembraria?
LOC. -  Mas por que vocês frisam na música, que eu já disse que sou fraquíssima na música (risos/sup./inint.)
DOC. -  (sup.) O que você sabe apenas, não precisa forçar não. O que é mais comum pra você (sup./inint.)
LOC. -  (sup.) De, dos instrumentos de, de uma orquestra? Ah, uhn, uhn, o piano, os violinos, os violoncelos, o, o oboé, o (sup.)
DOC. -  (sup.) Aquele que o cara morreu há pouco tempo como é o nome, aquele preto americano que tocava um instrumento famosíssimo, ele ficou famoso (sup./inint.)
LOC. -  (sup.) Oh, é, mas eu me esqueço o nome. (risos) Eu conheço sim, lógico que eu conheço, mas eu me esqueço o nome.
DOC. -  (inint.)
LOC. -  É, é exato.
DOC. -  (inint.) você costuma ver televisão?
LOC. -  Não, muito raramente, muito raramente (sup.)
DOC. -  (sup.) Mas você, porque houve uma época em que você tinha (inint.)
LOC. -  Olha, não, eu acho a televisão ... Eu não sei porque eu não vejo, vejo pouco. Não posso comparar com o resto do mundo. Mas eu acho a televisão um nível muito baixo. Às vezes eu procuro me distrair vendo a televisão e aquilo me irrita profundamente. Em vez de me distrair eu fico irritada. Acho um nível muito baixo. Eu acho importante na televisão é meio de divulgação, são as entrevistas, os jornais falados, que as notícias circulam com a maior rapidez possível, então realmente é, uhn, interessantíssimo. As entrevistas também, os, os momentos políticos, todos nós ficamos grudados à televisão pra ver a situação como é que se desenrola. E, sei lá.
DOC. -  Como é que, que, como é que é feito um programa por exemplo um programa que não é feito ao vivo? Como é que é?
LOC. -  O videoteipe? Bom, é, são programas organizados e feitos com antecedência, são gravados todos, vocês me falavam há pouco no, nas novelas, todas as novelas atualmente são feitas com videoteipe. Os programas são feitos, gravados, durante dois dias na semana e gravados a semana toda, eh, gravados pra, para a semana toda.
DOC. -  E na novela por exemplo?
LOC. -  É exatamente a novela. Tem dois dias na semana que gravam a novela, uma determinada novela. Então nesses dois dias gravam os capítulos da semana toda, quer dizer, ela é feita com antecedência de uma semana. Isso de uma maneira geral. Às vezes fazem com maior antecedência maior número de capítulos. Mas de uma maneira geral é feita com uma semana.
DOC. -  Com relação ao cenário, eh (sup.)
LOC. -  (sup.) O cenário é montado aqueles dois dias. Depois no estúdio ele é desmontado e é montado o cenário da outra novela que gravará durante dois dias. Isto é mais ou menos o usado na Globo que foi a televisão em que eu trabalhei por último. Na, na Tupi não era esse o método utilizado, agora eu não sei se foi modificado.
DOC. -  Quando você assim contracenam cenas assim muitas vezes assim com roupas diferentes, como é que é?
LOC. -  Não, o videoteipe é fácil porque ele pode parar. Então você tem tempo pra mudar de roupa. Inclusive eles usam quase que um sistema de cinema. Eles fazem o corte de modo que você é programado pra fazer todas as suas cenas. Depois eles cortam e juntam como no cinema, o, a técnica do cinema, usada no cinema. Exato.
DOC. -  A programação pra criança, você acha que, que costuma ver muita televisão (inint.)
LOC. -  Não, televisão eu não vejo, mas eu acho que os programas pra crianças são em geral muito fracos. Eu estou vindo de um festival de, de teatro infantil que eu fiz parte do ju... de uma comissão que selecionou os textos finalistas e de uma maneira geral os textos são muito fracos, os atores também são fracos, a montagem é fraca. Eu acho que o educador tem uma, um papel importantíssimo quando leva um divertimento como o teatro pra criança porque o gosto da criança é moldável. Ele está ainda em formação, de modo que você, se, se você leva um, alguma coisa de muito fraco, de ruim, você habitua a criança a se divertir com coisas ruins e forma o gosto mal, o gosto da criança. Então é importante que sejam coisas de bom gosto, que sejam bem montados, que sejam bonitos.
DOC. -  Agora fora assim de teatro, não existe nenhum tipo de diversão especial pra criança em televisão?
LOC. -  A televisão?
DOC. -  É.
LOC. -  Eu não estou falando na televisão. Quando eu falei ne... falei nesse festival, eu falei no teatro mesmo.
DOC. -  Agora em televisão existe um ...
LOC. -  Eu não conhe,co os programas de televisão (sup.)
DOC. -  (sup.) Um especial muito especial pra criança (sup.)
LOC. -  (sup.) Eu acho que os programas que as crianças gostam são antieducativos, né?
DOC. -  Você tem filhos pequenos? Filhos pequenos?
LOC. -  Não, mas tenho contacto com crianças, mas não tenho filhos.
DOC. -  Mas normalmente a criança faz, a criança vai (sup.)
LOC. -  (sup.) A criança repete, então ela fica repetindo coisas horríveis que ela vê na televisão. Ela se impressiona com as novelas, ela se impressiona com programas, ah, programas, vamos dizer, cômicos. E que realmente em geral as pessoas que fazem programas cômicos são atores e atrizes que têm uma grande comunicação com o público, o que, isso impressiona a criança e a criança passa a repetir uma série de coisas que não são próprias pra idade dela nem pra educá-la.
DOC. -  E além da televisão, o que que normalmente a criança faz, a criança, onde a criança vai, divertimentos da criança?
LOC. -  Bem, a criança em geral hoje em dia começa a ir para a escola cedo. Isso é bom, é muito bom porque ela tem uma, uma recreação própria e adequada. Os jardins da infância hoje em dia são, têm professores especializados, professores de recreação que divertem, brincam, e a criança aprende brincando sadiamente. Isso é, é ótimo.
DOC. -  Mas voltando um pouco o assunto, você, quando nós falamos em diversão noturna, vida noturna, você me parece que conhece muito o teatro, mas (sup.)
LOC. -  (sup.) Conheço um pouco (sup.)
DOC. -  (sup.) Não se encontra outro tipo de diversão noturna que existem e que você deve conhecer (inint.)
LOC. -  Sim, é lógico, é evidente.
DOC. -  Você poderia citar além do teatro, eh, locais de diversão noturna? Casas ...
LOC. -  Eh, lógico. Bem, eu, eu gosto de casas de espetáculo noturnas. Eu gosto de ir a boates. Eu me divirto. Adoro dançar, adoro música. Então realmente, eh, eu gosto de coisas mais modernas e coisas também que relembram assim minha infância, meu passado. Por exemplo eu adoro ir ao ver o Sacha tocar piano que é uma coisa gostosa, deliciosa e que não é uma coisa moderna, mas é uma coisa que eu acho que não tem tempo, não deixa de ser moderno porque até hoje é gostoso. Você entra e está cheio e então prova que não só gente mais velha como também a mocidade se for lá se diverte e gosta, dança e passa uma noite agradável.
DOC. -  E além de boate, ah, ainda há outras coisas que você faz?
LOC. -  Sim, você pode, eh, reunir-se com amigos pra ouvir música, pra conversar, pra, pra tomar drinques, pra beber. Eu também gosto muito de beber. (risos) Acho uma coisa muito gostosa você passar uma noite conversando e, e o, o, a bebida puxa o cigarro, o cigarro puxa a conversa e então fica, né, realmente ...
DOC. -  E a respeito assim de 'show business' e, e teatro de revista, você poderia falar alguma coisa pra gente?
LOC. -  Eu não es... Não, no momento eu não, não, não tenho visto muito teatro de revista. Estou um pouco afastada do teatro de revista. Embora eu ache por exemplo que, não, o Canecão tem apresentado alguns 'shows' bastante bons. Eu assisti o do Karabitchevsky, do Chico Buarque de Holanda, que eu falei pra vocês, assisti a um da Eliseth Cardoso que era um show muito interessante também e o, e, e um da Maísa. Foram só os três que eu assisti mas achei assim de um nível bom, e a prova é a concorrência que você vê. Estão sempre cheios, fazem um grande sucesso. A vida noturna é uma vida cara e por conseguinte atualmente nem todos podem freqüentar nem assistir, quer dizer, a não ser quando se faz assim um espetáculo mais acessível, alguma coisa que é levada ao grande público, é que o grande público pode aparecer, concorrer, concorrer.
DOC. -  Você não acha assim que o pessoal em geral, em geral assim o povo, ele tem uma comunicação imediata com o teatro de revista? Assim uma coisa ...
LOC. -  Acho que sim, porque o, o texto é mais singelo, é mais direto. Então não é absolutamente intelectualizado. Se você disser, vamos dizer, um dos espetáculos mais bonitos do Rio de Janeiro que é o espetáculo do José Vicente, que está sendo levado no teatro Ipanema, não é um espetáculo popular. Pra nós, que temos uma certa cultura, pode chegar a nós, nós gostarmos, compartilharmos, amarmos o espetáculo, mas eu não posso querer que um espetáculo desse gênero agrade ao povo. É a mesma coisa da peça que a Teresa Raquel levou no Maison de France, "A Mãe". Achei um espetáculo lindo, maravilhoso, mas é um espetáculo complicado, é um espetáculo intelectualizado. Eu ouvi muitas pessoas que disseram, algumas, não digo muitas, mas que não saíram no meio porque estavam acompanhadas, detestaram e entretanto eu amei o espetáculo, achei lindíssimo. Então você não pode ver, querer comparar assim o, o grande público. É um público diferente. O povo realmente precisa de coisas mais singelas, mais simples, mais diretas pra que ele possa apreciar, que ele possa ser tocado com mais facilidade.
DOC. -  A propósito de dança, a gente sente nitidamente uma evolução através da, do tempo. Podia assim citar as danças ho... eh, típicas de hoje e danças típicas de antigamente, de determinada época, ou mais remotamente que você quisesse reportar?
LOC. -  É, que acho que a dança realmente sofreu uma evolução colossal, não só a dança popular como a dança clássica porque realmente é um, ah, das manifestações artísticas que eu mais gosto é a dança. Quando eu era pequena eu era fascinada pelo balé. Eu assisti grandes balés que vieram ao Brasil, assisti no Municipal e sempre fui fascinada pela dança porque eu acho uma expressão artística extraordinária, porque o gesto é acompanhado pela música e eu acho riquíssima. Eh, nesse setor você sente uma evolução grande, desde da, do balé clássico até o balé expressionista ao balé moderno. Você já sente uma evolução muito grande. Nas danças populares também. Por influências diversas, por influências estrangeiras, pela música que evoluiu, é um reflexo da música a dança popular. De modo que você sente também uma evolução, uma influência americana enorme. Você na, eh, mais uma vez citando a França, depois da guerra você sentia influência americana na dança francesa muito grande.
DOC. -  Você podia citar assim nomes de danças que atualmente, praticamente desapareceram ou que perderam prestígio?
LOC. -  Eu acho que valsa, por exemplo, mazurcas, (risos) ninguém mais dança isto, não é? (risos)
DOC. -  Aquele negócio de (inint.) .
LOC. -  (risos) Pois é, quadrilhas, né? São danças que estão praticamente desapa... Eu acho até que o roque também já está ultrapassado. (risos) Agora eu acho que todo dia surgem novas danças, né? (sup.) Ie-ie-ies, não é? Agora ...
DOC. -  (sup.) E a dança brasileira ?
LOC. -  Bem, a dança brasileira, eh, eh, falando na ... Já tive, tive a oportunidade de falar na música e por conseguinte, sendo reflexo, você tem danças populares de todo o, todo o Brasil. Mas, eh, eu acho que o que mais representa o Brasil, a dança brasileira é o samba. Mas você tem o frevo em Pernambuco, você tem a, o xaxado, enfim, no norte você tem uma série de danças populares. No sul também, no Rio Grande do Sul. Nossa dança mais típica brasileira conhecida, mais típica, é o samba.
DOC. -  Você falou em problema de roque aí. Nos Estados Unidos atualmente existem vários grupos, né? Inclusive nós, vendo aqui o documentário de Woodstock. Então há o seguinte, eh, como é que você vê aí a problemática da, do pessoal jovem, eh, nas músicas que eles fazem, entende? No que eles, no que concerne a comunicação deles, que eles trazem na música deles (sup.)
LOC. - (sup.) Eu acho que, que a música cada vez se liberta mais. Há mais libertação do, do, do indivíduo quando dança. Antigamente, ah, você dançava em relação, hum, ao par, quer dizer, um ao outro. Atualmente há muito mais liberdade, a dança é quase que individual. E a mu... Eu acredito que na dança moderna haja muita libertação. É uma dança praticamente individual e que cada um, dentro de regras, cada um faz o que quer.