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PROJETO NURC-RJ

Tema: "Vegetais e agricultura"

Inquérito 0188

Locutor 215
Sexo masculino, 37 anos de idade, pais cariocas
Profissão: professor de pedagogia
Zona residencial: Sul

Data do registro: 13 de novembro de 1973

Duração: 40 minutos

Clique aqui e ouça a narração do texto


L
 Bom, dessa parte de campo, eu, eu sou um produto de um apartamento, porque eu fui criado praticamente em apartamento. O contato que eu tive com o campo, o primeiro foi numa viagem, quando era garoto, ao sul. Me impressionou muito os arrozais, fiquei muito impressionado com aquela ... Uma viagem que eu fiz de Porto Alegre a Pelotas, como garoto, depois inclusive como adulto voltei lá motivado por isso, porque a minha vida no Rio foi, foi muito apartamento, quer dizer, então essa parte assim de vivência de campo foi depois de adulto e agora, atualmente, que eu tenho uma casa em Teresópolis, então eu já estou começando a, a viver um pouco mais, quer dizer, inclusive de flores, que eu não conhecia nenhuma praticamente, a não ser essas mais tradicionais: rosa e margarida e tal. Mas não conhecia coisa alguma, tipos de grama, inclusive época de plantio, fui aprender agora que tem uma época em maio, junho que se faz, inclusive pra regrar grama. Tudo isso agora é que eu estou começando a, a aprender lá em Teresópolis. E uma coisa também que chamou muito atenção na minha viagem foi, por exemplo, as paisagens do norte, numa viagem à Bahia, de Bahia a Natal, a diferença que há, né, na, no tipo de agricultura que eles têm, de campo, muito mais rudimentar naquela época inclusive do que no sul, né? Por exemplo, a pobreza do norte, em termos de, comparando com o que eu vi no sul, com o que eu vi no norte, quer dizer, uma pobreza assim muito grande e os meios que eles utilizavam naquela época também eram precariíssimos, né, quase tudo feito a mão.
D
 Como assim (inint.)
L
 Plantio, né? Me... mesmo a vida deles, vamos dizer, comunitária, na, na residência, não tinha, vamos dizer, o conforto que havia no, no sul, de Paraná pra baixo, que quando eu fui pro norte eu já conhecia, já tinha estado no, no sul.
D
 (inint.) chamou atenção essa diferença. Você podia fazer uma comparação assim ...
L
 Não, porque eu me lembro por exemplo na, nas minhas viagens ao sul, de trem e tudo, a gente via muito aquelas fazendas, aqueles pastos, né, predominava assim aquele verde. Naquela época de garoto chamava muito atenção. Via certas máquinas e no norte não via isso, né? No norte via-se muito menos, os recursos eram muito menores. Eu, naquela época mesmo, ouvia muito falar, e isso ficou comigo, né, que eles justificavam dizendo que o povo do norte era mais indolente, né, e a atividade assim, vamos dizer, que a gente via com mais freqüência era a pesca. Também elementar. Por exemplo, eu morava aí no posto Seis, conhecia aqueles barcos ali de pesca, uma colônia de pesca que tinha. Em Natal não era assim, Natal era, eu me lembro que eram uns troncos, né, que mais tarde vim a saber que era jangada e tal. Mas eram uns troncos, quer dizer, muito mais rudimentar, quer dizer, os meios que eles tinham do que mesmo o pessoal do sul.
D
 O senhor tem uma casa em Teresópolis. Como é que é ... Essa casa tem ... O que é que tem de vegetal nessa casa?
L
 Vege... vegetal?
D
 É, vegetal, quer dizer, folha (ruído/inint.) como é que você está arrumando agora a casa de Teresópolis em termos de planta, de vegetação, de grama, isto tudo que você falou?
D
 Bom, eu no início, eu comecei, por exemplo esse problema de grama, que não é um terreno, vamos dizer, muito plano, então no início foi pra, eu utilizei, fui buscar a grama, o tipo de grama por exemplo, que eu usei, a grama como eles chamam de gramão justamente pra questão de segurança do terreno, pra não haver problemas de deslize e tal. Agora, a parte de planta, por exemplo, escolhendo mais, por exemplo o caso é da minha senhora, ela escolhe. Eu apenas gosto muito, nem sei o nome, é de uma planta que dá o ano inteiro, uma vermelha pequenininha, né, então esse é que é o meu intere... Agora eu não sei nem o nome qual é. E uma que eles chamam de onze-horas, uma que vai nascendo e vai ocupando assim todo o, o beiral daonde se plantar.
D
 Como é que é essa planta? Descreve ela.
L
 Onze-horas? É uma que tem várias cores, vários matizes, né, predominando o vermelho, o grená, né, mas tem outras também, tem amarelo e tal mas (sup.)
D
 (sup.) A flor que é vermelha (sup.)
L
 (sup.) A flor é vermelha. E essa que dá o ano inteiro que eu não sei o nome também é vermelha.
D
 E são árvores?
L
 Não, não, é tudo pequenininho. É bem pequena, as que chamam de onze-horas não passa disso, ela vai nascendo e vai, com aquele fundo verde e o vermelho. Não, talvez me agrade o contraste, não sei, mas ... Então essa é que eu tenho interesse, é que eu planto e tal. Agora, minha senhora planta outras, né, margarida, lírio, não sei nem o nome direito (sup.)
D
 (sup.) Sei (sup.)
L
 (sup.) Muito negócio de folhagem também, que eu não sei.
D
 E pra plantar, como é que se faz? (sup.)
L
 (sup.) Bom, posso plant... (sup.)
D
 (sup.) Descreve assim (sup.)
L
 (sup.) Pra plantar (sup.)
D
 (sup.) Um dia que você vai lá a fim de plantar. (risos)
L
 A fim de plantar. (riso) Bom, primeiro eu mando comprar, arranjo, que pro meu terreno é bom, terra vegetal, né, que já me ... Eu fui aprender que tem que ser terra vegetal e estrume, né, com, pra melhorar a terra, e também aconselham a não usar muitos produtos químicos. Bom, e eu então pra plantar eu cavo, né, ponho, melhoro aquela terra que é uma terra assim um pouco de formação arenosa e, com estrume, né, e aquela terra, coloco as sementes, né? Isso numa determinada época, que é uma época de maio, junho e tem outras que são agosto, setembro, dependendo da, da época. Mas faço mais pela instrução que tem ali na, na questãozinha da semente, né, ou então quando é uma outra planta qualquer que arranja-se uma muda, por informação de alguém. Que eu ag... como eu disse, agora é que eu estou começando a, a me dedicar um pouco a isso, né?
D
 Sei. E vocês chegaram assim a comprar instrumentos pra, pra esse trabalho?
L
 Não. Não, porque a propriedade é pequena, quer dizer, é o instrumento assim o mais elementar possível. Aquela pazinha de, de mexer terra, de fofar terra como eles chamam, né?
D
 Hum, hum.
L
 Um aparelhozinho para questão de, de, como é? De, um bichinho que dá nas plantas, me esqueço agora o nome, não é a formiga não. Pra podar também, uma tesoura que poda. Assim é coisa do, de jardim, é mais de jardim mesmo, né?
D
 O que que vocês já plantaram lá de jardim? O que que já tem? O que que já tem e quais são seus planos?
L
 Bom, tem muita folhagem. Como eu disse, eu não, não conheço o nome. Sei apenas e uma coisa que eu fui aprender lá que não sabia é essa folhagem assim que tem um verde com amarelo, com vermelho, com grená, inclusive que se plantar, vamos supor, de vários tipos juntos elas começam a se miscigenar, quer dizer, dá uma derivação. Eu também não sabia, tanto que no início eu tinha feito uma plantação assim, agora já faço diferente, porque ela se degenera com o tempo. Quer dizer, uma começa a influenciar a outra, né? Muita folhagem. Agora, plantei também, estou plantando árvores frutíferas, né, algumas árvores frutíferas, muita laranja, tangerina, macieira também, eh, uma de, de abacate e no jardim é que você tem muito dessa planta onze-horas, tem essa vermelhinha que eu não sei o nome, no momento não me lembro o nome, muita margarida, lírio, né?
D
 Me diz uma coisa: essas árvores frutíferas, como é que estão sendo plantadas? Laranja, por exemplo.
L
 Ah, eu compro aquela que já vem, como é que é, a planta até um certo ponto desenvolvida, né, ela já vem preparada, é só tirar a terra, preparar um pouco a terra e colocar. Quer dizer, ela já vem com um certo tempo, né? (sup.)
D
 (sup./inint.)
L
 (sup.) Ela é tirada de uma sementeira como eles chamam, né? Tira e a gente compra naquela época e planta.
D
 E você tem idéia de se não for assim, como é que teria que ser feito, pra plantar laranja?
L
 Não tenho idéia.
D
 Não tem idéia?
L
 Não tenho idéia.
D
 Você já compra a muda pronta?
L
 Pronta.
D
 Hum, hum. E além de flores, frutas, você disse que tem flores e árvores frutíferas (inint.) tem qualquer outra coisa lá, outro tipo de plantação?
L
 Bem, tem, eh, tem essas plantas que minha senhora gosta muito: rosas por exemplo, tem muita rosa lá, tudo quanto é tipo de rosa, tem até aquela, aquele que eles chamam de rosa também, que eu não conhecia, que vai ficando feito uma espécie de trepadeira e tal. Quer dizer, eh, e fora isso não. Porque inclusive uma coisa que me, que quando eu comprei o terreno inclusive me chateou profundamente que eu delimitei o lugar da casa e mandei que não tirasse várias árvores que tinham lá, árvores bonitas, boas. Mas eles tiraram. Quando eu cheguei lá, voltei no sábado pra ver, tinham tirado tudo, né? Eu consegui salvar três, num canto da casa. Quer dizer, e outra coisa que chama atenção lá é isso também, né, é a questão do desmatamento violento que eles fazem lá e desordenado. E a partir daí então eu estou recompondo porque o terreno ficou muito em aberto, em vazio, né? E estou plantando aos poucos, né? Agora (inint.) aprendendo, porque eu não conheço nada e o pessoal da terra também, isso é, poucos conhecem, né, são mais curiosos e a gente vai aprendendo mais com aquele pessoal do Rio que tem lá mais antigo, que já tem casa há muitos anos e eles é que vão dando informação, ou então quando um colega que é agrônomo vai lá, orienta o que que deve fazer pra melhorar a grama.
D
 O que que ele recomendou pra melhorar a grama ?
L
 Bom, pra melhorar a grama, uréia, né? Mas aí já vem outros e dizem que uréia é perigoso, porque é um produto químico, quer dizer, melhora, mas é uma melhora aparente, quer dizer, a gente encontra também nesses termos de agricultura, assim dessa agricultura mais de casa, muitas opiniões divergentes, né?
D
 E outros dizem o quê?
L
 Outros dizem por exemplo pra ir estrumando inclusive naturalmente. Quer dizer, outros dizem: joga pó de café, faz um buraco, joga toda comida aí, deixa a comida apodrecer, faz isso, quer dizer, as soluções assim mais, (risos) eh, diferentes possíveis, né? Não, porque realmente por exemplo o produto químico me chamou atenção, dava muito, eh, mato na grama, dava muito mato. Então... Eu não ligava e inclusive o primo que é agrônomo disse: ah, não, isso com o tempo acaba. Mas minha senhora cismava, ficava lá, que o mato estava estragando a planta dela, que o mato estava estragando a grama, não sei quê e tal. E então comprei um produto japonês, realmente o produto acabou com o mato mas também acabou com a grama. Ela virou palha, né? Quer dizer, agora a grama está vindo outra vez. Quer dizer, então realmente eu aí começei a ver que o produto químico, ele pode acabar mas ... Ou talvez tenha sido usado em excesso, mas foi usado dentro das recomendações inclusive das instruções e tudo. Ele acabou com o mato mas também a grama ficou toda feito palha, né? Nas regiões onde havia o mato ficou feito palha. Então, desde aí, tudo assim de produto químico eu uso com muita reserva, né, com muito cuidado. A não ser a parte de, de estrume, da, que eles chamam regra da grama, regar, reguar, regrar a grama na época, né, mesmo por exemplo cobrir a grama no inverno, eu tenho feito isso, aprendi também, não sabia que se cobria a grama no inverno.
D
 E seus filhos participam disso?
L
 Bom, eles participam e, por exemplo, a, o menor e o garoto, eles estão conhecendo mais do que eu. Quer dizer, eu estou aprendendo inclusive com eles, né? Inclusive as hortênsias todas que tem lá quem plantou foi ele, eh, quem escolheu foi ele, quem arranjou a, a muda foi ele, né? Quer dizer, o garoto. Quer dizer, vive levando plantas pra plan... pra colocar na casa, ele e a pequenininha, né? A outra não. A outra é um pouco indiferente, não liga. E são os que gostam mais lá, inclusive as árvores frutíferas foi a pedido deles, que apanharam na casa da avó as mudas pra levar, levar pra lá. Ele por exemplo conhece mais do que eu. Eu quando quero às vezes saber alguma coisa vou me informar com ele, né?
D
 Hum, hum. Então ela também tem casa lá, né?
L
 Quem?
D
 A sua mãe ou a mãe de sua esposa (sup.)
L
 (sup.) Não. A minha avó, a avó dele é a (sup.)
D
 (sup.) Mãe de sua esposa (sup.)
L
 (sup.) Mãe de minha esposa, ela não tem casa lá, mas ela tem uma, ela tem três casas em Mesquita, eles moram numa, numa casa grande e o 'hobby' dela e da filha, que é minha esposa, é esse negócio de planta, né? Então lá tem muita, eles chamam de sementeira, né? Vão plantando em, como é, em, em latas, em quadrados, até uma determinada época e transporta pra Teresópolis ou dá pros amigos ou, ou, ou leva às vezes até pro apartamento.
D
 E o que que orienta essa, esse plantio? É assim, é questão estética ou o uso, a produção ...
L
 Não, o que orienta ela, por exemplo, ela faz por, eu acho que, eh, mais por distração e 'hobby', porque não tem assim, vamos dizer, nem questão estética nem questão de, de venda, nada disso, de comércio, nada. Ela faz, dá pra filha, dá pros amigos, quer dizer, eu acho que mais por passatempo, né, como 'hobby'.
D
 Vem cá, se a gente tivesse que voltar pra idéia da comparação do, da, tipo de agricultura do nordeste com a do sul, eh, a gente sabe que há uma planificação, um aproveitamento maior de terra que diferencia um lado de outro. Isso te dá uma assim uma idéia geral em termos de produção brasileira, o que que isso significa? Produção agrícola brasileira.
L
 Como? A planificação ...
D
 É, porque começa aqui no sul a haver um aproveitamento mais, eh, sistemático, mais regular da terra, e no norte não.
L
 Bom, eu, eu acho que, eu não sei, no meu modo de ver o, o problema do sul se prende, vamos dizer, o maior desenvolvimento e tudo, primeiro à maior facilidade de circulação, né? Eu acho que o sujeito que planta no sul, ele mais facilmente chega ao mercado de consumo. E uma das coisas que me chamou atenção, e tira-se aqui mesmo pelo estado do Rio, por exemplo, vai-se a Vassouras, existe uma feira numa, num munícipio ali de Vassouras, Massambará, às vezes no Rio o preço do tomate está, vamos supor, exorbitante e tem tomate apodrecendo naquela feira por falta de transporte pro Rio ou sendo vendi... ou então o fazendeiro vendendo a um, a um preço, eh, que, vamos dizer, dá prejuízo. Quer dizer, então eu acho que no sul, o que existe no sul é uma maior circulação, havia maior estrada, maior facilidade de chegar à fonte de consumo e também o problema da industrialização. Porque eu acho que a industrialização ativa muito a agricultura e que no norte somente agora resolveram esses problemas todos de estrada, de problemas de rede elétrica, de eletricidade, tudo isso, uma série de fatores, aquele problema das secas e tudo, né, é que agora que está começando. Tanto que já se vê no vale do São Francisco, planta-se até uva. Quer dizer, e também eu acho que o pessoal do sul estava, vamos dizer assim, mais dentro da parte técnica, plantando em curvas de níveis e tal, enquanto que no su... no norte a coisa era feita mais no empirismo. Como a gente no, vê no estado do Rio, quer dizer, o que o sujeito fala é tudo na base do empirismo, de, de, na base de chá, na base disso e daquilo, também se aplica à agricultura. No meu modo de ver, a diferença que eu vi quando garoto, que já fazem anos, quer dizer, há muitos anos que eu não voltei lá, o que me chamou atenção eu acho que se devia a essa parte, porque mesmo naquela época, já em cinqüenta, quarenta e poucos, era isso: o maior poder que o sul tinha em circular suas riquezas e o parque industrial do sul.
D
 E em conseqüência disso assim, o que que o sul produz em termos de agricultura?
L
 O sul? Bom, o sul produz hoje soja, né, ah, praticamente é toda exportada, produz arroz, trigo, né, muitas leguminosas assim que eu ... O café já foi grande, agora inclusive parece que há problemas, começou a faltar, né? Já há problema com o café, inclusive parece que já está havendo até estímulo à plantação do café. O que se planta mais no sul?
D
 É, inclusive assim em termos de formação brasileira, toda nossa história se prende a um ciclo de culturas, né, agrícolas.
L
 Bom, é, as, o ciclo da cana (sup.)
D
 (sup.) Nessa área do norte (sup.)
L
 (sup.) Norte, a cana-de-açúcar, é. Não, mas eu, eu também acho que, não sei, o ... Porque eu me lembro de quando eu era garoto, eu ouvia muito falar que o brasileiro era indolente, que aqui se jogasse a, na terra plan... Como é? Plantando tudo dá e hoje eu acho que a realidade é outra. Eu acho que houve assim um, um ufanismo muito grande e, e eu acho que a realidade é um pouco, um pouco diferente. Porque eu me lembro que sempre se dizia isso: não, plantando dá. E hoje está provado que nem todo terreno é propício a certas culturas, né? Agora, no sul também, o que eu vejo no sul é a influência do, do estrangeiro, né? Porque, por exemplo, eu me lembro que quando eu estive em Minas Gerais, à noite, dez, onze horas, chovendo, os japoneses iam de lanterna na plantação de tomates pra verificar problema de bicho, de praga, de não sei quê. Quer dizer, então era uma atenção contínua as vinte e quatro horas. E eu acho assim que nós, brasileiros, nesse ponto somos um pouco mais descansados, né? Agora que talvez estejamos aprendendo isso. Mas eu acho que o sul também foi beneficiado pela imigração, quer dizer, pelo japonês, pelo italiano, pelos eslavos, lá naquela parte de Curitiba e Santa Catarina, né? E mesmo no Rio Grande do Sul eu acho que houve assim uma influência muito grande do, do estrangeiro e uma influência, vamos dizer, mais positiva, no nível de cultura que eles vieram. Porque eu acho que, inclusive que, eh, o pessoal estrangeiro que foi pro norte me parece que não dava assim uma contribuição tão grande quanto deu o do sul em termos não só de agricultura como em todos os outros, né?
D
 E aí o fator climático deve (sup./inint.)
L
 (sup.) E o fator climático também (inaudível/fita com defeito)
D
 (inaudível/fita com defeito)
L
 (inaudível/fita com defeito) no, no norte?
D
 (inint.) diferença no norte, sul, por exemplo. Que tipo de, de cultura, que tipo de, de plantas, de frutas, de, eh, legumes e etc. é possível plantar no sul e (sup./inint.)
L
 (sup.) Não, mas hoje (sup.)
D
 (sup.) No norte? (sup.)
L
 (sup.) Não, mas hoje em dia com a técnica eu acho que isso está superado quase, eu acho que, eu acho que no norte hoje em dia pode-se plantar quase que igual no sul. Pelo menos, segundo consta aí, com as técnicas que existe, inclusive vale até exemplos de países estrangeiros, eu acho que a técnica evoluiu a tal ponto que hoje eu acho que o clima é um fator secundário na questão da, da agricultura. Eu acho que o que mais, no meu modo assim, a parte que prejudicou o norte foi a parte de formação. Quer dizer, a gente nota, não sei, uma, uma diferença, ou notava uma diferença grande entre o pessoal do sul e o pessoal do norte em termos de agricultura. Quer dizer, a coisa no sul já, há, há algum tempo já era feita assim com um caráter científico, enquanto que no norte era feito com empirismo e também dando-se assim muita desculpa, não sei, atribuindo-se muito ao clima o problema de, de não dar ou o problema disso e daquilo, né?
D
 Hum, hum. Então eu estou querendo assim (sup.)
L
 (sup.) Porque o sul (sup.)
D
 (sup.) Que você enumere em termos de nome. O nome dos produtos que o sul é capaz de produzir e o norte não produz.
L
 Bom, o sul por exemplo era capaz, eh, produz, vamos dizer, uva, trigo, que o norte me parece que não está produzindo, a não ser a uva, parece que agora já se tem plantações no vale do São Francisco, não tenho muita certeza, mas já ouvi falar sobre isso, né? Agora, uva, trigo, quer dizer, esses, vamos supor, esses, esse tipo de plantio que requer um clima mais ameno, porque no sul, bem ou mal, a gente quase que tem as quatro, vamos dizer, estações, enquanto que no norte praticamente eu acho que correm duas estações lá. Quer dizer, então eu acho que certos tipos lá, ainda, de planta, de, ainda não se conseguiram, né? O trigo por exemplo, eu acho que não se planta no norte, né?
D
 (inaudível/fita com defeito)
L
 Ah, tem certas coisas que o sul não tem. Não, inclusive as informações que eu tenho do norte atualmente, colegas que têm viajado, eles têm voltado de lá impressionados com o progresso do norte, achando que por exemplo em questão de indústria o pulo, principalmente Fort... na parte Ceará, Pernambuco, o salto, o, assim o salto foi muito grande, né? E que pra eles foi uma grande surpresa. Inclusive por exemplo não conheciam (inint.) o clima ameno que tem Campina Grande, né? Que inclusive se diz que Campina Grande é cidade serrana deles. Então, o que chamou muito atenção desse grupo de colegas que foi lá ao norte agora foi principalmente a parte industrial e essa indústria de, de artefatos.
D
 Hum, hum.
L
 A indústria de artefatos em que vários deles compraram trabalhos muito bons, que alguns que assim entendem qualificaram de excelente qualidade e que compraram lá no norte. Então mais, o que mais chamou atenção deles não foi a parte de agricultura, entendeu, foi justamente o pulo que eles, eh, o salto que eles deram na parte de indústria.
D
 Sim, mas e a industrialização de produtos agrícolas?
L
 Produtos agrícolas, mas do norte, né? Como babaçu, óleo de coroá e tal. Quer dizer, produtos nativos deles lá. Quer dizer, isso sim sofreu um grande impulso, né?
D
 Você tem idéia assim das coisas que estão sendo assim industrializadas?
L
 Não, não tenho idéia.
D
 Por exemplo, em termos de frutas?
L
 Não, em termos de frutas parece que há uma grande indústria agora de caju, né? Parece que é uma indústria (inint.) se eu não me engano. Caju, se não me engano, é um deles, né? Eu assim bem, não me lembro bem não, só mesmo esses assim que eu já ouvi falar, assim mesmo por causa da questão do imposto de renda.
D
 No seu dia-a-dia, como é que o senhor lida com, com os vegetais em geral? Quer dizer, seu tipo de alimentação (inint.)
L
 Bom, o meu tipo de alimentação mudou muito de oito meses pra cá. Eu era de comer bife com batata frita e ... Mas aí houve uns certos problemas, então de uns seis meses pra cá, a minha alimentação realmente é na base de legume e verdura, né, pouca carne e realmente me sinto bem melhor. Houve assim, vamos dizer, no início, problemas assim de sistema nervoso, mas mais por causa de uma dieta que fui obrigado a fazer e cortar o açúcar, mas me sinto bem melhor, sabe?
D
 Que legumes e verduras o senhor usa?
L
 Todos. Bom, tudo, eh, espinafre, alface, dessa parte, como é? Couve, cenoura, como aqueles, como é? Uma que tem, pequenininha, como é? Brócolis, brócolis, né?
D
 É.
L
 E dessa parte de ... Olha (inint.) eu praticamente estou comendo de tudo agora. Eu só não como é aquele, como é? Eu não sei nem se é ... Acho que é ... É giló, aquele verde, né? Não sei nem se é ... Esse eu não como, isso eu não como. É a única coisa que eu não como, o resto eu como de tudo, sim. Agora, não comia não. Eu não comia. Não comia cenoura, não comia alf... nada disso. Alimentação típicamente de minuta.
D
 Você foi forçado por, pela dieta?
L
 Foi, problema de colesterol e glicose. E agora eu me sinto bem melhor, inclusive até mentalmente, mais lúcido, com maior capacidade de trabalho. Quer dizer, aí eu vi que realmente eu estava ... (risos)
D
 Então a alimentação dos seus filhos e da sua esposa é diferente da sua, né?
L
 A alimentação é. É porque, é o seguinte, é porque eles almoçam e jantam em casa. Eu não almoçava nem jantava em casa, né? Agora que eu estou almoçando em casa e jantando algumas vezes em casa. Mas eu, devido ao horário de trabalho, eu almoçava e jantava na rua, então era muito mais prático pedir um bife com fritas e, quer dizer, um prato de minuta, né? Agora, a alimentação deles é diferente, eh, sempre foi baseada em legumes e verduras por causa de minha senhora que inclusive tem descendência alemã, é muito pouco assim afeta a esses pratos tipicamente nossos, né? É mais ... Ela come mais aquele tipo de comida alemã.
D
 E quais são assim essas legumes?
L
 Qual?
D
 Deles.
L
 É de todos. Eles, eles comem de tudo quanto é legume. Todos eles.
D
 A gente está querendo os nomes (risos/inint.)
L
 Olha, esp... (sup.)
D
 (sup.) É que fica um negócio assim meio primário (sup./inint.)
L
 (sup.) Certo. Espinafre, tem um que é parecido com espinafre, deixa eu me lembrar o nome aqui. Como é? Eh, couve, couve-flor ... Legume, eu vou citando tudo: vagem, cenoura, chuchu, como eu já disse, brócolis.
D
 E frutas?
L
 Fruta? Laranja, banana, maçã, melancia, melão, uva, pera.
D
 Existe preferência assim por um tipo especial de fruta? (sup.)
L
 (sup.) Tem. Todos eles são malucos por maçã, não sei por quê. Gostam muito (sup.)
D
 (sup.) Qualquer tipo de maçã?
L
 Qualquer tipo de maçã. Seja daquela verde, da vermelha, da ... Qualquer tipo de, de, de maçã.
D
 E banana?
L
 Banana era eu, né? Eu era ... Eu comia qualquer ... Eu comia uma dúzia de banana por dia. Eu adoro banana. Eu acho banana a coisa mais (sup.)
D
 (sup.) Qualquer tipo também?
L
 Qualquer. Banana-dágua, ouro, maçã, todas. Qualquer tipo (sup.)
D
 (sup.) Diz que banana baixa o colesterol!
L
 Heim?
D
 (inint.) ouvi aí que comer banana baixa o colesterol.
L
 Bom, o, o me... o meu não baixou. Você sabe que eu comecei a comer e não baixou não. Agora, há também uma teoria que dizem que colesterol é de fundo nervoso. Eu melhorei da glicose, mas a banana não é pelo colesterol, a banana é pelo problema da glicose, né?
D
 Hum.
L
 Banana, abacate, uva, mesmo problema de glicose. O colesterol não me cortava a banana não. Mas eu parei de comer por causa do problema da, do açúcar, que ela transforma o ... Quer dizer, então eu parei de comer por causa disso. Agora, eu de vez em quando compro, né, na estrada, uma penca de banana-ouro e vou comendo a viagem inteira. (riso)
D
 E qual é a alimentação do brasileiro em geral? Sua senhora não gosta do, do que é típicamente brasileiro, né? (sup.)
L
 (sup.) Não, não é tipicamente brasileiro (sup.)
D
 (sup./inint.) que é que o brasileiro come em geral? (sup.)
L
 (sup.) Por exemplo, ela acha, por exemplo, ela ... Por exemplo, desde que eu conheço a minha senhora, vamos supor, eu, trinta e sete. Quer ver? Eu conheci, eh, ela tinha quatorze. Eu conheço ela há vinte e dois anos, quer dizer, bem garota. E sempre, desde aquela época, ela estran... ela comentava muito isso, que nossa alimentação é feita na base da carne, né? Carne, vamos dizer, só aquela carne de vaca e tal. Então eu, eu por exemplo: na casa dela eu fui aprender a comer miolos, que eu nunca tinha comido, né? Então eu comi, a início enganado, né? Me deram o miolos à milanesa, quando eu estou no meio, me perguntaram: você sabe o que você está comendo? Eu digo: está com gosto de rins e tal. É miolo, miolos, né? Aí eu fiquei horrorizado. Quer dizer, então eles têm assim uma alimentação um pouco diferente. Quer dizer, eles usam muito miúdo de porco, outros animais, como por exemplo coelho, quer dizer, é muito mais rica, eh, em cereais e legumes e leguminosas, né? Por exemplo, eles comem muito aquelas saladas com aquele feijão-branco, com cebola, né, e coisa que eu não via por exemplo no meu círculo, eh, de amizades, assim, dos colegas. Via na casa dela, quando se reunia aqueles grupos de avós e de pais, tudo alemão, né? Quer dizer, então, era uma comida assim mais variada. Quer dizer, saía daquele dia-a-dia nosso do feijão com arroz, bife. Quer dizer, era mais variado, né, nesse sentido, né? E até hoje ela não ... Pra ela, por exemplo, muitas vezes lá em casa tem, pra ela tem, tem, como é que se diz? Ela faz bife de fígado, que a garotada não gosta muito. Mas, quer dizer, então a, a alimentação dela é mais variada do que a minha e do que a dos próprios filhos, né?
D
 Agora, o brasileiro em geral ele, ele se alimenta como você falou aí, arroz, feijão. E no norte do Brasil também?
L
 Não. No norte do Brasil é a carne-de-sol, a carne-do-sol e o feijão, quando eles têm feijão, né, com aquela farinha que eles ficam fazendo aquela massa. Pelo menos eu vi muito eles comerem isso, inclusive a nossa empregada lá em casa, mesmo quando nós estávamos lá no norte, ela não comia a nossa comida. Ela pegava a carne dela e deixava na janela, dias ali e comia daquela carne, né? E o pessoal falava: pô (inint.) não, ela gostava, achava que era melhor, né? E mesmo tendo outras comidas ela comia o feijão, era, vamos supor, três colheres de feijão, meio pacote de farinha e ficava aquela, aquela papa, né? Bom, isso do que eu me lembro assim, daquela minha época de garoto, que me chamou mais atenção mais foi isso, né? A carne e a, e a farinha, né?
D
 E vocês usam algum tipo de planta assim, por exemplo, eh, com algum efeito pra curar doenças?
L
 Não.
D
 Mas conhecem, não conhecem?
L
 Heim?
D
 O senhor conhece (inint.)
L
 Não, eu ouço falar mas, olha, eu s... não uso nenhuma dessas plantas, né? Aliás, a única que eu usei uma vez, assim mesmo eu acho que não é planta, é parece que uma fruta, me parece que é uma fruta que vem da Bahia, pra problema de sinusite, né? É a cabaça, né, como eles chamam. Tem um outro nome que eu não sei qual é. Foi um colega que inclusive trouxe. Essa eu usei uma vez pra fazer inalação. Mas fora disso, não uso planta nenhuma e o conhecimento mesmo é muito pouco.
D
 O senhor conhece assim alguma folha para chá (sup./inint.)
L
 (sup.) Não, conhecer, não, eu só ouço falar, né? Ouço (sup.)
D
 (sup.) Ouve falar de qual? (sup.)
L
 (sup.) Principalmente lá em Teresópolis, né, eles curam ... Lá em Teresópolis, o pessoal de lá mesmo só se trata na base do, da folha, né?
D
 Ham.
L
 Aquelas folhas de mato de lá. Tem uma que eles dizem que é muito boa pra isso, pra gripe, pra dor de ouvido, pra dor de dente, né? Aquelas folhagens que dão lá, né?
D
 Não sabe o nome de nenhuma?
L
 Não, o nome assim de nenhuma não sei. Mas eu sei que eles de vez em quando mostram: ó, isso aqui é muito bom pra isso e tal. Mas não tomo conhecimento não. (riso)
D
 Agora vamos mudar um pouco o assunto. Eu queria ter uma idéia, assim: fala-se do problema de desmatamento e eu queria ter uma idéia de aproveitamento de vegetal no Brasil. Desde a idéia assim de, eh, artesanal de, e industrial, até o problema assim de uso de madeira (inint.) eh, o problema de desmatamento, de plantação de novas (sup.)
L
 (sup.) Não o (sup.)
D
 (sup.) Árvores, destruição e que utilizações se tem feito em termos industriais da parte assim de madeira (inint./sup.)
L
 (sup.) Certo. Eu, eu, eu quando falei desse negócio de desmatamento, me chamou atenção pelo seguinte, porque, por exemplo, o, o desmatamento que se fez lá, por exemplo, onde, na, na região onde eu tenho a casa, foi um desmatamento, vamos dizer assim, desordenado e que não havia, vamos dizer, nenhum, uma tradução em nenhum bem. Era simplesmente pra pegar lenha. Entende-se. Um lugar, vamos dizer, de clima relativamente temperatura baixa, aquela lenha devia de ser de certa utilidade pra, pro pessoal de poder aquisitivo menor. Mas, quer dizer, a grande finalidade daquele desmatamento ali foi pra lenha e desordenado, sem plantar coisa alguma, né? Quer dizer, não houve ali nenhum cunho, vamos dizer, industrial, porque eram árvores às vezes de pequeno porte ou árvores de pouco valor.
D
 Como é que eles derrubam isso?
L
 Eles lá? Da maneira mais precária possível, né? Inclusive é comum acidentes. Eles derrubam, um amarra a corda de um lado, o outro fica com a machadinha. Quer dizer, não há, vamos dizer, técnica nenhuma, né? A coisa mais elementar possível, inclusive é comum lá a árvore às vezes cair em cima de um deles, né? Quer dizer, não há técnica nenhuma lá. Agora, o que se ou... o que eu, eu ouço falar é que esse problema de desmatamento no Brasil é muito sério, porque há esse outro lado e que se desmata e tira madeira pra industrialização em vários sentidos. Quer dizer, eu acho que a maior parte do desmatamento, quer dizer, a grande utilização que faz é pra madeira. Mas não é feito dentro de uma planificação, quer dizer, pra cada uma que se derruba, não estava se plantando. Agora que está se acordando pra esse problema, né? Agora, na parte que eu vejo aí mais beneficiada com esse desmatamento é a parte de celulose, né? É a parte toda aí de papel, né, que, de celulose de uma maneira em geral é a que mais está se beneficiando aí desse desmatamento do, desses produtos assim. Agora, também no norte atualmente, estão com muitos pro... com idéias de utilização de g... Como é? De óleos vegetais, né? Estão utilizando lá. Assim que eu me lembre ou saiba ...
D
 E em termos assim de substituição, o que que se está derrubando e o que está pondo no lugar, em termos de vegetal?
L
 Bom, eu acho que agora já há uma ce... um certo cuidado, porque até bem pouco tempo eu acho que o desmatamento estava em escala, vamos dizer assim, muito maior do que o plantio, né? E a gente vê aqui mesmo pelo, até pela própria Guanabara, né, que o verde está sumindo gra... gradativamente, né? Cada dia que passa, menos verde existe. Mas agora parece que já há um certo planejamento, apesar que pessoas por exemplo, ligadas ao ramo, o que sempre dizem que o grande mal da agricultura nossa é a falta de planejamento. Inclusive eles citam muito comumente esse problema da soja. Nós passamos a ser praticamente o maior exportador de soja. Em compensação, o café ficou pra trás. Quer dizer, não há uma planificação, quer dizer, não há uma distribuição, parece que ainda não chegamos naquele estágio de fazer uma plantação de acordo com os interesses da região. Quer dizer, quer dizer, atualmente parece que a grande preocupação é a exportação. Então planta soja, se exporta, mas por exemplo já o café está deficiente, já (inint.) fala-se em importar feijão. Quer dizer, falta um planejamento, quer dizer, fazer um plantio racional, quer dizer, que atenda também ao mercado interno, aos interesses da região, que, como existe nos Estados Unidos, por exemplo, em que o fazendeiro tem toda ajuda e tal, mas ele vai plantar aquilo que for do interesse não só dele como também de interesse da coletividade, do governo e tudo. Quer dizer, então, ainda outro dia, conversando com uma pessoa que inclusive é engenheiro agrônomo, ele dizia isso, que o grande mal que ele achava na agricultura era esse, e citou o caso da soja. Nós já queimamos café, agora estamos já com problema de café, escassez de café, porque todo mundo largou a cultura de café e correu pra soja, por causa do problema de exportação. Quer dizer, ele acha que está certo que se plante soja, que se exporte, mas que haja, que seja feito dentro de um certo planejamento, não prejudicando as outras culturas, né? É como você falou, eu acho que nós passamos por aquele problema de monocultura eternamante ou então está arraigado ao sentimento do povo. Eh, foi a época da cana-de açúcar, eh, foi o ciclo do café e sempre com algumas culturas ancilares, mas nunca que fossem de maneira a atender a, a ofe... a procura, demanda do mercado. Quer dizer, eu acho que nós ainda, apesar de dizerem que não, mas nós ainda estamos naquela fase da monocultura. Quer dizer, agora por exemplo praticamente nossa agricultura lá está toda baseada na soja, né? Quer dizer, passamos a ser o maior exportador de soja do mundo, quer dizer, estamos vivendo, vamos dizer assim, o ciclo da soja, né? No entanto, nós, eu acho que de cada dez brasileiro, na alimentação, a não ser no óleo de soja, mas, quer dizer, como alimentação mesmo eu acho que o brasileiro não tem hábito algum disso.
D
 Agora, outra coisa, você tem idéia assim de utilização de tipos de gramíneas para a, gado e (sup./inint.)
L
 (sup.) Não (sup.)
D
 (sup./inint.) animais de modo geral no Brasil. Não. Outra coisa também, eh, no norte predomina isso, Minas muito, São Paulo também, essa fase de desmatamento, houve assim uma preferência muito grande por determinado tipo de madeira, né?
L
 Hum, hum.
D
 Eh, inclusive pra indústria de móveis ... Tem uma idéia de quais são as madeiras mais usadas? Têm sido assim praticamente exterminadas.
L
 É, essas que fornecem essas madeiras mais utilizadas em, em móveis e utensílios, né? Tanto que há quem diga que a maioria desses móveis que existem por aí, dessas madeiras mais caras, já não são nem mais da própria madeira e sim folheados, né?
D
 Hum, hum.
L
 Mas assim que eu vejo de maior utilização, assim, é o cedro, né, jequitibá, jacarandá. O pinho também muito utilizado, né? E uma coisa que eu vim a aprender, não sei se aprendi, eu não sei se a informação é certa: sempre disseram que o pinho é uma madeira de má qualidade, uma madeira inferior, mas agora certas casas ou certas construções que eu visitei trabalham com um tipo de pinho que nunca deu problema porque já se faz um ce... um tratamento lá na madeira e nunca deu problema pra esses que trabalharam com o pinho. Você queria saber madeiras que ... As mais utilizadas?
D
 É, as que são mais utilizadas e as que estão plantando pra substituir isso.
L
 Bom, aí eu não tenho idéia não. Do que estão plantando pra substituir não tenho idéia. Sei que há uma camp... (sup.)
D
 (sup.) Parece que há uma espécie de lei que obriga, né (sup./inint.)
L
 (sup.) Agora há. Agora há. Agora há uma lei aí que parece que obriga, né? Pra se ... Cada tantas derrubadas, tem que plantar um número delas, né? Inclusive o ... Parece que até pra loteame... Lá mesmo, no loteamento onde havia uma reserva como eles chamam, reserva biológica, e eles resolveram, lá numa determinada derrubaram toda, começaram a derrubar a reserva e foram impedidos. Parece que a própria prefeitura lá do local proibiu, né? Porque parece que agora inclusive no próprio loteamento tem que haver uma reserva biológica, uma reserva, uma parte que não se desmate toda, né? Pra não transformar naquela, aquele mundo de concreto, né?
D

  Hum, hum (inint.).