« MAPA «
PROJETO NURC-RJ

DIÁLOGOS ENTRE INFORMANTE E DOCUMENTADOR (DID):

Tema: "Meios de Comunicação"
Inquérito 0015
Locutor 0018 - Sexo feminino, 31 anos de idade, pais não-cariocas, advogada. Zona residencial: Sul
Data do registro: 09 de novembro de 1971
Duração: 40 minutos


Clique aqui e ouça a narração do texto


DOC. -  Eu soube que foi escolhido pra você, eh, meios de comunicação e de difusão. Então eu vou fazer umas perguntas que eu gostaria que você respondesse pra não ficar (inint.) apenas (inint.) e tentar desenvolver mesmo que você tenha que dar informações, outras informações a respeito de você, de sua vida (inint.) quais são assim os meios de comunicação que você conhece (inint.)
LOC. -  Telefone, bom, televisão, rádio, telegrafia e telecomunicações, que é mais moderno agora. Enfim ...
DOC. -  Quais são os que você mais utiliza?
LOC. -  Telefone, o que eu mais utilizo.
DOC. -  Às vezes, essas perguntas vão lhe parecer muito idiotas, mas é como eu já expliquei, isso é pra um projeto universitário. Bom, quais são, quais os tipos de comunicação que você mais ... À longa distância você também só utiliza o telefone?
LOC. -  No caso seriam telecomunicações através dos telegramas, né?
DOC. -  Se você quisesse, eh, dizer mais coisas do que um telegrama comporta (inint.) algum parente que estivesse numa cidadezinha distante, estivesse na Europa, estivesse no Rio Grande do Sul assim ...
LOC. -  Não, o mais distante que nós já tivemos aqui, no caso, foi lá em Fortaleza e usa... e usou-se o telefone e também o rádio-amador, né, que facilita muito pra esses casos.
DOC. -  Mas nunca, nunca, quer dizer, sempre usando uma comunicação oral, né?
LOC. -  Oral.
DOC. -  Nunca, nunca usa uma comunicação escrita, sem ser telegrama?
LOC. -  Raramente, raramente.
DOC. -  Quer dizer que você não gosta de escrever cartas?
LOC. -  Não é que não gosto. Geralmente não tem pessoas assim conhecidas e parentes longe pra eu poder ter oportunidade de escrever cartas. Eu uso telegrama.
DOC. -  É, mas (inint.) você conhece esse tipo de comunicação, através, através de cartas, né? Bom, (ruído) você, você sabe, você podia enumerar como é que se faz a distribuição pelo correio? De que maneira ... Há várias, há várias espécies de carta, né? Há várias, há várias possibilidades de você enviar uma carta, né? Você sabe?
LOC. -  É. A comum, naturalmente, que é uma carta assim dentro do, do próprio estado, ou então por via aérea, registrada, e quando muito aquele tipo extra, né, que vai mais por rádio e telecomunicações, quer dizer, não é bem o transporte da carta em si.
DOC. -  Dentro dessa modalidade de via aérea que você falou, você manda uma carta pelo correio, você sabe que há, que você tem opções, não é? No correio você inclusive tem a tarifa diferente.
LOC. -  É, se ela vai ser expressa, ela é registrada. E agora tem um tipo de comunicação A.R. que faz aviso do recebimento, né? Mas isso mais é pra documentos oficiais e tudo, é pra ter a garantia de que recebeu. Mas no caso é mais pra comunicação oficial, né?
DOC. -  E o correio, você só conhece por via aérea, quer dizer, as cartas só podem ir por avião?
LOC. -  Não (inint.) geralmente de malote: de avião, trem, né? Mas, eh, trem é já mais antigo, né, e demorado.
DOC. -  Por exemplo, pra minha terra, pra Manaus, quando ... Antes do avião, como é que se fazia para se comunicar? Como é que as pessoas faziam pra se comunicar? Elas escreviam, não é mesmo?
LOC. -  Bom, acredito que só poderia ter sido por navio, né?
DOC. -  E essa comunicação de correio por navio, você chamaria por um nome (inint.)
LOC. -  Um nome especial?
DOC. -  É.
LOC. -  É, seria um transporte marítimo, agora nome exato dado pelo correio eu não sei.
DOC. -  Agora você sabe que ... Por exemplo, você já viajou?
LOC. -  Já.
DOC. -  Você já fez alguma viagem? Pra onde?
LOC. -  Eu já viajei quando eu tinha uns oi... onze anos, pra Buenos Aires e Montevidéu. O exterior somente isso. Agora, dentro do Brasil: Brasília, Goiás, Goiânia, né, eh, Belo Horizonte, enfim, Minas quase toda, São Paulo, Fortaleza, só.
DOC. -  Por exemplo, você nunca mandou pra sua família ou pra amigos, não sei, além de cartas, além de telegramas, um outro tipo de coisa que você poderia (inint./sup.)
LOC. -  (sup.) Já mandei um postal, um cartão postal e também, uma espécie de correio interessante, por exemplo, tive a oportunidade de uma prima que ficou noiva em Belo Horizonte, eu além de ter mandado um telegrama, mandei uma 'corbeille', quer dizer, foi uma, uma casa de flores que tinha outra filial lá e eles lá remetiam a 'corbeille' com o telegrama.
DOC. -  Mas você sabe que existe também, eh, no Brasil e na Europa, não é? Se você está em Roma, se você quer, quer oferecer um, umas rosas pra sua mãe que faz anos, você pode, né?
LOC. -  Caixa de bombom também, não é?
DOC. -  É, caixa de bombom. Como é que chama, você podia descrever o mecanismo pra colocar uma carta, não é? Você poderia descrever pra mim o que é que acontece (inint.)
LOC. -  O que é preciso fazer? Bom, comprar o selo, selar a carta e colocar no local determinado e pagar também o selo.
DOC. -  E se ela fosse registrada?
LOC. -  Tem o carimbo próprio, né? Tem que se pedir, porque a registrada, eles colocam o carimbo próprio.
DOC. -  Quer dizer (inint.)
LOC. -  Nem sempre, né? Inclusive, há certos lugares que têm uma máquina de selar. Então a carta já vai (inint.) o, o lugar onde vai remeter as cartas já entrega ao correio as cartas seladas por uma máquina própria.
DOC. -  Essas cartas, elas, elas têm uma, uma aparência especial, não é? Elas têm um formato especial, não é? Ou como é? As folhas de papel vão soltas, como é?
LOC. -  Bom, tem umas que são dobradas em envelope, tem envelope comum, que bota fora, que dobra feito envelope, né? Agora, tem outros não, que são envelopados e no envelope vem a, o selo, né, da máquina.
DOC. -  Quando você envia uma carta ao Rio, você, eh, na posição de enviar uma carta, você tem um nome, né?
LOC. -  Do destinatário?
DOC. -  O destinatário, quem é?
LOC. -  Destinatário é a quem vai ser enviada a carta.
DOC. -  Como é?
LOC. -  A quem vai ser enviada a carta.
DOC. -  E quem envia a carta?
LOC. -  É o remetente.
DOC. -  Agora, pelo correio só se pode enviar cartas? É o único serviço que o correio oferece?
LOC. -  Não, eh, pode-se enviar qualquer objeto, né? Inclusive ... Bom, dinheiro geralmente através do banco, né? O correio nunca aceita, mas a cai... objetos em geral podem ser enviados pelo correio.
DOC. -  Bom, e naturalmente você tem que pagar, não é, pra isso ser enviado? (sup.)
LOC. -  (sup.) Tem, tem que pagar uma taxa e tem que dar um valor presumível do objeto também, né?
DOC. -  Agora, me diz uma coisa, esse pagamento, ele tem, tem um nome? Você conhece?
LOC. -  Bem, isso é uma taxa. Eu não sei qual é o nome que se dá.
DOC. -  Tá. Agora, passando pra outro tipo de comunicação que você conhece também, o telefone. Como é que você chama, você vai chamar alguém por telefone, neste ato você tem um nome especial pra isso?
LOC. -  Bom, acho que eu chamo simplesmente de telefonar, né? Mas pode ser também uma comunicação telefônica.
DOC. -  Haveria outro nome por acaso?
LOC. -  Não conheço não.
DOC. -  Por exemplo, em chamadas à longa distância e chamadas curtas, você vê diferenças nelas?
LOC. -  Vejo. Geralmente as de longas distâncias são por intermédio de rádio, né? Inclusive, certas cidades é muito mais rápido do que outras, às vezes, mais perto que não têm esse tipo de, de comunicação através do rádio e agora, a, a, quer dizer, a EMBRATEL, que é uma empresa de comunicação que está sendo criada conti... (sup.)
DOC. -  (sup.) Como é que se chama?
LOC. -  (inint.)
DOC. -  Você conhece (inint.) na praça Mauá existe. Você chega lá e a pessoa instala lá no local, não é (inint.) ela também vai no local semelhante ao que tem aqui. Então a mensagem, ela é enviada, ela é batida numa máquina de escrever comum e ela é enviada. Você conhece esse tipo de comunicação? Na mesma hora a pessoa recebe e responde?
LOC. -  Não conheço não.
DOC. -  Nunca usou, né? Nem nunca viu, né?
LOC. -  Nunca usei.
DOC. -  Bom, você tem telefone aqui na sua casa. Você podia descrever o seu telefone? De que que ele se forma, como é que ele ...
LOC. -  Bom, o telefone, daquele tipo normal, é preto, inclusive, ele é composto de quê? Vamos dizer, do disco, do, do fone ... Agora, por dentro eu não sei.
DOC. -  Me diga uma coisa, você faz diferença entre ligação interurbana e ligação internacional?
LOC. -  Ah, faço.
DOC. -  Por quê?
LOC. -  Bom, interurbano, contam ... No caso, aqui, eu tenho, nunca fiz uma ligação internacional, eu não sei, mas eu acredito que nós devemos dar primeiro o local do interurbano, né? E de lá pedir uma ligação internacional. Agora, o internacional é como eu estava dizendo, né, às vezes, às vezes é mais rápido do que u... uma ligação interurbana que às vezes é pra Belo Horizonte, é dificílimo, demora duas, três horas. E às vezes pra Fortaleza, na mesma hora que nós já conseguimos. Inclusive na mesma hora por causa da diferença de, da aparelhagem, né?
DOC. -  Quando você chama uma pessoa ao telefone, você disca pra casa dela, né? Liga pra casa da pessoa e o telefone dá um ruído assim interrompido. Com isso, evidentemente, a ligação não se faz ...
LOC. -  Comunicação.
DOC. -  Como é que você diz?
LOC. -  Como eu digo? Bom, que está em comunicação ou então que está ocupado, também.
DOC. -  E quando não dá nenhum, não dá nenhum ruído, nada, nada? E quando esse telefone não recebe as chamadas?
LOC. -  A ligação não foi completada, né?
DOC. -  Sim, eu sei. Mas o que que está acontecendo com ele? Com o aparelho?
LOC. -  Está quebrado.
DOC. -  Você conhece ... Agora, há várias, há algumas ocorrências com o telefone, você sabe, né? Às vezes você está falando com uma pessoa e existe alguma coisa, entra uma terceira pessoa que não tinha nada a ver com a história, né? Você conhece esse tipo de ocorrência?
LOC. -  A chamada linha cruzada, né? Interferência?
DOC. -  Agora, passando pro, pra parte de telégrafo. Você já passou vários telegramas na sua vida, né? Você podia descrever o mecanismo? Como é? As coisas necessárias?
LOC. -  O necessário é preencher o telegrama naquele papel próprio, né, e entregar e pagar.
DOC. -  E há tipos diferentes de telegrama ou só há um tipo padrão de telegrama?
LOC. -  Há o tipo comum, telegrama comum pelo correio, como se diz. E o telegrama, e o telegrama também que, inclusive, eh, na própria, na própria casa a pessoa telefona e dita o telegrama.
DOC. -  Mas me diga, e quando você tem muita pressa de (inint.) existe alguma possibilidade de você indicar isso ao correio?
LOC. -  Acho que eu desconheço.
DOC. -  Tá. Agora, o pessoal que trabalha, por exemplo, a pessoa que vai entregar o telegrama?
LOC. -  A pessoa que vai entregar?
DOC. -  É, que entrega o telegrama, que entrega carta.
LOC. -  Carteiro, que se chama?
DOC. -  Você não chama por outro nome não, né?
LOC. -  Não, chamo de carteiro.
DOC. -  Você sempre chama de carteiro. E a pessoa encarregada de transmitir a mensagem?
LOC. -  Pelo telefone?
DOC. -  Sim, pelo telefone ou por essa comunicação telegráfica.
LOC. -  Bom, pelo telefone, geralmente, é (inint.) quando a pessoa recebe pelo telefone antes do telegrama chegar. Como eu chamo essa pessoa? Nunca chamei.
DOC. -  Agora me diga uma coisa, você poderia passar um telegrama pra alguém, não é? E já esperando a resposta, não é verdade? Você sabe que há essa possibilidade, não é, de passar um telegrama pra uma pessoa e já esperando a resposta, quer dizer, você se responsabiliza monetariamente pela resposta.
LOC. -  Certo.
DOC. -  Você conhece o nome típico dessa modalidade?
LOC. -  Não conheço não.
DOC. -  Você não conhece, mas você sabe que existe, né?
LOC. -  Sei que existe, mas eu não conheço o nome.
DOC. -  Agora, vamos passar pra imprensa, pra jornal. Você podia enumerar pra gente, pra, assim, os tipos de jornais que você conhece?
LOC. -  Os nomes dos jornais ou ...
DOC. -  Não, não é os nomes. Você, você acha que existem jornais, tipos diferentes de jornal?
LOC. -  Eu acho que existem jornal de esporte que as notícias geralmente soma todo esse tipo de atividade no jornal, imprensa e ... Politicamente, o jornal do governo, o jornal da oposição, ou então, o jornal neutro no caso. E também, o, o conhecido como O Pasquim, né, um jornal subversivo.
DOC. -  Pra você O Pasquim seria que tipo de jornal?
LOC. -  Bom, pra mim, acredito que seja um jornal subversivo, né?
DOC. -  Por quê?
LOC. -  Porque ... Eu nunca li. Francamente, eu nunca li. Mas eu sei que é um jornal que, vamos dizer, que seja socialista e tem as idéias assim desse tipo.
DOC. -  Você sabe que saem histórias, né? Histórias, historietas, né? É quadrinhos, não é verdade?
LOC. -  Inclusive eu sei que n'O Pasquim tem inclusive artigos interessantíssimos, que grandes intelectuais escrevem n'O Pasquim, mas eu nunca li.
DOC. -  Que outros tipos há na banca de jornal? Você já falou esportivo, político, que outros tipos?
LOC. -  Jornal, conheço por exemplo o jornal do Gil Brandão. É um tipo mais jornal pra, pra mulher, né? E, o que mais? Jornal dessa parte de anúncios, mas aí já é junto de um outro jornal, né?
DOC. -  Você conhece um jornal chamado Domingo Ilustrado?
LOC. -  Já ouvi falar.
DOC. -  Você sabe que ele só sai aos domingos, né? Por isso que ele se chama Domingo Ilustrado. Você vê diferença entre esse jornal e o Jornal do Brasil, por exemplo?
LOC. -  Eu não sei qual é a diferença porque eu nunca li Domingo Ilustrado. Eu sei que ele existe mas nunca li.
DOC. -  E você costuma ler jornal?
LOC. -  Leio.
DOC. -  Que jornal você lê?
LOC. -  Leio o Jornal do Brasil e O Globo.
DOC. -  Bom, você ... O Jornal do Brasil e O Globo são exatamente iguais?
LOC. -  Eu acho bem diferentes um do outro.
DOC. -  Por que que você acha que são diferentes?
LOC. -  Eu, francamente, eu gosto mais do Jornal do Brasil só aos domingos, porque ele é o jornal mais completo de todos. Pra ler diariamente eu prefiro O Globo.
DOC. -  Você sabe qual é o horário do Jornal do Brasil e d'O Globo, o horário de saída, de colocação nas bancas?
LOC. -  Da primeira edição?
DOC. -  Sim.
LOC. -  Deve ser umas quatro horas da manhã, né?
DOC. -  Os dois saem de manhã?
LOC. -  Os dois saem de manhã e à tarde. Bom, o Jornal do Brasil não sai à tarde.
DOC. -  É. Então, você vê, você vê alguma diferença nisso, quer dizer, um jornal que só sai de manhã e o outro que sai à tarde, você chamaria, teria nomes diferentes pra esses jornais?
LOC. -  Teria.
DOC. -  Como é que você chamaria?
LOC. -  O Globo, no caso, eu sei que só sai, sai de manhã e de tarde, mas também não sai aos domingos, né? E o Jornal do Brasil só sai pela manhã.
DOC. -  E um jornal que só saísse à tarde?
LOC. -  Seria vespertino, né?
DOC. -  Hum, hum. Bom, agora ... Você costuma ler O Globo e o Jornal do Brasil, será que você se lembraria quais as seções que compõem esses jornais? Existem seções, não é verdade? São especiais num determinado jornal. Um jornal é feito de várias coisas. Quais as que você se lembraria?
LOC. -  Vou lembrar d'O Globo porque eu leio diariamente, né? Primeira, primeira folha são as notícias mais em voga, mais importantes. Depois tem o noticiário internacional, tem o político, tem notícias do governo, tem o econômico, coluna social, parte criminal e anúncios fúnebres, e também certos artigos. E na prim... na primeira folha, geralmente, tem sempre um artigo do próprio jornal, né?
DOC. -  Como é que se chama esse artigo?
LOC. -  Eu acho que é artigo de fundo, né? O que mais?
DOC. -  Naquele segundo caderno ...
LOC. -  Segundo caderno tem sempre uma, um seriado, né? Tem a história em quadrinhos (sup.)
DOC. -  (sup.) Esse seriado o que é?
LOC. -  Varia, né?
DOC. -  Sei, mas o que é, o que é? É um artigo?
LOC. -  Ah, qual é o nome?
DOC. -  É um artigo, é uma história, o que é esse seriado?
LOC. -  Eu acho que não é nem artigo nem história. É uma seqüência talvez de um, que alg... alguém que está escrevendo escreve assim em, em capítulos. Mas não é, não é, não é nenhum livro que está sendo reportado no jornal. E também não é nenhum noticiário. É apenas ...
DOC. -  Isso é ilustrado, por acaso?
LOC. -  É.
DOC. -  As histórias são ilustradas, né?
LOC. -  É, sim.
DOC. -  Agora me diga uma coisa, por acaso você, por exemplo, você pode, você sabe que você pode comprar um jornal diariamente, né? Onde que você compra?
LOC. -  Ah, eu nunca compro. Isso tem sempre em casa.
DOC. -  Mas quem que compra?
LOC. -  Quem que compra é a empregada, o meu pai ...
DOC. -  Compra aonde?
LOC. -  Na Urca mesmo.
DOC. -  Mas onde especificamente?
LOC. -  Na banca de jornal.
DOC. -  E quem é que vende?
LOC. -  O jornaleiro.
DOC. -  Mas você sabe que você pode, você pode ter esse jornal sem ir ao jornaleiro comprar, né? Há uma outra possibilidade, né, não é?
LOC. -  Pode.
DOC. -  O próprio jornal, em si, vem diretamente pra você?
LOC. -  Pode, através da assinatura.
DOC. -  Essas assinaturas, eh, podem ser, ter modalidades diferentes ou não?
LOC. -  Pode. Conforme a pessoa quiser. Ou assinatura durante um ano ou o jornal todo dia ou só aos domingos.
DOC. -  Você conhece, por acaso, o pessoal que trabalha num jornal, a equipe que, que trabalha num jornal, você conhece?
LOC. -  Bom, eu já, já entrei num jornal, né? Parte de, de reportagem, né? E já tive, assim, oportunidade de ter contato com, com repórteres, inclusive, que vão fazer entrevistas.
DOC. -  Você conhece, sabe como é que se forma o jornal em termos de pessoal, hierarquicamente, por exemplo? Qual o autor (inint.) as pessoas mais importantes. Você já falou em repórter, que outras pessoas trabalham num jornal?
LOC. -  O redator-chefe e outros redatores. Agora, eu sei que, por exemplo, um artigo, um redator determinado escreve ou um repórter, quando vai ao local, escreve, mas tem que passar pro redator-chefe, que além de fazer, de corrigir, ele tem também que fixar aqueles gabaritos, saber de determinado tamanho e tem outros também que recebem, por exemplo, inclusive em agências próprias, recebem anúncios, notícias fúnebres ...
DOC. -  Agora me diga uma coisa, você conhece o mecanismo do jornal, fora disso, as ocorrências de um jornal, as coisas que acontecem normalmente num jornal? Por exemplo, como é que se faz um jornal? Você tem idéia?
LOC. -  A impressão?
DOC. -  É.
LOC. -  A impressão eu nunca assisti. Eu não tenho idéia. Acredito ... Não sei.
DOC. -  Ainda o do redator-chefe que você falou, do, do repórter, existe uma pessoa também importante que é a pessoa que ... Não é? Você sabe o nome dele? Dessa pessoa?
LOC. -  Que vai datilografar os textos? O impressor?
DOC. -  Você não conhece outro nome além de impressor?
LOC. -  Não conheço não.
DOC. -  Bom, o jornal é feito com papel, não é? Passando pra parte de papel, você conhece tipos diferentes de papel?
LOC. -  Do jornal?
DOC. -  Não, de qualquer papel.
LOC. -  Conheço. Não sei o nome dos tipos, mas conheço.
DOC. -  Mas você faria a diferença entre, por exemplo, o tamanho, pro tamanho do papel. Você faz diferença? Você conhece modalidades de papel?
LOC. -  Conheço. Pelo tamanho, conheço.
DOC. -  Quais são?
LOC. -  Mas não se referindo a jornal, né?
DOC. -  Não, não, de um modo geral.
LOC. -  Papel ofício, papel de carta, papel de memorando, papel pra filete, né?
DOC. -  Você gosta de ler?
LOC. -  Gosto.
DOC. -  Você tem livros na sua casa?
LOC. -  Tenho.
DOC. -  Bom, esses livros, como é que eles se apresentam externamente?
LOC. -  Encadernados, né? Geralmente ou encadernados com uma capa comum ou então em capa de couro.
DOC. -  Encadernado com capa comum significa o quê?
LOC. -  Não sei. Só sei que seria um livro mais barato, né, porque a encadernação é mais simples, mas eu não sei o nome específico.
DOC. -  Você, por acaso, conhece, eh, as partes que compõem um livro, ou seja, as partes externas? A capa? Bom, um livro tem duas capas, não é verdade?
LOC. -  Certo, tem a capa, a lombada ...
DOC. -  A lombada é o quê?
LOC. -  A lombada, eh, significa a espessura do livro, né?
DOC. -  Hum. Por exemplo, você, se você gosta de ler, já comprou algum romance. De um modo geral os romances, eles têm dentro, tem a capa, não é? Aqui, aqui dentro tem uma partezinha, né?
LOC. -  Que dobra, né?
DOC. -  É. Você sabe o nome disso? De um modo geral vem uma crítica muito sumária ou então alguma informação do autor.
LOC. -  Vem, ou então qualquer, vem qualquer ... Eu não sei o nome daquilo não.
DOC. -  Não sabe não? Não sabe como aquilo se chama?
LOC. -  Não.
DOC. -  A, a encadernação. Os seus livros são todos encadernados do mesmo modo?
LOC. -  Não, são bem diferentes.
DOC. -  Como eles são?
LOC. -  É desse tipo, a encadernação simples, a encadernação de couro, ou então (sup.)
DOC. -  (sup.) Os que são encadernados, os que têm a encadernação de couro, não são todos do mesmo formato, do mesmo jeito, da mesma encadernação?
LOC. -  Não, são diferentes.
DOC. -  Por que eles são diferentes?
LOC. -  Muitos têm a impre... são mais luxuosos, né, outros mais simples. Um tal... talvez em relevo, com alguma coisa em relevo. Outros simples, apenas com umas letras douradas ...
DOC. -  Hum. Agora me diga uma coisa, essa enca... encadernação que você chamou simples e a outra que a couro, né, encadernação de couro, eh, esse tipo de encadernação que é mais cara, como você mesma disse, ele só pode ser encadernado a couro? Só pode, o único material usado é o couro?
LOC. -  Hoje em dia já deve usar plástico também, né? Ou então uma espécie de papelão duro, com curva por cima. Acho que é só isso que eu conheço. E tem outro tipo também que, eh, geralmente é em álbum que eles fazem, que fica, parece um plástico em aspiral (sic) e um ... Não sei o nome, mas sei que seria uma bem liso assim, como se fosse aquele papel de radiografia.
DOC. -  Que tipo de leitura você costuma ter?
LOC. -  Varia muito, agora (sup.)
DOC. -  (sup.) Qual a sua profissão?
LOC. -  Eu estou me formando em, em advocacia agora, no, no quinto ano. Atualmente eu tenho lido ma... lido mais livro de direito, né, por obrigação. Mas eu leio de vez em quando outros, outros tipos de livros também. Mas não dá tempo quase (sup.)
DOC. -  (sup.) Você costuma ler ficção?
LOC. -  Ficç~ao, não. Eu não gosto (inint.)
DOC. -  E de poesia, você gosta?
LOC. -  Poesia também não.
DOC. -  Você também não gosta?
LOC. -  Eu gosto mais de romance, né?
DOC. -  Agora me diga uma coisa, a gente estava falando de seções de jornal. Por exemplo, o Ibrahim Sued é um homem que escreve num jornal. Que tipo de seção seria a dele?
LOC. -  Coluna social, né?
DOC. -  Por que se chama coluna social? O que é uma coluna social?
LOC. -  Seria assuntos da sociedade em geral. E também ele fala não só da sociedade como dos assuntos internacionais, fala do governo, enfim, tecem outras considerações ou então notícias assim de primeira mão, qualquer tipo de notícia de primeira mão. Principalmente quando se relacionem com pessoas da sociedade.
DOC. -  Agora, O Globo tem uma seção, como é que se chama? É em quadrinhos, né? Você conhece?
LOC. -  Quadrinhos?
DOC. -  Sim. Você costuma ler quadrinhos?
LOC. -  Não, n'O Globo não.
DOC. -  Nunca leu?
LOC. -  Ah, já, já li sim.
DOC. -  E você (inint.) quando você costuma ler quadrinhos?
LOC. -  Não costumo, mas às vezes eu leio quando a minha filha tem. Pimentinha, Luluzinha, Bolinha, Reizinho, sempre eu dou uma lida.
DOC. -  O que você acha de história em quadrinhos?
LOC. -  Eu acho interessante, mas são muito resumidas, né?
DOC. -  Esse resumidas o que significa: são muito resumidas?
LOC. -  São, elas não, talvez não transmitam uma idéia em seqüência. São todas intercaladas. Quer dizer, eu acredito que o quadrinho vai mais ao desenho do que o texto em si, né? Agora, acho que agrada e isso porque dá, a pessoa usa com as duas memórias, né, visual e a escrita, quer dizer, aquilo grava e talvez seja isso uma das ... Os que combatem a história em quadrinho, talvez seja isso uma dos defeitos, né, porque grava muito e (sup.)
DOC. -  (sup.) O que você acha da sua filha ler quadrinhos?
LOC. -  Ela lê só essa, só esse tipo de quadrinho que você está falando. É um livro assim ... Porque eu acho que seria assim tão rápido, uma coisa de dez minutos, quinze, não, de modo que seria mais pra distrair.
DOC. -  Dentro de uma perspectiva um pouco mais (inint.) o que você faria se, pouco a pouco as pessoas, os professores fossem, começassem a usar quadrinhos? Pouco a pou... eh, os livros didáticos em vez de serem pura e simplesmente escritos assim de uma maneira linear, eles começassem a usar quadrinhos, fossem escritos em quadrinhos, em forma de quadrinhos?
LOC. -  Eu acho que não podia ser somente em forma de quadrinhos. Agora eu acho que o quadro também ajuda. Por exemplo, minha filha tem um livro de história que é todo em quadrinho.
DOC. -  Como é que se chama esse livro?
LOC. -  Eu não sei o nome do livro. É história do Brasil que ela está dando e é em quadrinhos.
DOC. -  Você sabe qual é a editora que editou esse livro?
LOC. -  Também não sei.
DOC. -  Você conhece editoras, nomes de editoras?
LOC. -  Conheço algumas.
DOC. -  Quais as editoras que você conhece?
LOC. -   Eh, José Olympio, Vozes, Forense, Agir. Deixa eu ver mais ... Bom, agora não me lembro outra.