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PROJETO NURC-RJ

DIÁLOGOS ENTRE INFORMANTE E DOCUMENTADOR (DID):

Tema: "A cidade e o comércio"
Inquérito 0014
Locutor 0017 - Sexo feminino, 25 anos de idade, pais cariocas, assistente social. Zona residencial: Norte
Data do registro: 09 de novembro de 1971
Duração: 52 minutos


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DOC. -  (inint.) cidade e comércio (inint.) uma cidade, o comércio da cidade (inint.) gostaria de falar assim (inint.)
LOC. -  Sobre comércio e cidade, né?
DOC. -  É. Tudo que tiver (inint.) a respeito de uma cidade, eh (inint.) você é carioca, não é?
LOC. -  Sou.
DOC. -  Como é que você (inint.) descreveria o Rio de Janeiro como cidade?
LOC. -  Você está falando como cidade só ou põe comércio no meio também? Também? Você sabe (inint.) esse problema de comércio, cidade. Então eu estava mostrando o problema da, do Rio em estar ... O, o comércio normalmente é no centro, né? Tem o, o comércio no centro e tudo gira em volta daquilo. Então eu estava mostrando como o centro, o Rio não é centro, né? Fica, em termos assim, perto do mar, né? Porque o Rio não chegou a ser uma cidade redonda. Não sei se dá pra dar idéia, mas centro eu te... Inclusive eu acho engraçado que a gente continua chamando centro de centro, né? Mas ele não é um centro. Depois falando sobre a (inint.) eu estava lendo no jornal o problema da diversificação do centro comercial aqui no Rio. Passou pra Copacabana, Méier, Madureira. Inclusive que a notícia no jornal estava falando que, que o centro da cidade está meio morto, que a gente devia, devia animar mais a coisa, né? Botar mais movimento em termos dos turistas que vêm pra cá, que ficam nos hotéis do centro e não, e não pa... quer dizer, à noite o comércio já não existe mais. É feito uma cidade mais ou menos morta. O movimento mesmo vai pra Copacabana. É que ... Em termos turísticos eu acho que isso pode funcionar. Agora, em termos de povo eu acho que é muito melhor a gente ter um comércio perto de casa: em Copacabana, Saenz Pe~Hna, Méier do que ter que, ter que se deslocar de não sei de onde. Eu acho que não é o caso de São Paulo, né? Inclusive você não vê praticamente subúrbio, bairro, né, a gente não vê praticamente comércio nenhum. Eu acho que em termos de, aqui do Rio, eu acho que o negócio está mais bem distribuído. Acho que funciona mais.
DOC. -  Você falou em subúrbio e bairro. Como é que você dividiria, dividiria o Rio em zonas e o problema do Rio ser uma cidade- estado (inint.) como é que você vê isso?
LOC. -  Eu vejo o subúrbio ... Pra mim subúrbio ... Bem dentro do Rio, né? É do Méier pra lá. Eu não, eu não vejo, quer dizer, eu não sei bem como eu diferenciaria o subúrbio de bairro (sup.)
DOC. -  (sup.) Por exemplo a Ilha do Governador como é que você classificaria?
LOC. -  Pra mim seria bairro.
DOC. -  Seria um bairro?
LOC. -  Pra mim. Eu não faço muita diferença, eu acho (sup.)
DOC. -  (sup./inint.) Copacabana?
LOC. -  É. Eu acho que eu estou mais dentro daquele, daquelas coisas que sempre (sup.)
DOC. -  (sup.) Qual o seu conceito de bairro então?
LOC. -  Conceito de bairro pra mim ... Eu diria que é aquilo que não é subúrbio, né? Não. Mas agora eu, eu acho que eu sei o que é subúrbio, o que eu entendo por subúrbio, entende, é o pessoal que usa a linha férrea. Acho que eu dividiria assim. Esse pessoal que pega trem é o pessoal que mora em subúrbio, o pessoal que mora em bairro geralmente (sup.)
DOC. -  (sup.) Por exemplo, a Barra da Tijuca seria o quê?
LOC. -  Bairro.
DOC. -  Seria um bairro?
LOC. -  Bairro.
DOC. -  O que mais (inint.) eh, agora eu pergunto: um subúrbio ou um bairro como é que você vê? Você conhece a Urca, por exemplo?
LOC. -  Não. Não conheço muito não (sup.)
DOC. -  (sup.) Que bairro você mais gosta do Rio, que você tem mais simpatia?
LOC. -  Que eu gosto? Eu gosto muito do Grajaú.
DOC. -  Como é que você descreveria o Grajaú?
LOC. -  Olha, hoje (inint.) gosto do Grajaú. Se torna fácil, né? Eu (inint.) uma coisa muito tranqüila. Eu acho que fo... Quando sai dessa, dessa confusão toda de trabalho e tal você chegar em casa, entende, e ter silêncio, entende? Não ter ônibus andando, ter aquela calçadinha ajardinada, árvore. Tem casas em vez de edifício. Gosto muito desse tipo de ... Pra você desligar um pouco.
DOC. -  Você poderia comparar Grajaú a Ipanema por exemplo? Por que que um é tão diferente do outro (inint.)
LOC. -  Bem, porque te... Ipanema, Ipanema tem uma coisa boa. Eu ia dizer que Ipanema não tem, não tem verde, mas tem sim. Olha, eu, eu diferenciaria em termos de comércio que é muito maior em termos de que Ipanema tem edifícios, Grajaú, quer dizer, grandes edifícios, né, Grajaú não. Mas eu acho que em termos assim de vida, como eu estava falando antes, assim gostar de morar, Ipanema me serviria. Em termos que tem mar, entende? Tem bastante verde, também eu acho que dá pra se desligar um pouco (inint.)
DOC. -  As pessoas que moram em um e outro bairro, você vê diferenças entre elas?
LOC. -  Ah, tem.
DOC. -  Quais são?
LOC. -  O pessoal do Grajaú é um pessoal mais assim, mais família, não é bem o termo não. Mas é o, o pessoal ele está, eu acho ligado muito mais a, a padrões ainda do que o pessoal de Ipanema. O pessoal de Ipanema está (sup.)
DOC. -  (sup./inint.)
LOC. -  (sup.) Está mais liberado (sup.)
DOC. -  (sup./inint)
LOC. -  (sup.) Ligado a ... Aquele negócio todo que a gente aprende de família, entende? Eu acho, por exemplo, o pessoal de Ipanema, eu acho que uma moça de Ipanema pode ficar até onze, meia-noite na calçada. Vamos colocar só na calçada, entende, batendo papo e tal. Eu acho que o pessoal do Grajaú em termos, em termos de juventude e tal, o negócio já, já não está, acho que ainda está naquela de dez horas em casa, entende?
DOC. -  Você mora no Grajaú?
LOC. -  Não. Eu moro na Tijuca.
DOC. -  Você mora há muito tempo lá?
LOC. -  É. Praticamente o tempo todo, né? (sup.)
DOC. -  (sup.) Como é que você vê a Tijuca? (sup.)
LOC. -  (sup.) Eu morei na Tijuca, fui pro Andaraí e voltei pra Tijuca.
DOC. -  Como é que você vê a Tijuca como bairro?
LOC. -  Eu acho um bairro ...
DOC. -  A vida da Tijuca, a movimentação, o comércio.
LOC. -  Eu acho que é ... A movimentação da Tijuca, entende, em termos assim de (inint.) de comércio também seria, se resu... inclusive a Saenz Pe~Hna, agora está, está aumentando, está esticando, está se formando uma (inint.) na Saenz Peña, sabe? Agora eu não gosto muito da Tijuca não.
DOC. -  Por que (inint.)
LOC. -  Não sei, eu acho que não tem ... Um troço meio, meio morto. Não é meio morto não (sup.)
DOC. -  (sup.) Mas (sup.)
LOC. -  (sup.) Eu não sei o que eu estou falando.
DOC. -  Qual é o seu endereço?
LOC. -  É rua dona Maria, dezoito, casa três, Aldeia Campista (sup.)
DOC. -  (sup./inint.) bom, você sabe que, eh, todas, todas, todas as cidades são formadas, eh, por ruas ou e, ou existem outras, não sei como é que eu chamaria, outras vias de comunicação?
LOC. -  Em termos de (sup.)
DOC. -  (sup./inint.)
LOC. -  (sup.) Cidade que você está falando? (sup.)
DOC. -  (sup.) É.
LOC. -  Eu acho que é tudo rua mesmo.
DOC. -  Só existe rua no Rio de Janeiro?
LOC. -  Não. Ela, tem viaduto também, né? (risos) Adoidado.
DOC. -  Quer dizer: as ruas, elas são todas iguais, ou por elas serem diferentes elas vão ter nomes diferentes também?
LOC. -  Por elas serem diferentes vão ter nomes diferentes?
DOC. -  É.
LOC. -  Eu acho que por elas serem dife... eh, tá. É isso mesmo. Mas o... Eu acho que as ruas são diferentes. Elas são muito diferentes. Eu gosto muito de andar na rua, sabe? De olhar as ruas, olhar as casas, as pessoas, até, até o tipo de calçamento. Eu gosto de (sup./inint.)
DOC. -  (sup.) Em que rua você trabalha? Em que rua?
LOC. -  Salvador de Sá. Uma rua muito feia. Eu não sei se é o quartel da polícia é que (sup.)
DOC. -  (sup.) No centro da cidade (sup.)
LOC. -  (sup.) É feio ou os prédios (sup.)
DOC. -  (sup.) Qais são as principais?
LOC. -  Presidente Vargas, Rio Branco, Uruguaiana (sup.)
DOC. -  (sup.) Rio Branco é uma rua? (sup.)
LOC. -  (sup.) Avenida Chile. Avenida. Tudo avenida.
DOC. -  E qual seria a diferença pra você entre rua e avenida?
LOC. -  Assim em termos de tamanho. Termos ... É. Termos de tamanho.
DOC. -  Quando é, como é que você chama quando, eh, duas ruas se encontram nesse sentido?
LOC. -  Assim?
DOC. -  É.
LOC. -  Transversais. Consegui lembrar (sup.)
DOC. -  (sup.) Transversais? Você não teria outro nome, né, pra, pra ...
LOC. -  Isso assim eu chamo de cruzamento, agora em termos de rua mesmo ...
DOC. -  Mas o cruzamento não vai existir na rua (inint.)
LOC. -  Vai. Tem nome isso, é?
DOC. -  Essas duas ruas, (risos) essas duas ruas que se cortam assim (inint.) as ruas, quer dizer, existe uma separação, eh, pros veículos e pras pessoas (inint.)
LOC. -  (inint.) calçada existe. É a calçada. Agora eu vou ver (inint.) é rua.
DOC. -  Sim. Quer dizer: as pessoas, eh, andam pela calçada ...
LOC. -  É. Deveriam andar, né?
DOC. -  E os veículos pela ...
LOC. -  Eu não sei o nome disso.
DOC. -  Pela rua mesmo.
LOC. -  É rua mesmo (sup.)
DOC. -  (sup.) Bom (sup.)
LOC. -  (sup./inint.)
DOC. -  (sup.) Agora nessa, ainda nessa rua, nessas duas ruas que se cruzam ... Bom, as calçadas também se cruzam, né? Quer dizer, elas não se cruzam mas elas se encontram.
LOC. -  Sei.
DOC. -  Certo (inint.)
LOC. -  Esquina?
DOC. -  Agora, imagine que você tivesse, eh, que você tivesse várias ruas, várias ruas que saíssem no mesmo local.
LOC. -  Aí seria uma praça.
DOC. -  Isso é uma praça pra você?
LOC. -  É.
DOC. -  E se ela for redonda você também chama de praça?
LOC. -  Redonda ou quadrada.
DOC. -  Não importa (sup.)
LOC. -  (sup.) É aquele largo (sup.)
DOC. -  (sup.) É uma praça (sup.)
LOC. -  (sup.) Que se forma que eu chamo de praça.
DOC. -  Você falou em largo. Por exemplo o largo da, da Carioca é uma praça ou um largo?
LOC. -  É, é largo. Praça, eu entendo por praça mesmo é aquela coisinha arrumadinha no meio da (inint.)
DOC. -  E por que que o largo da Carioca se chama largo da Carioca, largo do Machado? Por que você acha que se chama assim?
LOC. -  Ué, porque a gente ... Nós estávamos falando das ruas e fomos parar lá, né? Então forma aquela, aquele vazio que depois o pessoal enche de coisas e deixa de ser vazio. Realmente aquilo fica um largo. Ele não fica um largo, fica largo. A coisa fica larga, né?
DOC. -  Bom, agora você sabe que uma cidade ela é formada por, não só por residências, não é verdade, casas onde as pessoas vivem, mas também por outro tipo de construção, eh, que são, digamos, públicas, né? Você poderia enumerar algumas construções públicas que te ocorrem aqui no Rio, que são assim as mais conhecidas.
LOC. -  Hospitais, Correios e Telégrafos, Polícia Militar (inint.) que mais?
DOC. -  Por exemplo aquela área da Cinelândia.
LOC. -  Cinema, teatro.
DOC. -  Só?
LOC. -  Tem bares, né (inint.) tem boate, tem lanchonete, restaurante.
DOC. -  Que teatro que existe na Cinelândia? É um teatro comum como outro qualquer?
LOC. -  Não. Nosso principal teatro é o Municipal.
DOC. -  E junto assim, em frente ao Teatro Municipal, ainda (sup.)
LOC. -  (sup.) Tem a (sup.)
DOC. -  (sup.) O que é que tem? (sup.)
LOC. -  (sup.) Tem o, tem o mu... museu não, eh, escola de Belas-Artes, né? (sup.)
DOC. -  (sup.) Hum, hum.
LOC. -  E aquilo ali é museu, né?
DOC. -  (inint.)
LOC. -  É museu sim. E a Biblioteca Nacional.
DOC. -  Você viajou? Você já fez algu... alguma viagem (inint.)
LOC. -  Já fiz. Há muito tempo que eu não faço mas já fiz. Já fui até a Bahia de automóvel, já fui até São Paulo de avião (inint.)
DOC. -  Quer dizer, você conhece Salvador e São Paulo, né? (sup.)
LOC. -  (sup.) É (sup.)
DOC. -  (sup.) São cidades muito parecidas (sup.)
LOC. -  (sup.) Belo Horizonte também conheço (sup.)
DOC. -  (sup./inint.) diferentes. Como é que você (sup./inint.)
LOC. -  (sup./inint.)
DOC. -  (inint.) por exemplo Salvador e São Paulo como cidades?
LOC. -  São Paulo dá uma idéia assim de uma cidade muito maciça, né, muito cinza, muito edifício, tudo muito junto, o pessoal correndo muito, pessoal meio de cara fechada. Cara fechada não é bem o termo, eh, cara séria, né? E Salvador eu fui lá há bastante tempo, uns dez anos e foi (inint.) quer dizer, não chega (inint.) em, em termos de Rio e São Paulo não dá pra com... acho que não dá pra comparar. Acho que não é a mesma coisa não. Não sei como é que ela está agora. Mas eu achei que é uma cidade em que se vive mais. Eu não sei se, se esse aspecto de ter praia, entende, que no Rio tem, isso influencia muito. São Paulo é só aquilo mesmo, uma construçao e acabou, né (inint.) morro.
DOC. -  Por exemplo (inint) eh, de um modo geral os paulistas dizem que em São Paulo, você não pode prescindir das pessoas. Que você precisa ter um mínimo de relacionamento pessoal pra poder sobreviver. Que o Rio não, o Rio (inint.) das (inint.) o que você acha?
LOC. -  Ah, esse negócio de prescindir de pessoas eu acho que não depende de cidade pra cidade não. Eu acho que a gente não prescinde das pessoas mesmo, em qualquer lugar que a gente esteja, eu acho que não dá pra você viver sem as pessoas de jeito nenhum (sup./inint.)
DOC. -  (sup.) O que você acha no caso do Rio ser uma cidade sofisticada (inint.)
LOC. -  Ah, mas eu acho que tem que ser, né? Em termos de São Paulo paulista falar isso, eu acho que tem que ser. Porque aqui, já em termos de natureza que a gente tem, eu acho que dá pra você ser muito mais descontraído do que, do que outra coisa qualquer. Noutro dia eu estava mesmo falando que, que eu acho que eu, eu sou assim muito encucada, né, que eu estou querendo espairecer um pouco, eu pego um bondinho em Santa Teresa, né, aqui no centro da cidade, eu dou uma volta e volto. Vejo milhões de coisas que eu gosto. Mas em São Paulo você não tem possibilidade nenhuma de fazer uma coisa dessa. Nesse caso eu estaria prescindindo de uma pessoa, entende? Por exemplo uma viagem de bonde, um troço que já era aqui no centro da cidade, né (inint.) acho que São Paulo já ... Se eu não tivesse isso eu acho que eu teria que ter (inint.)
DOC. -  Quanto tempo você ficou em São Paulo?
LOC. -  Eu tive uma época que eu fiquei dez dias em São Paulo, outro fiquei três dias, outro mais dois dias.
DOC. -  (inint.) você poderia passar as circunstâncias paralelas, eh, de vida noturna (inint.) externa entre Rio e São Paulo?
LOC. -  Olha, vida noturna mesmo de São Paulo eu não chegei a participar não. O tempo que eu fiquei dez dias lá eu estava praticamente sozinha, então não houve possibilidade disso. Mas em termos de movimento à noite, né, São Paulo é, é uma coisa que a gente estranha, em termos de centro de cidade, porque o Rio chega as nove horas não tem mais nada, né, o Rio está, está morto, São Paulo até onze horas está com um movimento, um movimento brutal, né? Pessoal jantando ainda, aquela ... Dá a impressão de seis, sete horas aqui no Rio. Agora em termos de vida noturna mesmo, noturna, bem noturna, né, não, não deu pra ver.
DOC. -  Qual é o (inint.) negócio que pra (inint.) não tem muita importância? A respeito da, das cidades que você conhece você poderia comparar com o Rio também? A respeito da iluminação de uma cidade, você poderia (inint.) ou enumerar, eu não sei.
LOC. -  A iluminação?
DOC. -  (sup./inint.)
LOC. -  (sup.) Por exemplo Salvador, Salvador eu não lembro. Não estou lembrando não. Agora em São Paulo eu também acho que, eu acho São Paulo não tem iluminação a mercúrio. Po ... Pelo menos eu não lembro. Eu fui lá há uns três anos. Eu acho que a iluminação a mercúrio que o Rio está usando agora, eu acho um troço muito bom, eu acho que fica muito claro, sabe? Acho que dá muita vida esse negócio.
DOC. -  A sua rua tem esse tipo de iluminação?
LOC. -  Não. Não tem.
DOC. -  Como é?
LOC. -  É uma ilumina... iluminação antiga ainda, aquele poste trabalhadinho, né? Com a lâmpada assim, lâmpada não. Esqueci o nome daquele negócio (inint.) pendurado.
DOC. -  Quais são os tipos de iluminação que você conhece?
LOC. -  Em termos, ah (sup.)
DOC. -  (sup./inint.)
LOC. -  (sup.) Tá, está bom (sup.)
DOC. -  (sup./inint.)
LOC. -  (sup.) Eu ... Lâmpada elétrica, tudo elétrico, né? (sup.)
DOC. -  (sup.) Hum, hum (sup.)
LOC. -  (sup.) Tem essa, é fluorescente, né? (sup.)
DOC. -  (sup.) Hum, hum (sup.)
LOC. -  (sup.) E tem aquela outra comum (sup.)
DOC. -  (sup.) Hum (sup.)
LOC. -  (sup.) Eu sei que eu gosto mais da outra.
DOC. -  (inint.) pra lâmpada acender o que é que você faz?
LOC. -  Ham?
DOC. -  Pra lâmpada acender.
LOC. -  Ah, eu aperto o interruptor, né? Essa aqui eu espero esquentar um pouquinho e a outra liga na hora. Quando liga, né? (sup.)
DOC. -  (sup.) De um modo geral (sup.)
LOC. -  (sup.) No meu quarto queimou (sup.)
DOC. -  (sup.) Tem um negócio junto do interruptor. Como é que você chama?
LOC. -  Ih, aquilo não tenho, ih, aque... aqu... aquele protetor que a gente põe (sup.)
DOC. -  (sup.) Não (sup.)
LOC. -  (sup.) Né (sup.)
DOC. -  (sup) Não é o protetor onde está ...
LOC. -  Ah, interruptor.
DOC. -  Não. Só ... Tem o interruptor, né? E (sup.)
LOC. -  (sup.) E aí tem uma tomada (sup.)
DOC. -  (sup.) Do lado tem a tomada (sup.)
LOC. -  (sup.) Agora essas tomadas moderninhas têm (sup.)
DOC. -  (sup./inint.)
LOC. -  (sup.) Esses dois tipos de, de furo, né? O redondo e o quadradinho. Quadrado mais retangular, né?
DOC. -  E quando você quer ligar várias coisas numa tomada?
LOC. -  A gente usa o, ih, benjamim, né?
DOC. -  É isso mesmo (risos/inint.) olha aqui, você gosta, você é ligada em roupa?
LOC. -  Não. Nao sou ligada em roupa não.
DOC. -  Você, você é contra a sociedade de consumo?
LOC. -  Se eu sou contra? Eu sou contra em termos de ser contra, entende?
DOC. -  (inint.) você (inint.) costuma comprar muito (inint.)
LOC. -  É. Eu não tenho dinheiro pra comprar. Mas eu acho que se eu tivesse dinhe... dinheiro eu compraria até um determinado ponto.
DOC. -  (inint.) sim.
LOC. -  Eu acho que ... Deixa eu acabar primeiro. Eu acho que eu compraria até esgotar a minha nacessidade. Eu acho que realmente eu não compraria muito não. Agora o que eu compraria? Eu adoro troços de franja, sabe? Eu acho que eu compraria uns negócios meio malucos aí (sup.)
DOC. -  (sup./inint.) você gosta de franja (inint./sup.)
LOC. -  (sup.) Minha mãe disse que eu estou virando `hippie` (sup.)
DOC. -  (sup./inint) roupa?
LOC. -  É. Roupa.
DOC. -  Que tipo de roupa (inint.)
LOC. -  Uns troços bem malucos, calça comprida. Não chega a se... ser blusa, blusão não, sabe, um negócio, um negócio pra eu botar assim em cima, entende, pra ficar assim bem à vontade. Agora (inint.) eu queria ter um carro, né? Hoje por exemplo eu estou morta de cansaço porque eu eu não tenho carro, estou andando no, no jipe da PM, né, balançando toda vida. (risos) É. Isso faz falta.
DOC. -  Saindo daí, voltando pra cidade (sup.)
LOC. -  (sup.) Fala! (sup.)
DOC. -  (sup.) Pra além dessa sociedade de consumo (inint.) eh (inint.) passando pra parte de limpeza pública.
LOC. -  Hum. Lá perto da minha casa tem um, um depo... é o DLU, né, dê, ele, u, Departamento de Limpeza Urbana. Uma coisa que eu achei legal neles é que eles agora estão usando essas roupinhas coloridas, né? Eu acho que alegra (inint.) agora em termos de, de ... Fala!
DOC. -  Quais são assim as entidades que você conhece onde as pessoas fazem as coisas (inint.) entidades específicas, né? Institutos específicos, assim, que as pessoas fazem as coisas.
LOC. -  Hum. Fazem mesmo ou ...
DOC. -  É.
LOC. -  Ah, bom!
DOC. -  Onde as pessoas têm suas ocupações ou vão fazer qualquer coisa. É. Seriam locais públicos, né?
LOC. -  Públicos que você quer?
DOC. -  É. Às vezes eles não são tão públicos assim, né? Podem ser locais de trabalho.
LOC. -  Locais de trabalho que você quer falar? Tem vários, tem escritório, consultório. Isso serve? Hum, até parece que, né (inint.) as coisas. Ah, passa pra outra (sup.)
DOC. -  (sup.) Não, por exemplo (sup.)
LOC. -  (sup.) Bobeei (sup.)
DOC. -  (sup./inint.) as pessoas aprendem, aprendem, eh, aonde as coisas? Onde?
LOC. -  Escolas, escolas, ginásios e liceu, né? Eu não gosto desse nome não. Não sei onde que esse pessoal (inint.) eu não faço diferença, não sei se tem diferença ou se o pessoal usa porque está aí pra usar, né?
DOC. -  Hum, hum.
DOC. -  E (inint.) e os padres, eles ...
LOC. -  Os padres, nas igrejas, conventos.
DOC. -  Só nas igrejas? E antes?
LOC. -  Antes? Padres antes das igrejas?
DOC. -  É. Antes de ir pro convento eles têm essa formação religiosa (sup.)
LOC. -  (sup.) Ah, seminário (sup.)
DOC. -  (sup.) O... olha aqui, a gente estava falando de limpeza, partindo daí, aí mais ou menos uma espécie de, de vida pública da cidade, existe uma ocorrência (inint.) rotineiras, né? São comuns, normais, eu não sei (inint.) são anormais, né? Bom, assim dentro de uma grande cidade como o Rio (inint.) quais seriam as ocorrências anormais, os acidentes?
LOC. -  Anormais?
DOC. -  Exato.
LOC. -  Hum (inint.) heim?
DOC. -  As coisas assim, digamos, violências, coisas que, que ocorrem numa grande cidade normalmente.
LOC. -  (inint.) de anormais (riso/inint.)
DOC. -  Bom, você pode falar (inint.)
LOC. -  As coisas anormais que poderiam acontecer aqui no Rio em termos do que acontece lá, greve, por exemplo é uma coisa normal agora, né?
DOC. -  Heim?
LOC. -  Greve é normal, né? Mas não é (inint.) tá, vamos ver ...
DOC. -  Por exemplo, todos os dias, quando você vai, você vai trabalhar, nunca te chamou atenção nada, quando você vai pro trabalho ou volta pra casa.
LOC. -  Olha, eu sou muito desligada, sabe? Eu sou muito desligada mesmo. Principalmente em termos de sair eu de um lugar e ir para outro. Enquanto eu, eu saio de um, de um canto pra ir pro outro eu desligo. Condução (sup./inint)
DOC. -  (sup.) Você (inint.) banco, por acaso?
LOC. -  Não.
DOC. -  Bom, mas você sabe que (sup./inint.)
LOC. -  (sup.) Está assaltando, né? Em frente à minha casa assaltaram as pequenas (sup./inint.)
DOC. -  (sup.) Nessa área de assalto por exemplo como é que você chama o ato, o ato de tirar alguma coisa que não é da pessoa que está tomando?
LOC. -  Hoje mesmo nós falamos disso. Eu chamo de roubo.
DOC. -  Hum. Você só chama de roubo sempre?
LOC. -  Roubo sempre (sup.)
DOC. -  (sup./inint.)
LOC. -  (sup.) É (sup.)
DOC. -  (sup./inint)
LOC. -  (sup.) A minha colega hoje estava perguntando (sup.)
DOC. -  (sup./inint.)
LOC. -  (sup.) E ela não saberia usar se era roubo ou furto. Eu não, eu também não, não sei direito como a gente usa, mas eu nunca uso furto (sup.)
DOC. -  (sup./inint.)
LOC. -  (sup.) Eu sempre uso roubo (sup.)
DOC. -  (sup.) Existe um nome (inint.) pratica (inint.)
LOC. -  Eu chamo de assaltante.
DOC. -  Sempre você chama de assaltante?
LOC. -  Sempre de assaltante.
DOC. -  Mesmo que ele tire um, tire um, um, tire um doce ou um pedaço de pão da padaria você chama de assaltante também?
LOC. -  Eu considerando que aquele doce que ele tirou foi um roubo, eu chamo de assaltante. Eu posso não considerar roubo, entende? Mas se ele estiver morrendo de fome, eu não considero roubo (inint.) roubar um doce (sup./inint.)
DOC. -  (sup./inint.) se um homem entrasse na sua casa de noite (inint.) você chamaria também de assaltante?
LOC. -  Ah, eu chamaria. Tirar as minhas coisas (sup.)
DOC. -  (sup./inint.) assaltante.
LOC. -  Sempre de assaltante. Não tem outro nome pra botar. Normalmente eu não uso não. Pode ser que eu procurando ache e tal, ache que é certo, mas eu não uso não.
DOC. -  Mas você, você sabe que numa cidade grande como o Rio, existem muitas, muitas pessoas que são desonestas, não é, e que em geral enganam outras que são (sup./inint.)
LOC. -  (sup.) Pra mim é trambiqueiro (sup.)
DOC. -  (sup.) Você não, não conhece ou você não usa outros nomes pra essa, pra esse tipo de coisas?
LOC. -  Esse pessoal que passa os outros pra trás eu chamo de tram... eu acho que isso é trambique, né?
DOC. -  Mas você sabe que, que existem outros nomes pra isso, né? por exemplo um homem que ... Um cara está na porta do banco. Um carinha cheio de gíria. Ele inventa uma história e não sei o quê e acaba conseguindo o dinheiro (sup.)
LOC. -  (sup.) Eu não, eu não (sup.)
DOC. -  (sup.) Sem usar violência.
LOC. -  É. Aí eu não uso, eu não uso (inint.) nome pra ele não. Eu uso, eu uso, eu digo que ele deu o conto do vigário, né? Eu uso mais um termo pra pegar a situação toda.
DOC. -  (inint.) mas se um cara tirasse a sua carteira, por exemplo, você chamaria trambiqueiro também?
LOC. -  Não. De assaltante.
DOC. -  De assaltante você chamaria?
LOC. -  Trambiqueiro eu acho que leva a gente na conversa, sabe?
DOC. -  O que tirou a sua carteira ...
LOC. -  Esse é assaltante.
DOC. -  É assaltante?
LOC. -  É.
DOC. -  Não tem outro nome não, né?
LOC. -  Eu não uso outro nome não.
DOC. -  Tá (inint.) de um modo geral esses caras a gente espera, supõe e tal que eles vão terminar, vão acabar num determinado local, né? Existe uma entidade pública que tem a função de proteger o cidadão.
LOC. -  É.
DOC. -  Qual é?
LOC. -  Polícia. Quer que eu fale da polícia?
DOC. -  Você poderia descrever como é que você imagina, como é que você conhece, como é que se estrutura uma polícia, a polícia de uma cidade?
LOC. -  Olha, a polícia (inint) trabalho. Dá pra eu falar?
DOC. -  Dá.
LOC. -  Olha, então a polícia, eu faço di... diferença entre a polícia militar e a, e a polícia civil. Na polícia civil eu não tenho muita idéia não. Eu acho que deve ser um, uma coisa muito, muito deprimente a gente acabar na polícia civil, sabe? Eu acho que você não é muito escutado, eu acho que o negócio é, é meio corrido, eu acho que eles agem mais do que pensam nas coisas. É a impressão que eu tenho. Nunca fui, nunca entrei. Agora a polícia militar fica mais em termos de, de tomar conta, né, de manter a ordem pública e tal. Aí você vê: ela, ela fica dentro dos quartéis, com, com horários, com horários de, de, de doze por vinte e quatro. Eles não têm horário normal no trabalho. Eles vão mudando (inint.) folgas. Eu acho que é um trabalho que, que ele perturba muito o indivíduo, sabe? Por ele não ser um indivíduo preparado pra, pra arcar com uma responsabilidade com a autoridade, eu acho que (sup.)
DOC. -  (sup.) Você poderia enumerar (sup.)
LOC. -  (sup.) Funde muito a cuca (sup.)
DOC. -  (sup.) A hierarquia policial?
LOC. -  Olha, lá na policia tem uma ... O chefe principal, o chefe geral deles é, é do exército. É um general do exército. Na polícia eles vão até, até só a coronel. General não existe lá. Então é o general do exército que, que é o comandante geral.
DOC. -  Existem cargos (inint.) especiais?
LOC. -  Existem os diretores e os subdiretores e nada mais. Depois tem os oficiais que são encarregados das inspeções mesmo, mas aí não se dá nome não.
DOC. -  Você (inint.) ainda agora nós falamos rapidamente em, em consumo, compra (inint.) comprar roupas (inint.) você costuma comprar esse tipo de coisa assim de, de, de, de artigos ou você costuma comprar mais comumente (inint.) de mercado (sup.)
LOC. -  (sup./inint.) eu, eu compro aquilo que eu tenho que usar todo dia.
DOC. -  Por exemplo.
LOC. -  Saia, blusa, vestido de, vestido pra trabalho, né? Minha roupa é mesmo a mesma que eu trabalho. Não sobra dinheiro pra comprar o resto (sup.)
DOC. -  (sup./inint.) roupa.
LOC. -  O resto a gente faz em termos de, aí se faz em casa. Compra a fazenda, né, bola as coisas. O mais sofisticado então é confeccionado em casa.
DOC. -  E sem ser roupa, outro, outros (sup.)
LOC. -  (sup.) Sapa... (sup.)
DOC. -  (sup.) Outros materiais.
LOC. -  O que eu compro mesmo é roupa e sapato. Isso que eu estou segurando agora, colar, eh, eu ganho, faço, mas não compro.
DOC. -  Bom, todas essas coisas, elas são vendidas. Pra isso existe comércio na cidade, não é verdade? Então há, há só um tipo de comércio ou há vários, vários tipos de comércio? Como é que você vê a coisa?
LOC. -  Há vários tipos de comércio.
DOC. -  Se há comércio (sup.)
LOC. -  (sup.) Eu a (sup.)
DOC. -  (sup.) Específico ou não?
LOC. -  Existe um comércio específico que eles dividem em dois. É aquele comércio que é institucionalizado, né?
DOC. -  Qual é?
LOC. -  É aquele que está dentro de uma loja, que paga imposto, tem os empregados, né, registrados e tal, e aquele que a gente chama de camelô, né? Fica na rua, não sei como é que eles adquirem aquilo. Não deve ter nota fiscal, não sei se, como é que eles compram o negócio. Eu divido assim. Agora (interrupção do registro) curiosidade, né? Aquelas bolinhas que a gente solta saem correndo (inint.) em termos de comércio, como eu falei, institucionalizado, que eu não sei o nome que se dá pra isso, eu acho que aí é bem específico mesmo. A não ser as grandes lojas, lojas, né, como Sears, Mesbla.
DOC. -  O comércio mal legalizado como é que você chama?
LOC. -  Eu chamo de camelô.
DOC. -  (inint.) teria um outro tipo de comércio não legalizado, não é?
DOC. -  É. Um comércio mais pesado, não, não miudeza, comércio mais pesado e mais caro.
LOC. -  Eu sei que (inint.) não estou me lembrando agora. Eu sei que quando a gente compra, a gente compra no câmbio negro deles, né? Existe, eh, o tal do, do contrabando, né?
DOC. -  (inint.) você que vai nas lojas, você poderia enumerar (inint.) os tipos de lojas que, que formam, que existem no centro do Rio?
LOC. -  Lojas de eletrodomésticos, lojas de roupa, sapataria. O que mais que tem?
DOC. -  E pras jóias?
LOC. -  Relojoaria. Acho que eu nunca uso essa palavra não.
DOC. -  Não (sup.)
LOC. -  (sup.) Relojoaria (sup.)
DOC. -  (sup./inint.) por acaso?
LOC. -  Loja de jóias e loja de relógios. Esse nome eu, eu acho que eu não falo.
DOC. -  E pra, por exemplo, pra (inint.)
LOC. -  Maquiagem?
DOC. -  Sim.
LOC. -  Produtos de beleza, é isso?
DOC. -  Hum, hum.
LOC. -  Bem, então se faz um ... Cabeleireiros, né? Exi... existem, quer dizer, aqueles lugares específicos pra limpeza de pele e tal, mas eu não sei o nome disso não, eu, eu não uso.
DOC. -  Os produtos de beleza por exemplo (inint.) onde é que você costuma comprar?
LOC. -  Em grande loja ou em drogarias. Drogaria não, é perfumaria, né? (sup.)
DOC. -  (sup./inint.) perfumaria. Qual é a diferença que você vê entre drogaria e perfumaria?
LOC. -  Eu acho que perfumaria, eh, se vendem, além de, se vendem produtos assim de beleza, eu acho que perfumaria é predominantemente produtos de beleza.
DOC. -  Pra remédios você só conhece drogaria?
LOC. -  Drogaria e farmácia.
DOC. -  Você vê alguma diferença entre drogaria e farmácia?
LOC. -  Eu acho que drogaria é maior do que farmácia, embora eu use sempre farmácia pra falar.
DOC. -  Você falou em grande loja (sup.)
LOC. -  (sup.) Nunca digo drogaria (sup.)
DOC. -  (sup.) O que é grande loja pra você?
LOC. -  Grande loja é Sloper, Mesbla.
DOC. -  Por que que (inint.) faz essa distinção?
LOC. -  Porque aí elas se dividem, eu acho que elas têm pequenas lojas dentro delas. Aqueles setores eu acho que são pequenas lojas. Acho que aí elas ... Você entra e, e você encontra de tudo lá dentro.
DOC. -  Você teria nomes especiais pra lojas de tapetes, lojas de decorações?
LOC. -  Nomes especiais pra elas? Tapetaria, né?
DOC. -  Hum. É. E pra decorações você teria?
LOC. -  Não.
DOC. -  Por exemplo aquelas casas de comércio (sup./inint.)
LOC. -  (sup.) Pra mim é loja (inint.) e loja daquilo (sup.)
DOC. -  (sup.) Aquelas casas de comércio que existem em Ipanema que são sofisticadíssimas, são muito procuradas, são muito (inint.)
LOC. -  Butique, né?
DOC. -  O que é uma butique?
LOC. -  Butique eu acho que é uma loja sofisticada, entende? Uma loja metida a coisa, eu acho que você entra lá ... Realmente elas são mais arrumadas, são mais bonitas, é mais agradável de você entrar, entende? Dá mais vontade de você comprar as coisas. Elas criam ambiente pra você comprar.
DOC. -  É essa a diferença que você vê entre uma butique e uma loja comum?
LOC. -  É. Em termos de roupa principalmente, eu acho que é. Acho que se colocar uma loja bem comum de roupa e uma butique, entende, eu acho que primeiro a gente vai ver a butique, a gente tem vontade de comprar na butique. Tem aquele negocinho de bolsa, né? Embrulhinho, né, que põe isso, põe aquilo. Eu acho que aquilo é mais chamativo pra cliente.
DOC. -  Você veria uma justificação especial pra esse nome: butique? Por que se chama butique?
LOC. -  É. Eu acho que parte também da sofisticaçao deles, né? Botar um nome diferente e tal.
DOC. -  Escuta, e lojas de flores, como é que você (inint.)
LOC. -  Hum. Florista. Florista? Loja de flores? Eu não uso nome pra loja nenhuma de flores (sup.)
DOC. -  (sup.) Escuta, quando existe assim um aglo... um conglomerado muito grande de lojas comerciais, como nós temos vários exemplos aí na cidade, como é que chama esse aglomerado?
LOC. -  Ah, é centro comercial.
DOC. -  Hum, hum. Agora, eh, você (inint.) você se, você mesmo que cuida da sua roupa? Faz a limpeza na sua roupa?
LOC. -  Em termos de lavagem não.
DOC. -  Como é (inint.)
LOC. -  Em ter... em termos de se lavar a roupa, quem lava é a minha mãe.
DOC. -  Hum.
LOC. -  Agora em termos de saber se, se está boa ou se não está boa ou se precisa fazer alguma bainha e pregar um botão, isso aí sou eu.
DOC. -  Mas em termos de limpeza, realmente é sempre a sua mãe que cuida, a sua roupa é sempre cuidada em casa?
LOC. -  Sempre cuidada em casa.
DOC. -  Você nunca usa nenhum estabelecimento?
LOC. -  Não. Dificilmente.
DOC. -  Mas você sabe que existe, né?
LOC. -  Tinturaria.
DOC. -  Tinturaria, o que é?
LOC. -  Tinturaria é o lugar onde se lavam as roupas.
DOC. -  Só lava?
LOC. -  Lava, passa, tinge.
DOC. -  E tudo isso pra você se faz na tinturaria, não é? (sup.)
LOC. -  (sup.) É (inint.) tinturaria (inint.)
DOC. -  Bom, e o que, o que ... Como é que você chama os locais, as casas, eh, onde são consertados os automóveis?
LOC. -  Garagem. Aliás, tem uma garagem do lado da minha casa que é um inferno, né? É um tal de bater em carro, o dia inteiro de amassar aqueles negócios e as tintas também que eles pintam depois que eles amassam, né? Eles pintam os carros, sai um cheiro muito ruim.
DOC. -  Você chama aquilo de garagem?
LOC. -  Garagem.
DOC. -  (inint.)
LOC. -  Pra cuidar do carro, pra consertar o carro, garagem.
DOC. -  E onde se guarda o carro?
LOC. -  Garagem também.
DOC. -  Quer dizer, não há diferença pra você, né?
LOC. -  Pra mim não.
DOC. -  Como é que você costuma (inint.) se houver assim, no caso de alguma confusão (inint.)
LOC. -  (inint) ah, bom, tem outro nome sim: estacionamento. Mas eu, pelo que eu vejo por aí nem as garagens se (inint.) garagens (inint.) mesmo (inint.) guarda os automóveis tem nome de garagem.
DOC. -  Vem cá, e quando você diz que quer consertar assim um aparelho, uma televisão, uma geladeira, a gente leva isso pra algum lugar, né? Pra ser, pra ser consertado. Que lugar é esse?
LOC. -  A gente leva pra ...
DOC. -  Lugar onde se conserta (sup.)
LOC. -  (sup.) Eu sei (sup.)
DOC. -  (sup.) Um rádio, televisões, geladeiras, aparelhos de eletrodomésticos em geral.
LOC. -  Pra mim não tem nome específico nenhum. É o lugar que conserta, conserta rádio.
DOC. -  Escuta aqui, a alimentação da sua casa, eh, ela é fornecida por quem? (sup.)
LOC. -  (sup.) O quê? (sup.)
DOC. -  (sup.) Voc~es compram em algum lugar a alimentação da sua família? A alimentação básica?
LOC. -  Ah, é compr... comprada em supermercado.
DOC. -  Supermercado?
LOC. -  É.
DOC. -  Bom, mas existem, existe, eh (sup./inint.)
LOC. -  (sup.) Supermercado e existe armazém (sup.)
DOC. -  (sup.) E além do armazém?
LOC. -  (inint.) do armazém que é perto de casa tem também uma quitanda, mas a quitanda n...
DOC. -  Qual a diferença entre essas três coisa?
LOC. -  A quitanda me parece que vende mais e... essa parte de verdura, entende? E armazém mais parte de cereais, enlatados. Já o supermercado inclui tudo, né? Inclusive o açougue.
DOC. -  Mas existe uma outra possibilidade, uma outra opção além dessa?
LOC. -  Padaria? É isso que você está falando?
DOC. -  Além dessa.
LOC. -  Outra?
DOC. -  Onde você poderia comprar todas, todas as espécies de gêneros alimentícios?
LOC. -  Mercado, né?
DOC. -  Além dele.
LOC. -  É outro, meu Deus do céu?
DOC. -  São periódicos, semanais.
LOC. -  Ah, feira, sim. Perto da minha casa tem uma feira.
DOC. -  Vocês costumam utilizar a feira?
LOC. -  Ah, utiliza. Todo sábado se utiliza a feira.
DOC. -  Costuma comprar coisa, eh, gêneros especiais?
LOC. -  Mais, mais em termos de, de verdura e fruta que se compra mais na feira.
DOC. -  Agora me diga uma coisa: como é que você chama o local onde são vendidos jornais e revistas?
LOC. -  Jornaleiro.
DOC. -  Eles são sempre vendidos ali, né (sup./inint.)
LOC. -  (sup.) Quando eu quero comprar eu vou no jornaleiro.
DOC. -  Você teria um nome especial pra locais ou pra estabelecimentos que vendem coisas miúdas: botões, alfinetes, essas coisas miudinhas?
LOC. -  Armarinho.
DOC. -  E quais os nomes dos locais assim que você, sabe, assim locais assim que vendem, vendem coisas, entende? Livros, papéis, essas coisas todas, tudo assim que (sup./inint)
LOC. -  (sup.) Papelaria. Papelaria e livraria, né? Sendo que a livraria, livraria vende livros. Papelaria vende papel, caneta, pincel atômico, tinta.
DOC. -  Olha aqui, será que você poderia, eh, existe alguma loja que você é mais ligada, que você tem mais hábito de comprar, onde você costuma comprar mais? Ou você não tem esse tipo de ligação?
LOC. -  Eu, eu não tenho ligação não. Depende muito do meu horário, entende? Do que eu estou querendo comprar. Vai depender: se eu estou mais perto dessa eu compro nessa, o problema é fundamentalmente o meu horário mesmo.
DOC. -  Quer dizer que você não se preocupa com os preços das coisas?
LOC. -  Não. Não me preocupo nem um pouco com o preço. Se eu levar na cabeça (inint.)
DOC. -  Você tem o hábito de olhar, de sair pelas ruas olhando as lojas?
LOC. -  Eu gosto de sair olhando as lojas, mas não, geralmente eu não tenho tempo de fazer isso.
DOC. -  De um modo geral as mercadorias estão expostas, não é? Onde?
LOC. -  Correto. Em vitrines. Eu acho, eu gosto muito de ver vitrine. Acho uma vitrine, vitrine bonita muito bom de se ver. Agora em termos de (inint.) rua da Alfândega, tudo pendurado ali, tudo amontoado, né? Aquilo eu acho que não tem nome não, né? (sup.)
DOC. -  (sup.) Não sei (sup.)
LOC. -  (sup.) Pendurar aquele negócio todo ...
DOC. -  Nunca ... O, o que se poderia dizer (interrupção). Agora, escuta, eh, o que se poderia dizer assim sobre os divertimentos de uma cidade? Tudo que se refere a divertimento.
LOC. -  Olha, divertimento ... Posso começar pela á... área de esporte, né? Futebol (inint./sup.)
DOC. -  (sup.) Em que local a gente pode praticar esses esportes?
LOC. -  Eu acho que a gente pode praticar em clube, em praças, quando tem. Perto da minha casa tem uma praça que dá pra isso. Aterro (inint.) campo pra brincar de... desse negócio e tem estádios pra isso também, né? Em termos de esporte eu acho que (inint.) terreno baldio, né? Sempre arruma alguma coisinha. Rua também o pessoal pratica, minha rua é um problema sério (inint.) toda hora. Outra coisa é cinema, teatro, `show', né, boate. Agora eu acho que em termos de divertimento também, praia também é divertimento, né? A gente pode incluir também. Agora quando a gente vai em grupo e tal acho que dá pra divertir bastante. Jogos que você pode fazer, jogo, coisa, coisa pra jo... jogar em casa com amigos num grupinho.
DOC. -  Voltando pro comércio, será que você podia descrever, eh, uma loja, como é que ela se organiza, como é que ela é (inint.) quais são as partes que formam, que estruturam uma loja?
LOC. -  Eu acho bom começar da, da, da porta, né? Geralmente tem aquela grade. Grade, eh, e tem o nome daquele negócio assim que puxa que eu não sei, eu não sei, que, que eu não, não considero como grade, aquilo que fecha realmente a, a loja. As vitrines, os balcões, o balcão, balcões? Os balconistas, né, a caixa, o moço que fica lá é caixa mesmo?
DOC. -  As mercadorias ficam guardadas onde?
LOC. -  As mercadorias ficam expostas na vitrine e são guardadas pode ser em prateleiras ou numas caixinhas.
DOC. -  Você costuma comprar roupa feita?
LOC. -  Dificilmente eu compro.
DOC. -  Mas você sabe que existe, eh, muita gente compra cada vez mais (sup.)
LOC. -  (sup.) Certo (sup.)
DOC. -  (sup.) Bom, quando você vai numa loja comprar roupa, você vai experimentar, não é? Existem locais especiais?
LOC. -  Ah, tem local especial. Agora o nome daquilo? Eu chamaria aquilo de vestiário. Não sei se é o nome que se dá praquilo.
DOC. -  Passando pra, pra outra, pra outra, pra outra parte, você poderia enumerar pra gente, eh, em termos de peso, volume, de medida, o que é que você conhece assim, enfim, o que é que você conhece mais?
LOC. -  Peso, né?
DOC. -  É. Medida.
LOC. -  Quando eu estava no quarto ano primário ... Deixa eu ver, peso, eu uso quilo, eu não uso grama não, quer dizer, eu uso grama ... É, eu uso grama sim, eh, eu acho que a gente fala mais em termos de, de quilo, meio quilo, duzentos e cinquenta gramas, eu acho que pára aí nos redondos. E o litro, eu acho que a gente só fala em litro mesmo. Eu não uso outra coisa. Se tiver, se tiver pela metade eu acho que eu vou, eh, me enrolar.
DOC. -  E a respeito do preço?
LOC. -  Do preço você fala como?
DOC. -  O preço de uma mercadoria quando você vai comprar uma coisa.
LOC. -  Eu falo em preço de mercadoria (sup./inint.)
DOC. -  (sup.) Sim, mas quando ele é muito alto, muito baixo, quando você quer que ele seja reduzido, por exemplo (sup.)
LOC. -  (sup.) Fala! (sup.)
DOC. -  (sup.) Se você comprar um vestido que custou muito, custou um preço muito alto.
LOC. -  Eu digo que custou os olhos da cara.
DOC. -  Hum. Só?
LOC. -  Os olhos da cara. Foi caro paca!
DOC. -  Hum. E o contrário?
LOC. -  Pechincha, eu acho que ... É. Eu sei falar, eu falo de vez em quando mas não uso muito não.
DOC. -  Pechincha o que é?
LOC. -  Pechincha é uma coisa muito baratinha, né? Uma coisa que eu acho que a gente ... Não, pechincha não é só baratinho não. Eu acho que pechincha eu uso, pechincha eu uso também pra quando a gente procura uma coisa que tem, que tem um preço, um preço mais ou menos estipulado e você consegue por um preço menor. Então eu acho que comprou aquilo por uma pechincha.
DOC. -  E quando você tenta reduzir o preço? Tenta convencer o vendedor a reduzir o preço?
LOC. -  Regatear. Coisa que eu nunca faço.
DOC. -  Hum. Escute, há situações no comércio em que as coisas são oferecidas, todas, todas, todas as mercadorias de uma loja são ofe... oferecidas a preço reduzido.
LOC. -  Liqüidação, né? Liqüidação co... (sup.)
DOC. -  (sup./inint.)
LOC. -  (sup.) Liqüidação eu não confio muito não.
DOC. -  Por quê?
LOC. -  Porque eu acho que é, acho que eles não são tão bonzinhos assim de botar os negócios tão reduzidos. Inclusive eu soube de um amigo de meu pai que esta... Tinha uma padaria aqui na cidade e ele disse que às vezes ele numa liqüidação ele aumentava bastante o preço da, da mercadoria e o pessoal comprava muito mais pelo nome da liqüidação, né? Então não sei se isso me botou meio cabreira com o negócio.
DOC. -  Bom, a, a respeito de outra coisa, a respeito de sociedade, você sabe que no comércio existem, no comércio e na inústria existem sociedades, né? E há vários tipos de sociedade. Você conhece (inint.)
LOC. -  Sociedade anônima, limitada? É isso que você está querendo? (sup.)
DOC. -  (sup.) É (sup.)
LOC. -  (sup.) Eu sei de uma também sociedade em cotas, né, minha sociedade é em cotas também, (risos) limitada, anônima e em cotas. É. Eu acho que paro por aí.
DOC. -  E a respeito de pagamento, você costuma sempre pagar com dinheiro?
LOC. -  À vista, à prestação ...
DOC. -  Mas como? Sempre com dinheiro?
LOC. -  Com dinheiro ou cheque, né? Eu uso mais o dinheiro, embora eu tenha cheque também, mas como meu cheque não é aquele que é aceito em todo, em tudo quanto é canto, o cheque-verde, eh, facilita, né? Normalmente eu vou no banco e retiro.
DOC. -  Aí na, aí nessa área de banco existem outras coisas, né, outros papéis (inint.)
LOC. -  Eu não sei se é área de banco. Outros papéis todos que eu, que eu conheça (inint.) promissórias. Olha, eu só, só mexi com esses dois papéis. Eu não ... Talvez existam outros, eu sei que existem outros mas eu não, não ... De cara assim ...
DOC. -  Ainda na área de comércio em relação ao comércio exterior, por exemplo, comércio externo, eh, você tem idéia (inint.) você saberia como seria, eh (sup.)
LOC. -  (sup.) Comércio externo (sup.)
DOC. -  (sup.) Mecanismo (sup.)
LOC. -  Não, não entendo mesmo não.
DOC. -  Como é que se chama, eh, o fato de, de, de sair mercadoria do (inint.)
LOC. -  Exportação e importação. Importação vem de lá pra cá, né? Exportação, de cá pra lá.
DOC. -  Você tem, você tem, tem contato conhecido, você falou que a sua amiga, que o pai dela era dono de uma sapataria, não é verdade?
LOC. -  É.
DOC. -  Você por acaso tem alguma, alguma intimidade, algum conhecimento de todo o mecanismo que existe no comércio, por exemplo em relação a sapataria (sup.)
LOC. -  (sup.) Na sapataria (sup.)
DOC. -  (sup./inint.) pra adquirir a mercadoria?
LOC. -  Não, eu tenho pouco contato com isso, o que eu conheço em termos de comércio, meu tio tinha uma, uma papelaria aqui no centro e junto à papelaria, e junto não, paralelamente a, a ela existia uma editora também. Então todos os, as coisas que ele, em termos de papel, que ele vendia na papelaria eram fabricadas por essa oficina que ele tinha. Então eles fa... confeccionavam blocos, papéis, cadernetas, tudo lá. Então a papelaria vendia. Mas eu acho por exemplo em termos de sapataria, eu acho que não ocorre assim, eu acho que deve ter as grandes fábricas, né? E a sapataria é mesmo intermediária nesse negócio.
DOC. -  Vem cá, e os lugares que assim, uma cidade e lugares de transporte, assim os lugares, os núcleos de onde, de onde os transportes, eh, nascem, vão pra outros lugares.
LOC. -  Você está, está falando de núcleo?
DOC. -  É.
LOC. -  Você está falando de ponto final? Eh, pra mim é ponto final onde o, eh, porque existem as garagens, não é? Onde eles ficam, lá, mas eu acho onde a gente, como é, onde, de onde a condução parte, eu acho que a gente chama de ponto final.
DOC. -  Vem, vem cá, e quando você vai pra um outro estado, assim por exemplo, você ...
LOC. -   Vou pra rodo... Em ter... em termos de ônibus eu vou pra rodoviária. Rodoviária. Avião: aeroporto. Navio: cais do porto. Detesto porto (inint.) ah, tem trem. Trem como é? É a estação de trem? Não sei se é não. A gente chama tanto de Central, né? (risos) Eu não tenho mais nada pra dizer. É Central, eu chamo sempre de Central aquilo. Eu nunca peguei nada na Leopoldina. É Central e Leopoldina mesmo, não tem nome pra aquele negócio não.