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PROJETO NURC-RJ

Tema: "Cinema, televisão, rádio, teatro, circo"

Inquérito 0124

Locutor 141
Sexo masculino, 69 anos de idade, pais cariocas
Profissão: engenheiro
Zona residencial: Sul

Data do registro: 07 de novembro de 1972

Duração: 40 minutos

Clique aqui e ouça a narração do texto


D
 Como é que a vida do senhor funciona assim em termos dessas diversões, cinema, televisão, rádio e teatro?
L
 Hum, teatro e cinema eu vou muito pouco, né? Vou mas vou muito pouco. Cinema só quando vejo que tem uma fita muito boa e que tenha ocasião, que é raro aparecer. (riso) O teatro quando tem assim um convite muito, muito especial, um teatro de, de, de, de caridade, um, um, uma, uma, para uma obra qualquer ou, ou assim um caso muito especial mesmo porque coincidir que tenha uma peça boa num dia que a gente pode ir e quer ir (riso) é difícil. E o cinema eu fui muito no outro tempo, agora vou pouco, né, muito pouco.
D
 O senhor ia muito?
L
 Antigamente ia bastante, né? Antes de, de ter a televisão acho que ia muito mais. Agora (riso) com a novela a senhora fica presa na novela, eu não, não tenho ... Só me prendi numa novela j'á há algum tempo, depois fiz um propósito de nunca mais assistir novela, que é pra não ficar preso. Eu vinha correndo pra casa pra chegar naquela hora pra ver, pra vir assistir a novela. Então depois acabou essa, eu cortei e não fico preso em nenhuma. Fico às vezes um pouquinho mais preso pois toda está se passando ali dentro de casa, eu estou naquela hora e, e me prendo um pouquinho mais (sup.)
D
 (sup./inint.)
L
 (sup.) Mas não me prendo assim inteiramente de dizer: não, hoje não posso fazer isso porque tem a novela. Isso, isso não.
D
 E essa novela que o senhor ficou tão preso qual foi?
L
 Eu não me lembro não, (riso) eu não me lembro.
D
 Não lembra, né?
L
 É, foi uma dessas aí no princípio, que fez grande sucesso, não sei se foi "O direito de nascer" ou não sei qual foi. Foi uma aí que fez muito sucesso no princípio. Eu depois disse: não, isso daí a gente tem que cortar porque senão fica a vida presa àquilo por causa daquela hora, aquele, aquele coisa, né?
D
 O que que o senhor assiste atualmente em, em televisão?
L
 Bom, estou escutando o, estamos no canal (riso) da Globo, né, canal quatro, né? É a novela do, como é, "Rosa do ...", "Uma Rosa por Amor", parece que substituiu "O Primeiro Amor" e, e a, a "Selva de Pedra", né? Eu gosto de ver na, na novela são os, os quadros que representam as, os locais do, do Rio. Isso é que eu gosto mais de ver. Agora quando liga assim um pouco a gente fica querendo aí na hora do, duma emoção que eles fazem, criam aí, a gente fica querendo ver. Mas eu no, na televisão e no rádio eu sou é futebol ou notícias, né, são as duas coisas, né? Minha diversão principal no, no tempo de solteiro era, era futebol. Depois foi indo, foi indo, tive que deixar de ser sócio do Fluminense porque não ia, ficava pagando aquela mensalidade e não ia então deixei de, de ser sócio. Mas quando era solteiro o que eu ia era futebol mesmo, que eu assistia mais, né?
D
 Como é a sua televisão?
L
 Como?
D
 Como é a sua televisão?
L
 A minha televisão é, é Philco, pequena, né, tamanho pequeno mas moderna.
D
 O senhor podia descrever como é que ela é?
L
 Como é que ela é? (riso) Descrever como é que ela é? É um, um quadro de, acho que é de dezessete, não sei qual é o tamanho, né, e, e pequena, de fi... portátil mas não a, a que chamam portátil mesmo mas é portátil, a pessoa carrega com facilidade pro quarto se quiser ver, não é, e é escura, não é?
D
 Além de novelas e do noticiário o senhor vê algum outro programa na televisão?
L
 Bom, costumo assistir os programas que emendam geralmente depois de nove horas, entre nove e dez horas, muitas vezes assisto. Outras vezes sou obrigado a desligar porque considero nenhum que mereça nem a gente estar nem ouvindo de vez em quando (sup./riso)
D
 (sup./inint.) que programa (inint./sup.)
L
 (sup.) Tem o, o programa assim do Jô Soares na segunda-feira e o, o programa do Chico, o programa do Chico Anysio (tosse) Chico Anysio, por exemplo, do Moacir Franco, às vezes eu, eu assisto um pedaço. Mas eu não fico preso a esses não, eu sou, sou livre, desligado mesmo. Se eu precisar fazer uma coisa eu deixo lá o programa e, e vou.
D
 Em relação à televisão eu estava querendo saber (inint.) numa televisão, internamente, externamente pra que ela funcione? Para que o senhor ponha a televisão pra funcionar o que é que o senhor faz?
L
 Ah, bom, aí não tem, eu só viro, só viro um botão, né, porque já está mais ou menos no canal que é. Às vezes tem que virar dois porque mudou de canal, né? Eu mesmo às vezes mudo de, de canal pra assitir outra coisa, né?
D
 E só tem um botão do canal ou tem outros?
L
 Não, tem outros pra graduar a coisa mas eu não, não mexo, normalmente não mexo. Ela já vai fazer um ano e eu não costumo mexer. Só no outro dia que alguém naturalmente mexeu na limpeza, eu fui obrigado a, a mexer na regulagem, que achei que não estava boa mas normalmente não mexo. É só dois botõezinhos, um às vezes, e o outro sempre. (riso) O pra ligar, sempre, agora o outro, pra pôr na estação, nem sempre.
D
 E a sua televisão funciona bem, né, porque (inint./sup.)
L
 (sup.) Ah, funciona, não é? É nova. Ela, ela vai fazer um ano. É uma televisão nova, né, de modo que não dá problema, não tem problema nenhum agora, né? Ela vai fazer um ano em dezembro, não deu problema nenhum (inint./sup.)
D
 (sup.) O senhor já teve outra que deu (inint./sup.)
L
 (sup.) Tive outra que, foi o, foi obtida aí por uma, uma, uma transação e que durou muito tempo, era muito boa mesmo. Mas era muito grande, depois no fim já estava dando muito problema então resolvi (sup.)
D
 (sup.) Qual era o problema que ela dava?
L
 Era de, enguiçava de, de tudo, né, de qualquer coisa. E o consertador que vinha sempre atender disse: agora não vale mais a pena o senhor consertar. Então aí eu resolvi comprar outra, né? E escolhi menor que era pra poder, se quiser, se precisar levar pro quarto poder levar com mais facilidade, né, que aquela era muito grande, né?
D
 Nunca deu nenhum problema na televisão que o senhor mesmo pudesse resolver?
L
 O quê? Conserto de televisão? Ah, nunca me meti não. (riso) Nunca me meti em conserto de televisão não. Meu rádio e minha televisão não ... Estão cem por cento e sem fazer propaganda são Philco. (riso)
D
 Agora outra coisa. Eh, todo mundo está falando muito de televisão agora, tem uma novidade no tipo de televisão. Elas (inint.) muito grandes, né, mas (inint.) pequenas, estavam, todo mundo só comprava televisão pequena mas agora só está comprando televisão grande. Quem, quem pode comprar, né?
L
 Bom, eu acho que o tamanho da minha é muito boa. Eu vejo umas pequenas por aí que, que às vezes vou assistir na casa de um parente alguma coisa, eu acho um pouco pequena demais pelo que eu estou acostumado, né? Como antigamente eu estava acostumado na, uma, uma bem maior do que essa mas agora eu estou acostumado com essa, acho muito boa e a imagem está muito nítida mesmo. Ela é muito boa, né?
D
 Mas eu estou falando, eh, de uma revolução que houve na televisão agora, uma novidade (sup.)
L
 (sup.) Ah, bom, essa daí, por exemplo, a novidade é que você liga, ela aparece imediatamente a projeção, enquanto que a outra sempre demorava um tempinho que dizia que era pra esquentar, essa diz que não (sup.)
D
 (sup.) Qual é a diferença?
L
 Essa, diz que essa já não, já vem quente, né? (sup.)
D
 (sup.) A minha é dessas que demoram a esquentar.
L
 É porque essas daí não têm, não têm válvula, é um, tem um outro sistema aí que não, não é à válvula. É uma coisa que, ligou, dá imediatamente. A válvula, pra funcionar direito, tem que ser, tem que ser aquecida, de modo que demora um tempo, depois começa a aparecer a imagem, mal, mal, mal, vai melhorando. Agora nessas daí não, nessas daí aparece imediato, né? É que eles dizem que está sempre quente, né? (risos)
D
 O senhor já viu televisão assim sem ser em preto e branco?
L
 Não, eu, colorida eu ainda não, ainda não assisti não.
D
 Nunca teve curiosidade de ver?
L
 Não sei se, nem, nem passando assim nunca vi não, nunca, nunca olhei, nunca tive curiosidade nem de, nem de ver, né?
D
 Agora (inint./sup.)
L
 (sup.) É, nunca, nunca tive a curiosidade nem de ver como é o, o colorido, como é que está funcionando, tudo, porque isso que a gente vê aqui, ele diz: colorido, colorido. Mas a gente vê sem colorido e, e a gente põe uns coloridos lá se quiser, não é?
D
 Quer dizer que o senhor nunca teve oportunidade de ver um estúdio de televisão não, não é?
L
 Não, nunca fui não. Nunca tive curiosidade de ir.
D
 Alguma vez o senhor já viu o programa do Chacrinha?
L
 Não, quer dizer, ver assim ligado na televisão (sup.)
D
 (sup./inint.)
L
 Bom, às vezes pego um pedaço, às vezes pego (sup.)
D
 (sup.) Que que o senhor acha?
L
 Ahn?
D
 Que que o senhor acha?
L
 Eu acho que é muita palhaça... muita palhaçada demais. Eu acho que o defeito do Flávio Cavalcanti é querer imitar em alguma coisa o Chacrinha porque acha que o Chacrinha tinha muito popularidade, talvez muito Ibope e ele queria pegar o Ibope então fazia umas imitações demasiadas, né, demasiadas para a palhaçada, né? Só não tinha chapéu e vestimenta mas, mas no, no organizar fazia também muita, muita palhaçada. De modo que também não estou me interessando pelo programa dele nem nada, só quando estou num domingo em casa, naquela hora, não tem nada que fazer, às vezes ligo.
D
 Agora, antes da televisão, praticamente só era o rádio, né, rádio e teatro.
L
 Bom, aí tinha, eu ia mais a cinema, não é, do que agora porque não ficava, não ficava preso. Mas eu dizer assim quantas vezes por semana, eu mais ou menos ia uma vez por semana, quando ia muito, né, quando ia muito, uma vez por semana. Não ia muito mais do que isso não.
D
 O senhor ia ver alguma coisa especial, um tipo especial de filme?
L
 Bom, eram geralmente as fitas que diziam que era boas. Às vezes dizem que uma fita é boa, eu vou e não gosto, né? Não gosto de uma ação muito violenta nem muita luta, muita coisa dramática nem muita ... Eu gosto um pouco policial e gosto de, de musical, apesar de não ser apreciador de música porque não tenho muito ouvido mas eu gosto do, um filme musical, um filme de enredo e tem alguns filmes aí que são bons. O que está levando aí, por exemplo, agora, essa "Noviça Rebelde" por exemplo eu achei um filme interessante, bom, vi mais de uma vez, é um filme que eu gosto. "O Vento Levou" por exemplo é um, uma fita fora do comum, é uma coisa que esteja sempre levando, né? As outras tem, a maioria é muito baixo. (riso) O cinema mesmo não é uma coisa que, que interesse assim muito, né? A gente vai assim, um ou outro, que a gente não, não aprecia, vai. Bom, estão achando que isso é que é bom, então eu não gosto do bom de hoje, eu gosto do bom de ontem, né?
D
 Qual é a diferença assim entre o cinema atualmente e como ele era há anos atrás?
L
 Ah, bom, isso (sup.)
D
 (sup./inint.) a diferença (inint./sup.)
L
 (sup.) Bom, havia (sup.)
D
 (sup./inint.)
L
 (sup.) Bom, isso tem uma diferença muito grande em cinemato... em, na fotografia a diferença é enorme, né? Muito melhor mesmo. E, e o modo de apresentar as ligações e tudo é muito mais bem feito e muito mais técnico, é uma diferença muito grande, né, isso. Está visto que a gente vê uma fita antiga e aprecia mas aprecia dentro do, do que era daquela época, não pode querer ver a, como é o cine... faz o cinema hoje. Tem uma porção de defeitos numa fita do, do, do Carlitos ou do Max Linder, é uma diferença muito grande dessas fitas de hoje, né? (sup.)
D
 (sup./inint.)
L
 (sup.) Harold Lloyd, por exemplo (sup.)
D
 Qual era o tipo de filme de Carlitos? Como era? Em termos de fotografia. Como era e como é que é hoje? (diversos documentadores)
L
 Isso eu não sei explicar direito não. Mas eu, o que eu ... Hoje por exemplo faz é um, uma ligação muito maior e procuram fazer coisa boa de, de vista, né, muito boa de vista, né? Todas as, as fotografias, as coisas que faz assim externa, procura vistas bonitas e coisas, eh, eh, geralmente muito, muito agradável à vista. As, as, o cinema todo mesmo que seja uma fita que não seja grande coisa a gente vai e vê uma porção de quadros, umas coisas muito bonitas mesmo, tem muitas fitas agora que não são assim de técnica, outra técnica, eh, desenvolvida, nem de grandes artistas e no entanto a gente agrada pela, pela vista, pelas paisagens e tudo.
D
 Existem artistas assim que o senhor se lembra até hoje (inint.) que o senhor gostava?
L
 Eh, do passado, né?
D
 Sim.
L
 Ah, bom, isso tem aí muito. Glória Swanson, Greta Garbo. Como é aquela outra? Eu não me lembro assim agora os nomes não. Eu sei que dos cômicos eu já falei aí, Harold Lloyd, Carlitos e (sup.)
D
 (sup.) Harold Lloyd, Carlitos (sup.)
L
 (sup.) Harold Lloyd mesmo, me lembro de muitas fitas boas dele, né? Era aquela representação de fazer, eh, malabarismo e poses, de fazer o público ficar em suspense, pendurado no ponteiro do, do relógio, lá de cima, ameaçando cair lá embaixo. Essas, esses, essas mágicas do cinema, de fazer uma coisa dessas porque isso afinal é uma mágica, o camarada não fica dependurado em cima daquelas ruas num, (riso) num ponteiro, aquilo é adaptação de um, de uma, uma cena na outra, né?
D
 E os filmes do Carlitos que o senhor lembra, que é que o senhor acha dele?
L
 Bom, ele é um artista mesmo, né? Ele é um artista, né, lá no gênero dele, depois ele é um, um artista. E depois ele mesmo or... começou a organizar e a fazer a, as, as fitas, né? Ele foi além, começou a, a fazer, a projetar mesmo as fitas dele, é um artista mesmo. O Harold Lloyd talvez não fosse como seja o Carlitos. Eu não sei a direção que tinha o, o, o ator na, na fita antigamente mas depois eles foram mudando, quase todos passaram a querer ser diretor, ter a sua companhia e, e fazer as suas fitas. Eu não sei qual é as dificuldades que o, que o diretor põe no, nos artistas, né?
D
 E a respeito assim do cinema brasileiro?
L
 Bom, o cinema brasileiro hoje parece que está muito melhor mas antigamente quando falava que é filme brasileiro, bom, então não vamos nesse. O princípio era esse. É filme brasileiro, bom, então não vamos nesse (sup.)
D
 (sup.) Por quê?
L
 Agora a gente já pode ir a um filme brasileiro. Eu fui noutro dia porque disseram que era bom e gostei muito, esse "Independência ou Morte", né? É um filme que prende a atenção não só por causa do, da gente ser brasileiro e estar vendo ali a história, revendo a história, como também tem encenações e tudo muito bem feito, né? É uma boa fita, né, como fita brasileira mas antigamente não se via um filme brasileiro assim (sup.)
D
 (sup./inint.)
L
 (sup.) E mesmo os que tinham enredo, disseram que ganharam prêmio, a gente ficava decepcionado quando via, né? Às vezes muito pobre de, de cenário, de tudo e depois também de, de apresentação mesmo, as coisas muito, fracos, né? De um modo geral era fraco, agora está muito melhor mesmo. Já tenho visto outros mesmo, sem ser esse "Independência" que no momento eu não me lembro e são razoáveis, são bons mas antigamente, há dez anos atrás, eu não sei o que que era não mas acho que era muito ruim. (riso)
D
 E o, e o local assim pra ver um filme, o cinema, como é que o senhor acharia que um bom cinema deve ser? Em termos assim de dar conforto às pessoas (inint./sup.)
L
 (sup.) Bom, pois é, deve ser cadeiras boas, confortáveis, ter ar condicionado (inint) e ser perto de casa também. (risos) Pra quem não tem carro pode ser perto de casa, pra quem tem carro que tenha estacionamento próximo. (riso) Cinemas em Copacabana por exemplo são ruins, pra mim não, que vou de ônibus, mas pra quem vai de carro é ruim porque não arranja estacionamento, né? Quando estaciona num lugar, acaba da volta do cinema encontra uma multa mais cara do que o cinema, né?
D
 Em relação aos próprios cinemas mesmo, esses de Copacabana, o que o senhor acha deles como local assim de (inint.)
L
 Não, as salas de um modo geral são boas, as salas de projeção são boas, são boas. O Rian, o, o Metro, de um modo geral a maioria é de muito boas salas, né?
D
 O senhor já foi a esses cinemas novos aí, cinema Um, né, cinema Um, esses diferentes agora?
L
 Não, esse cinema Um eu não conheço.
D
 Tem outro aqui, Bruni Setenta, né, parece.
L
 Bruni Setenta eu conheço. Mas isso aí é um, é um cinema pra mim muito velho, né? Antigamente era Astória, né? (sup.)
D
 (sup.) Como ele era antigamente? (sup.)
L
 (sup.) Cine Astória. Ele tinha, ele era enorme, era o cinema maior talvez daquela época na ... Quando ele foi inaugurado acho que era o maior cinema do, do, aqui do, do Rio. Ele tinha, tinha três andares, a pessoa podia subir lá em cima numa arquibancada (inint.) mas era, era fraco das instalações porque as cadeiras, se eu não me engano, nesse, nesse período não eram estofadas não. Não me lembro, não tenho certeza mas acho que não eram, acho que eram cadeiras de madeira quando ele foi inaugurado. Agora, era bom, projeção e tudo mais era, era bom e comportava muita gente. E enchia mesmo. Tenho idéia de ir lá em cima na, na última fila da última, (riso) da, da última arquibancada porque tem du... três andares, né?
D
 E agora ainda é assim?
L
 Bom, agora eu já fui mas eu não, não sei lá pra cima como é que era porque eu não subi, eu fui embaixo, né? Agora é muito bom, luxuoso mesmo, acomodações, tudo é, é caprichado mesmo, muito bom. Ele está muito bem, muito bom.
D
 E eu tenho a impressão também de que ele deve ser um pouco diferente na, no projeto e tudo, né? O local lá pra cima eu acho que não deve ser igual como é que era antigamente.
L
 Ah, bom, isso eles fizeram agora, estão fazendo todas essas telas modernas, grandes, né, pra projetar essas fitas todas, em tamanho muito maior. Eu sei que alguns cinemas ficaram prejudicados com essa organização. Por exemplo, o cine Pax, que eu construí, né, ele ficou prejudicado (sup.)
D
 (sup.) O senhor que construiu?
L
 É. O cine Pax ficou prejudicado porque teve de fazer uma adaptação pra cortar assim dos lados, teve que avançar a cabine e perdeu uma porção de lugares ali em cima e mesmo os lugares embaixo, na parte da arquibancada, ficou cortando, pessoas sentando ali corta a tela, de modo que eles proibiram de sentar ali no, nos lugares. Perderam vários lugares com a ampliação da tela, né? Não foi feito pra aquela, pra aquela tela, né? Tinha um palco grande, foi feito com um palco grande pra teatro, né? O palco podia ser utilizado como teatro mas não fazer um tela de, enorme, muito maior do que a que tinha, não dava certo.
D
 Antes havia isso de juntar num, num mesmo local cinema e teatro. A gente vê também no Palácio é assim, não é, um palco (inint./sup.)
L
 (sup.) Pois é, quando fizeram o Pax, pensaram em fazer as, pras duas coisas e até pensaram que ia sair um teatro, não sei o quê e tal mas não, nunca fez, nunca saiu (sup.)
D
 (sup.) Não dava para teatro, né? (sup.)
L
 (sup.) Nunca, nunca fizeram o teatro porque o teatro ainda prec... pra ficar bem organizado ainda precisava fazer mais uma porção de coisas. Estavam lá os lugares preparados pra pôr, pra suspender os cenários mas não tinha, não tinha lugar assim de, por exemplo, não tinha os cenários, não tinha as coisas todas. Pra organizar isso tudo, pra fazer funcionar um teatro, eh, acharam que talvez fosse melhor continuar o cinema, né?
D
 Hum. Falando de ... O senhor já falou de cinema dessa época (inint.) e a parte de teatro, o senhor ia ao teatro?
L
 Eu me lembro assim é do, do Procópio, né, Procópio Ferreira, "Deus lhe Pague" e outros aí, como é, "O Maluco da Avenida". Ainda no outro dia eu estava até falando aí. O que eu me lembro mais é do, do Procópio Ferreira. Agora de, de outros assim e mesmo do teatro lírico eu não ... Sei que eu vi "Madame Butterfly", vi uns assim mas não, não me lembro assim muito não.
D
 E essa peça do Procópio, "O Maluco da Avenida", como era?
L
 Isso daí (sup.)
D
 (sup.) Que peça era? (sup.)
L
 (sup.) É, era um, ele era um, um maluco, pa... passava por maluco, né? Disseram que ele era perigoso se contrariassem. Então ele fazia todo mundo obedecer baseado naquilo e combinado com o médico ele fazia todo mundo obedecer ao que ele queria, de modo que muita gente que não gostava de trabalhar nem nada, ele chegava assim: tem de sentar ali, vai co... cerzir esta meia, vai fazer esse crochê, vai não sei o quê. E as senhoras todas sentadas assim trabalhando e se começasse a falar muito ele gritava: eu não posso estar ouvindo essa conversa assim, eu fico ner... fico doente!
D
 (gargalhada)
L
 E aí ficava todo mundo com medo, todo mundo sossegadinho, ia trabalhando e sem falar, não é, que ele exigia tudo isso, né?
D
 O senhor se lembra onde foi que o senhor viu essa peça?
L
 Ah, eu acho que foi ali no, onde chamavam Trianon ou ali no, onde tem aquele Teatro Nacional de Comédias. Eu, porque algumas pe... muitas peças eu vi ali, agora se essa assim explicitamente se eu vi eu não me lembro mas ali eu me lembro de ter muito tempo Procópio Ferreira.
D
 E no Municipal o senhor ia?
L
 Ah, eu não (sup.)
D
 (sup./inint.)
L
 Bom, eu ia mais, eh, ia a, temporada lírica eu fui algumas vezes assim essas, naturalmente as populares, né, (riso) e sempre e no período que eu arranjava assim com uma certa facilidade mesmo entradas porque eu trabalhava no estado, né, na prefeitura naquele tempo e às vezes obtinha lá ingressos pra assim, pra essas coisas.
D
 E que tipo de espetáculo passa lá?
L
 Bom, eu vi mais lírico, negócio de teatro assim ... Que que é? (fala dirigida a circunstante)
D
 (inint.) os outros espetáculos, né, que passam no teatro Municipal além de companhias líricas (sup.)
L
 (sup.) Não, tem (sup.)
D
 (sup.) Que mais tem (sup./inint.)
L
 (sup.) Negócio de, que eu me lembro assim de ter visto vi negócio de prestidigitação, né, não, aquele, como é que eles chamam? Aquele francês que esteve aí, que fazia mímicas.
D
 (inint./sup.)
L
 (sup./inint.) ah, é, que fazia mímicas, eu me lembro de ter visto e balés, né? Não me lembro assim de, de muita coisa não. Muito não ia, pouco.
D
 (inint.) o senhor se lembra (inint.) de teatro, por exemplo, teatro Recreio, que tipo de espetáculo que passava?
L
 Ah, não, eu fui a, a, no tempo daquela, daquela, como é, "My Fair Lady", da, como é, como é o nome dela? Ferreira, a filha do Procópio.
D
 A filha do Procópio.
L
 Bibi, a Bibi Ferreira. Esse daí eu me lembro. Agora ir assim raríssimo, raríssimo mas "My Fair Lady" eu me lembro porque levei os, os filhos e tudo.
D
 O senhor viu o filme?
L
 Vi.
D
 Que que o senhor achou, o filme e a peça?
L
 Bom, o filme é uma coisa muito diferente. A peça eles põem num cenário pequeno pra, pra trabalhar, né, e o filme pode passear muito mais, né, de modo mais (inint) todos dois são bons, todos dois agradam mas cada um (inint.) um como cinema, outro como teatro. Talvez porque se fosse fazer o, o cinema muito ligado assim ao, ao teatro ficava uma coisa ruim, né, porque o cinema tem a vantagem de poder sair, passear, pegar as... aspectos bons e cenários e tudo. Cenários, cenário natural, né, bons, né, ao passo que o teatro tem que ficar naqueles cenários que vão improvisando ali, né, organizando.
D
 Essas, essas (inint.) no Municipal, as companhias internacionais, o senhor viu?
L
 Não. A maioria é quase tudo de estrangeiro, quer dizer, tudo não era mas muita coisa era estrangeira. Os artistas principais sempre estrangeiros, né? Gigli. Qual é o outro que andou por aí? Não sei, não me lembro mais. Tamaki Miúra, que representou a madame Butterfly, uma japonesinha que representava. Naturalmente era sempre japonesa que representava madame Butterfly. Tinha que ser a atriz encaixando, ajudando, né?
D
 Que tipo de teatro (inint.) líricos, musical assim como "My Fair Lady" ?
L
 Bom, esse que eu estou falando é, é ópera, né?
D
 Ópera.
L
 "Madame Butterfly" é, é ópera, né? Ia mais, no teatro Municipal ia mais a ópera mas pouco, não é? Me lembro assim de algumas como essa daí. Tem outras que eu vi também mas não me lembro agora assim.
D
 Quando o senhor era rapaz o que que o senhor via assim principalmente?
L
 Não me lembro assim.
D
 O senhor ia freqüentemente?
L
 Ia algumas vezes mas freqüentemente eu não posso dizer porque não ia assim a, a miúdo não, mas ia, às vezes ia, né, não ia assim muito a miúdo não mas ia um pouco, né? Não me lembro assim de, de peças que freqüentasse assim mais. Mesmo esses teatros assim eu ia muito pouco. Não gostava desse gênero de operetas que usava naquela época. Eu, eu ia muito pouco. Não, não era admirador disso não.
D
 Rádio o senhor ouvia (inint.) algum programa?
L
 Aí, não, não me lembro de ouvir programa nenhum de rádio. O único programa que eu sempre ouço de rádio e continuo ouvindo é futebol, né? (riso) É futebol e notícias. Quando não tem notícias pela televisão, que eu quero saber o que que houve, eu ligo no, no primeiro noticiário que eu sei, oito e meia assim e tal, eu ligo pro, pro noticiário. Quando eu não chego a tempo de ver e sei que tem uma notícia que queria saber, eu ligo pro, pro, notícia de, de rádio.
D
 A sua senhora não ouvia não, outros programas de rádio?
L
 Teve uma ocasião que eu acho que nós andamos ouvindo sim. Quando foi? É, mil novecentos e cinqüenta e três, quando eu estive de cama dois meses, com um acidente, eu acho que eu ouvia, andei ouvindo programa de rádio. Mas não me lembro assim de, pra dizer qual era o programa, o que que ouvia mas talvez eu ouvisse alguma coisa nessa ocasião.
D
 (inint.) que a televisão atualmente ou de uns anos pra cá (inint.) eh, faz certos programas que são programas típicos de rádio, já foram levados no rádio, muitos programas que já foram levados no rádio (sup.)
L
 (sup.) Já foram levados no rádio e que estão ... Bom, mas isso eu não me lembro de, de ouvir em rádio o programa que a televisão está levando e também não, não vejo assim todos os programas. Vejo pouca coisa de televisão de modo que não, não sei. E de rádio eu também já não, não me lembro assim os que eu vi. Talvez em mil novecentos e cinqüenta e três, quando eu fiquei dois meses, em conseqüência de um acidente, fiquei dois meses na, na cama, de perna e braço quebrado, talvez nessa ocasião eu estivesse ouvindo rádio pra, pra passar o tempo, distrair e tudo, pode ser, né?
D
 O senhor tem rádio?
L
 Tenho rádio.
D
 Como é o tipo de rádio?
L
 Meu rádio é um rádio portátil Philco. Agora é tudo no plástico, né, e de cor azul. Então é pilha, três pilhas. Quando começa a ficar ruim é só mudar a pilha, nun... nunca deu aborrecimento. Esse já tem três anos aí, que o outro rádio aqui da casa era da filha, ela levou quando casou, de modo que ...
D
 E ele só pega Brasil ou ele (inint.) outros lugares? (sup.)
L
 (sup.) Ah, não, eu só, eu só, eu só ouço, só uso Brasil mesmo, só uso as estações daqui, é o que eu sei mesmo.
D
 Mas ele tem outras possibilidades (inint./sup.)
L
 (sup.) Tem, tem outras, outros canais mas pra fora, onda curta e coisa, mas nun... nunca li... nunca liguei não. Quando vou pra fora assim, que vou pra Petrópolis, às vezes é que eu começo a ouvir outras estações assim porque lá por exemplo eu ouço melhor às vezes São Paulo do que o Rio. Ouve-se melhor lá na, na minha casa de campo São Paulo do que o Rio. De modo que às vezes eu e... erro . No tempo do Repórter Esse eu ia ligar o Repórter Esso na, na, aqui e ligava na de São Paulo. Ouvia notícia de São Paulo por engano pensando que era daqui, né? Depois quando chegava no meio é que eu via que estava errado então ia procurar o outro, né, porque lá ouve as estações muito, as estações de São Paulo muito melhor, mui... muito menos diferença do que daqui. Daqui é muito mais claro a daqui do que a de São Paulo, de modo que não acontece isso, eu acho que no interior (sup.)
D
 (sup./inint.) e por que lá (inint.)
L
 Bom, é porque se está, a daqui está mais longe e a de lá está mais pró... perto, né? Está mais, talvez o, as montanhas sejam mais favoráveis lá pra ouvir de lá do que daqui, né?
D
 O Repórter Esso durante muito tempo existiu no rádio e depois acabou, parece que não tem mais.
L
 Não tem mais não.
D
 O que que o senhor acha de noticiário no rádio e noticiário na televisão?
L
 Bom, eu acho que o noticiário da, da televisão está muito, já está muito cacete, né? O noticiário é bem feito, interessante mas ficam repetindo um noticiário muito interessante uma porção de vezes de modo que vai tornando-se cacete aquela, aquela apresentação do noticiário. Quase que quando chega na hora da notícia a gente liga de... quase que desliga, né? Desliga o som, porque já está com som demais e de... e sempre o noticiário fica com o som mais alto do que o programa que a gente está acostumado a ouvir, de modo que já obriga a gente diminuir e depois às vezes fica, fica ruim mesmo estar, estar repetindo, repetindo, repetindo, já repetiu uma porção de vezes mas tem programas bem interessantes de, de propaganda aí. Essa propaganda agora da limpeza por exemplo está muito interessante, não é? Começa num, uma história lá qualquer, depois o garoto joga o papel no chão, depois ele vê lá o, o, a propaganda, vai, apanha, joga no, depois sai satisfeito de ter feito um, um serviço pra limpeza e tudo. Até fazem lá do Campo de Santana lá do (sup.)
D
 (sup.) Hum, hum.
L
 Uma das (inint.) é, é feito lá no, lá no Campo de Santana, os jardineiros que, com quem eu trabalhei vinte e três anos.
D
 Mas o senhor não acha que a televisão é, é muito mais vantajosa porque o senhor (inint./sup.)
L
 (sup.) Ah, bom (sup.)
D
 (sup.) Vê a imagem (inint./sup.)
L
 (sup.) Pois é, guarda (sup./inint.)
D
 (inint./sup.)
L
 (sup.) A pessoa guarda muito mais porque vê, guarda pela vista e pelo ouvido, não é?
D
 Por exemplo, agora com a campa... com a, as eleições nos Estados Unidos, não é (sup.)
L
 (sup.) Ah, bom, aí dessa (sup.)
D
 (sup.) No noticiário das onze horas parece. O senhor assiste todos os noticiários? (diversos documentadores)
L
 O quê?
D
 O senhor assiste (sup.)
L
 (sup.) Não, eu, eu assisto geralmente é o noticiário de sete e meia pras oito, que assisto mal porque é essa hora que eu costumo chegar em casa. De modo que às vezes eu chego perto de oito horas, já, já perdi. E não tendo na... nada de extraordinário não vou procurar ver notícia no, no rádio, né? Só quando tem uma coisa extraordinária que queira saber. No tempo que há eleição aqui, o que eu queria saber, eu ia no, no rádio ver (inint.) agora não tem esses assuntos assim de estar procurando todo, resultado todo dia, né?
D
 E jornal?
L
 Bom, jornal eu leio o Jornal do Brasil, leio um só. Teve um tempo que eu lia o Jornal do Brasil e O Globo. Depois houve aí um, uns incidentes e tal e, e suprimi O Globo, fiquei só no Jornal do Brasil.
D
 Hum. Que que o senhor acha do Jornal do Brasil?
L
 Eu? Se eu estou usando ele é que eu acho bom, acho o melhor. Ainda não, (riso) não tenho assim um que eu ache, ache melhor do que ele senão eu mudava, né? (sup.)
D
 (sup.) Em termos assim de (sup./inint.)
L
 (sup.) E agora já tem o, já tem na segunda-feira também. Eu na segunda-feira era leitor do Globo, né, mas agora fiquei lei... leitor de Jornal do Brasil na segunda-feira de modo que (sup.)
D
 (sup./inint.)
L
 (sup.) Alguns, alguns hoje passaram a ficar O Globo de domingo, eu só, O Globo é só na televisão, só ouço os anúncios, mas o jornal eu não, não, ainda não vou não (inint.) nos anúncios.
D
 Em termos assim de diversão, uma coisa que era muito comum, assim as crianças, pras crianças pelo menos, né, mas eu acho que mesmo os adultos gostam, o circo.
L
 Ah, bom, o circo é uma coisa (sup)
D
 (sup.) O senhor recorda (sup./inint.)
L
 (sup.) Bom, eu me recordo do, do Sarrazani, lá na, no, onde era o palácio, ali em frente à, lá no Castelo, né, lá no Castelo, depois da Feira da Providência, depois do, da feira da, da, como é, feira, Feira de Amostras, a Feira de Amostras que teve em mil novecentos e vinte e dois.
D
 Hum.
L
 Em mil novecentos e vinte e dois teve uma feira, depois teve circo ali, teve, ficou parque de diversões lá muito tempo. Foi o primeiro lugar que houve, teve montanha-russa aqui no ... Foi, se eu não me engano, foi em mil novecentos e vinte e dois, não sei se houve outra, outro depois que tenha tido isso lá, que tenha sido em outra época. Podia ser que eu esteja dizendo que foi mil novecentos e vinte e dois e tenha sido outra época. É, foi depois sim. Agora estou vendo que foi depois, porque eu já fui com minha senhora lá e tudo. Tinha essa fei... essa, essa, parque de diversões que tinha lá, no, no Castelo, onde tinha sido a exposição de mil novecentos e vinte e dois. E lá montava o circo e tudo. Eu me lembro muito bem do, do Sarrazani, que diz que era o maior circo naquela época da, que tinha aí. Tinha elefante e tudo. (sup.)
D
 (sup.) E como era o circo?
L
 Mas o tipo é a mesma coisa, é na lona e no, na tabuazinha, não é? (riso) A tabuazinha de cavalete e o, o coisa. Mas circo por exemplo eu fui a muitos aí, esses circos aí de, de bairro assim, sempre levava as crianças, sempre que tinha circo quase sempre levava os, os filhos, quando tinha os filhos pra eu levar, agora não tenho também não vou.
D
 O que que a gente vê em circo (sup./inint.)
L
 (sup.) Como?
D
 O espetáculo.
L
 Bom, o espetáculo que eu gosto mais no circo é negócio de animais, né? Acrobacias eu gosto também mas não sou assim tão, tão fã disso, gosto de ver também mas, palhaços às vezes, às vezes. (riso)
D
 O senhor foi a essa exposição de mil novecentos e vinte e dois?
L
 Fui.
D
 Exposição da Independência?
L
 Fui.
D
 (inint.) conte como foi.
L
 Pois é, é difícil contar assim como é que foi, mas a gente (sup.)
D
 (sup./inint.) uma coisa fantástica (inint.) no Castelo (sup.)
L
 (sup) Pois é. Agora mesmo estou me lembrando dela. Estão demolindo o pavilhão da Inglaterra, pavilhão da Inglaterra ali, que funcionava aqueles institutos, funcionou uma porção de coisas lá.
D
 Hum.
L
 Ah, e a Academia Brasileira de Letras era onde era o pavilhão francês. Aliás chamava-se, se não me engano, Petit Trianon, né, aí esse pavilhão. Onde tem lá o ministério da Agricultura era o pavilhão dos estados. Onde tem a, a prefeitura ali, prefeitura, quer dizer, o governo, a secretaria de Finanças do governo, aquilo dali era o pavilhão de festas. Ali, depois que terminou a feira sempre eles davam bailes no carnaval, lá nos diversos salões lá, era o baile do, do pavilhão de festas e tudo, todo mun... muita gente gostava de ir. Eu di... di... distribuía convites pra diversas pessoas porque eu trabalhava lá no estado e recebia, às vezes na comissão até de carnaval mesmo andei trabalhando. Mas lá tinha, tinha ali todos os pavilhões, tinha o dos Estados Unidos que é onde 'é a embaixada americana, não é o prédio nem nada.
D
 Sim.
L
 Mas ali tinha o, o pavilhão dos Estados Unidos, tinha França. Portugal onde é que era? Não me lembro. Inglaterra, França e Estados Unidos, os três eram ali seguidos, né? E o pavilhão dos estados era lá no, no coisa. Ali no, onde tem o Museu da Imagem e do Som era também pavilhão mas eu não me lembro que que era ali. Ora, que mais que tinha ali? Tinha uma porção ...
D
 E a exposição como era? Cada, cada país ...
L
 Cada país tinha o seu, a sua exposição lá da, do, da, das coisas que faziam e comércio, né, pra procurar o comércio, né?
D
 Tinha muita gente, né? (sup./inint.)
L
 (sup.) Ah, tinha um movimento enorme, era um movimento enorme mesmo.
D
 Eu vi um filme da época, tinha muita gente pra compras (inint.)
L
 É, tem um (sup.)
D
 (sup.) Mulheres (inint./sup.)
L
 (sup.) Ah, viu agora é?
D
 Ahn?
L
 Viu agora?
D
 Vi.
L
 É? Isso deve ser interessante.
D
 Curta-metragem. E também ... Ah, e, e além da, além dessa exposição dos próprios países havia diversões também, né, pras pessoas.
L
 É, tinha diversões, tinha o parque de diversões, né? Esse parque de diversões foi o primeiro fizeram ali e depois eles foram fazendo sempre. Ali em frente do, desse prédio que era o palácio das festas mantiveram o parque de diversões ali muito tempo. Ah, e o primeiro carnaval no gelo que foi feito aqui foi lá nesse, no, foi ali no, não sei direito o que que tinha, fizeram uma construção ou tinha um pavilhão ali em frente a esse pavilhão das festas, era ali que foi o primeiro carnaval no gelo e eu me lembro que levaram aqui. Todos os anos levam agora lá no Maracanã mas antes não tinham um, uma instalação em cond... em condições mas fizeram, adaptaram lá um pavilhão que levava sempre o carnaval no gelo.
D
 O senhor vai ainda a carnaval no gelo?
L
 Não, agora não tenho ido não (sup./risos)
D
 (sup.) Mas o senhor já gostou de ver isso?
L
 Bom, é um espetáculo muito interessante, bonito e agrada muito à vista e tudo. Bonito, um espetáculo bonito, vale a pena ver, quem nunca viu, né, vale a pena ver, né, mas eu já vi diversas vezes, aquilo repete mais ou menos, mais ou menos, né? Sempre vão mudando as coisas e vai, a técnica vai adquirindo muito mais vantagem com as, as colorações e as fantasias que mudam de cor, só pelo caso da, da pintura e da luz que projetam em cima, enfim, tem muitos, muitas modificações, coisas grandes. E lá no, no Maracanãzinho tem uma pista muito maior do que tinha no outro, nos outros pavilhões que, que houve aí antes, né? Não me lembro como é que era o pavilhão, assim de detalhe eu não me lembro. Sei que o, que era do, do, do Caruso. Caruso era um dos, dos, dos que faziam esses projetos de, de carnaval no gelo, que era presidente do Bonsucesso. Me lembro muito dele, muito bem dele.
D
 Olha aqui outra coisa: o senhor falou do circo Sarraceni. O senhor por acaso viu o, o circo de Moscou na época que ele esteve aqui?
L
 O quê?
D
 Circo de Moscou. Foi um circo russo que veio.
L
 Ah, eu não me lembro de ter visto não (sup.)
D
 (sup.) Não viu não, né?
L
 Não vi não.
D
 Tinha uns ursos e tinha um jogo de, de futebol entre animais.
L
 Bom, jogo de futebol de animais eu vi aí num, a bola ficava presa assim em cima. Eu vi uns cachorrinhos, os cachorrinhos empurravam a, a bola assim com, com o focinho e a bola ficava presa, empurrava prum lado e pro outro mas eu acho que eles não sabiam o lado que eles deviam empurrar, né? (riso)
D

  (risos/inint.).