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PROJETO NURC-RJ

Tema: "Animais e rebanhos"

Inquérito 0120

Locutor 137
Sexo feminino, 29 anos de idade, pais cariocas
Profissão: professora de matemática
Zona residencial: Norte

Data do registro: 25 de outubro de 1972

Duração: 40 minutos

 

Som Clique aqui e ouça a narração do texto


D
 A senhora tem ou gostaria de ter em casa algum animal, qual ou quais e por quê?
L
 Gato, cachorro e pinto.
D
 Tem?
L
 Não, nós temos em casa gato. Tínhamos dois gatinhos mas um morreu. Agora estamos com um outro ali. Gosto muito de gato, ga... acho gato um bicho limpo que não dá trabalho, bom pra viver em apartamento, adoro cachorro, mas acho que em apartamento não há condição, então nós não temos cachorro não, mas nós todas gostamos muito de cachorro. E pinto não sei por que que eu acho uma coisa linda, sabe? Adoro pintinho. Adoro. Então (sup.)
D
 (sup.) Gato?
L
 Também não dá pra ter em apartamento.
D
 E gato assim de raça?
L
 Não, nós já tivemos um gato siamês, mas já demos, porque é um gato assim muito ... Não, gato que necessita de muito cuidado, muita atenção e a gente também está necessitando de cuidado e atenção, né? Então nós demos o siamês e pegamos dois vira-latas. Nós sempre tivemos bicho em casa, mas sempre assim vira-lata, nunca ligamos pra bicho de raça não. E esta... estou agora com um via... vira-latinha do garoto, mas nós gostamos, achamos mais simpático, mais (sup.)
D
 (sup.) E se você tivesse cachorro?
L
 Come tudo, topa qualquer parada. Cachorro também sempre tivemos em solteira, nós éramos quatro e sempre tivemos vira-lata também.
D
 Mas você não tinha assim, se você tivesse que escolher um assim pra você, se você tivesse que escolher um assim pra você, você não ia escolher de uma raça?
L
 Ah, escolheria sim, escolheria, como é aquele da, Lassie, V.? Que marca é? Que marca? [outra voz: (collie, collie)] Que raça é? [outra voz: (collie, collie)] Collie. Collie, aquele grande, cachorro grande, né? Policial, dinamarquês, um collie. Pequenininho, aquele pequenininho, como é o nome daquele pequenininho? [outra voz: (chihuahua, chihuahua)] Chihuahua não, não gosto não, não gosto (sup.)
D
 (sup.) Lulu, que é bonitinho.
L
 Nem lulu, não gosto. Eu gosto de cachorro gran... de raça só aqueles grandes, bonitos. Peludo, imponente.
D
 E quais os insetos que a senhora conhece?
L
 Inseto?
D
 É. Sim.
L
 Mosquito. Não quero ter em casa de maneira alguma. Mosca também não gosto. Olha, o que, que me dá, olha, relacionado assim a animal, é uma vergonha, eu não conheço nada. Inseto é mosca, mosquito, mariposa é inseto? É? Mariposa, borboleta.
D
 E qual, qual é o inseto que lhe incomoda mais?
L
 Que me incomoda mais?
D
 É, particularmente.
L
 Olha, eu vou te dizer. Dizem que mosquito incomoda, mais, o que me incomoda mais é a mosca. Tenho muito nojo de mosca. Acho assim repugnante (sup.)
D
 (sup.) Por quê?
L
 Não sei, eu acho que a mosca pousa em tudo, entende? E depois vem pousar na gente, na comida da gente. É perturbadora, não, não dá, não dá.
D
 Aqui tem mosquito?
L
 Aqui? É muito raro. Aparece uns sim, é muito raro.
D
 Você não toma assim nenhuma providência pra não ter mosquito em casa?
L
 É dedetizada sempre com freqüência. Nós dedetizamos periodicamente. Agora, sempre escapole um mosquitinho. Piolho é inseto? Piolho é inseto? Pois é, está na moda agora, né? Estão até movendo uma campanha, porque parece que os hippies lançaram a moda do piolho.
D
 (risos)
L
 Sério, não estou brincando não. E está, estes colégios já estão aí.
D
 Quando a pessoa dedetiza em geral eles fazem o mata-mosquito e tem mais, né (inint./sup.)
L
 (sup.) Mosquito, barata. Ah, barata nem fala, até o nome pra mim é palavrão, viu? Tenho horror. Por falar nisso nós estávamos ontem aqui (sup.)
D
 (sup./inint.) que pula muito.
L
 Pula?
D
 É que se esconde.
L
 Traça? Que pula? (sup.)
D
 (sup.) Que que a senhora sabe sobre a traça?
L
 Traça?
D
 É. Que que ela faz? Que que ela faz, onde é que ela vive?
L
 Ah, é, ela rói, né? É. Obrigada.(risos) Olha, dizem que, eu não sei que eu não entendo, dizem que a traça é desses mosquitinhos de lixo e que depois cai a azinha, ela vira traça.
D
 Não, isso é cupim, isso é cupim. É outro (sup.)
L
 (sup.) Ah! Mais é uma espécie também, né?
D
 Não, traça não tem nada a ver com cupim, cupim é de madeira.
L
 Ah, tá. Traça é a traça e o cupim é o cupim. Agora, outros insetos (sup.)
D
 (sup.) Por que que o mosquito é chato?
L
 Olha, você sabe que eu não sinto a picada do mosquito não, viu, quando eu vejo, estou toda assim pinicada. Não me incomoda, só me perturba é na hora que a gente vai dormir e fica aquele zzzzzum. Aquilo, né? De vez em quando fica assim, né, rondando e ali ele consegue perturbar a paz da gente, mas fora isso eu não sinto não, não sinto mosquito me incomodar nada, nada. Quando eu vejo eu sei que ele deve ter caminhado, né, porque eu sin... eu vejo as marquinhas, mas não sinto não. Nem pulga, também não sinto, se tem aqui, acho que não tem aqui em casa não. Também não sinto de maneira nenhuma.
D
 É, a senhora já experimentou cuidar de pássaros?
L
 Não, mas meu irmão já cuidou muito. Nós já tivemos viveiro também, a nossa casa era assim um, um pequeno jardim zoológico.
D
 Então a senhora pode falar bastante de pássaros: como é que eles vivem, o que que eles comem.
L
 Não, eu não posso não, porque era atribuição do meu irmão, eu não gosto de ver passa... passarinho preso, não gosto, eu acho que ele nasceu pra viver solto e fico triste quando vejo um passarinho na gaiola. A gente não solta porque ele não tem como sobreviver e vai morrer, né? Mas não gosto e jamais teria, eu, eu criar passarinho, não. Porque ele gostava, ele tinha passarinho, depois teve um viveiro de periquitos barulhentos, que também não gosto, que só sabem fazer barulho. São lindos, né, realmente são lindos, enfeitam, mas não, mas não gosto muito de ... Pra te dizer realmente eu não gosto muito de pássaro não, pássaro é pra, pra andar solto, enfeitando a natureza. Dentro de casa eu não gosto.
D
 Ele tinha assim algum tipo especial de passarinho, sem ser periquito?
L
 Nós tivemos graúna e o corrupião.
D
 Como é que eles são? (sup.)
L
 (sup.) Corrupião. Preto misturado com amarelo, né? Nós, nós misturamos as cores bonitas, misturadas, mas predominando o preto. Agora, o rouxinol do Rio Negro também preto, predominando um certo colorido. Aquele eu gostava, aquele era lindo. Ele comia na minha boca, adorava, brincava de pegar com meu dedo, mas brincava mesmo dentro da gaiola com meu dedo. E era incapaz de ... Ele brincava assim, abria o biquinho e não mordia, não pinicava, sabe, não machucava não. De jeito nenhum. Mas adorava brincar, comia na minha boca, eu botava assim ele vinha, comia, comia na minha mão, mas calmo, muito bonzinho.
D
 Mas o que que ele comia?
L
 Olha, gema de ovo, né, e folha, alface, alpiste, sei lá, eu não ... Olha, a gente, sabe como é, né, garota, tudo que a gente comia, a gente pegava assim e dava pra ver se ele aceitava no biquinho e ele aceitava. Carne, pedacinho de carne.
D
 E pinto, que você disse que gosta de ter, o que come?
L
 Olha, pinto, pinto come aquele milhinho picadinho, né? Ele ... Olha, eu adoro pinto, tive pinto também. O meu pai ia à feira e trazia pintinho, porque ele sabia que eu adorava, aquele amarelinho assim rochonchudinho (sic), gostava à beça. Até com o pinto eu dormia. Ah, dormia com pinto, de tanto que eu amava o pinto. E conta a mamãe que nós tivemos uma galinha, quando éramos pequenas, bem pequeninas, e que a galinha fazia tudo que a gente mandava. Dorme fulana, ela deitava de costas, fechava as patinhas, arriava e fechava os olhos. Aí fingia que estava dormindo. É. Um dia a mamãe saiu e disse pra empregada brincando: Maria, quando eu chegar em casa eu quero ver essa galinha na pia. E quando ela chegou em casa a galinha estava na pia mesmo, toda depenada. (risos) A mamãe quase matou a empregada. É claro que ninguém comeu do, da galinha, né, porque a galinha era de estimação. Todo mundo chorou, mamãe quase que enforcou a empregada e a empregada foi embora. E perdemos a galinha de estimação. Mas eu adoro pinto. Mas os pintos morriam, porque nós morávamos em casa e tinha um porão, casa antiga, e tinha rato. O rato, a gente procurava o pinto, o rato tinha levado. Aí eu chorava, chorava, meu pai, na outra semana, trazia mais pintinho. Ele trazia assim dois, três, mas morre com muita facilidade. Botava numa caixinha com uma lâmpada dentro pra dar aquele calor, mas não tinha sorte não. Já tivemos papagaio, papagaio falava, cantava um pouquinho e um dos pintos foi, foi morto, foi assassinado pelo papagaio. (risos) A minha irmã chegou perto do, do papagaio e disse assim: olha aqui louro, o pintinho. Quando ela disse isso, o papagaio pum e no pescoço. Menina, pendurou a cabeça do pinto. (risos) Chorávamos eu e a minha irmã. Aí, e ela ... O meu pinto estava crescido, nascendo as, aquelas peninhas durinhas, estava virando franguinho, né, estava entrando na puberdade, coitado. Aí ela chorava e eu chorava e o pinto com o pescoço pendurado, cabeça pendurou mesmo, quase que, que decapitou, né? E ela chorava e dizia pra mim: ai, eu juro que eu não fiz por mal, eu só quis mostrar. E eu disse: não faz mal não, eu sei que foi sem querer. E toca as duas a abrir o berreiro e chorar. Aí meu pai tra... na outra semana, trazia pinto pra mim da feira outra vez. Eu tive um também que já estava com as peninhas duras, estava um franguinho, sabe, crescidinho, e eu botava na mesa de manhã pra tomar café. Mamãe até que foi legal. Botava na mesa de manhã. Meu irmão um dia está tomando café com leite, quente, ele tomava café com leite numa, numa, numa xícara muito delicada, sabe, parecia um prato fundo. Ele gostava daquela xícara grande. Não é que o pinto morreu afogado dentro da xícara? (risos) Conseguiu morrer afogado na xícara de café com leite do meu irmão. Afo... afogado e quei... queimado, né? Aí lá eu chorei outra vez com o pobre do pinto morrendo na minha mão. Aí eu disse pro meu pai: não me traga mais pinto da feira, porque eu não quero mais ter pinto. Eu dormia com o pinto na cama, o pinto amanhecia todo assim, ó, desmaiado, tonto. Eu esmigalhava o pinto embaixo de mim.
D
 Você nunca viu nenhuma doença no pinto, não? Porque às vezes eles dão uma doencinha na cabeça, em galinha, não? Você não sabe não?
L
 Não. Não, nós nunca criamos galinha não. Nada disso porque meu pinto não chegava, coitado, não, não dava, (risos) ele não chegava a virar galinha não.
D
 E que outra ave doméstica a senhora conhece, sem ser esses?
L
 Bom, tem gente que cria arara, né? Eu não gosto não. É bonito, mas eu não gosto não. Não ligo aves. Só gosto de pintinho, porque acho lindo, acho gracioso. Sei lá, eu não gosto muito de ave, eu acho que é pra lá pra natureza. Agora cachorro precisa, né, de um lugar pra ter onde comer, onde dormir. E cachorro é muito amigo da gente, cachorro brinca, o cachorro você chora o cachorro chora com você, não é isso? Você está alegre, o cachorro está abanando o rabinho, está alegre também, né? E gato, sei lá, os gatos daqui de casa são, são quase que cachorros, menina, eles entendem tudo. Eles brincam com a gente. Ah, eles (sup.)
D
 (sup.) Existe alguma maneira especial de chamar assim?
L
 Não, é Chaninha. Gato na nossa casa não tem nome, cachorro tem, gato não.
D
 Quando você quer chamar a Chaninha pra perto de você, como é que você chama?
L
 Ah, ih, olha aí, eu, eu, eu chamo de um modo muito esquisito. Eu mio, eu não, eu não falo, eu mio pro bi... eu chamo de Chaninha, todos nós chamamos de Chaninha mesmo: Chaninha, queridinha, meu amorzinho, vem cá filhinha e, é, fico brincando, imitando a língua do gato, né?
D
 Mas aí, como é que você faz?
L
 Ih, faço: pchi, pchi, pchi, pchi, pchi, né? Que é característico, mas quase não faço pchi, pchi, pchi não, a gente chama mais Chaninha mesmo. Aí eu digo: meu amorzinho, vem cá queridinha. Às vezes enrolo tudo, ninguém entende o que eu digo, mas ela levanta as orelhinhas e fica assim olhando, né?
D
 E quando é cachorro, como é que a gente chama?
L
 Cachorro eu tinha, nós tivemos três cachorros quando éramos solteiras, né? Era um Picolé, porque era branquinho e um rabão, era branco, aquele pelo lisinho, caído e um rabo peludo, assim todo liso também, pendurado. E quando ele foi pra nós, era muito pequenininho e assim magrinho, compridinho, então ele lembrava um picolé de coco. Então nós dissemos: é um picolé, é um picolé e o nome ficou Picolé. Tivemos uma que devia ser traçada com lulu? Ela era traçada? [outra voz: (não, era lulu mesmo)] Lulu. É, era Petit. Aliás ela tinha um nome até muito, muito charmoso: Petit Pois Cri-Cri Pim-Pom White Gibi Branquinha Balalaica [outra voz: (White, Balalaica, Tim-Tim, Fom-Fom). E, Tim-Tim Fom-Fom Reco-Reco. Bom, era nome de gente rica das tradicionais famílias mineiras. (risos) Agora, pra nós, na intimidade, era Petit mesmo. (risos)
D
 Mas como vocês chamavam pra ele (inint.)
L
 Petit.
D
 Também?
L
 Não, não assoviava não.
D
 E pintinho? E pintinho?
L
 Ah, pintinho eu chamava: piu, piu, piu, piu, né? Você quer ver se eu sei falar a língua dos bichos, né? Muito bem, eu sei. (risos)
D
 (risos) Quais são os outros bichinhos que a gente pode ver também assim voando? Assim menores, muito bonitos, que tem gente até que coleciona?
L
 Borboleta, mariposa. Alguém coleciona mariposa? Não, né? Gafanhoto.
D
 E um que tem um cheirinho ruim?
L
 Carrapato?
D
 Ele não voa, né?
L
 Percevejo?
D
 É, esse próprio. Um cheiro insuportável.
L
 Bom, esse não ...
D
 E borboleta, você sabe como é que nasce, como é que ... Pra chegar a borboleta, como é?
L
 Bom, eu sei que, eu sei que é uma larva ... Olha, eu não sei se é não, heim, E. Cala a boca, cala a boca, eu vou fazer vergonha. É uma, é, é uma larva, meu Deus. V., me ajuda. É uma larva e que aí depois se transforma num, se fecha num casulo, certo? E aí do casulo, ih, sai a borboleta. (risos)
D
 Quais são e como vivem as aves de rapina? Você conhece alguma?
L
 Ave de rapina?
D
 É.
L
 Arubu (sic).
D
 Ahn?
L
 Não é ave de rapina?
D
 Urubu.
L
 Urubu, uru... ah! Meu Deus. O urubu, perdão. (risos)
D
 O que que você sabe sobre o urubu?
L
 Olha, eu não sei não, mas pra mim é, é, é uma, é uma ave muito necessária, tá?
D
 Por quê?
L
 Ah, porque ela limpa as sujeiras aí, que o, que o governo não se preocupa de limpar. (risos) Então é um, ela faz parte da, da administração e ajuda. É, ela, nós poderíamos dar at... até o cargo de, de lixeiro, né? Leva o lixo pra gente. (risos)
D
 E como é que ele é? Descreve.
L
 Urubu?
D
 Hum, hum.
L
 Olha, até que a gente ali na praça Quinze, de vez em quando olha os urubus assim mais de perto, eles são imponentes, você já viu? Ah, eles têm, eles são pretos e têm assim a cabeça, é, tem assim feito uns penachinhos. Sabe que, não é imponente o urubu? (risos) Não você sabe que eu olhei de perto assim a, a parte do pescoço, assim da cabeça, é um, é uma pena assim mais fofinha, mais, mais, assim uma plumagem, né, feito uma plumagenzinha. Pelo menos o que eu vi ali na praça Quinze, naquele lixo que fica ali, naquele ... (sup.)
D
 (sup.) O que mais que a gente também vê em praça? Não é urubu não.
L
 Pombo. Ah, pombo é lindo, né? Mas olha, vou te dizer, porque que o pombo tem uma voz, aquela voz do pombo gu, gu.
D
 Como é?
L
 Sei lá, menina. Não, esse é o peru, né? Meu Deus, espera aí, como é que o pombo faz?
D
 (risos)
L
 Gurrr, gurrr. (risos) Não sabia que eu imitava pombo tão bem. É, e (sup.)
D
 (sup.) O que que ele come?
L
 Olha, eu não sei não. Quando a mamãe estava no hospital, nós dávamos miolo de pão, nós dávamos miolo de pão pro pombo e eles vinham, menina, um estava ali a gente jogava aquele miolinho picadinho, daqui a pouco estava um bando de pombos. Ficava cheio, mas pombos lindo, todo branquinho, outros todo negrinho e outros assim cinza com um verde metálico, um azul metálico, mas é lindo, lindo. Tinha uns que tenha, tinha pa... a per... o pezinho todo cobertinho de pluma. Tem uns que têm o pé assim nu, mas tinha uns que tinha os pezinhos feito uma, feito uma manguinha que cai aquele babadinho assim, assim no, na, na mão, todo de pluminhas, mas lindos, lindos, lindos. Agora também não gostaria de ter não. Ave não, não ligo mesmo, são lindas ...
D
 E quanto a pesca, você já pescou alguma vez? Você sabe me dizer alguma coisa sobre peixe?
L
 Minha filha, a única coisa que eu consegui pescar foi o meu marido. Mais nada.
D
 (risos) Você não tem nenhum, você não gosta de nenhum tipo de peixe especial? (sup.)
L
 (sup.) Adoro peixe assado com molho de camarão.
D
 Que espécie de peixe que você gosta?
L
 Ah, não conheço.
D
 Não conhece nenhum?
L
 Tem a sardinha, pescadinha, o robalo, que eu acho que faz assado com molho de camarão, namorado, tem uma manjubinha, pra mim é sardinha, é sardinha que esqueceu de crescer, sardinha anã, é a manjubinha. Aquilo é uma delícia frita com, com cerveja. Uma delícia. Não, não conheço. Peixe espada, peixe elétrico, né, peixe boi.
D
 Você nunca viu ninguém pescar?
L
 Já, no cinema já.
D
 Como é que era?
L
 Com uma vara. (risos)
D
 Você não sabe de outra maneira de pesca?
L
 Pescar? Com rede, né? Os pescadores lá na (sup.)
D
 (sup.) Mais nada?
L
 Com rede, com vara, com arpão, com aquela espingarda, né, uma espingarda arpão, que eles chamam, não sei o nome não.
D
 Você nunca foi assim na Barra da Tijuca? Ali, pra ver todo mundo pescando?
L
 Minha filha, eu não fui nem pra namorar lá, você sabe? Mamãe não deixava. Não, e eu também tinha medo, heim, não ia não. Podia ir escondida, mas não ia não.
D
 Mas de dia, de dia?
L
 Não, não fui, de dia eu trabalho. Não dá.
D
 E domingo?
L
 Não dá. Não vi não, realmente nunca vi.
D
 Quais são os outros animais que tem dentro do mar?
L
 Tubarão, tubarão, baleia, que é um mamífero, né, o golfinho, também é mamífero. Olha, a gente conhece bastante, porque até o estudo, né, permite a gen... um conhecimento maior, mas na hora que a gente quer falar, não sai não.
D
 Tem um que é vendido salgado.
L
 Bacalhau.
D
 Você falou aí, tem camarão. Não precisa ser peixe.
L
 Bacalhau, camarão.
D
 É, e outro? Parecido com camarão.
L
 Siri é peixe?
D
 Não.
L
 Não?
D
 (inint.)
L
 Eu já esqueci a classificação dos animais.
D
 Sem ser siri, que também se come?
L
 O irmão do siri, caranguejo? Eu não sei, que eu nunca comi caranguejo não, sabe?
D
 Não? (sup.)
L
 (sup.) Eu não. Depois que me disseram que caranguejo comia os, as pessoas que se afogavam, aí não dá, né?
D
 Mas isso todos os bichos, né, talvez peixe também (inint.) né?
L
 Não brinca.
D
 Mas existem (sup.)
L
 (sup.) Tubarão, eu sei ... Ah, tem o, tem aquele, meu Deus, aquele, aquele peixe, lagosta, lagosta pra mim é camarão gigante. (risos) Olha, aquele peixe, aquele que tem os dentinhos assim lindos, quando você bota o dedinho só sai osso. Piranha! Como que eu fui me esquecer, meu Deus, (risos) como? As piranhas.
D
 Onde as piranhas vivem?
L
 Ah, na água, minha fi... Bom, também tem na terra. (risos) Acho melhor cortar isso, voltar pra trás de no...
D
 E que outras comidas você conhece?
L
 Arroz, feijão. Ah, do mar? (sup.)
D
 (sup.) Não, que sejam feitas com coisas do mar.
L
 Polvo, polvo. Deus que me livre não gosto nem de olhar, aquilo é repelente.
D
 Você só gosta assim de comer coisa do mar é peixe e camarão?
L
 É questão de hábito, né, de costume, ahn, de cultura. Sei lá, nossa cultura come também, o povo come, come o, o polvo, mas eu tenho repugnância. Dizem que é gostoso, mas só de olhar aquelas ventosas, não dá não. Gosto de camarão, um peixe assado, robalo, um namorado. Namorado se faz assado? Namorado, não entendo muito não. Adoro assado com o camarão, com o molho de camarão, uma sardinha, gosto, o que eu gosto mais é essa que eu falei, manjubinha, essa sardinha pequenininha, não sei, que tem o nome de manjubinha, frita com uma cervejinha, é, que eu adoro mesmo. Gosto muito.
D
 É, houve alguém na família que teve algum problema relacionado a verminose?
L
 Graças a Deus, não.
D
 E quais os tipos de verme que a senhora conhece?
L
 Ah, pelo amor de Deus, não me envergonhe, porque eu vou dizer pra você que não conheço e vai, e uma professora dizer isso, né? Eu sou professora de sociologia, gente, e matemática. Não sou de ciências não. Me d'a um livro de ciências aí, por favor [outra voz: solitária)] Solitária. Ah, espera aí. Taenia Solium, Taenia Saginata, isso é o que eu me lembro do, do instituto de Educação.
D
 (inint.) pode falar as coisas (inint.)
L
 Lombri... ah, espera aí. Taenia, Taenia Sagitário (sic), Taenia Solium, Tae... é a solitária. Não é? É a abandonada, sozinha (risos). E que mais? Ah, tem uma verminose, tem uns o... oxiúros, oxiúros.
D
 Tem umas que são mais graves do que outras, né?
L
 Ah, tem uma que dá muito norte, nordeste, não é? Meu Deus, como é o nome? Quem me socorre aí?
D
 Não, você é que tem que se lembrar.
L
 Ah!
D
 Também não tem problema.
L
 Eu sei, é uma que tem um ciclo que vai dobrando, vai, né, cada um vai ... Eu sei sim, eu sei que ... Inclusive eu estudei isso, mas não, não estou lembrando. Esquistossomose (sic). Esquistosso... esqui... es... esquistossoma (sic). E tem o ancilostoma (sic). Viu como de vez em quando sai uma coisa assim que a gente estudou. Está vendo, pra alguma coisa serve o estudo, viu?
D
 Como é que são denominados os animais que mamam?
L
 Mamíferos.
D
 E que que você sabe sobre eles?
L
 Que eles mamam. (risos) Tem o corpo coberto de pelo, quatro patas, tem um rabinho. Tem rabo? Não, baleia não tem rabo. Tem rabo, tem, tem rabo. Tem quatro patas, também não quer dizer nada, porque a baleia não tem pata, né? Meu Deus. Tem dentinhos, tem coluna ve... tem ossos, são, são, são vertebrados, uns latem, outros miam, outros dizem mamãe e papai. (risos)
D
 E qual o mamífero voador que a senhora conhece?
L
 Morcego.
D
 Sabe alguma coisa sobre ele?
L
 Sei. Ele é mamífero e ele voa. (risos) Agora ele também ... O radar foi baseado no, no morcego, num estudo baseado no morcego, né, na, no que ela, nas condições que o morcego tem de se afastar do peri... É cego e alguma coisa, que eu não sei dizer, o leva a se afastar da, dos perigos, dos obstáculos. Ele desvia e então nisso foi baseado nosso sistema de radar. Ah, viu como eu estou sabida, gente? Ô, que bacana meu Deus. Agora sei que morcego, morcego dorme pendurado de cabeça pra baixo. Por quê, eu não sei, heim. Não entendo. Deve ser bom, né? Eu vou experimentar. (risos)
D
 E mamífero roedor?
L
 Roedor? É o rato, o esquilo. Rato e esquilo. Castor.
D
 Como é que o esquilo vive?
L
 Na casa dele.
D
 Você tem idéia do que que ele faz? (sup.)
L
 (sup.) Ah, o esquilo não é aquele que vive dentro da árvore? Que come nozes? O rato vive nos porões da casa da gente, isso eu sei. Nos esgotos, nos ralos, né?
D
 E como é que eles são?
L
 Os ratos?
D
 Todos eles.
L
 Bom, o rato é um rato. Bonitinho, não é, o rato? É mamífero. Gente, eu não sei nada do rato.
D
 (inint.) por exemplo, o mamífero que tem o pescoço compridão.
L
 Girafa.
D
 Me diz assim todos os bichos que você vai no zoológico você vê.
L
 Girafa, o que dizem que gosta muito de comer relógio, porquê, eu não sei. Ela deve gostar de tique-taque. (risos) É, leão, e a mulher do leão, leoa, urso, tigre, jjjjj... só mamífero ou qualquer um?
D
 Qualquer um.
L
 Jacaré, cobra, cobra, aves, né, aves raras, aves lindas, arara, aquele, aquele que abre um leque lindo. Qual é?
D
 Pavão.
L
 Pavão é aquele do ... Cisne, cisne, que é lindo, lindo, imponente, ganso, ganso, pato, pingüim não, pingüim não tem em jardim zoológico, tem? Pingüim. Como é que eu nunca vi? Pingüim, pingüim é lindo, eu gosto porque o pingüim tem uma classe. Está sempre preparado pra qualquer eventualidade. Então ele está sempre enfarpelado, vestido a rigor, não sai da dele. Tem, não tem, tem uma classe. Per... também pertence a uma classe social elevada, né? Não tem problema.
D
 Quais as condições em que vive o pingüim?
L
 Olha, nas condições que eu não queria viver, você sabe? No frio. No frio (sup.)
D
 (sup.) Você falou aí de gato. (sup.)
L
 (sup.) Nas zonas geladas.
D
 Agora abrindo um parêntese, você falou um negócio de gato, cachorro e eu perguntei, como é que chama, né? E quando a gente não quer que o bicho fique perto da gente, como é que a gente diz? Qual é o barulhinho que a gente faz?
L
 Eu digo: fora! Ou então digo: sai daqui! Sai! Sai! Ou então digo assim: L. prende esse gato no banheiro. (risos)
D
 Você não diz nunca de outra maneira? Não usa algum termo específico?
L
 É, chi! Chi!
D
 Não sei, estou perguntando se tem alguma coisa especial.
L
 Se, não, não, não, não, não, não faço não. Eu digo: sai daqui! Eu falo, converso com o gato. Eu digo: sai daqui, está me machucando, seu danado! Me arranhou toda. Passa fora! É assim. Ou então eu mando trancar. Não, não, não.
D
 Cachorro também, qualquer um?
L
 Tudo, tudo igual.
D
 Pinto? Tudo?
L
 Pinto, tudo igual. Não, não faço assim muita distinção não. Fora! Sai daqui! Está me machucando! Não amola! Entende?
D
 Se você visse uma cobra, o que que você fazia?
L
 Ah, minha filha, das duas, uma: ou corria, ou eu ficava. E é aquele problema, se ficar o bicho come, se correr o bicho pega. Eu não sei. A cobra eu tenho pavor, eu acho que ela ia me, me, tranqüilamente, eu acho que nem ia dar pra correr não, sabe? Eu ia ficar dura, estarrecida no mesmo lugar. Ela ia se aproveitar de mim, minha filha.
D
 Você sabe assim de tipo de cobra? Nomes de cobra (inint.)
L
 Cascavel carrega aquele sininho, né, pra avisar que está chegando. Previnam-se, estou chegando! Agora, cobra surucucu, coral, cobra coral.
D
 Como é que é a coral? Você sabe?
L
 A coral é coral. (risos) Daí o nome dela, né? É linda, ela tem uns anéis assim, ela é coral com uns anéis pretos, a que eu vi, pelo menos, no, no instituto Butantã, e é pequena, ela não é de grande porte não. Estou certa? Sei lá. E muito perigosa dizem, né? Muito perigosa.
D
 Por quê?
L
 Ah, é venenosa, né?
D
 Se a pessoa for mordida por uma cobra o que que acontece? E que providência você pode tomar?
L
 Bom, a, eu não sei não, mas pelo que a gente escuta falar e vê, mordida por uma cobra, venenosa, você tem que fu... dar um, um corte pra tirar aquele sangue, chupar o sangue. Sei muito bem fazer uma, um torni... torni... torni... [outra voz: (torniquete)] torniquete pra não circular, o sangue não circular muito. Eu não sei não. E o soro, né?
D
 Que soro?
L
 Soro anti, anti, anti, anti-ofídico. Nossa senhora. Não, sabe que se é, sabe que que é, que eu na frente do microfone, eu falo muito, vocês já perceberam, mas eu na frente do fo... microfone eu, eu sinto como se o microfone fosse me digerir, como ele fosse me engolir. Ele me apavora, entende? Eu, eu falo mesmo, mas estou vendo aqui o microfone, as coisa que eu poderia falar tranqüilamente, eu já me sinto bloqueada.
D
 Não, mas está perfeito. Que outros animais assim servem pra alimentação da gente?
L
 Pra alimentação? Tem que me ajudar. É galinha. Sou vidrada em galinha.
D
 Que mais?
L
 Galinha, carne de boi, que também é um, é um dos alimentos fundamentais do brasileiro, né? Do brasileiro que pode, né, diga se de passagem.
D
 Você sabe assim de tipo de boi, raça?
L
 Tipo de boi, não, não mesmo. Não. Sei que tem o boi, o touro. Tem alguma diferença, parece que ... Eu também não sei muito bem qual é não. parece que o touro é touro mesmo, o boi, coitado, já não é tão boi, né? Eu não sei muito bem não. Eu juro. Eu não sei não, eu já escutei falar algumas diferenças. Eu (sup.)
D
 (sup.) Você sabe assim as partes do boi?
L
 As partes do boi? Ele tem costas, ele tem barriga, ele tem pescoço, (risos) e que que o boi tem mais?
D
 E mais ou menos (sup.)
L
 (sup.) Olha eu não sei porque a pessoa que cuida da casa e que compra conhece, mas eu não compro nada, entende? Eu sei que já estudei o boi inteiro, tudo que é aproveitado do boi na alimentação.
D
 (inint.) toda aquela parte de cima.
L
 Tem acém, acém, né? Não sei como é muito bem não. Eh ... patinho e (sup.)
D
 (sup.) Mas você sabe a que cada parte corresponde?
L
 Ma... não tem maminha também? Maminha, né, que eles dizem que é muito gostoso e alcatra e, e chã-de-dentro, lagarto (sup.)
D
 (sup.) Você sabe a que corresponde assim na, na anatomia do boi?
L
 Não. Não, só a maminha. (risos)
D
 Não tem outra carne que o carioca está detestando agora que estava aparecendo aí pra gente comer?
L
 Carne de baleia?
D
 Não.
L
 É, cavalo. Carne de cavalo. Mas é uma questão de cultura, de hábito, porque mamãe uma vez comprou a carne de baleia que é igualzinha e fez à milanesa pra meu pai, pra meus tios e eles todos tinham nojo da carne de baleia. E eles comeram sem saber que estavam comendo a carne de baleia, adoraram e a minha tia ainda comentou com a mamãe: ih, mas C., mas está tão gostosa, parece filé, você, você usou filé-mignon pra fazer à milanesa? A mamãe disse: não, não é filé-mignon não. Ih, mas está uma delícia, está macia, que carne é essa? Depois que todo mundo acabou de comer mamãe disse: é carne de baleia. Aí ficou todo mundo assim querendo se repugnar, mas já tinha gostado, não ficava muito bem, né? Mas eu comi carne de baleia, é igual a carne do boi. Mas no dia que eu vi entrar no colégio a carne de baleia, eu nunca mais botei na boca. Porque eu, eu tive assim um bolo, sabe, tive um, sei lá, me deu nojo. Não consegui nunca mais (sup.)
D
 (sup.) Foi da aparência?
L
 A aparência da carne. Eu estou acostumada a ver aquela carne vermelhinha, não sei se a carne já não estava muito fresca quando entrou na escola. Era uma carne marrom, sabe? Aquela carne de boi que fica muito tempo no gelo, fica queimada, marrom, aquele pedaço que queima da geladeira. Eu ... Já me disseram que não, que ela é igualzinha à de boi, vermelhinha, aquilo igualzinho, mas a que eu vi no colégio era marrom. Aí eu não, eu não comi, nunca mais eu comi a carne do boi, da, carne do, da baleia. Agora de cavalo, é a tal coisa, se não me disserem, eu sou capaz de comer, mas mesmo assim se me disserem eu acabando de comer, eu não sei o que que vai acontecer não. Não, não há, não fui acostumada.
D
 E as partes do cavalo?
L
 É, cabeça, tronco e membros. (risos) Rabo, tem o rabo também. Eu não conheço não. Eu, eu, eu, eu não ligo pra essas coisas. Você já escutou falar em especialização? Sabe o que quer dizer isso? É, é aquele que sabe cada vez mais do cada vez menos. Então você sabe cada vez mais do cada vez menos, então você se especializa naquilo que você dá, procura se aperfeiçoar, só lê em torno daquilo que você dá, pra dar melhor, pra conversar melhor, pra produzir melhor, mas ... E as outras coisas você vai deixando de mão, são coisas que você não usa, você não, não tem nem, nem conversas em clube, em aniversários, etc e tal, você conversa sobre outras coisas.
D
 (inint.)
L
 Pois é. Então, a gente aprende sim, aprendi, eu fiz cursos muito bons, entende? Fui muito boa aluna, mas não usei, eu me desliguei completamente.
D
 Mas você não tem assim lembranças? Isso todo mundo tem e a gente está interessada exatamente no não especialista. Se fosse isso não ia pegar alguém de matemática pra responder sobre isso, né? Interessa é isso mesmo no geral, o que a pessoa se lembra, por exemplo, o cavalo. Então animais semelhantes ao cavalo que tem afinidade com o cavalo?
L
 Jumento e o burro, e pangaré. Não, pangaré é, é, apelido, né? Tem uma mis... mula é uma mistura, né?
D
 Do quê?
L
 Ah, sei lá. É uma mistura aí de cavalo, deve ser, no mínimo é cavalo com burro.
D
 E qual é a diferença ... Você falou burro e jumento, existe alguma diferença entre burro e jumento?
L
 Olha, eu não sei não, não sei não, não sei se vou dar um baixo, mas eu acho que o jumento é infértil, não reproduz, certo? Ou é a mula? Algum deles não reproduz, há uma mistura e depois não reproduz. Não sei se é o jumento, se é a ... Não sei não. Zebra! Zebra é parente do cavalo? [outra voz: (não sei)] É, é, não, zebra é cavalo esnobe. Cavalo esnobe, ele faz questão de ser listrado. (risos)
D
 Você já andou a cavalo?
L
 Olha, minha filha, a minha experiência com cavalo foi muito triste, porque ... Eu não gosto nem de chegar perto dele, porque quando ele faz assim, relincha, eu saio correndo. Porque a pri... eu trepei num cavalo pra tirar retrato, só pra tirar retrato que eu faço essas coisas, e quando o cavalo, na praia, eu estava de maiô, quando o cavalo relinchou, uma coisa normal, que ele jogou assim a cabeça pra trás e relinchou, no que ele relinchou eu a... eu, eu aterrissei na areia. (risos) Eu me atirei, minha filha, saí de cima do cavalo, porque eu achei que o cavalo estava querendo me jogar fora. Antes que ele jogasse, eu me atirei. Quase quebrei o pé e nunca mais quis trepar em cima de um cavalo. Não gosto, tenho pavor, tenho um medo. Não consigo.
D
 Qual é o nome da, daquele lugar onde, onde a gente senta em cima do cavalo?
L
 Onde bota a sela, né? Pra mim é o lombo do cavalo.
D
 Tá. E, e aquela parte onde tem (sup.)
L
 (sup) Cangote? A crina. Crina.
D
 (inint.) é, quais os animais que dão excremento pra adubo?
L
 O guano, do peru, né? O [outra voz: (cavalo)] Cavalo, né? Cavalo. Olha, todos os animais, todos os seres vivos quando morrem se transformam numa espécie de adubo, certo? Agora, eu conheço o guano do peru, o, tem um, não, aquele outro do Chile é, é, é nitrato. E cavalo, é o que eu conheço. Se existe outro adubo, não sei. De gato, qualquer um, acho que pode ser um adubo, né?
D
 Hum, hum. E o que você sabe sobre mamíferos selvagens? Além dos que já foram falados?
L
 Tem o gato selvagem. O siamês, por exemplo, é um gato selvagem, né? O gato siamês é selvagem.
D
 Por quê?
L
 Eu sei lá. Sei que ele é selvagem.
D
 Mas ele não vive dentro de casa? Não pode viver dentro de casa?
L
 Ah, mas a gente domestica, né? Tem uns tipos aí de gatos do mato, é (sup.)
D
 (sup.) Quais são os animais que a gente não tem aqui no Brasil?
L
 No Brasil?
D
 (inint.)
L
 Leão. Alefante (sic). Tem elefante aqui? Elefante. Poxa, você fa... me faz cada pergunta, meu Deus. Girafa, eu acho que aqui também não tem não. Zebra, também aqui não tem. Me socorre. Tigre! Tigre também não tem. Tigre tem, tigre tem. Se ela diz, é porque tem mesmo. É mais sabida que eu. É, tem um animal que foi dado de presente pro presidente, pra, pra, pra Brasília? Urso. Não, urso não tem. O, o, o, aquele que vive no frio, o pingüim também não tem por causa das, da situação climática, ih, climática. Foca, foca.
D
 Está bom, está bom. Agora, você fala pra gente o que você sabe assim, só uns derivados de animais. Quais os outros derivados que servem na, na alimentação?
L
 Bom. Ah, pra alimentação?
D
 É (inint.) que não ...
L
 Ahn, tem os ovos da galinha, a carne da galinha, a pena da galinha, que já fizemos muita peteca com pena de galinha. É, pena de galinha, naturalmente, deve ter servido muito pra, pros índios enfeitarem, né, fazerem os cocares, etc. e tal. E aquele, aquele arminho, que faz aquele, aquelas peles, né, arminho, aquelas que são caras, como é, heim? É, custam dinheiro à beça. [outra voz: (lontra)] Lontra. Lontra. Hum, tem o jacaré, que dá o couro, mas eu acho que hoje quase nem, nem é usado, né, porque eles substituem pelo, pelo material sintético, né? Eu acredito que ... Pelo menos aqui já nem a gente escuta mais falar. O osso do boi que faz pente, escova, botão, também não sei, porque hoje substituíram por plástico, por massa, e etc. e tal. A pele do animal que enfeita e enfeita o chão como tapete ou, ou como casaco, né, um abrigo. Os dentes do elefante, marfim, né, fazem os, os objetos de arte, as jóias. É. [outra voz: (cobra)] A cobra. A cobra.
D
 Existe um animal que é muito gordo e que é muito sujo.
L
 Porco. O porco. Porco, suíno, leitão. Porco, suíno, leitão. Acabou.
D
 Qual é a diferença?
L
 Não, pra mim é tudo a mesma coisa.
D
 E que que ele dá?
L
 Olha, a carne de porco é uma parada, heim, uma delícia. Uma das melhores carnes pra mim é a carne de porco, costeleta de porco, eu sou vidrada em costeleta de porco cheia de limão.
D
 E o que mais se aproveita?
L
 Do porco? A gordura, faz a banha, a lingüiça de porco que é, dizem que, dizem não, que é uma delícia, presunto, presunto, né? Também é uma delícia. Agora, eu acredito que ninguém use a pele do porco, sabe, porque, coitadinho, é tão feinho, né? Assim meio espinhado.
D
 Está ótimo.
L

  Está oquei?