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PROJETO NURC-RJ

Tema: "Casa"

Inquérito 0114

Locutor 130
Sexo masculino, 50 anos de idade, pais não-cariocas
Profissão: advogado
Zona residencial: Suburbana

Data do registro: 12 de outubro de 1972
Duração: 44 minutos


Som Clique aqui e ouça a narração do texto


D
 Sim, mas é sobre casa, vai girar só em torno de casa, interior, exterior e essas coisas mais. Bom, então eu queria primeiro que você ficasse bem à vontade, procurasse falar como se estivesse em casa.
L
 À vontade.
D
 Você está em casa, nós é que não estamos então você tem que ficar à vontade, né, porque nós não estamos, agora você está.
L
 Então deixa eu de... desabotoar aqui porque ...
D
 É (inint.) dá um aspecto de mais em casa ainda. Bom, nós queríamos primeiro que você descrevesse o seu, o seu apartamento. Você mora em apartamento, não é?
L
 Sim, eu moro em apartamento.
D
 E nós queríamos que você des... descrevesse a sua casa, o seu apartamento (inint.) as dependências, a decoração, as particularidades que (inint.) construção também (inint.)
L
 Sei. O apartamento, o apartamento em que eu moro não é o ideal. Mas foi onde eu consegui arranjar para residir, embora tenha, tenha uma das coisas mais fabulosas que eu entendo, que é a recreação, de modo que depois do dia de labor, do dia de aflições, de muita luta é bom que a gente se recolha num lar onde pelo menos tenha alguma coisa que a, a gente goste e eu moro num lugar assim. Alto, e de onde se divisa um panorama belíssimo, viu? De lá eu contemplo os aviões decolando, embora eu não possa viajar pra distâncias muito grande, longe, mas pelo menos eu vejo o avião saindo, isso é interessante. De modo que de lá eu contemplo o, o Galeão, os aviões deixando o Brasil, rumando para terras longínquas.
D
 E onde é que fica localizado?
L
 Eu moro no Cachambi, num lugar assim, numa elevação. E o prédio que tem dois apartamentos por pavimento, eu moro num dos apartamentos situados na parte dos fundos do edifício.
D
 É grande?
L
 O apartamento tem uma sala ampla, dois quartos, quarto de empregada, uma copa, cozinha e duas varandas: uma interna e outra externa. É um lugar sem dúvida aprazível. Dali, como disse inicialmente, a vista é, é muito bonita. Vemos de lá o Corcovado, o Pão de Açúcar e aquela parte lá para aquela usina, de de Manguinhos, de modo que é muito, é deslumbrante aquela, aquela vista. O que não é tão bom é para se chegar ali. A condução não é boa. Do centro da cidade até ali, não há condução direta, e agora que eu vendi o meu carro, né, estou a pé de maneira que dificulta um pouco mais, mas isto é coisa transitória, dentro em breve eu já terei outro carro para, pra que a coisa não seja tão difícil. E as minhas garotas que estudam, uma dela, uma delas está fazendo curso de medicina e durante todo o dia ela está fora, né, e chega bem tarde e isso preocupa um pouco, mas dentro em breve isso estará superado porque sempre que eu podia, quando eu tinha condução própria, eu vinha com ela de manhã e à noite subia. De modo que isso teremos resolvido em breve.
D
 Agora (inint.) está mudando o apartamento, mas o prédio, ele é grande?
L
 O prédio tem dois apartamentos por andar e os apartamentos são confortáveis, são grandes.
D
 Tem quantos andares?
L
 São três andares. Eu moro no último. São três andares e não tem elevador.
D
 Tem cobertura?
L
 Não tem cobertura de modo que há aquela dificuldade de subir pelas es... pela escada, não é? Não tem elevador. Os, ah, os, os edifícios com mais de quatro andares, sim, estes já têm elevador, mas aqueles até quatro, ah, pavimentos são destituídos de elevadores.
D
 Agora, J., eu queria que você dissesse como é que é a disposição dos móveis em sua casa mesmo.
L
 Na minha casa eu tenho na sala uma televisão, um sofá grande e dois outros pequenos, uma rádio-vitrola e uma arca. E um quadro na parede que eu gosto muito de pintura e tenho um quadro na parede. Uma, um pintor amigo meu, de modo que essa, esse, a sala é composta desses, desses móveis e desse quadro, mais nada. Agora, o quarto das minhas garotas tem, tem um grande armário embutido e respectivos sofás que servem de cama e o meu quarto, o outro, também com um armário grande, cama e uma, um móvel, uma cômoda e a cozinha, aqueles apetrechos naturais da cozinha.
D
 (inint.) mas fala deles (riso).
L
 Armário, mesa, fogão e a pia, né?
D
 (sup./inint.)
L
 Não podia deixar de ser. E também há o filtro. Agora, na copa, nós temos a geladeira e nada mais. O banheiro que eu sempre entendo que numa casa o banheiro deve ser cem por cento e a minha, o meu banheiro é. O meu banheiro tem todas aquelas peças naturais de um banheiro bem assim, um aquário com peixes.
D
 No banheiro?
L
 Eu gosto muito.
D
 No banheiro?
L
 É no banheiro.
D
 (riso).
L
 E temos na, o quarto de empregada e estamos sem empregada, ele está vazio, e um banheiro de empregada, uma área nos fundos que temos o tanque, não tenho máquina de lavar roupas (riso). Não sei se descrevi tudo. Duas janelas, uma na sala e outra no quarto, no meu quarto. Janelas no quarto das minhas filhas e uma varanda grande nos fundos que dá para, justamente para o aeroporto do Galeão e uma outra área interna que dá para a frente do edifício.
D
 Você sempre morou num tipo de apartamento assim ou já morou em outros lugares?
L
 Não, eu morei numa avenida e que era em Bonsucesso. Morei numa avenida que tinha várias casas. Eu morava na parte de cima e um apartamento embaixo muito confortável também aquele apartamento, gostava muito dele, mas não era meu, né?
D
 Foi lá que eu fui uma vez.
L
 Você esteve lá uma vez, é. Mas eu gostava muito de Bonsucesso, e gosto de Bonsucesso. É um bairro que tem se ... Que tem progredido muito e não era meu de modo que eu tive que sair e entregar ao, ao proprietário que pediu pra uso próprio e residi nesse apartamento desde mil novecentos e cinqüenta e oito até mil novecentos e setenta e um, princípio de setenta e um.
D
 E você comparando as duas, o apartamento que você morou em Bonsucesso e esse apartamento que você mora em, em Cachambi, eh, quais são as diferenças assim que você acha fundamentais pra melhor ou pra pior, o que você acha?
L
 Bom, primeiro lugar porque aqui eu estou comprando e lá não era meu. Essa é a primeira diferença.
D
 É.
L
 A segunda diferença é que eu acho lá em Bonsucesso o local melhor para efeito de, de doméstico. Compra, tudo é mais perto. E Cacha... e Cachambi não, tudo é longe. É um, um bairro essencialmente residencial não é comercial em Cachambi. Já em Bonsucesso é um bairro também residencial, mas muito mais comercial do que Cachambi, o local onde eu moro. E quanto às acomodações onde eu resido agora são melhores. Lá em Bonsucesso, embora grande o apartamento, mas não havia quarto de empregada. Havia, havia dois banheiros mas não havia quarto de empregada. Quer dizer, as acomodações de certo modo eram mais acanhadas do que em Cachambi.
D
 Como é que se realiza o abastacimento de água na sua casa?
L
 Nós temos uma cisterna e temos uma caixa no cimo do, do edifício e ela é jogada através de bomba automática.
D
 E o sistema de iluminação?
L
 Nós temos nos corredores que dá acesso à porta principal do edifício, nós temos lâmpadas, lâmpadas comuns. Não são dessas lâmpadas, ah, modernas de gás. Lâmpadas comuns que ficam, permanecem acesas toda a noite. E temos na entrada também iluminação. O edifício é bem iluminado. Internamente, são as luzes comuns do apartamento.
D
 E, o, os, os utensílios elétricos que são indispensáveis numa casa?
L
 Bom, os utensílios elétricos indispensável coloco em primeiro lugar a geladeira.
D
 É.
L
 Em segundo lugar, eu acho que uma casa não deve prescindir de um liqüidificador, né? E eu acho também o fogão está dentro de, dos aparelhos elétricos eu também acho imprescindível e eu uso, eh, lá nós temos gás da rua. E, depois vêm aqueles outros: televisão, rádio-vitrola, eu tenho, toca-disco, isso já é a pilha, mas também nós temos uma tomada, à luz da rua.
D
 É no terceiro andar o seu apartamento ... São dois por andar, tem alguma, algum lugar assim que seja comum pra todos os moradores do prédio (inint.)
L
 Não, eu, eu, sim, tem o local pra guardar o carro. Eu e mais dois. Somos três quem guardamos carro dentro do, do edifício, dentro da, de uma área destinada à garagem. Só é ess... essa apenas a área comum que nós temos no edifício.
D
 Quais as vantagens e desvantagens de uma casa em relação a um apartamento?
L
 Bom, eu sempre idealizei ter uma casa e terei um dia se Deus quiser. Eu acho que existe uma série de vantagens em a pessoa morar em uma casa e morar numa, num apartamento. Eu sempre disse, e acho que, ah, o apartamento é uma casa de cômodo me... metida a besta, né? (riso) E eu acho que é porque há uma série de inconveniências que nos trazem o, o apartamento. O, não só também de, de ordem econômica eu acho que a casa é mais vantajosa nesse particular. O apartamento nós temos condomínio e se um proprietário cisma de pintar a fachada, vêm aquelas reuniões, discussões e se nós não, a nós não interessa a pintura, aos outros interessa e de modo que é obrigado a concordar com a maioria então vamos pintar o apartamento e despesas. E a questão de água também, que é comum, ela é dividida entre os condôminos, de modo que uma série de, de desvantagens existem entre morar numa casa, uma casa e um apartamento. Eu prefiro a casa. E também pra efeito de educação, quando a pessoa tem criança, eu acho que numa casa é muito mais fácil de dominar e elas te... têm mais liberdade do que num apartamento.
D
 Por quê?
L
 É essencial. A criança precisa de local pra brincar, de local para correr, eu acho que o fantástico dessa vida é quando a pessoa tem uma infância e a infância eu acho que deve ter contato com a terra. A pessoa tem que ter contato com a natureza e num apartamento quase sempre, muitas crianças não vêem nem o sol, ficam ali eternamente detidas, eh, presas e sem ter contato com, com o sol, com a natureza enfim. Eu acho que na casa tem essas facilidades e no apartamento não.
D
 Por quê? A casa têm o quê, que o apartamento não tem?
L
 Essas facilidades apontadas.
D
 Em termos de área (sup.)
L
 Em termos de área? Bem são uma ... A casa quando feita no apartamento ... Ou quando feita num, num terreno elas são de proporções maiores, a pessoa tem mais, eh, liberdade do que no apartamento. Todas essas que eu apontei, não só de, de efeito econômico, condomínio, impostos que tudo é rateado entre os condôminos e também essa liberdade que as crianças têm que não têm no apartamento.
D
 Mas há casas também em que as crianças não têm liberdade. Depende do tamanho da casa (sup.)
L
 (sup.) Depende, exato. Depende do tamanho. Mas de qualquer maneira, se as crianças não têm liberdade os pais têm, em matéria econômica.
D
 (riso)
L
 Não é? Ele é senhor daquilo, ele diz: eu que não quero pintar hoje, vou pintar depois de amanhã, e no aparta...
D
 (sup.) Mas uma casa em matéria de cômodos?
L
 Como?
D
 De cômodos ...
L
 A casa?
D
 A casa e o apartamento. Bom, o apartamento o senhor tem dois quartos e banheiro, etc. e a área comum, não é, pra todas as pessoas e (inint.)
L
 Não.
D
 O que que a casa teria?
L
 A casa? O que a casa teria? A casa tem liberdade não só dentro de casa como externamente também. Há o quintal, o quintal que a casa possui.
D
 (sup./inint.) (riso)
L
 Ah, era o quintal? (riso)
D
 (riso) Bom, eh, quais os, os utensílios que são usados, de limpeza, que são usados na sua casa?
L
 Ah, isso é um problema que não é meu, viu?
D
 Mais ou menos (inint.) você não, não imagina assim ...
L
 Eu acho que ... Cera não usa porque tem o sinteco, não é? Eh, enceradeira também não. Tem é esse negócio de pó, detergentes, é sa... sapo... saponáceos de modo geral e agora está, estão usando, aliás eu tenho até aí dentro um líquido de fazer limpeza que é muito bom, eu até nem sei o nome daquilo. Sabe o nome daquilo?
D
 De quê? É líquido?
L
 É um líquido que ele vende, eu tenho aí dentro, eu não sei o nome.
D
 É Ajax?
L
 É Ajax? Não sei se é não. (riso) De modo que esses materiais são usados, eh, pra limpeza. Bombril ... Essas coisas, que eu me lembre, né, deve ter mais.
D
 Que que você acha necessário pra construir uma casa. Construir. Se você fosse, se você fosse construir uma casa, que que você achava assim necessário?
L
 Ter dinheiro.
D
 Não, mas não é, não (inint.) mas dinheiro você já tem pra construir.
L
 Já tenho, é?
D
 Faz de conta que você já tem o dinheiro, então você vai realizar uma, um tipo de construção, então quais são os materiais que você acha necessário, o que você acha necessário na construção de uma casa?
L
 Eu fui a Belo Horizonte e vi uma casa que tirei inclusive uma fotografia e disse que faria uma casa igual àquela. Uma casa muito bonita num centro de terreno com piscina nos fundos e uma casa assim de pó-de-pedra mas uma coisa deslumbrante, viu? E na ... Eu gosto muito de peixe, aquário, essas coisas e na casa, na varanda na frente tinha um aqua... aquário embutido na parede e aqueles peixes, eh, nadando de um lado pra outro. Achei aquilo fabuloso. E eu, ah, eu idealizo uma casa que tenha um terreno, uma testada bem grande em que eu possa entrar por ela, por um portão principal e o carro parar na frente perto da varanda me deixar ali e depois subir pra garagem. Na saída, sair pelo outro lado. Eu idealizo isso, uma casa em centro de terreno e que tenha uma piscina, que tenha plantações, que tenha flores, que tenha um jardim, enfim uma coisa assim e que, o, as acomodações não sejam embaixo, embaixo eu pretendia, se eu algum dia, se eu fizer uma casa pra mim eu pretendia que fos... eu pretendia que fosse assim. Embaixo uma, um salão amplo na frente onde, onde eu teria ali, um sofá grande, até uma sala, uma sala atapetada e que eu tivesse nessa sala tudo que possa existir de, de música: piano, gravador, eh, tudo ali. Agora, mais adiante eu gostaria de uma outra sala que tivesse uma grande biblioteca, com os livros mais cobiçados do mundo que eu pudesse ler à vontade. E mais adiante eu gostaria de uma outra sala, uma outra sala com, com coisas de, de, de recreação, não é? Ali então eu teria jogos, teria outras, eh, bebidas, não é, pra atender os meus amigos. Mais adiante talvez uma copa, não é, e depois cozinha, etc. Agora, em cima eu gostaria de ter ... Bom, embaixo eu também gostaria de, de ter um banheiro, não é, bem amplo com todas as facilidades que um banheiro possa oferecer.
D
 (inint.)
L
 É. Exato. De preferência, viu, eu gosto muito de um banheiro assim em preto, não é, sobressaindo as, as, aqueles apetrechos em, numa outra cor, como eu vi um banheiro assim e achei fabuloso. Parece que era rosa e preto. Achei o contraste magnífico. Em cima então eu teria os quartos de dormir, o quarto de hóspedes, que eu acho fabuloso a pessoa poder oferecer a uma pessoa amiga acomodações adequadas. E outro, outro banheiro, outro banheiro em cima com, com os quartos de dormir como disse. E a piscina nos fundos, quarto de empregada nos fundos e, se possível, quarto pro motorista e a garagem.(risos) Eu acho que eu não estou querendo muito não, estou?
D
 Não (riso). Bom, você falou muito sobre a, a, a disposição da casa, como você faria, mas gostaríamos que você falasse sobre a construção, o material de construção.
L
 O mate... (sup.)
D
 (inint.)
L
 Bom, pra isso é preciso ... Pra construir, pra levantar o prédio?
D
 É.
L
 Bom isso aí é pedra, é ferro, cimento. Eu não, não ... Acho que não ia usar telha não, que eu ia fazer um terraço, viu? Então não preciso telha.
D
 Economizava (riso).
L
 Eu teria então um terraço fabuloso com uma vista magnífica. E eu acho que são os materiais necessários para uma construção. Não sei se esqueci de alguma coisa: pedra, eh, tijolo ... E ferro. E areia. Cimento também, né? De modo que ...
D
 E instrumento assim (inint.) você acha que usa?
L
 Instrumento de quê? Pra fazer a casa?
D
 (inint.) Há pessoas que trabalham pra fazer esse prédio e levantá-lo.
L
 Bom, eu ...
D
 O senhor iria construir essa casa?
L
 Eu iria administrar, não é? Eu administraria ...
D
 A quem o senhor encarregaria?
L
 Eu encarregaria a uma companhia. Aí eu teria dinheiro, não é?
D
 Pois é. (riso)
L
 Estava com dinheiro então não tinha problema, eu chamava ...
D
 (sup./inint.)
L
 Eu chamava um responsável por uma firma ... Eu não sei, eu sempre fico imaginando ... Que eu tenho o meu vizinho, um alemão, ele está con... reformando a casa dele, então ele colocou um negócio fabuloso, um vitrilho, que eles chamam, espécie de um pó-de pedra, mas a gente olha assim o negócio brilha e ele já está fazendo essa reforma há quase um ano, então ele fez piscina, é do meu lado assim, fez piscina, fez lá uma série de alterações. Agora está, está ele colocando piso, piso no quintal e está botando todo de cores, em cores, pedras em cores. Está ficando muito bonito. Então ele esteve conversando comigo, ele desceu comigo no carro, que ele ficou sem carro, então desceu comigo e estava contando a, a, a dificuldade dele de fazer essa reforma e o quanto ele já gastou. E eu então disse: olha, eu, se construir uma casa pra mim eu vou fazer aquele tipo de empreitada, porque quando o indivíduo cons... constrói e que pega o funcionário e paga a diária pra ele, então ele fica toda vida. Ao passo que se nós contratarmos o, o cidadão por empreitada, então ele cobra um preço xis e ele tem interesse em correr com a obra e entregar para que não fique toda vida, aí então ele teria prejuízo. Eu então, então estava conversando com ele nesse sentido, eu creio que eu faria isso. Então eu contrataria o serviço de uma companhia e daria a ela o trabalho como empreitada e eles mandariam funcionários para fazer.
D
 (inint.) teria vários funcionários.
L
 Teria vários funcionários.
D
 Então, quais seriam esses funcionários?
L
 Bom, naturalmente eu acho que ele deveria mandar um desenhista que faria naturalmente o, o projeto. O engenheiro, essencial que o projeto seja aprovado. Ele mandaria depois o, o mestre. Compraria o material. Depois viriam os pedreiros, viriam os serventes, viriam também eletricistas, estucadores,. Eu acho que ele ia arregimentar toda essa gente pra poder construir a, a minha casa, né? (risos)
D
 E essa gente toda ia usar assim só as mãos pra fazer a casa? Eles precisariam de material ...
L
 Eu creio, eu creio que, dependendo da obra ele teria que trazer, ah, maquinários pra isso, pras fundações ... Eles teriam que trazer, ah, vamos dizer, pra construção, eles teriam que trazer, dependendo também do terreno: britadores, sei lá o que mais, eh, pá, picareta, pá de pedreiro (risos). Que mais, eh, andaime e fazer essas coisas todas próprias de obra que eu não entendo muito disso não, viu?
D
 (inint.)
L
 Faltou alguma coisa pra construir?
D
 Não sei.
L
 Não sabe não?
D
 Bom, você, você descreveu aí como você faria a sua casa, uma casa ideal pra você morar, não é?
L
 Certo.
D
 A sua casa teria salão amplo, essa coisa toda. Agora nós, eu, eu gostaria que você falasse é como seria, como seria a casa que você mandasse construir pra seus dias de, de descanso. Uma casa de veraneio. Como seria?
L
 Eu estive lá em Petrópolis e vi num vale uma casa que eu gostaria pra minha casa de campo. Eu achei fabuloso, eu olhei de cima e vi lá embaixo, eu falei: casa que eu gostaria pra uma casa de campo. Até pensei em levar a turma toda lá, passar lá uma temporada (risos). A turma toda, meus amigos pra ficarem lá comigo naquele vale. Então era uma casa muito bonita, baixa, cercada de árvores, no centro de um terreno e uma piscina em, em assim, não era quadrada, era uma piscina redonda. Tinha piscina pra criança, tinha piscina pra adulto e a casa devia ser por dentro, que eu não entrei, magnífica. Então eu acho que numa casa de campo deve ter todas aquelas facilidades para que o indivíduo se sinta bem: banho quente, não é, banheiro com banho quente, que lá fazia frio na ocasião, quer dizer, por isso que eu lembrei.
D
 Pra que haja banho quente é preciso o quê?
L
 Heim? Que que é preciso como? Num lugar onde não tem, precisa do gás, né?
D
 Isso.
L
 Se não tiver gás, tem que ter um aquecedor, uma eletricidade que tenha aquele ... Ligação própria para um aquecedor. E, eu estive num outro local onde eles instalaram uma, um, um dínamo e fizeram ... Eles rodavam lá a coisa e nos davam água quente, que até vários, vários processos de aquecer a água como num local assim, desde que a pessoa tenha condição pra instalar esse maquinário. E de maneira que uma casa de campo eu acho que deve ter essas facilidades. Não só cavalo, pra pessoa ir para o campo. Eu estive em Friburgo e lá, eh, estive na casa de uma pessoa amiga que eles tinham, tinham tudo isso. Uma padaria, eles faziam o pão, então, nós comíamos pão feito em casa. Tinha inclusive, esse já não foi em, em Friburgo mas em, lá em, no, no Sul onde eu estive e um, um cidadão amigo meu me levou à residência dele e tinha tudo isso. Mas um, um negócio fabuloso, ele foi lá na adega, apanhou um vinho que ele próprio havia feito. Quer dizer, eu acho que casa de campo tem que ser isso, viu? Uma churra... uma, um local onde fazia churrasco e nós comemos um bom churrasco ali. Então eu fiquei pensando, ele percorreu comigo toda a, a residência, a casa de campo, então eu falei: assim que eu gostaria de ter uma casa de campo.
D
 O senhor passa todas suas, as férias aqui mesmo, dentro de casa ou vai pra algum lugar ...
L
 Não, eu, eu passava quando eu podia tirar férias, há uns quatro anos que eu não faço isso, mas eu ia pra Itacuruçá, um cliente meu tem uma casa lá, ele me dava a casa pra passar as férias. É uma casa ... No próprio quintal tem a, o mar, né? Fabuloso! Então saíamos de dentro de casa e entrávamos na praia e eu passava minhas férias ali em Itacuruçá. Itacuruçá eu acho que é um lugar cem por cento para isso, na beira de praia.
D
 E quando o senhor era pequeno, passava as férias regularmente as férias num local ...
L
 Não, a minha infância não foi boa não. Sempre fui pobre. De modo que não tive, praticamente eu não tive infância, sempre trabalhei, comecei a trabalhar cedo. De modo que só depois de, de adulto é que eu comecei a sair quando podia pra descansar um pouco.
D
 (inint.) o seu apartamento agora é claro, ele é ... Ele tem boa luz.
L
 Ah, é claro. Ele tem boa luz.
D
 Como é que funciona assim, como é que acende ...
L
 A luz, ela é luz direta, não é indireta. Luz como essa daqui.
D
 E luz natural?
L
 Ah, luz natural eu tenho. É muito claro o apartamento. Nós temos, como aliás eu falei, nós temos na sala três aberturas, duas portas ... Três por... aliás três portas e uma, e uma janela. Quer dizer que é muito claro. E o quarto também tem janelas e, e não tem problema de iluminação não. Muito claro.
D
 Bom, você falou que na sua casa ideal você faria jardins, não foi?
L
 Foi.
D
 (inint.) Bom, como é, como é que você faria, como é que seria esse jardim? Como é que você cuidaria dele?
L
 Como eu cuidaria do ... Eu, eu acho que eu próprio senão totalmente, mas eu próprio eu faria isso, viu? Que eu, antigamente, eu excursionava com amigos meus pra colher flores. Então eu tinha em casa muitas orquídeas e cultivava mesmo, e recebi até convites de amigos para visitar orquidários e fui e me interessei demais por flores. E, então nós íamos eu e amigos colher orquídeas raras no Tinguá. Entrávamos pelo mato a dentro a colher, e trazia pra casa e eu cuidava delas. Cultivava e eu tinha isso. De modo que se eu tivesse uma casa eu te... eu ia ter esse cuidado, eu mesmo cuidaria do jardim ... É claro, se tivesse tempo. Mas se não fosse assim eu teria uma pessoa pra fazer.
D
 E como é que o senhor faria?
L
 Bom, isso depende muito do, das condições do terreno, né? Mas idealizando um terreno próprio pras flores eu teria as plantadas no chão. Senão, eu faria um local próprio para elas, teria uma estufa, que existem flores que não podem ser, eh, plantadas no chão, em local qualquer, precisam de um carinho todo especial. Então eu teria estufa para essas plantas. E eu vi um jardim onde o cidadão desenhava no chão várias, ah, vários canteiros, e ali plantava, plantava as flores. E eu acho que faria também o mesmo sis... sistema e selecionando, é claro, cada uma nos canteiros próprios.
D
 E os instrumentos pra cuidar desse jardim?
L
 Bom, isso aí é si... é, é enxada, né? É enxadão também para cavar. Ancinho, não sei se vocês conhecem o que é.
D
 Não ... Eu conheço. É um garfinho.
L
 Conhecem? É um garfo que a gente tira aquelas partes mais ásperas da terra e então separa aquela, aqueles, aquelas pedras, porque aquilo dificulta a raiz das flores, das plantas, né? Então eu faria isso, isso é até divertido, isso modifica aquela situação de semana, muda de ambiente, eu acho que isso é bom.
D
 Bom, nos diversos lugares que você visitou, você pôde notar alguma diferença no tipo de construção das casas?
L
 É, isso é ... Tem diferença sim. As cons... construções de cidade, da nossa cidade daqui da Guanabara é muito, são diferentes das, de vários bai... de vários bairros que eu andei. Por exemplo, em Londrina, eu estive no Paraná, em Londrina e é curiosa ali as construções. Toda a cidade, as construções são de madeira. Agora já está diferente, que eu voltei lá e já tem muita, muita construção de, de, de tijolos. Mas quando eu estive a primeira vez aquilo me chamou atenção e o curioso é que todas elas de coloração vermelha por causa da terra. Então eles constróem o que for, de qualquer cor de, de, daqui a pouco tempo elas estão vermelhas. Eu trouxe dinheiro de, de, de lá e eles são vermelhos. Eu trouxe terra, a terra é da cor da blusa dessa moça. É um negócio impressionante. Então eles fazem as, as construções já de acordo com o ambiente, a situação da, da terra e de modo que lá as casas são diferentes. As construções, a maneira de construir tudo é diferente.
D
 E o interior (inint.)
L
 São construções pobres. Não têm, como nós aqui, facilidades de, de material. Então eles, o chão é de, não é de, assim de taco, então eles têm, ou quando não é esse vermelhão que eles chamam, eles têm tábuas, de modo, de modo que há diferença muito grande em várias cidades do, do Brasil.
D
 Vermelhão. O que vem a ser?
L
 O vermelhão é o tipo de um cimento que eles dão, botam uma tinta vermelha então fica o piso avermelhado. Naturalmente lá isso eles fazem justamente por causa da, da terra, de modo geral, do estado que é toda vermelha. Um negócio impressionante.
D
 (inint.)
L
 Aí sen... aí como é, é madeira, eles às vezes forram com, com papel, usam papel na parede ... E agora aqui também nós estamos usando muito, não é? A, a parede forrada com papel.
D
 (inint.) e se você tivesse uma casa pra alugar, como é que você agiria? Se tivesse que alugar uma casa?
L
 Bom, se eu tivesse que alugar uma casa eu ia querer que a pessoa que alugasse me pagasse direitinho. Então eu ia ...
D
 Não, como é que você ia proceder pra alugar. Faz de conta que você tem uma casa e quer alugar, como é que você procederia pra alugar essa casa?
L
 Ainda hoje veio uma pessoa aqui pra alugar uma casa de um cliente meu e eu dei a ele um formulário igual a esse aqui: proposta para locação. Então, eu ia proceder da mesma forma. Que ele me trouxesse um fiador que ficasse responsável, no caso de ele não pagar. E depois disso, eu examinando o fiador apresentado, se, se ele tem condições, eu alugo a casa pra ele, sem dúvida, depois de, de, do preço estabelecido.
D
 Agora há outras coisas que (inint.) por exemplo, se o senhor vai dar uma festa em sua casa, um jantar ... Quais são as coisas de que o senhor precisa, além de comida, é claro, para pôr sobre a mesa?
L
 O que que eu preciso pra pôr sobre a mesa além da comida? Bom, preciso de prato, garfo, né? Eh, guardanapo e paliteiro ... O que que eu preciso mais? Uma toalha pra forrar a mesa. Não fica bem em cima da mesa pura, né? Que é mais que eu preciso? Deixa eu ver ... De colher, dos talheres, né? De modo geral, copo, né? Copo pra tomar água. E a turma pra comer, né? (risos). Isso é essencial senão não vai.
D
 Escuta aqui, na casa que o senhor fosse fazer, a sua casa ideal, que tivesse um lugar assim para seu estudo, como seria?
L
 Seria um lugar bem calmo, seria um lugar composto de uma mesa, de uma cadeira confortável, luz, claridade, né? Livros e cadernos pra escrever.
D
 E seria fechada, essa sala?
L
 Bom, o ideal será, seria aberta, né? Pra entrar bastante ar. Eu não gosto muito de ficar em recinto fechado, não, eu gosto de ar. De modo que o ideal seria uma sala bem ampla, se pudesse, né? E arejada, bem iluminada.
D
 (inint.) porque no Rio de Janeiro uma coisa que chama logo a atenção (inint.) é, é a diversidade de, de tipos de lugar para morar, não é? Há aquele contraste entre as moradias mais de pessoas mais pobres (inint.) quais são esses outros tipos de moradia que existem no Rio de Janeiro?
L
 Eu acho, eu acho que esse contraste, eu acho que, eu acho essencial, viu? Ainda no outro dia eu conversava com uma prima que chegou de Brasília, então ela veio de lá sofrendo de neurose. Porque em Brasília tudo é igual. Se a gente sai de um lugar e entra no outro, é tudo a mesma coisa. A pessoa fica com, com, sei lá, talvez fobia, sei lá, e um negócio qualquer, o fato é que ela ficou doze anos lá e voltou com essa doença. Ela saía de uma praça, ia pra outra, tudo igual. Entrava no apartamento era igual ao dela, só diferente ...
D
 (inint.)
L
 Quarto, sala, cozinha, naquele mesmo sistema, se a pessoa entra pela, na, na, na porta principal então ele vai deparar primeiro com a sala depois mais adiante um quarto, depois outra vez o quarto, é como esses, esses edifícios do, do conjunto, é tudo a mesma coisa. Então em Brasília ... Heim?
D
 Que tipo (inint.) de construções? Por exemplo?
L
 Da COHAB? É, é ...
D
 Que não haveria lá em Brasília?
L
 Que não haveria?
D
 O morro, por exemplo.
L
 Nós aqui ... Ah, por exemplo, no morro, nós encontramos aqui na, na Guanabara e outros, outras que não casa pré-fabricadas, nós encontramos casas típicas: uma mais alta, outra menos alta, mais baixa, rasteira, né? Barraco. Então a pessoa passa assim, olha, o, a visão, a vista não fica habituada sempre ver a mesma coisa. Então uma casa mais afastada, outra menos afastada, outra na frente da rua, e a fachada diferente. Uma com uma torre, outra sem torre. Se nós formos a Brasília nós vamos ver a praça das igrejas: então é tudo igreja, tudo igual. Se nós sairmos dali vamos ver outra: bancos. A praça dos, dos Três Poderes, então aqueles troços tudo assim. De modo, não há condições da pessoa viver num lugar desse sem que tenha uma neurose qualquer, de modo que eu acho que o ideal numa cidade é a naturalidade. Se eu quero fazer uma casa eu faço como eu gosto, não sigo uma ...
D
 Mas às vezes, essa, essa, naturalidade ela é assim estragada, não é? (inint.)
L
 Bom ...
D
 (inint.) casa
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  Bom, nós temos aqui um código de obras. Eles só, só admitem aqui que nós ac... que nós respeitemos o gabarito. Agora o feitio do prédio não precisa ser idêntico ao do vizinho. Pode, pode ter, eh, pilotis, pode ter um jardim por bai... por baixo, como agora é normal nós termos, né, nós temos aqui, quer dizer, nós temos pilotis então ali debaixo tem jardim. Então isso varia muito. Lá não pode fazer isso não, então o negócio lá é completamente diferente do que aqui na Guanabara e outras regiões.