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PROJETO NURC-RJ

Tema: "Transportes e viagens"

Inquérito 0112

Locutor 128
Sexo masculino, 62 anos de idade, pais cariocas
Profissão: militar (Exército)
Zona residencial: Suburbana

Data do registro: 06 de outubro de 1972
Duração: 40 minutos


Clique aqui e ouça a narração do texto


L
 De ônibus, de avião, de trem, de navio, embora tudo dentro do próprio Brasil.
D
 Bom, então o senhor poderia então descrever essas viagens que o senhor fez e mais especificamente os meios de transporte que utilizou para realizá-las.
L
 Bem, a primeira viagem que eu fiz saindo do, saindo do Rio pra fora foi de trem quando fui para o estado de São Paulo. Trem naquela ocasião era aquela s... aquela coisa bem lastimável, trem de carvão, está ouvindo, e a viagem era um sofrimento.
D
 Bom.
L
 Mas compensava porque era curta. Não era, não foi tão longo assim. Nós íamos até Caçapava, era negócio de seis, sete horas então suportava-se bem.
D
 E como era que era esse trem?
L
 Esse trem era aquele trem de madeira, está ouvindo, e locomotiva puxada a carvão. Então foi um bocado de fa... faísca caindo em cima da gente e poeira à vontade durante, durante a viagem toda.
D
 E conforto dos passageiros, havia?
L
 Conforto? Bem, era bem, bem precário, não é? Estava muito longe desse trem atual.
D
 Sim, mas o senhor vê esses, esse trem, o que não havia de conforto dos passageiros? O que que o senhor notava assim que faltava, que seria necessário?
L
 Olha, bancos péssimos, todos eles de madeira, bem duros, está ouvindo? O restaurante bem fraco e o trem muito moroso.
D
 Não havia assim um carro especialmente para o passageiro se alimentar? Como é que se chamava?
L
 Havia. O carro-restaurante.
D
 O carro-restaurante. Agora gostaria que o senhor descrevesse todos os movimentos que um passageiro, que o senhor fa... fez e que um passageiro qualquer faz pra fazer uma viagem de trem. Desde quando o senhor está em casa, se preparando pra viagem.
L
 Pra fazer a viagem de trem? Descrever de... desde o início?
D
 Desde o início. Toda (sup.)
L
 (sup.) Até chegar o trem ou até sair do trem.
D
 É, até o trem sair. Até o trem sair.
L
 Até o trem sair.
D
 O senhor sabe que vai viajar. Então que é que o senhor, que providências o senhor toma até entrar nesse trem?
L
 Bem, pra essa viagem, primeiro planejar o problema da bagagem a levar. Então nós tínhamos que, tínhamos que ver material que íamos levar para a viagem e como essa viagem era pra per... era pra nos levar pra lá e pra lá permanecer, tínhamos que pensar no que íamos levar pra durante o tempo que íamos ficar lá no, nessa primeira viagem que foi pra São Paulo. Então tivemos que escolher a muda... a, a parte do mobiliário que íamos levar, a parte da roupa que ia levar e parte de louça. Ter que encaixotar, quer dizer, acondicionar todo esse material e depois de embalado providenciar o transporte pra despacho. Agora, quanto a nós, arrumar as malas, quer dizer, preparar todas essas malas, pegar o táxi porque com mala (sup.)
D
 (sup.) Já havia táxi? (sup.)
L
 (sup.) Não era possível doutro jeito, certo? Naquele tempo ainda podia. Não tinha tanta facilidade porque o desenvolvimento aqui não era esse que hoje já tem. Então éramos obrigados a procurar o táxi nos pontos, que hoje se combate os pontos de táxi mas naquela época os táxis estavam todos em pontos, então tínhamos que tratar o táxi para ele vir até em casa pra naquela hora dispormos de condução porque senão, se ficássemos esperando que passasse táxi na rua não ia passar mesmo porque não havia, não havia esse movimento que hoje existe. Bom, do táxi chegávamos à Central do Brasil. Central do Brasil tínhamos que aprese... comprar a passagem, depois entrar na, na gare. Transportar essa ba... essa, essa bagagem só de mão porque a outra já ficava despachada, né? Finalmente procurar os lugares no trem e sentar e aguardar a saída dele.
D
 Bom, o senhor comprava assim uma passagem especial, como é que se chamava?
L
 Não, a passagem no guichê, a passagem natural (sup.)
D
 (sup.) No guichê, né? (sup.)
L
 (sup.) A passagem normal.
D
 Bom, o senhor co... conhece vários tipos de trem, né, nessas suas viagens no interior o senhor deve ter visto uma porção de trens e por aqui também. O senhor podia descrever os vários tipos de tre... de trens que existem, pra que que eles servem?
L
 Olha, eu, eu conheci o trem daqui de bitola larga. O trem do nordeste de bitola estreita, está ouvindo? De tanta velocidade que nas curvas era melhor a gente saltar e empurrar o trem. (risos). Bom, isso é um pouquinho de ironia mas o fato era esse mesmo. Quando nós saíamos de Pernambuco para o interior em determinados trechos fazia-nos verdadeira agonia a, a velocidade do trem. Não dá, não puxa porque o trem é à lenha, ahn, e não, não tem força suficiente de sorte que fica uma coisa muito morosa. Uma viagem que pode ser feita talvez em quatro horas a gente acaba fazendo em nove, dez horas. E agora o trem elétrico, né, que dá um outro conforto. Fora, fora o problema de trem de carga, trem de, pra, pra material siderúrgico, pra essas coisas todas.
D
 (inint.) outros tipos de trem, desse de transporte assim quais?
L
 Trem pra transporte de gado.
D
 Gado, que mais?
L
 Que eu me lembre assim agora (sup.)
D
 (sup.) O senhor tem viajado ultimamente de trem, nesses trens?
L
 Não, não. Ultimamente não tenho viajado de trem. Ultimamente tenho viajado um pouco mas quase tudo de ônibus porque as minhas viagens ultimamente têm sido todas pra São Paulo, né, porque eu tenho uma filha morando em São Paulo, tenho viajado com uma certa frequência mas é sempre de ônibus porque ainda assim não é mais cômodo que o, que o, que aquele trem de aço, não é? Mas é que o trem de aço só tem um horário, não é, que é o horário da noite e esse dizem que é muito cômodo. Eu ainda não viajei com, não, não viajei por ele, não é?
D
 O senhor sabe o que que ele tem assim de especial? (sup.)
L
 (sup.) Não, não, não, ainda não entrei nele, ainda não viajei nele porque com essa questão de facilidade que hoje existe pro ônibus, quer dizer, praticamente pra São Paulo tem ônibus de dez em dez minutos, são três companhias e tem ônibus de dez em dez minutos, de sorte que não fico preso a um horário que é esse (sup.)
D
 (sup.) O senhor vai em qualquer ônibus pra São Paulo (sup.)
L
 (sup.) São (sup.)
D
 (sup.) Ou o senhor escolhe um?
L
 Não, São Paulo eu, eu viajei muito na Única e ultimamente tenho viajado mais no Expresso Brasileiro.
D
 Sim, mas é um tipo especial de trem assim que dá mais conforto?
L
 Não, do ônibus? Não, o ônibus comum, né? É o ônibus comum mas naturalmente que é um ônibus com muito mais conforto do que esse ônibus da cidade, né? Porque esses ônibus interestaduais têm conforto, inclusive os bancos são reclináveis e além dos bancos reclináveis tem toalete a bordo, não é, o que é diferente desses ônibus daqui do ... Agora, viajei muito no, no, na Única e agora tenho viajado no Expresso Brasileiro. A outra empresa que explora pra São Paulo é, é a Cometa, mas com a Cometa tenho algumas reservas.
D
 Por quê? (sup.)
L
 (sup.) Já sofri um desastre violento que quase morri (sup.)
D
 (sup.) Então o senhor, então o senhor pode contar? Ou o senhor acha chato?
L
 Não, não tem nada de chato, não tem nada. Eu viajava num, pra, pra uma manobra no estado de São Paulo e por coincidência viajei no trem da carreira porque a escola tinha fretado alguns ônibus mas como passavam parece que dez alunos somente naquele ano, naquele tempo eu era aluno da escola, como passavam dez e não iam fretar um ônibus por causa de dez alunos, esses dez alunos foram destacados para o ônibus da carreira que ia fazer o trajeto mais ou menos na mesma hora dos ônibus especiais. E esse ônibus da carreira na altura de Taubaté, quando começou um chuvisquinho assim como esse de hoje, o ônibus derrapa com muita facilidade na estrada e ele derrapou e saiu do leito da estrada e foi contra um barranco. Nisso o motorista deu um giro de cento e oitenta graus, o ônibus capotou. Bateu de lado e virou de roda pra cima. Foi aquele pandemônio lá dentro, um bocado de gente ferida. Felizmente não houve, não houve casos fatais, mas eu mesmo tive, tive uma compressão de tórax muito forte. Fiquei com, com essa, essa parte, essa parte aqui toda alta. Houve suspeita inclusive de fratura de externo mas não se concretizou. Mas houve fratura de clavícula e houve uma pequena rachadura na clavícula e um pouquinho de fraturas em algumas costelas. Mas tudo se (sup.)
D
 (sup.) O senhor teme desastres (inint./sup.)
L
 (sup.) E depois disso tem havido uma série de desastres, quase sempre com a Cometa, quase sempre (sup.)
D
 (sup.) Mas sempre assim de derrapar ou outro tipo de desastre?
L
 Derrapagem e saída do leito da estrada, caída em ribanceira e a, a Cro... a Cometa é veterana nesse, nesse, sob esse aspecto.
D
 Por que será isso?
L
 Não sei, não sei se é por causa do volume, do grande número de carros que tem. Tem linhas demasiadas estendendo-se por todo esse Brasil e não sei se a manutenção é satisfatória. O fato é que quase todos os grandes desastres são com a Cometa (sup.)
D
 (sup.) Será também porque correm muito?
L
 O correr é natural neles. Eles todos correm. Tanto que o departamento de estradas já obrigou um limite mínimo de, de horas pra se fazer a viagem, não é? Antigamente não havia esse limite. Eu mesmo, quando estava em Juiz de Fora, fiz viagens uma ocasião com quatro horas . Verdadeiro absurdo que o ônibus vinha se despencando por aí afora. Hoje ninguém pode fazer uma viagem de Juiz de Fora ao Rio com menos de cinco horas. O motorista que entrar no, na rodoviária com menos de cinco horas está multado. Mas eu já fiz com quatro horas. Vinha despencando pela serra abaixo. E o ônibus que não tinha, não tinha uma certa segurança porque a linha não era boa de Juiz de Fora para cá. Eu acho que (sup.)
D
 (sup.) E desastre de trem o senhor já presenciou algum?
L
 Não. Nunca presenciei nenhum desastre de trem (sup.)
D
 (sup.) Não ouviu contar?
L
 Não. Eu já, uma ocasião, quando ia para uma manobra, teve na iminência de haver um desastre mas não houve. Na entrada da, na, na saída de túnel, na descida da serra, o, o trem perdeu o freio.
D
 Perdeu o freio?
L
 Então vinha numa corrida desabalada mas felizmente quando foi chegando na, na baixada, conseguiu, diminuindo a velocidade (inint.) não chegou a haver desastre.
D
 E que que pode acontecer normalmente assim com um trem para que aconteça toda hora, né, aqui da, nesses trens da Central?
L
 Não sei a que atribuir (sup.)
D
 (sup.) Não (sup.)
L
 (sup.) Eu acho quase, quase a maior parte dos desastres que a gente vê aí às vezes são imprudência dos outros, não é? São cancelas que estão abertas e o trem vai topar em cima de um, de, de, de um ônibus que vai atravessando a, o nível da estrada de ferro ou às vezes é, é sinal que está aberto e o ôni... e o trem penetra num ramal que não podia penetrar e vai bater no outro. E quase sempre eu acho que é imprudência de alguém porque não é por falta de segurança do trem. Eu acho, eu não, não acredito que haja desastre por falta de segurança. Quase sempre é por imprudência de alguém.
D
 General, vou voltar ainda ao assunto de trens, máquinas de trem. Eu gostaria que o senhor dissesse o nome de todos os tipos de máquinas que usam pra mover o trem. O senhor já falou aí locomotiva. Desde as mais antigas até as mais modernas. O senhor já falou em locomotiva de carvão.
L
 Bom, eu conheci locomotiva, locomotiva à lenha, está ouvindo? A carvão, a diesel, portanto a óleo e a elétrica.
D
 Elétrica. Uma ferrovia tem diferentes tipos de empregados, cada um com a sua função específica. O senhor poderia nomeá-los todos, desde o mais humilde ao mais importante?
L
 Acredito que eu não conheça isso, que não dê pra nomear todos eles não.
D
 Mas isso se o senhor lembrar (sup.)
L
 (sup.) Eu conhecia, havia o condutor antigo, havia o fiscal, havia um inspetor, havia o maquinista, havia o foguista, está ouvindo? Mas não acredito (sup.)
D
 (sup.) Mas num nível mais elevado (inint.) escritório, quem dirige?
L
 Bom, lá pra cima já é diferente, né? Já tem, já tem o diretor da estrada, tem o engenheiro, os encarregados de, encarregados do tráfego. Mas conhecer toda essa nomenclatura eu não conheço não.
D
 Agora o senhor pode contar outras viagens, né, que o senhor fez por outros meios de transporte.
L
 Bem, há uma outra viagem que quase que dá para fazer um livro, quer dizer, um verdadeiro romance porque foi feita numa época anormal, que foi a viagem que eu fiz por navio para o nordeste. Essa viagem foi na época da guerra. Então com e... nessa situação os navios saíam do Rio comboiados e não podia ter iluminação a bordo durante a noite. Nós, mesmo quando embarcamos aqui no Rio, fomos obrigados a ficar oito dias parados dentro da baía sem poder sair. O navio estava, estava ao largo, sem poder sair porque estava havendo torpedeamento na costa do, do nordeste, não é? Então tinha havido diversos torpedeamentos naquela época. E oito dias, então, depois é que nós conseguimos atravessar a barca e fizemos toda essa viagem, bem ao largo, não, não, não enxergávamos a costa porque nós íamos comboiados com, num comboio de navios petroleiros e esse, esse comboio se destinava à África. Então nós estávamos na rota da África, não é? Quando uma determina... um determinado dia, o nosso navio saiu do comboio e passou a viajar isolado. Mas sozinho, sozinho, rumando pra terra. Nós estávamos tão longe da terra que levamos quarenta e oito horas navegando sem enxergar a terra. Só depois, só depois de quarenta e oito horas é que nós enxergamos a costa. Nós estávamos a caminho, nessa ocasião, de Alagoas.
D
 Como era esse navio?
L
 Esse navio era um navio da Ita, do, da, da, do, da Costeira. Era um Ita. Daqueles, né?
D
 Qual era a característica dele? Como é que o senhor poderia descrever esse navio?
L
 Olha, ele, tinha o porão, tinha um tombadilho, os, os camarotes eram todos no tombadilho. Todos eles eram no tombadilho. E tinha primeira classe e segunda classe nele, né? Faz tanto tempo, tanto tempo que não dá muito pra mim, ah, porque todo aquele, aquelas salas de recreação, tudo isso nessa época não estava funcionando não. As viagens eram, eram feitas de uma maneira tão precária e com tantos riscos que essas salas não funcionavam de noite. Escuridão completa, não é (inint./sup.)
D
 (sup.) Mas quais são as salas de recreação que o navio (inint.) todas (sup.)
L
 (sup.) Olha, esse navio que nós, nesse navio que nós viajamos havia sala de jogos, está ouvindo? Praticamente salas de festas e mais nada. Que não havia, nele não havia piscina como se fala nos grandes transatlânticos, nesse não havia. Era um navio pequeno (sup.)
D
 (sup.) O senhor fala nos grandes (sup.)
L
 (sup.) Nesse, era um navio pequeno. De sorte que não havia essas outras coisas.
D
 O senhor nunca mais viajou de navio?
L
 Não, nunca mais. Nunca mais viajei de navio porque a viagem, a viagem aqui dentro do Brasil não é o meio de transporte mais cômodo, não é o navio. Deve ser (sup.)
D
 (sup.) O senhor sabe assim os vários tipos de navios que existem?
L
 Muito por alto, não é, muito por alto. O navio de passageiros, o navio cargueiro, navio petroleiro. Esses eu sei mais ou menos assim mas mais nada.
D
 E aqui de Guanabara, da Guanabara pra Niterói?
L
 Aí, aí eu só conheço lancha e barca, não é? (sup.)
D
 (sup.) É (sup.)
L
 (sup.) As, as lanchas e as barcas.
D
 Mais assim outros tipos de embarcações marítimas. De, que anda em, no mar? Tem as menores. Qualquer uma assim ...
L
 Bom, não que eu tenha estado dentro deles, não é? (sup.)
D
 (sup.) Sim, sim. Não importa, não importa (sup.)
L
 (sup.) Eu conheço iate, não é? Mas que nunca tenha an... nunca andei dentro do iate.
D
 O senhor não, não é necessário que o senhor tenha experiência assim direta, direta não. Descrever só as coisas que o senhor se lembre (sup.)
L
 (sup.) Não. Sei que existe o navio porta-avião (inint.) mas não andei dentro dele, não é? Bom, e esses navios todos de guerra que têm diversos tipos, não é? Mesmo n'os estávamos, estávamos, quando nós embarc... fomos para o nordeste e o comboio era feito por caça-minas e por uma, um cruzador, cruzador esse que explodiu numa das viagens, numa, numa viagem cerca de dois anos depois, foi o cruzador Bahia (sup.)
D
 (sup.) O que que aconteceu?
L
 Ele bateu numa mina.
D
 Bateu numa mina. E os passageiros o senhor sabe (sup.)
L
 (sup.) Não, ele não tinha passageiros. Era um navio de guerra.
D
 Navio de guerra?
L
 Navio de guerra (sup.)
D
 (sup.) O que que, por exemplo, numa hora dessa de desastre o que é que deve ser feito assim pra, pra salvação dos passageiros, as providências assim que o senhor imagina que devem ser tomadas (sup.)
L
 (sup.) Bom, isso, olha, isso é uma coisa um pouco difícil, heim? A gente sabe somente alguma coisa que foi feita na ocasião daquele naufrágio, não é? Tem aquelas barcaças todas, tem aque... em ci... já no tombadilho do navio e elas então são arriadas e os pas... e os passageiros ou então a tripulação que pode, que pode deixar o navio embarca naquelas, naquelas barcaças.
D
 E não tem assim um apoio?
L
 Tem os, os, os salva-vidas, não é? Dentro dos navios que nós viajávamos todos eles tinham salva-vidas.
D
 Bom, qual é o transporte que normalmente o senhor usa?
L
 Atualmente é, é o ônibus, não é? Mas usei muito tam... muito o avião quando estava, quando estava, quando era aluno da escola pra essas viagens todas que nós fazíamos aí de instrução. Viajávamos quase sempre de avião. Por causa do tempo (sup.)
D
 (sup.) Então o senhor pode falar assim todos os tipos de avião (sup.)
L
 (sup.) Não, todos não. Todos também não. Porque quase sempre viajava nesses transportes da FAB, não é? Desses navios, desses aviões, transportes da FAB.
D
 Mas são sempre do mesmo tipo?
L
 Olha, quase sempre eram porque a FAB não tinha essa variedade de aviões que hoje, que hoje já tem, não é?
D
 E o que que eles têm hoje?
L
 Ah, tem alguns que eu já nem conheço mais, não é? (sup.)
D
 (sup.) Sim, quais os nomes, quais os nomes? (sup.)
L
 (sup.) Nem conheço não. Agora mesmo, agora mesmo estou vendo eles montarem aí esse Mirage, não é, que está acabando de chegar da França e eles estão montando, não é? Mas não tenho nem idéia do que se... Eu viajava naquele que eles chamavam DC8, né? Tem aquele bancos laterais. Não é propriamente avião para transporte de passageiros. É avião para transporte de tropa, vamos dizer, os bancos são laterais. E nós como alunos íamos nessas condições, não é? Agora, ele, ele (sup.)
D
 (sup.) O senhor chegou a conhecer por dentro o avião?
L
 Olhe, tem a parte onde fica o piloto, depois tem aquela nave central toda e aqueles bancos ficavam todos laterais ao longo da nave. Não é, não é a mesma coisa, a gente vê a descrição aí do, em filmes, em filmes a gente vê a coisa completamente diferente, não é? Porque a gente vê os bancos colocados feito ônibus, às vezes até em situação maior porque tem uma, tem, tem ônibus, tem ônibus, tem, tem, vamos dizer, duas carreiras mas a gente vê nos aviões uma porção delas, nesses aviões grandes, mas só de filmes, não é? Mas no que eu viajei era só assim a situação de ônibus, de, de bancos laterais.
D
 O senhor sabe como é que chama aquela parte onde fica o piloto?
L
 Olha, eu não sei se é (inint.) não sei direito não. Nunca me, me preocupei com isso. Eu no ban... no avião eu era mero passageiro e mais nada.
D
 E onde o passageiro (sup.)
L
 (sup.) Porque nunca fiz, nunca a aviação me seduziu. Eu podia ter ido da escola pra aviação, não fui. Embora tenha filho aviador, não é, mas ...
D
 Ah, é?
L
 É. Mas eu nunca, nunca me seduziu, de sorte que de avião eu só usava para transporte e mais nada. Não me preocupava com coisa nenhuma (sup.)
D
 (sup.) E não tem assim de (sup.)
L
 (sup.) Nunca tive curiosidade pra isso.
D
 De motor. Quer dizer, tem uns aviões que são melhores do que outros. Quais são assim esses tipos de avião que a gente ouve falar assim ...
L
 Não, vejo com motor tradicional (sup.)
D
 (sup.) O senhor falou DC8 (sup.)
L
 (sup.) Vejo turboélice, está ouvindo? Avião a jato, quer dizer, turboélice pronto, só conheço isso mais ou menos assim, não é?
D
 O senhor nunca viajou de avião a jato.
L
 Não, nunca viajei.
D
 Então como é o processamento assim todo do avião pra sair? O senhor entra no avião, né?
L
 Sim.
D
 E como é que corre essa viagem?
L
 Olha, essa viagem (sup.)
D
 (sup.) Pra o senhor chegar no lugar que o senhor (sup.)
L
 (sup.) Espera aí. Vamos, vamos ver se dá para eu descrever pelo menos. Primeira coisa que tem que fazer é retirar a escada. Depois o avião é taxiado. Ele sai do ponto que está pra ir pra cabeceira da pista, está ouvindo? Depois ele tem que, no solo ainda, ganhar velocidade suficiente que dê para ele, para ele subir, pra ganhar altura. Depois então que ele ganha altura ele segue o seu vôo normal (sup.)
D
 (sup.) E aí (sup.)
L
 (sup.) Ou à vista ou por instrumento.
D
 Certo, e, e, e depois? Pra chegar no lugar (inint./sup.)
L
 (sup.) Pra pousar a mesma coi... Pra pousar ele tem que baixar. Tem que embicar pra baixar pra até encontrar o solo. Depois faz, faz a operação inversa. Ele sai da pista, vem taxiado até a estação. Ele vai (sup.)
D
 (sup.) Mas ele desce normalmente ou ele tem, por exemplo, alguma coisa embaixo do avião?
L
 Ah, ele tem que, tem que baixar o trem de aterrissagem, só isso. E às vezes ele emperra, né? Às vezes ele emperra e vai mesmo é de barriga porque não tem jeito não.
D
 General, e o passageiro pra, fazendo uma viagem de avião? Que que ele faz, onde ele tem que ir?
L
 Depende, não é? Porque às vezes a gente não vai a lugar nenhum, quando a gente vai obrigado no avião, que já está tudo pronto, a gente só tem que chegar lá e entrar no avião.
D
 Não, se o senhor for fazer uma viagem hoje (sup.)
L
 (sup.) Agora se ele tem que comprar a passagem. Hum? (sup.)
D
 (sup.) É, vai fazer uma viagem (sup.)
L
 (sup.) Se tem que comprar a passagem, tem que procurar, primeiro tem que selecionar a empresa em que vai viajar, né? Há tantas empresas por aí que tem primeiro que escolher. Tem que comprar a passagem na sede da empresa, não é? Depois tem que se apresentar na, na, na, vamos dizer, no aeroporto onde essa empresa sai, né, porque conforme o tipo de avião. Tem aviões que saem, que partem aí do Santos Dumont mas a maior parte dos aviões aqui parte lá do Galeão, não é?
D
 E o que que o passageiro faz lá? Logo que ele chega, logo que chega no aeroporto? Logo que ele chega.
L
 Ele é cha... ele tem que primeiro aguardar a chamada. Ele é chamado, depois tem que apresentar a bagagem, a bagagem vai ser, vai ser examinada e depois ele é chamado na, na, na entrada que leva à gare do embarque.
D
 E ele é recebido por quem na porta do avião, no avião?
L
 Ah, na porta do avião ele deve ser recebido por aquelas aeromoças.
D
 Sei. E antes de chegar no avião, lá naquela entrada assim, ele tem que tratar com quem alguma coisa?
L
 Olha, eu vi tratar o seguinte: na entrada ali tem alguém que lhe pede a passagem somente, lhe pede a passagem, quando muito a identidade e mais nada. E depois ele se dirige para o (sup.)
D
 (sup.) E se fosse uma viagem internacional? O senhor tem idéia do que é preciso, do que seria preciso? O senhor imagina (sup.)
L
 (sup.) Bom, não posso não. O passaporte, né? O passaporte. Eu não fiz nenhuma viagem internacional, nunca, nunca tive essa exigência pra mim pessoalmente. Já (sup.)
D
 (sup.) O que é que o senhor imagina que seria necessário?
L
 O passaporte.
D
 E a gente pode levar sempre no avião assim o que a gente quer ou há um limite? (sup.)
L
 (sup.) Ah, isso não. Não. Tem limite de bagagem e tem certos, certo material não pode ser levado. Material tipo explosivo e outras coisas que ofereçam perigo não pode ser transportado e qualquer coisa que, que possa cheirar a contrabando também não pode.
D
 General, agora eu gostaria que o senhor falasse um pouquinho mais sobre veículos de terra. Além do ônibus. Além do ônibus o senhor anda aqui dentro da cidade de quê, por que meios de transporte?
L
 Ou de ônibus ou de táxi.
D
 Quais são os cuidados que um motorista deve ter?
L
 Bom, eu não sou motorista não, heim? Eu não sou motorista. Agora, de sorte que dizer cuidados, cuidados ficam mais ou menos de natureza teórica, não é? (sup.)
D
 (sup.) Certo (inint.) teoricamente (inint./sup.)
L
 (sup.) Fica mais ou menos de natureza teórica porque de natureza prática eu não posso ir muito adiante porque não sou motorista.
D
 Tudo o que o senhor sabe assim teoricamente que (inint.) motorista mas que deveria ter, se fosse motorista. Alguma de suas filhas, de seus filhos têm carro?
L
 Ah, quase todos têm, quase todos têm. Mas eu nunca, nunca, nunca perguntei a eles que cuidados deveriam ter, nem nunca eles disseram, não é?
D
 O senhor não tem idéia? O senhor, o senhor sabe sa... sair com o carro assim?
L
 Sei. Sair, parar eu sei.
D
 Então o que que o senhor faz pra isso? Se o senhor entrar dentro do carro quais são todos os movimentos que o senhor vai fazer? (sup.)
L
 (sup.) Primeiro eu devo sa... primeiro fui ... Bom. Cuidado do motorista. Então vamos ter que começar desde o começo, não é?
D
 Desde o começo.
L
 Porque a coisa mais deprimente que existe pro motorista é ficar no meio da rua sem gasolina, não é? A primeira coisa mais deprimente para o motorista é essa. Então cuidado, saber se o carro está abastecido. Saber se o, se o sistema elétrico do carro está todo funcionando em condições. Se o, se os pneus estão cheios, não é, pra ele não ficar parado aí no meio da rua, né? Se, por exemplo, se ele (inint.) afinal, se o carro está funcionando em condições. Depois, durante, durante a viagem: cuidado com os transeuntes, não exceder velocidade, não ultrapassar, não, não, não passar, não avançar sinal, não fa... não executar, vamos dizer, direção perigosa e limite de velocidade.
D
 Mas quais são os movimentos que um motorista faz? O senhor vai, vai dirigir um carro. Quais são os seus movimentos dentro do carro? O senhor senta no carro, o que é que o senhor tem que fazer até o carro sair andando?
L
 Ih, até o carro sair andando? Primeiro, eu tenho que acionar o motor de arranque. Primeiro, primeiro tem que ligar a chave, depois acionar o motor de arranque e acelerar, né? Depois dele acelerado, engrenar a marcha, primeira, não é? Depois que ele ga... ganhar uma certa velocidade eu vou passando pra segunda, terceira.
D
 E pra parar?
L
 Pra parar? Parar tem que debrear o carro e depois então frear.
D
 E se estiver chovendo?
L
 Se estiver chovendo já está muito, muito, muito técnico a coisa pra mim porque eu não tenho prática de direção (sup.)
D
 (sup.) Pra pessoa enxergar, pra pessoa enxergar?
L
 Ah, tem que ligar aquele, aquele, como é que chamam aquilo? Limpador de pára-brisa.
D
 O senhor sabe, sabe descrever assim um carro por dentro, aquilo que o senhor vê na sua frente?
L
 Na minha frente eu vejo aquele painel com todos aqueles instrumentos.
D
 Então quais são os instrumentos que tem no painel?
L
 Ih, olha, vejo ali a chave, que mais que eu vejo?
D
 O senhor falou em gasolina, então tem ...
L
 Tem o mostrador do, do, do, do tanque de gasolina, tem o velocímetro, está ouvindo? Tem o volante, não é? Tem o pára brisa, o limpador de pára-brisa, está ouvindo? Que mais que eu vou dizer? Os assentos.
D
 Pra ligar o carro de manhã assim se estiver fazendo muito frio, pra ele conseguir pegar, será que tem que puxar alguma coisa?
L
 Tem. Deixa eu ver o nome dele que eu não me lembro do nome dele, não me lembro. O acelerador, está ouvindo? É que eu não sou técnico, não sei. Esses no... esses nomes são técnicos demais pra mim.
D
 Não, não (inint.) a pessoa normalmente que conhece sobre isso assim (sup.)
L
 (sup.) Não. Conhecer só assim em traços muito gerais.
D
 General, e por fora do carro?
L
 Carroceria, né? Os pneus, as rodas, está ouvindo? O capô.
D
 Do lado, por cima das rodas?
L
 Tem, vamos dizer, pára-choque, tem estribo e por cima tem o pára lama.
D
 Se o senhor sair andando pela rua assim com um carro, com qualquer pessoa que seja motorista, não precisa ser o senhor. Se tivesse um prego, não é, o que é que pode acontecer?
L
 O que pode acontecer é furar o pneu.
D
 Então pra, o que é que o motorista, qual seria a providência que o motorista teria que tomar?
L
 Primeiro ele teria, primeiro ele tinha que dar um jeito de encostar porque ele não podia ficar no meio da rua. Depois se ele ti... fosse sempre cuidadoso, ele devia estar com o instrumental todo lá dentro da caixa de ferramentas pra poder mudar o pneu.
D
 O senhor sabe quais são esses, quais são esses instrumentos que ele teria que ter?
L
 Olha, alguns eu sei. Ele tinha que ter um macaco pra levantar, pra poder levantar. Tinha que ter aquela chave. O nome da chave eu não sei direito não. É uma chave em cruz, não é, pra desatarrachar aquelas porcas todas que prendem, prendem a roda. E tinha que ter, vamos dizer, o pneu sobressalente porque se ele não tiver o estepe, não é, ele não vai trocar.
D
 Perfeito. Bom, general, o seu filho ou seu genro P. ele mesmo cuida do carro dele? Ou ele leva a algum lugar especial?
L
 Olha, eu tenho a impressão que ele leva no posto, que ele não cuida não.
D
 E que que l'a no posto se faz com o carro dele?
L
 Ah, deve ser, deve lavar e lubrificar.
D
 Lavar e lubrificar?
L
 Lavagem e lubrificação do carro.
D
 Bom. Agora, general, gostaria que o senhor lembrasse de um meio de transporte que era muito popular aqui no Rio e que não existe mais aqui.
L
 Era o bonde.
D
 Era o bonde? O senhor deve se lembrar, né?
L
 É, dá pra lembrar alguma coisa sim. Só não dá pra lembrar o bonde de burro, está ouvindo? (risos) Porque o tempo já passou mas eu não peguei o bonde de burro. Quer dizer, não peguei, não, pode ser que tenha pegado mas não tenho lembrança nenhuma. Pode ser que quando eu nasci que existisse alguma coisa ainda. Bom, mas o bon... já peguei o bonde elétrico, não é?
D
 O bonde elétrico?
L
 Naquele tempo nós íamos, já havia o bonde, que eles chamavam bonde de primeira, não é? Havia o caradura (inint.) havia um que eles chamavam de taioba.
D
 É isso mesmo.
L
 E havia um de, de, de carga. Havia. Fora esses bondes de uso da, da, da Light, esses bondes pra transporte de material para conserto de rua, não é?
D
 E por... Como é esses, como eram esses bondes que se chamavam caradura, taioba, o que que eles tinham de diferente do outro bonde de primeira?
L
 Esses que eles chamavam, esses que eles chamavam de taioba, ele era um, um bonde, uma espécie de bonde misto, que ele transportava o passageiro mas também transportava bagagem, não é? De sorte que ele tinha um espaço no centro, bem grande pra transportar bagagem, não é, e poucos bancos. Enquanto que o outro, o outro que eles chamavam de primeira classe só tinha banco para passageiros, não é, não tinha para, não tinha para transporte de carga.
D
 E tinha uma pessoa pra fazer o bonde andar?
L
 Tinha o motorneiro.
D
 Quem, quem mais?
L
 Tinha o motorneiro, ne... o bonde exigia o motorneiro pra dirigir, exigia o condutor pra fazer a cobrança e o fiscal que fiscalizava a cobrança.
D
 E eles ficavam em que local do bonde, o senhor sabe?
L
 O motorneiro ficava na frente porque o motor do bonde era lá na frente e o condutor ia pi... ia pulando mesmo pelo estribo afora.
D
 General, o senhor falou aí em transportes e eu ia lhe perguntar e esses outros bondes, né?
L
 Hum?
D
 Não, os outros, os outros bondes. O senhor estava descrevendo esses que são de carga (sup.)
L
 (sup.) Os outros quase todos só tinham mesmo o motorneiro e condutor, não é? O de carga, havia um que era todo verde assim fechado, não é? Esse era para transporte de bagagem mesmo, até móveis ele transportava, não é? Enquanto que o taioba não transportava não, transportava bagagem e tal, pequena, não é, mas esses outros que acabaram-se, aliás, muito depressa.
D
 General, então vamos voltar a falar nos, nos carros. Mas agora o senhor estava falando em transportes antigos aí, eu gostaria que o senhor falasse naqueles meios de transporte que o senhor deve ter visto em Minas, bem no interior, aqueles meios de transporte mais primitivos que o senhor viu por lá. Pra transportar carga, qualquer coisa assim.
L
 O mais, o mais primitivo que eu vi pelo interior foi o carro de boi.
D
 Sim.
L
 Carro puxado a boi.
D
 E semelhante?
L
 Foi o mais primitivo que eu vi. E ônibus tão, tão, tão ... E nem, nem posso chamar aquilo de ônibus, que eles chamavam, chamam aí fora de, de jardineira, jardineira. Tem um outro nome que eles dão também. Não me lembro agora.
D
 O senhor só viu carro puxado por boi?
L
 Ainda encontrei, ainda encontrei aí fora uma série de carros, de automóveis daquele tipo bem antigo, desse forde-de-bigode que ainda existe muito aí por fora.
D
 E outros veículos assim que usam ... Carrinho, outros carros assim. Qual que o senhor conhece? Que as pessoas usam no jardim, de pedreiro assim (inint.)
L
 Quê? Carrinho de mão?
D
 É.
L
 Mas carrinho de mão não é pra transporte de ninguém, não é?
D
 Não é transporte de, de material (sup.)
L
 (sup.) Carrinho de mão existe aqui também à vontade, não é? (sup.)
D
 (sup.) Existe aqui.
D
 E esses outros assim que a gente pode considerar meio de transporte, por exemplo, que a criança usa. Desde quando ele é menorzinho até ... Não é?
L
 Sim. Enquanto ele é pequenininho tem esse carrinho pra empurrar. Depois ele começa com o velocípede, vai pra, vai pra bicicleta, não é?
D
 Como é uma bicicleta?
L
 Hum.
D
 As partes de uma bicicleta. Partes de uma bicicleta?
L
 Hum, está ali a bicicleta, está aí a bicicleta da garota (sup.)
D
 (sup.) Mas pra descrever.
L
 Olha lá, está ali a bicicleta da neta.
D
 Então como é? Quais as partes? (sup.)
L
 (sup.) De uma delas, né, de uma delas (sup.)
D
 (sup.) Quais são as partes da bicicleta?
L
 Eu vejo ali o quê? Vamos ver. Vejo as rodas, está ouvindo? Vejo o quê? Como é que se chama?
D
 Se o senhor sair daí (sup.)
L
 (sup.) Não, vou trazer só, vou trazer pra cá, vou trazer pra cá, não vou falar lá não. Que que eu vejo? Está aí: as rodas, duas rodas, aqui chamam guidom, aqui chama freio, não é? Isso aqui é o freio dela, aqui está a corrente, está ouvindo, transmissão, aqui está o pedal.
D
 E tem umas bicicletas que têm uma partezinha aqui.
L
 Mas essa bicicleta que tem essa parte aí são bicicletas pra homem.
D
 Sim, então como é o nome disso?
L
 Não sei.
D
 E aí? Às vezes atrás também tem (sup.)
L
 (sup.) Isso é o selim.
D
 E atrás também às vezes tem (sup.)
L
 (sup.) É o porta-mala, o porta-volume qualquer.
D
 E aí na frente?
L
 Esse aqui não sei. Esse aqui é (sup.)
D
 (sup.) Ah, isso que o senhor até se esqueceu de falar em relação ao carro? (sup.)
L
 (sup.) Ah, isso (sup.)
D
 (sup.) É.
L
 Esse aqui está querendo, está querendo dizer que isso é um farol ou coisa parecida, não é? Acho que não tem (inint.)
D
 E ali na roda, o que é que tem na roda?
L
 Isso aqui raio, isso aqui o eixo (sup.)
D
 (sup.) Eixo (sup.)
L
 (sup.) Aqui o pneu.
D
 Como é que a dona de casa pode transportar as suas compras domésticas?
L
 Se minha senhora estivesse aí eu ia chamar pra ela, pra ela te dizer como é que ela vai transportar.
D
 Ela vai na feira?
L
 Bem, o negócio é o seguinte: quem faz feira aqui sou eu. (risos)
D
 Então, quer dizer, como é que o senhor faz, como é que o senhor transporta? (sup.)
L
 (sup.) De sorte que o transporte é simplesmente no braço mesmo, na bolsa. Ou então agora, tem esses garotos com esse carrinho, então faço as compras, entrego a ele e ele traz pra cá.
D
 Que tipo de carrinho que ele usa?
L
 Ah, é carrinho de madeira que ele empurra, que ele vem, vem empurrando, tem aquela roda na frente com bilha, e ele vem correndo pelo meio da rua com aquele carrinho.
D
 E a dona de casa usa (inint.)
L
 Hein? Pode usar, pode usar (sup.)
D
 (sup.) General (sup.)
L
 (sup.) Tem aquele carrinho pra usar.
D
 Bom, nós estamos falando aí nos vários, nos vários meios de transporte. Agora, se o senhor estivesse numa estrada, uma estrada muito movimentada, Rio-São Paulo por exemplo, quais são os carros que o senhor vê passar? Todos eles. O senhor imagina que está a pé numa estrada desse tipo.
L
 Indo a pé numa estrada? Vejo automóveis de todos os tipos. Tudo quanto é tipo de carro, de, de automóvel passa ali.
D
 Sim.
L
 Ônibus. Vejo passar ônibus. Caminhão de carga à vontade (sup.)
D
 (sup.) Descreva esse, esse tipo de caminhão aí de carga. Tem vários, né? Tem uns que transportam automóvel.
L
 Ah, bom, que esse está acabando, né? Esse está acabando porque (sup.)
D
 (sup.) Não.
L
 Ah, está. Está porque a estrada de ferro já botou trem. Já tem carro na estrada de ferro pra transporte, pra transporte de, de automóveis. Só que isso vai diminuir muito o transporte por ...
D
 Como é que chama aquele carro que transporta automóveis?
L
 Ah, como chama não sei.
D
 O senhor vê muito estrado em cima e embaixo (sup.)
L
 (sup.) Vejo, quando tem altos e baixos, tem carros, tem carros que vão no, na, na, no estrado e carros que pa... e carros que vão em cima e já pega seis carros, dos carros pequenos pega seis e os outros parece que pega ... Não, pega seis também. Tenho encontrado muito aí pela estrada. Caminhões com cargas diversas, inclusive verduras.
D
 Nas grandes cidades quais os recursos que as autoridades competentes têm procurado para resolver o problema dos transportes de passageiros? Os recur... os recursos que as autoridades atualmente estão providenciando. Aqui no Rio de Janeiro pra resolver o problema do, na hora do 'rush'? Que nós só temos os ônibus e aqueles trens da Central. Que que estão construindo aí pra, pra (sup.)
L
 (sup.) É o que, o que estão construindo é que talvez seja pra vocês, mas não pra mim, que é o metrô.
D
 Metrô.
L
 Que será talvez pra vocês mas não pra mim porque eu não vejo isso aí andar mesmo.
D
 Que é que é o metrô, general?
L
 Ah, é um trem subterrâneo.
D
 Que mais? Por exemplo, pra Copacabana, pra melhorar o tráfego, pra diminuir as distâncias, que que eles (inint./sup.)
L

  (sup.) Eles fizeram túneis, uma série de túneis.