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PROJETO NURC-RJ

Tema: "Vegetais e agricultura"

Inquérito 0107

Locutor 122
Sexo masculino, 27 anos de idade, pais cariocas
Profissão: engenheiro
Zona residencial: Norte

Data do registro: 27 de setembro de 1972

Duração: 42 minutos

Clique aqui e ouça a narração do texto


L
 Está bom, vocês podiam pelo menos começar fazendo uma ou duas perguntas.
D
 É. Em termos assim de atividade (sup.)
L
 (sup.) De atividade (sup.)
D
 (sup.) Agrícola, de trabalho no campo, o que que você podia, o que que você sabe sobre isso?
L
 Bem, o problema é o seguinte: basicamente, eu acho, você tem que distingüir duas, dois tipos de atividade agrícola em termos de Brasil, né?
D
 Hum.
L
 Uma atividade agrícola no sul e uma atividade agrícola no norte, que devem ser as duas completamente diferentes. A atividade agrícola no sul deve ser muito mais industrializada do que a atividade no norte. Então é de esperar que o, o sulista empregue muito mais essas máquinas que você pediu pra falar no fim. Eh (sup.)
D
 (sup.) Pode falar a qualquer momento (sup.)
L
 (sup.) E empregue muito mais essas máquinas do que o nortista ou do que o nordestino tipicamente. Agora o, o, pelo que eu conheço, me parece que o norte, no norte do Paraná você tem agricultura mais desenvolvida do Brasil. Talvez, eh, a mais perfeita em, em termos de industrialização, em termos de operação, em termos de, de rendimento econômico inclusive, eh, principalmente na, no plantio do café e da cevada e me parece que no Rio Grande do Sul também o, a industrialização está boa no que se refere ao trigo. Agora no norte do Paraná não, você já encontra, eh, aquele tipo de produção, você produz o café, o café sai direto pra fábrica da Dínamo, eles fazem o café solúvel e já sai direto pra exportação. Agora essa, esse é o ponto forte do, do sul. O ponto forte do norte deve estar no cacau, né, principalmente na região da Bahia. Então a coisa já deve funcionar de outra maneira, eh, mi... a minha impressão, não sei se é verdadeira, é que numa certa época os camaradas vão e recolhem, eh, todo aquele cacau que tem que recolher. Aliás eu nunca vi, não sei nem qual é o tamanho da árvore do cacau. Imagino que seja algo semelhante ao coqueiro. É? É possível que seja. Vocês não conhecem? Deve ser um negócio semelhante ao coqueiro. Então, eh, eles vão uma certa época do ano, recolhem aquilo, um serviço ess... essencialmente manual, né? Como era no, no Amazonas a retirada da borracha, como é também a retirada da carnaúba no nordeste, aquela região do Rio Grande do Norte (sup.)
D
 (sup.) Como é que é?
L
 A carnaúba me parece que eles ... Eu não tenho muita certeza, n~ao vai acreditando muito não, me parece que eles sobem nas árvores e fazem, e colocam uma cestas semelhantes às que eles colocam pra borracha, pra seringueira, e depois em certas épocas dos an... do ano eles retiram aquelas, eh, aquelas cestas. Me parece, eu não tenho certeza. Porque, eh, porque essas coisas são muito perigosas porque tem um gravador funcionando ali, depois conta como eu tendo dito um negócio absolutamente disparatado (sup.)
D
 (sup.) Eu já avisei antes (sup./inint.)
L
 (sup./inint.) eu lavei as mãos (sup.)
D
 (sup.) Totalmente sigiloso, sabe (sup.)
L
 (sup.) Não, mas de qualquer maneira eu lavei as mãos (sup.)
D
 (sup.) Você viu que nós não demos indicação nenhuma da ficha (sup.)
L
 (sup.) É lógico. Não, não, isso (sup.)
D
 (sup.) Deve ter coisa que a ficha (sup./inint.)
L
 (sup.) Não, isso não tem importância nenhuma. Não, não, eu não, eu não estou me incomodando com isso. Mas então, eh, dividindo nessas duas partes, em termos de agricultura, o Brasil vive muito mais da agricultura do sul do que da atividade de agricultura do norte. A agricultura do sul me parece também que se destaca, eh, tudo são impressões pessoais, se destaca o café, a cevada, o trigo ... Ah, desculpe. O café, a cevada, o trigo e havia mais alguma coisa que se destacava no sul. A soja. Inclusive os fazendeiros de Londrina agora eles estão fazendo o seguinte: como a terra, com, com os problemas da ferrugem do café e da geada, eles estão fazendo o plantio do café só numa certa época, então eles fazem a... aquele sistema de renovação de terras aí, como a terra cansa como eles chamam, né, então você só pode plantar em quatro, eh, qu... quatro anos seguidos, no fim desses quatro anos eles param de, de plantar café, deixam a terra vazia por um certo tempo, sem plantar absolutamente nada, aí depois recomeçam replantando soja.
D
 Você tem idéia de como é que é uma plantação dessa?
L
 Uma plantação de café é em termos de tamanho um negócio monstruoso, enorme, né? Eh, existem fazendas de café, você pega aquela rodovia do, do café, chama, se não me engano, Castelo Branco, se não é Castelo Branco é Fernão Dias Pais, você vê uma autoestrada lindíssima que tem, que sai de São Paulo e vai até, vai até o, pega todo o norte do Paraná, você pega aquela região, você vai vendo ali as plantações de café um pouco fora da estrada. É um espetáculo.
D
 E assim de perto? Um pé de café (sup.)
L
 (sup.) Não, de perto não tenho a mínima noção (sup./riso)
D
 (sup./inint.) nunca viu de perto (sup./inint.)
L
 (sup.) Não. A noção que eu tenho é, é distância.
D
 E assim essas plantações têm umas fases, né?
L
 Existem fases e, eh, em tempo, em termos de tempo, existem fases. Existem as fases da colheita e as fases do plantio. Agora como distribui essas duas fases, em que épocas você vai considerar a existência do, agora é época da colheita e agora é época do plantio, completamente impossível saber.
D
 Você tem idéia de, por exemplo, como é que se faz essa colheita?
L
 Tenho, através do ... Bom, é o que eu digo, no sul você faz através das máquinas com aquelas, eles têm cortadeiras. Um homem sozinho no sul, no norte do Paraná, pode movimentar uma fazenda praticamente, porque ele com... ele tem uma cortadeira, tem, essa cortadeira é uma máquina que funciona, é, é uma espécie de um tratorzinho que vai cortando e depositando o, todo o produto atrás, né, numa caçamba. E o, e tem também uma, acho que é ceifadeira o nome, que ele, é utilizada pro trigo, né? Vai cortando o trigo a partir de uma certa altura e vai aprontando toda, eh, todo produto da fazenda, já sai direto pra, pra embalagem. Agora no norte por, é evidente que por fal... por causa da falta de industrialização você tem coisas completamente manuais.
D
 Você lembra dessas coisas?
L
 Eu tinha me lembrado de um negócio, que no Rio Grande do Sul você tem o plantio de uva. A uva também está bastante desenvolvida, mas uva apesar de tudo tem que ser colheita manual, porque é lógico que se você cortar, começar a sair colhendo pé de uva na base de máquina você vai esmagar a uva. Então, eh, e no vale do São Francisco você também tem uva, entendeu? Eu tenho impressão que os pontos fortes do Brasil em, em, em árvores e, aliás isso não são nem se pode considerar que sejam árvores, mas em vegetais, eu acho que os pontos fortes são esses. Em uva, no vale do São Francisco e no Rio Grande do Sul, essas outras que eu já falei, que não adianta repetir porque senão a fita gasta e não adianta nada, e no, no interior também, Mato Grosso, Goiás, eu não faço a mínima idéia do que possa ter por lá. Tem a castanha no Pará, também é importante.
D
 E assim em termos de produção, já que a gente está nesse plano, há uma série de fibras vegetais utilizadas assim das maneiras mais diversas. Você tem idéia assim de quais?
L
 Uma série de fibras vegetais utilizadas das maneiras mais diversas.
D
 Hum, hum. Mas dentro do próprio processo industrial e submetidas posteriormente a processos de (sup.)
L
 (sup.) Eu, eu acho muito difícil, porque hoje em dia a maior parte do, da indústria ... Eh, quem usa a, a fibra de um modo geral é a indústria de tecido, né? (sup.)
D
 (sup.) Hum, hum.
L
 E ela de um modo geral está usando tecidos, eh, fibras sintéticas. Então não (sup.)
D
 (sup.) Antes disso, o emprego assim (sup.)
L
 (sup.) Era, de... devia ser o bicho-de-seda, pelo menos me ensinaram isso na escola primária. Agora, que eu saiba, o bicho da-seda não é uma fruta, nem uma árvore, nem um vegetal (sup.)
D
 (sup.) Eu sei, mas em termos de (sup./inint.)
L
 (sup.) Você conhece alguma, eh, algum tipo de fibra a não ser ... Talvez o bambu seja, do bambu você possa tirar alguma fibra, mas onde é que se produz (sup.)
D
 (sup./inint.) cordas e, eh, linha, essas coisas.
L
 É, realmente existe isso. Deve ser no Ceará. Agora o nome disso, qual é o, o que produz isso, o quê, pra quê, eu não sei.
D
 Bem, um outro tipo de coisa também (inint.) agricultura de subsistência. Tem noção assim dessas coisas?
L
 Agricultura de subsistência? Bom, no sentido mais geral, toda ela é de subsistência, né? A (sup.)
D
 (sup.) Mas a parte mais voltada pra alimentação.
L
 Você então quer o, aquele tipo de agricultura em que o agricultor planta para que ele mesmo coma?
D
 Hum, hum.
L
 É isso?
D
 Você tem idéia de que tipos de coisas (sup.)
L
 (sup.) Ahn? (sup.)
D
 (sup.) Normalmente (sup.)
L
 (sup.) Devem ser o arroz e o feijão que eles, eh, de um modo geral ... Mas isso, eh, o problema deles, eh, mais sério é que eles não conseguem plantar isso em qualquer lugar. Então aí, também a batata, daí eles fazem aqueles angus e, e fubás e outras coisas, né? E o milho também tem o, eh, ele tem um papel preponderante nessa agricultura de subsistência, mas isso tudo também é um problema muito, eh, muito diferente de ponto pra ponto do país, porque no ... É evidente que numa região como a região de Minas Gerais é muito fácil você plantar arroz ou feijão, ah, mas em compensação, não adianta você querer plantar arroz e feijão no, nas outras fora da zona da mata, por exemplo. Me esqueci de falar do açúcar. Eu lembrei agora, o açúcar também é uma outra coisa muito importante, talvez a mais importante de todas em, eh, mais até do que o cacau. Eh, basicamente o açúcar é explorado no Recife, na região do Recife ali perto de, você sai do Recife assim an... anda, vamos dizer, uns cin... trinta a quarenta quilômetros você talvez já encontre açúcar.
D
 Como é que é açúcar? Como é que (sup.)
L
 (sup.) É da cana, o açúcar é tirado da cana. Então você, é a plantação da cana, né?
D
 Você já viu uma plantação de cana?
L
 Já, isso eu já vi, uma plantação de cana.
D
 Como é que é? E você pode descrever o pé de cana e (sup.)
L
 (sup.) O pé de cana. Você já viu uma cana? O pé de cana é aquilo. (risos) Pois é, mas é uma coisa muito difícil de descrever falando porque é, é uma coisa, é algo, algo semelhante ao bambu, quer dizer, parece um bambu aquele pé de cana saindo canas assim. É uma altura, o que é que pode ter? Um metro e meio, um metro e setenta no máximo, se tiver isso. Agora é possível até que nem isso tenha, tenha muito menos de um metro e meio. Esse assunto é difícil pra danar (sup.)
D
 (sup.) E a visão assim de uma plantação de cana?
L
 Ela é bonita, é bastante bonita. É, é, é uma visão meio densa, né? Bastante densa. Então você, o, o que você vê é uma multidão na sua frente, né? É como um, um, uma plantação de trigo, uma plantação de trigo é uma coisa muito bonita de você ver, principalmente quando venta, né, porque aquele p'e de trigo vai pra lá, vai pra esquerda, vai pra direita ou vai pra frente e vai pra trás, né, dependendo da direção do vento e é uma coisa muito bonita de ver. Agora a visão da plantação de cana é, eh, como a cana é muito mais rígida do que o trigo não, não é tão bonita, mas tem um, uma série de aspectos interessantes, ainda mais quando é uma plantação bastante extensa. Não é comum você encontrar, eu nunca vi, não é comum você encontrar plantações extensas.
D
 Me diz uma coisa, sabe o que que é feito com essa cana, com a cana pra depois aproveitar e (sup.)
L
 (sup.) Olha, eh, hoje (sup.)
D
 (sup.) A colheita (sup.)
L
 (sup.) Quer dizer, depois de colhida ela vai pro engenho e no engenho você prepara o açúcar e o álcool que são os dois produtos fundamentais da cana.
D
 E assim teve oportunidade por acaso de ver (sup.)
L
 (sup.) Não, eu sei como func... (sup.)
D
 (sup.) Como (sup./inint.)
L
 (sup.) Como o engenho funciona, com aquela roda (sup.)
D
 (sup.) Não o engenho, eu falo a colheita.
L
 Não, a colheita não. A colheita, a colheita é muito difícil uma pessoa que nasceu e viveu numa cidade, eh, chegar a ver uma colheita, porque, eh, a não ser que você tenha, eh, que você lide com pessoas que morem em fazendas, eh (sup.)
D
 (sup.) Hum, hum (sup.)
L
 (sup.) Eu tenho impressão que um, um metropolitano jamais verá uma colheita, sabe? (sup.)
D
 (sup.) Jamais verá uma colheita.
L
 Essa operação não é uma opera... porque não é uma operação nem ligada a, a, a veraneio, a ... Quando você vai fazer fé... vai tirar férias, você não vai pra um lugar onde as pessoas estejam trabalhando pra tirar co... pra fazer colheita de cana-de-açúcar ou de, ou de carnaúba ou de cacau ou de qualquer outra coisa, né? Você vai procurar ir pra um lugar onde você possa se divertir.
D
 Mas você, mesmo dentro da cidade você já teve experiência de plantar alguma coisa (sup./inint.)
L
 (sup.) Nunca, nunca. Plantar absolutamente nada (sup.)
D
 (sup.) Nem o famoso feijãozinho (sup./inint.)
L
 (sup.) Não, não. Eu faço, não conheço, eh, eu conh... plantas que eu conheço são a begônia e conheço porque a minha mãe plantava, aliás planta, é mania dela. Tem uma chamada costela-de-Adão, parece realmente uma costela, tem uma planta em que eu escorregava quando eu era criança e me espetava todo chamada coroa-de-cristo, eh (sup.)
D
 (sup.) Como é que é essa coroa-de-cristo?
L
 É uma planta cheia de espinhos, eh, são uns galhos forma semelhante ao cáctus (sup.)
D
 (sup.) Hum (sup.)
L
 (sup.) Mas menos triste do que o cáctus porque, eh, eu não tenho muita certeza não, mas acho que tem umas florezinhas vermelhas espalhadas de vez em quando, quer dizer, assim u... uma ou outra espalhadas por ele. Mas parece um cáctus com espinhos mais finos. Tem ... Que mais que eu lembro de plantas? Bom, tem as roseiras, tem a orquídea, meu avô tinha um orquidário dentro de casa. Era um negócio muito bacana, muito bem feito (sup.)
D
 (sup.) Nunca observou assim como é que ele cuidava, como é que ele fazia (sup.)
L
 (sup.) Não, o, eh, eu observava quando ele cuidava porque achava engraçado. Ele ia todo dia de manhã regar as plantas. Agora além de regar ele colocava as orquídeas durante certa época, era uma espécie de ortopedia da orquídea, né, (risos) ele colocava umas, uns, um, um, um suporte pra aumentar a rigidez do caule e permitia que você, eh, per... permitia que a planta crescesse numa direção certa, né? E conhecia também além dessas plantas que têm mais tendência a serem consideradas como flor, conhecia aquelas outras plantas que, as árvores de casa, né? Abacateiro, mamoeiro, caju, cajueiro, isso eu conheço bem, isso eu já vi. Ah, mangueira, manguei... manga-espada, manga, tem manga-espada, mang... manga-rosa, que mais? Acho que mais nada, que eu conheça, mais nada. Tem sapoti também que eu não gosto, tem jaca. Is... essas árvores eu conheço a to... eu conheço todas. Ah, o coqueiro, é co... eu, tem o coqueiro grande e o coqueiro anão, eu conheço os dois. O pinheiro eu me esqueci de falar quando estava falando naquelas, nas culturas brasileiras esqueci de falar no pinheiro. Pinheiro também é muito importante. No norte do Paraná até, até aquela indústria do Klabin, né, e normalmente eles usam ali o pinheiro e o, ali tem uma plantação enorme de pinheiros e de eucaliptos que se estende até quase a Sete Quedas.
D
 Agora me diz uma coisa, me descreve um pinheiro, um, um eucalipto (sup.)
L
 (sup.) Bom (sup.)
D
 (sup.) Assim em termos de dizer as partes de uma planta (risos/sup.)
L
 (sup.) Ah, perfeito (sup.)
D
 (sup./inint.) mais simples (sup.)
L
 (sup.) Ah, o pinheiro, tanto o pinheiro como o eucalipto são figuras longilíneas, né, tem, são altos e magros. Agora tem, o pinheiro tem, deve ter assim, o que que você pode dizer? O pinheiro deve ter um, uns quatro metros de caule, ah, tem uns ramos, começam normalmente aquela figura típica da árvore de natal, os galhos e os ramos saem da, os maiores estão embaixo do caule, depois vão diminuindo, diminuindo, até que os lá de cima são bastante pequenininhos e a raiz do pinheiro não é bastante grande, pelo menos é o, o que, os dois que eu conheço, eh, pessoalmente, conheço outros de vista, mas dois eu conheço pessoalmente, não, não tem raízes bastante grandes. Eh, o eucalipto é a mesma coisa. A grande vantagem do eucalipto é que ele dá assim um cheirinho bom, quando você está passando na estrada um negócio gostoso de ve... de sentir é o cheiro do eucalipto.
D
 E por acaso você já notou por acaso assim diferença de tipo de vegetação, de flores, de frutas da Europa pra aqui?
L
 Completamente. Eh, quando você anda, bom, eh, depende do país da Europa também, porque se você sai ... Eu uma, eu quando fazia viagem por exemplo Lisboa-Madri, Madri ficava a seiscentos e noventa quilômetros de Lisboa, quando eu fazia Lisboa-Madri de carro no fim de semana, você tinha impressão de que estava andando por um daquela, uma daquelas regiões do velho oeste, do deserto de Utah, uma daquelas regiões dos Estados Unidos e porque é uma região completamente desértica. Inclusive eu aprendi lá que os camaradas usam, eh, aquelas regiões pra fazer aquel... esses filmes italianos que passam por aí do "O dólar furado" aí com aquele Clint Eastwood, todos eles são feitos lá nessa região da Espanha. Agora eu ... Uma coisa interessante, eh, talvez seja mais interessante do que falar da, da diferença entre Europa e Brasil é que eu passei dois meses na África (sup.)
D
 (sup.) Hum (sup.)
L
 (sup.) E a diferença, aí sim você encontra semelhanças extraordinárias e uma das coisas que me decepcionou foi a flora africana porque você pensa, quando você fala em África, você pensa naquela floresta fechada, eh, bem densa, bem cerrada onde mal você consegue passar, né? Onde você pensa que vai encontrar, eh, dificuldades enormes, inclusive vai ter que abrir caminho a faca. Acontece que não é nada disso. A floresta africana tem uma árvore esp... aqui outra árvore mais adiante, é uma floresta totalmente esparsa, vegetação completamente rasteira, do tipo da caatinga do nordeste e em muitas regiões, eh, eh, eh, você encontra um clima quase que absolutamente desértico. Por exemplo, numa cidade ao sul de, bem na, quase na África do Sul, chamada Moçâmedes, você tem um deserto logo que sai da cidade, chamado deserto da Namíbia. Esse deserto fica, já pertence parte a Angola e parte ao sudoeste africano que é domínio da África do Sul. Então a vegetação típica desse deserto é uma planta rasteira que é um cáctus horizontal. Então é uma vitória... é quase uma vitória-régia só que ela os, os galhos, não há galhos, as folhas vão saindo e, e, e ... A vitória-régia é diferente, né, a vitória-régia está dentro dágua e forma uma bandeja, essa tem, é como uma margarida, no fim das contas vem a ser uma margarida gigantesca, eh, na horizontal ela pode ter o tamanho de um homem, di... o diâmetro dela, ela é circular mas o diâmetro dela é do tamanho de um homem. Chama-se Velvitia Mirabilis. É a vegetação típica do sul de Angola por exemplo. Já no norte de Angola na região do Congo você encontra florestas cerradas aonde vivem os gorilas. É a floresta do Maiombi. Aí já, aí sim, você encontra mais, eh, é, é a vegetação típica à base de madeira. Então você encontra aquelas árvores daquele tipo das árvores americanas, as sequóias, árvores gigantescas (inint.) montruosos, eh, que eles atualmente inclusive estão usando, estão cortando, estão desmatamento a floresta pra produção de madeira em massa, né? Estão produzindo grande quantidade de madeira. Depois, você sai dali você vai pra Moçambique, aí você tem esperança: bom, agora eu vou encontrar a vegetação cerrada, vou sair daquela vegetação típica de nordeste brasileiro. Aliás, eh, era de esperar, porque a altura de Angola em relação ao Brasil é mais ou menos a altura de Recife, de Pernambuco, né, de, da Paraíba, da Ala... de Alagoas, de Sergipe mais ou menos aquela mesma região. Talvez a, o, o ponto final de Angola coincida mais ou menos com Vitória. Angola é uma região muito grande, tem dois milhões de quilômetros quadrados quase, um milhão e trezentos, um milhão e quatrocentos, um negócio assim. Já em Moçambique você pensa: como no, como Lourenço Marques está na altura de São Paulo, então deve ser mais frio, então as florestas devem ser mais cerradas. Mas não, é um engano, porque a floresta cerrada é típica da região equatorial, né? Então acontece que na África, as florestas cerradas que você pensa que vai encontrar quando vai à África portuguesa não existe. Elas estão todas é no, na África equatorial francesa, no Senegal, naquela região do Senegal. Então pra mim isso foi uma decepção enorme, chegar na África e descobrir que não, não, não dá nem pro Tarzan viver, coitado! Porque não existe árvore pra ele entrar.
D
 E assim em termos de frutas e (sup.)
L
 (sup.) Eh, em ter... (sup.)
D
 (sup.) Flores (sup.)
L
 (sup.) A, a diferença? (sup.)
D
 (sup.) Certo (sup./inint.)
L
 (sup.) Não, eh, só existem as semelhanças. As diferenças básicas são as seguintes: o mamão que no Brasil se chama mamão, na África, aliás na Europa também, se chama 'papaia', eh, ou ananás. Não, ananás é o abacaxi. Bom, aí inclusive existe uma diferença: o abacaxi para os portugueses é um aba... é um ananás grande e o ananás é um abacaxi co... pequeno, então a, a diferença é essa, quer dizer, um abacaxizinho é um ananás e um abacaxizão é um abacaxi.
D
 Mas tem idéia assim por exemplo, mesmo dentro do Brasil, frutas do norte e frutas do sul?
L
 Bom, é evidente que são completamente diferentes. Agora, quais as frutas que dão no norte? Não sei. Devem ser as mesmas que dão, eh, eh, devem ser as mesmas que dão em África, praticamente devem ser as mesmas. Eh, manga existe, sapoti deve existir, agora em certa re... no sul o, o ... Será que a uva é uma fruta? Deve ser, né? Deve ser uma fruta, pelo menos em princípio. Então a uva é, é típica do sul, você não encontra uva ... Aliás é, ih, é o tal negócio, eu vou dizer um, eu ia dizer que você não encontra uva numa região, eh, mais quente, mas hoje você já encontra no vale do São Francisco plantações da uva enormes, né?
D
 O que que você sabe sobre o vale do São Francisco, em termos assim de agricultura, sabe alguma coisa?
L
 Não, de agricultura sei muito pouco. Eu conheço o vale do São Francisco por outros aspectos, por principalmente por pecuária. Agora, por agricultura não conheço quase nada.
D
 E não tem nada de agricultura que esteja (sup.)
L
 (sup.) Bom, o (sup.)
D
 (sup.) Vamos dizer assim, ao lado da pecuária?
L
 Ao lado da pecuária você encontra (sup.)
D
 (sup.) Como, eh, como, eh, suporte (sup.)
L
 (sup.) Aquelas regiões de pastagem, mas você não pode dizer que as regiões de pastagem sejam suportes pra agricultura porque inclusive você encontra pastagem na, na região do Mato Grosso, ali no Pantanal onde o gado é levado pra pastar, né? Às vezes ele atravessa toda aquela região pra pastar no Pantanal, mas ali o pasto é um pasto natural, quer dizer, não é, não, não houve agricultura pro pasto. O pasto normalmente cresce naturalmente, né? Então você não pode considerar que seja uma agricultura. Agora no vale do São Francisco propriamente, eh, deve ser, na região baiana eu acho que deve ser muito difícil você ter alguma agricultura, porque é uma região tão pobre que você não, não deve ter quase nada. Daí a criação desse plano de, é o PROTERRA, se não me engano, que o Médici assinou há coisa de algum tempo atrás que é justamente ... Não, é o PROVALE que é o desenvolvimento do vale do São Francisco, porque, eh, existe uma região, há coisa de uns três ou quatro meses saiu na Realidade, não sei se vocês lêem Realidade, saiu uma Realidade que, em que faziam um ... Um repórter se dispôs a atravessar o São Francisco, então ele conseguiu separar todas as regiões do São Francisco. Havi... a região baiana por exemplo até você ent... chegar perto de Paulo Afonso é uma região paupérrima.
D
 Agora em termos assim de produção global, geral, o que que o Brasil produz em termos agrícolas.
L
 Em termos agrícolas, você diz em, em nomes, não em quantidade?
D
 Em nomes.
L
 Em nomes? Bom, o, o carro-chefe ainda é o café, né (sup.)
D
 (sup.) Hum, hum.
L
 Ainda é o café. Agora o Brasil produz, pra exportar ainda produz o, o ... O Brasil importa trigo, importa trigo da Argentina. Agora, o Brasil importa arroz, importa, o Brasil já chegou a importar feijão. Não sei se está importando, mas importou até o feijão mexicano, o famoso feijão mexicano que andou sendo vendido aí em diversos lugares. Ah (sup.)
D
 (sup.) Por exemplo, uma plantação de feijão você já viu?
L
 Na... já, já vi. É uma frutinha, é uma plantinha que ele sai uma espécie de uma ervilha e aparece no, é um, é um negocinho, uma plantinha baixinha e, eh, há uma, abre-se uma flor, é quase que uma flor se abrindo e dentro de umas caixinhas estão, estão os grãos de feijão. A descrição mais simples, mais sumária é essa.
D
 Não viu assim como é que colhe isso e (sup.)
L
 (sup.) Não, não vi, mas deve ser o sistema de colheita deve ser mecânico, porque é impossível você col... eh, pelo menos o bom senso indicaria que fosse mecânico. Você nunca iria colher manualmente um, um gr~aozinho, grão por grão, né? Então deve ser um sistema mecânico em que você vai cortando e vai recolhendo toda, todas aquelas plantas, todas aquelas, devem ser ervilhas, acho que o feijão sai da ervilha (sup.)
D
 (sup.) Hum, hum (sup.)
L
 (sup.) Bom, então o Brasil importa feijão, importava feijão. Agora, o Brasil exporta açúcar, mas não, não deve exportar grande quantidade porque de um modo geral o açúcar que é vendido no Brasil é um açúcar refinado e o açúcar que é utilizado no resto do mundo não é refinado, né? O açúcar refinado é muito mais caro em qualquer país fora da, da, excetuando o Brasil, você chega na Europa o açúcar, eh, refinado é coisa de luxo, altíssimo luxo. Só se usa mesmo é esse açúcar que no Brasil se chama açúcar cristal que são essas pedrinhas (sup.)
D
 (sup.) Hum (sup.)
L
 (sup.) Eh, só, a única diferença entre um e outro é que pra você ter o mais doce, você precisa colocar mais açúcar cristal do que açúcar comum.
D
 Agora, quando você vai ... Você já fez feira alguma vez (sup.)
L
 (sup.) Jamais (sup.)
D
 (sup.) Pra casa (sup.)
L
 (sup.) Jamais (sup.)
D
 (sup.) Você sabe assim o que que a sua mulher compra na feira (sup.)
L
 (sup.) Não, jamais. Não faço a mínima idéia. Acho que ela nem faz feira (sup.)
D
 (sup.) O que que se compra pra sua casa em termos de legumes? (sup.)
L
 (sup.) Bom, o, o problema é o seguinte: eu sou essencialmente carnívoro (sup.)
D
 (sup.) Hum, hum (sup.)
L
 (sup.) Até isso é, é um problema (risos) porque eu como, eu como ou, ou eu sou carnívoro ou tenho tendência a massas. Eu sei por exemplo que eu gosto muito de pizzas e lasanhas e canelones e outras coisas, mas isso tudo é feito à base de batata. Eh, e o, é, é o que eu como basicamente é isso, eventualmente assim, nem che... nem isso, eh, vamos dizer, uma vez por mês eu como uma vagem, um legu... um, um legumes desses qualquer (sup.)
D
 (sup.) E a neném está comendo assim aquelas sopinhas de (sup.)
L
 (sup.) Sopas de legumes (sup.)
D
 (sup.) Ahã.
L
 Bom, eh, eu em Portugal tomava sopa porque aí é uma necessidade por causa do frio, né? Então você toma sopa pra esquentar (sup.)
D
 (sup.) Sei, mas eu falo a sua filha (sup.)
L
 (sup.) Agora ... Não, minha filha não faço a mín... (sup.)
D
 (sup.) No caso (inint./sup.)
L
 (sup.) Não, minha filha come comida da Nestlé daquelas de ga... (risos) de caixinha, de latinha que vem legumes com purê de batata e já vem com o gosto pronto, né? Então (sup.)
D
 (sup.) Sei, mas o que que são essas coisas?
L
 São, eh, também são quase que à base, todas elas à base de carne. Eh, ela come, o que ela pode comer de legumes deve ser bertalha, eh, bertalha, eh, espinafre, couve, bom, em geral assim os verdes que se come. Isso, isso seria uma classificação de capins, vamos dizer assim. Agora além disso você teria os, o pimentão que não é, que não, não ... Estaria fora dessa classificação, cenoura, rabanete, nabo. Nabo, ah, isso eu como, isso eu como. Quando eu vou em restaurante, incluído no serviço vem esses negócios, eu como, né? Aqueles picles, né, vem junto, aí eu vou comendo isso. Mas é normalmente aquela cenoura geladinha, o rabanete também, o nabo (sup.)
D
 (sup.) E fruta?
L
 Fruta eu sou fanático por pera, adoro pera, mas, eh, como razoavelmente maçã, não gosto de caju não, laranja só muito doce, aquela laranja-seleta, laranja-lima assim dificilmente. Gosto de limão, não pra chupar evidentemente (risos) é mais pra beber limonada. Agora, gosto de mamão às vezes. Não gosto de jaca, não gosto muito de manga principalmente em certas épocas, não gosto de sapoti, não gosto daquelas frutas pequenas, amora, pitanga, detesto essas frutas. Detesto fruta-de-conde, aquela que, tan... tangerina também detesto, não gosto de tangerina. Eh, que outras frutas que existem? O coco eu gosto da água de coco (sup.)
D
 (sup.) Hum, hum.
L
 (sup.) Agora não gosto muito o, o coco em si eu não gosto, só quando aí, ele é transformado em doce, aí eu gosto. Aqueles pudins de coco, quindim, essas coisas eu gosto, agora, eh, o coco comum dificilmente eu como.
D
 Você tinha falado em carnaúba, coco, etc. (sup./inint.)
L
 (sup.) Tinha, mas (sup.)
D
 (sup.) Em termos de aproveitamento industrial, você tem assim idéia do que é feito com isso? (sup.)
L
 (sup.) De carnaúba cera, né? Em termos de aproveitamento industrial é cera. Acontece que tudo isso hoje em dia já está muito relativo porque se você contar o número de pessoas, eh, por exemplo, quem, quem usa cera? A cera pra ser vendida em grande escala desapareceu então não tem, eh, a carnaúba hoje, né, tem, eh, uma finalidade industrial muito pequena. Ela po... ela pode vir a ter finalidade veg... assim como vegetal, né? Como vegetal.
D
 Agora, em termos por exemplo de indústria, há um aproveitamento muito grande de, de planta oleaginosa de um modo geral, né (sup.)
L
 (sup.) Plantas o quê?
D
 Oleaginosas.
L
 O que que significa isso (sup.)
D
 (sup.) Que produzem óleo.
L
 Ah, que produzem óleo. Quais são as plantas que produzem óleo?
D
 Isso é que eu queria saber. O que que, você tem idéia assim de, por exemplo, esses óleos alimentares, quer dizer, são subprodutos (sup.)
L
 (sup.) Bom, bom, o, você acha que o ... O quinino produz um óleo, não produz? O que é o quinino? (risos)
D
 (inint./riso) a gente pode falar (inint./sup.)
L
 (sup.) O quinino eu acho que produz um óleo ou, ou se não produz um óleo, produz a, eh, eh, eh, pa... eu acho que produz um óleo. O rícino, o óleo de rícino é um óleo vegetal, não é? Ou é animal? Eu acho que é vegetal, o óleo de rícino. Mas é, é uma coisa que está absolutamente, é, é o tal negócio, me cai na faixa de desconhecimento, porque são coisas absolutamente ultrapassadas. Eu lembro que o óleo de rícino era usado até dez ou quinze anos atrás como remédio inclusive, né?
D
 E tinha outro. Você lembra assim outro remédio (sup.)
L
 (sup.) Tinha o, espera aí, tinha uma Emulsão de Scott, aquela do tubarão (sup.)
D
 (sup.) Não, mas assim, tem chazinhos de planta, essas coisas (sup.)
L
 (sup.) Ah, tem. Bom, uma coisa que eu adoro, você falou em chazinho, eu me lembrei, chá de jasmim (sup.)
D
 (sup.) É? (sup.)
L
 É. Eu adoro chá de jasmim.
D
 Quais são outros assim (sup.)
L
 (sup.) Tem o ... Bom, outros chás?
D
 Medicinais (sup.)
L
 (sup.) Tem o chá de erva-doce também que também é importante, né? Mas é, esse eu não tomo. O chá de jasmim pra mim é o ponto alto. O chá de erva-doce parece que é usado. Agora, tem um chá feito à base de limão também (sup.)
D
 (sup.) Hum, hum.
L
 Não, não conheço, quer dizer, eh, nunca tomei. Chá, são esses que eu conheço. Agora ou... outras coisas medicinais (sup.)
D
 (sup.) É. Tem muita planta (sup./inint.)
L
 (sup.) Tem da flora, principalmente usadas em homeopatia, né? (sup.)
D
 (sup.) Tem, eh, tem alguma idéia assim de quais são ou (sup.)
L
 (sup.) Vamos ver. É difícil, heim? Bastante difícil. Flora homeopática (sup.)
D
 (sup.) Assim, eu pelo menos quando era criança, me davam chá disso, chá daquilo, tudo na, na base de planta.
L
 Às vezes eu, eu sei e não me lembro, não me ocorre. Você sabe como é que é bom? Você ter um cartaz escrito. (risos)
D
 E me diz uma coisa, agora eu vou voltar à, à coisa do, de óleo. Por exemplo, hoje em dia nós estamos, pra nossa alimentação, tomando óleos vegetais, né, usando óleos vegetais pra cozinhar, pra cozinhar.
L
 Estamos. Margarinas vegetais também e óleos vegetais nós estamos usando.
D
 É. São tirados de que plantas, você tem idéia assim esses óleos?
L
 Bom, eh, vamos ver uma coisa, a, a palmeira produz o palmito (sup.)
D
 (sup.) Hum, hum (sup.)
L
 (sup.) E produz um óleo que é uma espécie de um azeite. O problema todo é que o azeite pode ser, o azeite normalmente é tirado da oliveira (sup.)
D
 (sup.) Hum, hum (sup.)
L
 (sup.) Ou da oliva, né? Acontece que isso não é, eh, não é comum no Brasil.
D
 Por exemplo: você já ouviu falar na Sanbra?
L
 Já. É uma companhia algodoeira do nordeste, conheço bem.
D
 Pois é, a, a Sanbra funciona toda à base de óleos (sup.)
L
 (sup.) Mas são óleos da carnaúba, né? Não são, não são tirados da carnaúba? Eu acho que são.
D
 Você fala em algodoeira.
L
 Em algodoeira? Falei em algodoeira, mas a, o (sup.)
D
 (sup.) Pois é, e então ela tira óleo de quê? (risos)
L
 Bom, mas tamb... eh, pode ser do, dos, dos pés de algodão. Agora (sup.)
D
 (sup.) É do algodão.
L
 É do algodão. Me diga uma coisa, o algodão, eh, eh, o algodão eu acho que eu conheço também como árvore. É branquin... eh, quer dizer, é um, quer dizer, é branquinha evidentemente, mas é uma árvore fina, né, magrinha, com uns ram... galhos mais magrinhos ainda e na ponta tem aquelas bolotinhas de algodão. É, esse eu conheço também como árvore. Mas, eh, a Sanbra eu não sabia que vivia de óleos vegetais, eu sabia, eu sabia que ela vivia de algodão evidentemente, porque é sociedade algodoeira. Não estava ligando, mas (sup.)
D
 (sup.) Soja.
L
 A soja sim, mas a, o óleo de soja também é muito usado, mas o, o óleo de soja não é um óleo medicinal, muito ao contrário, né?
D
 (inint.) hoje é altamente industrial, né? (sup.)
L
 (sup.) Ah, sim, isso é (sup.)
D
 (sup.) Além do alimentar (sup.)
L
 (sup.) É. Não, o óleo de soja é bastante usado. Inclusive substituiu com vantagens o molho inglês, principalmente pra quem come carne (sup.)
D
 (sup.) E agora me diz uma coisa, e assim em instrumentos, por exemplo, você nunca teve oportunidade de trabalhar assim ou de ver pessoas trabalhando. Sua mãe mesmo quando (sup./inint.)
L
 (sup.) Não. Heim? (sup.)
D
 (sup.) Sua mãe quando cuidava lá das plantas dela?
L
 Não, porque o, o sistema de plantio e de colheita dela é relativamente, é pré-histórico, é daquele sistema de regar com regador, mas eventualmente ela pode usar uma pá ou uma enxada, mas isso é muito difícil. Eh (sup.)
D
 (sup.) E o que é que as pessoas usam? Você tem idéia?
L
 Eh, pra colher? Pra plantar?
D
 É, os instrumentos de um modo geral (sup.)
L
 (sup.) Bom, os, os instrumentos e as suas finalidades então, a pá pra escavar, a enxada pra ret... retirar a terra, eh, o regador pra regar, isso na agricultura doméstica. Agora, você pra arar você pode usar uma, um equipamento de ar... de arado, né, que consiste naqueles dois tradicionais bois andando na frente de um, de uma máquina de arar. Eh, você pode usar colhedeiras que são máquinas, o, o, verdadeiros (inint.) com aquelas duas caçambas na, uma na frente a outra atrás e você vai co... eh, eh, conseguindo colher todas as frutas ou flores ou, ou o que vo... Flores evidentemente não, você não vai colher flores por esse processo. É como colher uvas, né? Então (sup.)
D
 (sup.) Como é que você colhe flores?
L
 Com a mão.
D
 Com a mão?
L
 Com a mão. Pelo menos é essa idéia que eu faço. Jamais (sup.)
D
 (sup.) Mas deve usar um instrumento também, né?
L
 É, é. Talvez você venha a usar uma tesoura pra cortar a, a fruta, a flor. Agora, colher flor com uma máquina é o fim da picada! (sup.)
D
 (sup.) Certo (sup.)
L
 (sup.) Então você ... Não, não há outro jeito? (sup.)
D
 (sup./inint.) tem, por exemplo você falou em tesoura, outros instrumentos domésticos assim normalmente utilizados assim, ferramentas (sup.)
L
 (sup.) Ferramentas? Você pode usar um alicate pra, que é uma ferramenta comum em casa, né? Você pode usar pra cortar uns caules mais duros e tal. Agora, não deve ser muito comum também. Você pode usar uma faca, eh, pega o caule e pod... pode degolar o caul... a, a parte de cima do caule.
D
 Normalmente tem uma faca maior. Você sabe como é que eles chamam?
L
 Uma faca maior? Não deve ser um facão, né? Será um facão? É, é inacreditável que seja um facão, então uma faca maior é um facão? (risos)
D
 Você não tem nenhuma assim idéia?
L
 Não, eh, como, co... instrumento de corte não. Agora como instrumento de ... Deixa eu ver outros instrumentos. Eu posso setorizar, eh, instrumentos mecanizados, eh, eu ainda posso citar, eu acho. Ah, tem uma foice também. Uma foice é um instrumento comum mas não chega a ser uma faca maior.
D

  Hum, hum. (fala à parte) Acabou já? Então você pode desligar.