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PROJETO NURC-RJ

Tema: "Vestuário"

Inquérito 0105

Locutor 120
Sexo feminino, 30 anos de idade, pais cariocas
Profissão: professora de didática
Zona residencial: Norte e Suburbana

Data do registro: 26 de setembro de 1972

Duração: 40 minutos

Clique aqui e ouça a narração do texto


D
 Pra trabalhar, você tem problema de roupa, precisa de determinado tipo de roupa, ou não? Assim ...
L
 Não, agora não. A gente agora pode andar de calça comprida, foi a maior liberação do mundo, dá muito mais facilidade. Pra mim não há problema nenhum. O meu problema agora se reveste em onde é que vou botar os vestidos que eu tinha feito? Jogar tudo no lixo.
D
 Você não usa seus vestidos?
L
 Não, não há necessidade. Agora não tenho necessidade nenhuma. Só ando mesmo de calça comprida, eu acho muito mais prático, né?
D
 E você veste calça comprida pra qualquer lugar, qualquer situação?
L
 Por enquanto só, porque eu não uso, geralmente não tenho assim muita atividade social de saídas, quer dizer que o que eu tenho pra fazer, eventualmente é que se usa, num caso de casamento, um negócio qualquer assim mais, mais sóbrio é que apelo prum vestido.
D
 Hum, hum. Olha, você disse que agora está mais fácil, porque pode usar calça comprida.
L
 Porque antes a gente tinha que usar o bendito do vestido, calça acho que dá muito mais facilidade pra trabalho e tudo, ainda mais na minha profissão, né, de professora, que a gente trabalha em vários lugares, entra num, sai no outro, eu acho que a calça comprida dá muito mais facilidade.
D
 E como é que você explica que tenha custado tanto a haver esse tipo de liberação?
L
 Não sei. Primeiro, de... acho, acho que a parte principal, as pessoas aceitarem aquilo, quer dizer, a parte de administração e depois as altas esferas também aceitarem aquilo como ponto ... Acho que é uma quebra de um, de um tabu, uma coisa, não chega a ser um tabu, mas uma, um tipo de, de vestimenta que todo mundo aceitava e que de uma hora pra outra, pela evolução mesma do problema de sociedade, de subir de ônibus e descer do ônibus, entrar no carro e sair do carro, cada vez vai se tornando mais fácil, né, a adaptação das roupas.
D
 Você, você é professora, não é?
L
 Sou.
D
 Você trabalha com adolescente, com que faixa de idade?
L
 Adolescentes, principalmente, agora não. Trabalhei muito tempo com adolescentes. Agora estou com uma faixa um pouco adiante. Não digo do, do mais a... adulto, em cima não, um pouco logo depois do adolescente, uma faixa de vinte a vinte e três anos, que ainda é adolescente.
D
 Você podia, eh, dizer o que você acha da maneira, como esses adolescentes se vestem? Por exemplo esses que são seus alunos e outros que você vê de fora, na rua, que não ...
L
 Há uma diferença porque, na maneira dos meus se vestirem e dos, da, não da maioria, mas de, de uma faixa, ou de um grupo que a gente observa e que tem a mesma idade deles. Os meus, porque são professores primários e estão voltados pra área do primário, ainda estão presos, mesmo usando certas roupas de liberação, calça comprida, etc. e tal, mas mesmo dentro dessa área a vestimenta ainda fica mais ou menos assim dentro de um esquema, de um padrão. Agora os outros, não, têm muito mais liberdade, não têm aquela seqüência, quer dizer, eu sinto essa diferença, o que eles vestem em sala não é normalmente a roupa que eles usam fora, num passeio de grupo ou no, em qualquer atividade social.
D
 E o que você acha da maneira de vestir do, do jovem, assim de uma faixa mais jovem atualmente?
L
 Não acho nada (inint.) muito legal. Sem problema. Eu não vestiria, se tivesse a idade deles, pode ser, não sei, mas não, não vestiria, se tivesse, eu acho que não, pra mim não, não adap... não aceito certas roupas montadas em cima de outras. Mas eles aceitam e deixa ficar, não tem problema.
D
 Eu, eu queria que você tentasse mais ou menos descrever que tipo de roupas são essas porque sempre as pessoas dizem não, não é pra minha idade, eu acho (inint.)
L
 Bom, eu rotulo agora como ... Eu ro... eu rotulo, eu não gosto desse negócio, mas é rotular mesmo, a esse tipo de roupa que está havendo aí de, que pra mim é festa junina. É uma roupa em cima da outra, é um enfeitadinho, com uma blusa lá por dentro daquelas que a gente vê no interior do país, enfeita depois bota uma outra lisa por dentro e uma calça não sei de quê. Então eu acho que aquilo ali não combina, porque eu vim de uma outra formação, quer dizer, aquilo não encaixa dentro de mim, né? Mas acho muito bonitinho, pra quem gosta, nos outros é muito legal, mas pra mim não.
D
 E em relação por exemplo aos rapazes? Porque a gente está sentindo que, parece que há uma aproximação na maneira de vestir (sup.)
L
 (sup.) De roupa, não é? (sup.)
D
 (sup.) entre rapazes e moças.
L
 Coincidência de, de roupas. Tem ... Não acho, não tem nada de diferente não. Eu acho que desde o ... Talvez a deles não tenha mudado tanto, só assim no colorido, eu acho que, que a roupa de homem mudou um pouco, né? Agora em forma de roupa mesmo não, acho que a mulher é que está querendo aproveitar muito. Pela essa simplificação eu acho que ela cede mais na roupa do homem do que a própria dela, né? Eu acho isso, não sei. Pelo que eu, que dá mais ou menos pra observar.
D
 E outra coisa por exemplo todo mundo fala, se fala muito numa quase que identificação homem/mulher sobretudo numa, numa determinada faixa etária, inclusive identificação física, às vezes é difícil você ...
L
 É, descobrir quem é homem, quem é mulher, mas isso aí também eu acho que não é só da, da vestimenta, quer dizer, do vestuário em si, né, a gente tem o problema por exemplo do homem que agora tem problema, eh, de cabelo, que há coincidência do tamanho do cabelo e do, do, do encacheado que antes a gente identificava o sexo, agora não dá pé. A roupa já está ficando a mesma, quer dizer que eu acho que é isso que dá coincidência.
D
 Inclusive os homens usando certos acessórios que antes eram privativamentes femininas (sup.)
L
 (sup.) Certo, bolsa, etc. e tal, né? Agora tem umas bolsas aí, que eu já vi dos homens, bonitinha pequenininha assim. Quando eles dão de andar com aquela grande aí é que dá confusão.
D
 Eles têm umas grandes ...
L
 Pois é, eles têm enormes. Tchau, obrigada. (interferência de outras vozes)
D
 Mas eles têm umas grandes inclusive, que são lindíssimas, de couro, maravilhosas. Bom, isso a gente também gosta (sup.)
L
 (sup.) É. Também depende do homem que usa pra ver se são lindíssimas, não é? Bom, as bolsas continuam sendo, os homens é que a gente não sabe. Os sexos estão se confundindo realmente, mas acho que não é só pela vestimenta não, por outras coisas também e aí a gente foge ao, ao negócio da vestimenta.
D
 Agora, você não tem assim nenhuma preocupação com roupa não, não é?
L
 Não, eu gosto, senão eu não ia ser mulher, né? A gente gosta, gosta de ver as coisas bacanas, gosta de usar também. Procuro muito combinar assim, ter roupas mais ou menos de padrão neutro pra poder combinar com várias coisas e fingir que a gente tem um guarda-roupa daqueles fenomenais mas não tem nada, a gente só faz umas combinações. Quer dizer, sem querer, pelo fato de combinar a gente tem mais ou menos as roupas com os padrões neutros, as cores neutras pra haver essa combinação. Procuro também ter cuidado de, de usar sapato parecido com, com bolsa e, na medida do possível, não sou muito assim na maneira, em matéria de, de botar coisas mais avançadas porque eu acho mais, melhor pro meu estilo de vida, meu estilo de, meu tamanho, meu físico, isso tudo tem que entrar em combinação. A escolha da minha roupa é desse tipo.
D
 E você tem preferência por tecidos, cores, feitios, cortes?
L
 Não sei ... O que que eu posso fazer de preferência. Não, já não chamo que não seja, mas que a gente não tem tanta preferência assim. Cor? Eu vou muito pelo azul e pelo verde. De vez em quando, quando eu estou muito feliz da vida, eu compro um negócio amarelo, agora ... Que é mais que eu posso fazer? Estilo? Só mesmo o clássico porque eu tenho, pelo meu tipo físico eu acho que eu tenho que adotar umas certas roupas, não clássico severo, mas assim mais, mais umas, mais, umas roupas mais retas, roupas assim mais, que sirvam pra qualquer hora, já que eu estou andando com aquilo pra, de manhã, de tarde e de noite. Uma pessoa que sai às sete horas da manhã de casa e só volta às dez tem que ter uma roupa que sirva pra os lugares que ela anda, então tem que ser um negócio assim mais generalizado, não é?
D
 Agora, você disse que não tem assim uma vida social muito intensa.
L
 Não.
D
 Mas você eventualmente nunca teve que ir a uma, eh, a um tipo de reunião mais solene, mais formal?
L
 Sim, aí é que eu tenho que apelar pros vestidos que eu tenho e que então tem que sempre que ser feito um novo porque eu quase não saio e então tem que ser de acordo com o que está sendo usado na época. E aí só nesse caso mesmo é que eu volto a sentir a necessidade de se andar com uma saia comprida ou de um vestido mais assim. Só isso, mas mesmo assim eu acho que já está quebrando muito, né, nessas situações mesmo também a gente está vendo que a abertura está se fazendo também nessa, nesse setor.
D
 Sim, antigamente as pessoas tinham uma roupa especial pra ir ao teatro, não é? (sup.)
L
 (sup.) Certo, é exato (sup.)
D
 (sup.) ao Municipal por exemplo.
L
 Ah, inclusive um casamento, não é, a gente ia, achava que estava todo mundo arrumadinho só pra casamento, agora vai com qualquer roupa que está tudo legal, não tem problema.
D
 Agora outra coisa que eu ia perguntar. Ah, sim, será que você não poderia descrever um, um, um vestido por exemplo pra uma dessas, dessas ocasiões, que você tivesse?
L
 Quais? Dessas mais solenes?
D
 Sim.
L
 Não sei.
D
 Feitio, tecido, cor.
L
 O que que eu posso pensar. Espera aí. Houve tanta, tanta atualização em matéria de vestido que aí fica até pra pensar. Olha, vamos ver, num caso assim de uma reunião, de um, uma conferência, uma coisa assim que a gente já não pode andar com um, com um conjunto, um terninho, uma coisa dessas mais ... Um minutinho. (interrupção) Bom, dentro daquela idéia, né, de uma conferência, de uma reunião, a gente pe... um vestido, você quer fazenda, um negócio assim? Bom, uma, uma, uma espécie de um vestido assim de, ou seda, um estampado assim mais, mais, mais elegante, quer dizer, mais apurado e que servisse assim tipo `chemisier', que é um estilo clássico e que não muda dentro da moda, passa e, e não muda. De uma manga mais ou menos de um tamanho, ou, ou, ou manga comprida, com aquele, é tipo `chemisier', né, de, de, igual ao homem, com aquele punho e tudo. Acho que é um tipo de vestido que serve pruma situação assim de, de uma, uma reunião mais, mais assim séria, séria. Casamento eu não sei mais sinceramente. Dá de tudo, a gente pode botar o que quiser que é bem aceito. O último que eu fui tinha que se usar uma saia longa que estava na moda. Eu já não adoto muito ir a casamento que eu não gosto. Então pelo tempo era uma, um vestido que era agora pra todo mundo, vestido, um longo ou então uma saia longa, já não sei mais como é que se chama isso. Deveria ser isso, não é, um tipo de roupa dos dois momentos.
D
 E por exemplo, eh, eh, calçados pra essas ocasiões, você, você veste diferente também?
L
 Depen... dependendo ... Por exemplo quando a gente está, no caso da, da, da roupa que eu comumente uso, como eu saio às sete horas e só volto às dez, quando eu vou só, quando eu tenho esse horário assim inteiro, eu procuro me vestir como eu já falei, dentro daquele esquema de, de ocupar todas as horas. Então é uma roupa que, pra qualquer coisa que eu tenha é uma roupa um pouco mais, não é cara, mas é um pouco mais, mais arrumadinha dentro do esquema de selecionar do que a outra, se eu fosse direto só prum, assistir uma observação de uma aula de uma col... de uma aluna ou ir só à, à faculdade assistir aula. Aí a gente mete uma calça comprida Lee qualquer, bota uma blusa e está bem, está arrumada e o mocassim da vida está arrumado também. Já nesse caso de um terninho, de um `slack', um negócio assim, o sa... o sapato já vai pedir um pouquinho melhor e pode ser, esse sapato pode ser normalmente usado também com a roupa pra conferência, não tem problema nenhum. Agora é lógico que no, no, no outro vestido que eu dei como exemplo do casamento, em situação assim de baile, um negócio qualquer, o ca... geralmente o vesti... o sapato tem que ser um pouco melhor pra acompanhar a roupa que a gente veste.
D
 E o, a parte assim de cabelo, o rosto pra uma noite, uma reunião? (sup.)
L
 (sup.) Isso entra no vestuário também?
D
 Entra.
L
 Entra, ah, eu não sabia, pensei que isso fosse outra coisa. Bom, vem cá, normalmente eu faço touca no meu cabelo e deixo ele correr. Quanto mais comprido melhor porque assim a gente vai deixando ele arrumado de vez.
D
 Touca é, touca é o quê?
L
 Lavar, botar dois `bobs' e fazer um, um rolo em volta do `bobs'. Muito bem (sup.)
D
 (sup.) Isso pra quê? Pra ...
L
 Deixa secar pra no dia seguinte estar com o cabelo escorrido e ele continuar escorrido durante a semana inteira pra não dar muito trabalho. E quando ele estiver bem feio, a gente prende com uma travessa e está resolvido. Agora num dia desses a peruca funciona bem, não é? A gente aí bota a peruca e é outro cabelo. Eu não gosto de ir a cabeleireiro, acho que perde tempo, não tenho tempo e não tenho condições assim de preparo físico pra ficar sentada num cabeleireiro, pra aturar aquilo, secador, nada disso. Eu faço é porque eu pinto o cabelo, então eu uma, um mês e meio, de mês e meio, eu tenho que me doutrinar pra sentar ali e fazer isso, mais nada.
D
 É muito complicado esse processo de pintar o cabelo? Exige assim uma (inint.)
L
 Não, só exige paciência da criatura que fica sentada, esperando. Não dá pra isso não. É rápido, não? Quem já, eu já me acostumei, não, não tem problema nenhum. Também, o, eu pinto mas não é daquele tratamento de fazer mechas, etc. e tal. É um, uma pintura só de, de mudar a cor ou conservar. Quer dizer que aí não demanda tanto tempo assim. É normal.
D
 E o rosto? Você arruma de uma maneira diferente?
L
 Não. Ah, de, de ... Variando a ... Sim.
D
 Para uma coisa mais formal.
L
 É, quando a gente tem mais tempo, dá assim pra arrumar um pouquinho melhor, não é? Agora normalmente, pra todo dia, não. A, a, a pintura eu acho que a gente também não pode estar toda hora ... Eu não tenho esse tipo de, de me aprofundar muito em pintura de sombra, de olho, nada. Faço, mas dentro de um limite. Uso sombra, pinto o olho, faço tudo, uso lente de contato que eu não gosto disso de óculos. Uso óculos só dentro de casa. Tudo isso é uma espécie de, de, de tentativa pra se cuidar, né? Tentativa, continua no campo da tentativa. Mas pra sair assim, eh, numa reunião mais formal, no campo mesmo social, aí sim a gente tem que se apurar um pouquinho melhor. Não porque queira, mas sim pelos outros, mais nada.
D
 Você tem algum problema com, com pele do rosto?
L
 Não, nunca tive.
D
 Qual é o seu tipo?
L
 O meu é, é oleosa e em certas partes é mista.
D
 E você não, não (sup.)
L
 (sup.) Depende (sup.)
D
 (sup.) Porque existe uma série de produtos, não é (sup.)
L
 (sup.) É. Eu não, eu não (sup.)
D
 (sup.) comercializados.
L
 O meu é de tirar, tirar maquiagem. Maquiagem minha é pó, é óleo de tarta... de tartaruga da tua terra (sup./inint.)
D
 (sup.) Óleo de tartaruga?
L
 É.
D
 E como é que você faz?
L
 Não faço, eu compro.
D
 Ah, já está um negócio ...
L
 Já, já vem industrializado, mas é dentro (sup.)
D
 (sup.) Eu falo como é que faz, quer dizer (sup.)
L
 (sup.) Passa aquilo como se fosse ... Em vez de usar base. Eu não uso base porque a minha pele é mista e é oleosa, então eu não uso base e passo óleo de tartaruga. E aí depois passo o pó e pinto o olho normalmente e, e batom. É a minha pintura normal. (interrupção)
D
 Estava no rosto, né?
L
 Estava no óleo de tartaruga. (riso) Mas o que que eu estava falando? A gente passa isso, bom, e o que é que tira, ah, é isso. Tirar essa bendita dessa maquiagem que não é tão grande assim é óleo Johnson's, mais nada. Quer dizer, eu continuo com óleo de bebê e não tenho problema nenhum, não sou ... Não gosto de usar essas coisas todas. Só uso mesmo aquele `pancake' em dia de festa, onde a maquiagem tem de durar mais um pouquinho, então aí eu uso, mas não costumo usar muito não que me dá espinha.
D
 Agora outra coisa. Por exemplo, eh, mão e pé você costuma também ...
L
 Não dou tanta atenção quanto o rosto, quanto ... Isso funciona mais ou menos no esquema da, da pintura de cabelo, de mês em mês, dentro daquilo. Eu não costumo pintar a unha. Pinto só mesmo quando eu trato do pé. A unha das mãos eu não pinto normalmente.
D
 Você tem algum problema nos pés?
L
 Não. Nenhum. É falta de tempo. Só pinto, mais nada. Então aí eu aproveito o dia que eu vou pra pintar o cabelo, então de mês em mês aí a gente se renova.
D
 Agora quando você não vai, você não costuma ir muito ao cabeleireiro, você mesmo cuida do seu cabelo?
L
 Certo.
D
 Você usa também produtos pra, pra limpeza do cabelo?
L
 Uso. Eu tenho cabelo oleoso. Então eu uso xampu anticaspa pra tirar um pouco da oleosidade dele e uma espécie de um creme, eh, que eles chamam de creme de enxaguar, pra desembaraçar o cabelo porque meu cabelo é fino e é crespo, então ele embaraça muito, mas também só se prende a isso e, e na época só do dia de lavar e enrolo todo dia de noite o meu cabelo, quer dizer, continuo com a touca, porque ele é crespo e pra ele alisar tem que ter esse, esse processo.
D
 Ainda nessa área, eh, parte assim de enfeites.
L
 Eu estava pensando nela agora, bom, dentro disso então tem até lá. Eu acho que é parte que eu mais me preocupo é nisso, não sei por quê. Eu acho que, como eu tenho preocupação em andar com roupas assim do estilo mais ou menos que sirva pra qualquer momento, dentro de um esquema, então eu acho que variando o, o acessório eu aí posso estar correspondendo a qualquer lugar. Então é o que eu tenho mais, no sentido de brinco, de mais brinco do que pulseira e colar que eu não gosto. Eu sou canhota, sou neta de italiano, falo muito com as mãos e então na hora de falar com as mãos, eu não posso usar pulseira, de jeito nenhum! Então eu só fico mesma presa a brinco, colar e eventualmente pulseira. Broche às vezes também e apelo muito pra lenço porque aqueles lenços coloridos a gente quebra assim às vezes a, a monotonia do traje.
D
 E você usa aonde esses lenços?
L
 Geralmente daqui pra aqui. Parece até que estou sendo filmada. No, no pescoço ou então completando um decote, uma coisa qualquer.
D
 Agora esses colares, pulseiras, brincos, eh, são jóias ou (sup.)
L
 (sup.) Não, nada de jóias. Não. Bijuteria. Um pouco mais apurada assim em alguns casos, nas outras não. Mas não tenho assim muito de jóia não. Não gosto.
D
 Inclusive as jóias hoje em dia assim, né (inint./sup.)
L
 (sup.) Você nunca consegue distinguir, né, qual é uma da outra. Isso é verdade. Agora a gente está também nessa dificuldade. Não é só o homem e a mulher, bijuteria também.
D
 E além da ... Você já falou no vestido, no sapato, na roupa (sup.)
L
 (sup.) No sapato, na roupa. Agora você quer o quê? Acessórios internos também.
D
 Também (inint.)
L
 Está vendo, agora vamos pra eles, né? Bom, vamos ver que que você quer. Olha, eu tenho ... Conheço gente que tem assim esse tipo de, de cuidado de usar uma peça combinando com a outra, quer dizer, dentro da mesma estamparia, do mesmo desenho, etc. e tal. Eu não tenho essa, esse tipo de, de, de modo de usar ou de escolha, critério de escolha, eu não tenho. Eu vou muito pelo aquilo que eu, do colorido que eu gosto, do que se adapta mais à minha forma, não do que está na moda. Então se aquilo que está na moda eu não posso usar, mesmo na parte de, de, de vestuário interno, isso tem muito, porque o formato de peças às vezes não combina com, com o tipo de, de, de glândula que nós temos que botar ali dentro, então não dá. E aí às vezes a gente tem que ficar presa a um determinado tipo de, de, de, de roupa porque aquilo é o que convém porque dá na hora, é a única coisa que serve mesmo e con... e que convém dentro daquele esquema. Quando há possibilidade de combinar, quando tem o conjunto, eu vou por ele, mas não vou assim na, no critério de escolha, começar com um conjunto. Sempre procuro escolher aquilo que eu acho que se adapta mais àquele meu tipo de, de situação e que eu necessito naquele momento.
D
 Que peças internas você usa especificamente? Porque isso varia muito, não é, de mulher pra mulher.
L
 Dentro de (inint.) sutiã, biquíni. Que mais? Meia, aquela meia- calça. Só. Só. Porque eu não uso cinta. Não uso cinta, não uso cinta-liga porque não uso meia. Uso meia-calça. Só. Não tenho mais nada não.
D
 Sim, antigamente havia outras peças, não é, que as mulheres usavam (sup.)
L
 (sup.) É, combinação e anágua, não é? Bom, dentro do meu esquema eu não posso usar nem combinação nem anágua porque eu ando de calça comprida. Eu uso é calça mesmo, o biquíni e sutiã e meia calça.
D
 Você dá, digamos assim ... Porque eu, eu me lembro da minha fase da adolescência, a maneira de (sup./inint.)
L
 (sup.) Muito obrigada. Você acha que estou na fase da adolescência! Com trinta anos? (sup./riso)
D
 (sup.) Mas a, na minha época da adolescência a maneira de vestir era muito diferente de hoje em dia.
L
 É. Na minha também.
D
 (inint.) você se lembra mais ou menos? Podia contar?
L
 Oh, era glória da vida, a gente andar com aquelas saias cheias de babado e as anáguas também correspondendo ao número e volume, igualzinho ao da saia. A gente andava em pleno balão, por baixo e por cima. E eu adorava ver aquelas gurias mais velhas do que eu andando de saia justa que pra nós era, pra mim, no meu tempo de quinze, dezesseis, dezessete anos era o auge. E a minha mãe só, tinha me dito que achava eu devia usar aquilo com dezoito, que aquele negócio era mais sério. Então eu achava, morria de inveja, não porque, eh, aquilo, mas, não sei ... Eu achava que era muito mais prático a saia justa. Então num dia de vento aquilo era horrível aquelas saias-balão, mas a gente gostava, né, andava com aquelas roupas todas, com aquelas saias rodadas que não ... Eu não sei se você pegou a fase. Deve ter pego (sup.)
D
 (sup.) Lógico (sup.)
L
 (sup.) Aquela fase daquela anágua de náilon , com vários babados, que a gente ainda abafava mais ainda, não é? Era assim a nossa festa ... Era muito bom, eu achava. Tenho muita saudade porque a gente não tinha tanto, tantos esqueminhas ou tantas coisas assim de, que agora são cortadas. A gente ia a baile e não tinha vergonha de entrar num lotação com vestido de baile comprido. Sentar e jogar o vestido em cima de toda a rapaziada do lado que ia com a gente. Andava-se assim na rua tranqüilamente. Agora, eh, nessa época, deve ser cafona, não sei. Mas a gente se dava bem, né, com aquilo. Agora a gente acha que é feio, não é? Também peguei aquela moda ... Como era o nome daquela roupa, meu Deus? Era uma espécie de, diziam que era túnica. Eu não sei se você se lembra, que a gente ... Que ela vinha com, redon... assim abaulada, chegava ... Eram duas saias, uma saia justa e outra meio por fora assim, dando aquele coisa. Ficava lindo de morrer aquilo, eu achava. Pelo menos naquela época era muito bom.
D
 Agora passando pra, assim pra vestuário masculino, roupa de, roupa de homem, mas não mais essa faixa de adolescente, que tem esse tipo de ... Mas, digamos, de uma pessoa mais velha.
L
 Homem?
D
 Sim. Se bem que mesmo, mesmo os homens de uma faixa um pouco mais velha, digamos, de vinte e cinco a trinta anos que também já estão bem diferentes na maneira de vestir, não é?
L
 Pois é, isso é que eu estou pensando. Se eu, eu disser um negócio aqui não vai dar certo. Vão pensar que eu sou outra coisa, né? Depois que desligar eu falo. Mas vamos ver, vamos ver. Olha, dentro daquilo que eu já falei, eu acho que dentro do vestuário de homem eles optaram também por, pra quebra daquela, daquele formalismo dele, de roupa. Eu faço uma comparação do meu irmão e do meu pai, que são os únicos que, que eu lido assim um tanto mais com eles. Eles tinham preocupação em andar com terno mas a, a gravata era sóbria, o terno era dentro daquele colorido tradicional, se não era marrom era cinza, se não era cinza era azul-marinho. Dali não passava. Alguns usavam branco que era assim só mesmo pro pessoal da velha guarda, né, o antigo, não dava. A meia não era de combinar como agora todo mundo combina ou com, com o terno ou com a cor do sapato. Tinha assim as cores tradicionais de meia e a branca funcionava também forte ali dentro. Bom, agora então houve uma quebra nesse sentido, eles agora têm ternos de várias cores, né, não precisam ser mais cores assim escuras, podem ser claras também e as gravatas e as camisas começaram a aparecer também em tons berrantes, em estampado, quer dizer que pra mim, eu acho que houve é um tropicalismo, um colorido dentro da roupa do homem. Mesmo na, na faixa de idade do meu pai porque eu vejo que antigamente era muito mais difícil escolher uma gravata pra ele. Agora dentro do mesmo, do estampado, mas a gente encontrando um estampado que não seja assim tão berrante, tão, tão assim, como é que pode ser, aqueles turistas americanos que vêm com aquele negócio assim colorido, pode, ele aceita normalmente. E aí o pa... o papel também da, não só da gravata, mas a meia também que eu estava falando. A meia também serviu porque começaram a aparecer outras cores de meia que antigamente não tinha, né? A cor de meia que era o vinho que a gente achava que era só meia de padre, agora passou pra, pra meia de gente também, a branca quebrou completamente o seu valor, não existe, só de uniforme, a preta tomou um crescimento também, porque é neutra, e até o cuidado que eles têm agora de tamanho de meia, porque não pode ser mais com aquele cano curto nem cano médio, tem que ser cano longo porque quando sentar, levantar a, a calça, a meia seguir o tamanho, não aparecer as pernas. O cuidado deles chegou a esse ponto. De roupa interna, o advento das, das, das cuecas estampadas e etc. e tal, que antes eram tradicionalmente brancas e com aqueles abotoa... aquela abotoadura tradicional também da cueca, né?
D
 Inclusive o tecido, não é (inint.)
L
 É, mudou completamente. Eles agora estão de Zorba e de Zorba pra cima. Agora que é mais? Colarinho também, de camisa. Eh, eu peguei uma fase que a minha mãe, quando eu era pequena, eh ... Pequena? Eh, na idade mesmo de dez, onze anos. A preocupação da minha mãe de trocar às vezes até de colarinho porque meu pai adorava o colarinho duro, engomado, super-engomado, né? Agora não, eles adotam camisas de tergal que o colarinho fica moldado direitinho, não precisa ser aquele durão, a gravata, também a tal da gravata borboleta que existia agora não existe mais. Acho que de homem, de vestimenta, acho que só, né?
D
 Você nota muita diferença na maneira de vestir do seu pai de agora pra antigamente? Você acha que modificou o gosto dele? Que ...
L
 Abriu. É. Abriu um pouco. Ele ainda continua um pouquinho quadrado, quer dizer, meio tradicional, mas mesmo dentro do tradicionalismo dele ele já, já abriu bastante. Camisa dele agora não é só branca, ahn, tem, agora pode ser de risquinha, não que as riscas sejam tão grandes, mas pode ser de risquinha, pode ser de um colorido assim suave, porque ele, pela idade dele de cinqüenta e oito, ele não pode botar coisa ... Agora meu irmão abriu totalmente, ainda está por dentro do negócio, vai direto.
D
 Quantos anos tem seu irmão?
L
 Tem vinte e nove. Quer dizer, ele está dentro da faixa mesmo de, de abertura.
D
 Seu pai, por acaso, houve uma época em que aqui mesmo no Brasil os homens usavam chapéu, não é, era muito elegante (sup.)
L
 (sup.) Ele conta que quando, em quarenta, quarenta e um, quarenta e dois, na época em que eu nasci, ele usava. Ia pro trabalho de, de colete, colarinho duro e chapéu (inint./riso) agora não vai, nem quer se pensar nisso.
D
 Agora outra coisa, seu pai e sua mãe são advogados, não é? E por acaso eles têm, eles têm assim compromissos sociais?
L
 Não, não. Você já viu que a filha saiu igual aos pais, não é, porque a gente aqui não tem. Não tem mesmo. Quase não tem. Quer dizer, assim na área mesmo de, de compromissos, quando aparecem, a gente procura cumprir, mas não é muito assim vontade do pessoal continuar fazendo assim, como é, vida social, né, como se chama, nós não temos muito isso não.
D
 Eu queria perguntar se, eh, seu pai alguma vez por acaso algum tipo de compromisso um pouco mais formal, que ele tivesse que ir com uma roupa diferente, não uma de todos os dias, entende? Que é um tipo de traje diferente, não é ? Que é ...
L
 É. Olha, essas coisas devem só, só aconteceram, que eu me lembre, nas formaturas dos filhos e no casamento do filho dele, meu irmão. E nesse dia do casamento do meu irmão é que foi a única vez que ele teve que alugar uma, uma roupa especial porque a calça era de listra, aquela calça listadinha, não é, que dá. E pra fazer uma calça daquela ... Porque aquilo ali, eu acho que não é casaca não. É casaca? Não. Tem outro tipo de ... Não sei o nome. Eu sei que a calça é de listas, aquela calça cinza com listinha e, e o paletó. Então tinha que fazer e fazer ia ser muito caro e podia ser alugado. Então todos alugaram, inclusive o noivo, porque não tinha outra razão a não ser a do casamento porque a noiva pediu. Então foi feito assim. Agora `smoking' ele tem normalmente. Meu irmão também tem. Mas, é o que eu disse, só foi usado mesmo em ocasiões assim de festa de quinze anos lá da família ou formatura, só nessas ocasiões.
D
 E você podia descrever esse traje? O que que faz com que ele seja diferente do, dos outros normais, que os homens usam todos, todos os dias?
L
 Olha, é a cor ... Varia também, heim, porque agora o, o `smoking' que era o que eu vou descrever não é mais o mesmo. Mudou completamente. Mas era ... Ele é preto, tem, tem, ah, uma, eh, uma ... Eu não sei que nome tem aquela fazenda. Vamos, vamos fazer de conta ... É uma fazenda fosca, mas que tem uma faixa de cetim do lado, cobrindo a costura, uma faixa preta de cetim. A, o terno, quer dizer, o paletó também obedece mais ou menos o mesmo esquema. A gola é que é realçada com essa faixa, com essa cor de cetim, né, preto de cetim. É isso, é?
D
 É.
L
 Agora não sei se tem, que eu não me lembro, alguns tinham assim um corte redondo, não é? Ou, isso depende, porque cada um, um fazia em tipo de, de ... Como é o nome daquilo? Um tipo de, de roupa que eles usam que a gente bota com uns botões, que eles chamam de ... Não sei, eu não me lembro. Que bota com abotoamento duplo, eu não me lembrei, não me lembro o nome. Depois eu me lembro. Eles usam um termo. Eu não sei qual é. Esqueci. Eles aí fazem. Ou é um tipo de paletó comum ou então esse que eu estou querendo me lembrar o termo, mas eu não me lembro e é de, de duplo aca... eh, duplo abotoamento. Eu acho que ...
D
 E a camisa também é uma camisa (sup./inint.)
L
 (sup.) A camisa é diferente, não é? É diferente? É. Bom, pode ser camisa comum, mas só que a gravata é aquela gravata borboleta preta, e alguns têm uma espécie de um, de um peitilho que vem, vem fo... reforçando o desenho aqui, né, com os enfeites. Outros não. Agora na última formatura que nós fomos, foi a do meu irmão, eu me lembro que a camisa já vinha, era uma camisa espe... diferente, que ele podia comprar e que já vinha toda cheia de trabalhadinhos, cheia de babadinhos que não precisava o tal do, do, do peito que ele usava anteriormente, não é? Acho que era, é, eu acho que é esse tipo mesmo de, de coisa, eu não me lembro o que que tem de diferente no `smoking' não. Agora dessa... Agora mesmo, atualmente a gente vê por revista, porque mudou demais, inclusive até na cor. A cor pode ... Antigamente era só o preto ou então o branco, não é, que era o `summer'. Agora não, eles têm vermelho, têm de tudo que é cor.
D
 É, mas o branco não todo branco, não é? Parece que ...
L
 Não ... O `summer' era o paletó branco e a calça era preta. É.
D
 Agora, voltando pra você outra vez, a respeito de roupa de dormir.
L
 Hum. O quê?
D
 Suas preferências. Hábitos.
L
 Bom. Opções, não é? Ou `baby-doll' ou então camisola.
D
 E tecidos?
L
 Nunca jamais o pijama. Detesto. Agora tecido ou é o `poliester', que é o que se assemelha mais ao que é o, ao `dralon' do ... `Dralon'? Não. É. É `dralon', mas é `dralon' de algodão, do, do americano, que pra nós o `poliester' casou muito. É, quer dizer, o tecido é tecido fino ou então a, a cambraia, que às vezes tem aquelas camisolas de cambraia. O tamanho é camisola ... Se é camisola, é camisola curta, por isso mesmo ou `baby-doll' ou então camisola, mas camisola curta, né, aquelas lindas de morrer. Detesto esse negócio de, de `liseuse' e não sei quê, que arrasta no pé. Nada disso serve. Pra gente acordar às seis horas da manhã não dá jeito. Eu acho que ... Só. Não tem ... Pijama não dá.
D
 E, e em cima da camisola, `baby-doll', você usa alguma outra roupa, não? Quando levanta?
L
 Eu uso só o robe. É, o robe, quando dá tempo de usar porque da vida que a gente tem a gente acorda, troca logo de roupa, põe a roupa que vai pro trabalho, porque tem que estar saindo cedo pra (inint.) agora quando acontece que a gente tem que acontecer mesmo, não é? Aí tem, tem o robe não é assim dentro do mesmo esquema da camisola não. Eu não, não sou muito ligada em conjuntos dessa natureza. O robe geralmente ou é de, de fustão ou então aque... ou ... Os que eu tenho é um de fustão e o outro é aquele de `pois' que é ... Como é o nome daquilo? É `pois' sim, o nome daquilo é `pois', né? Não sei o nome. Aquele que tem um altinho, né? Só. Não tenho outra preferência de roupa não.
D
 E outro tipo assim de roupa, mais esporte, por exemplo, praia. Você costuma ir à praia?
L
 Costumo. Costumo, quando tenho tempo, geralmente nos (inint.) da vida, quando não tem trabalho. Aí a roupa que é usada é o biquíni.
D
 Você usa biquíni?
L
 Mas não desses que tem agora, não é? Agora? Procuro me atualizar dentro da moda do biquíni mas não tão, tão atualizado quanto Ipanema `city', mas é biquíni. Mas também não é aquele duas peças tradicionais, cheios ... Que vai da cintura não. É um biquíni normal que pode esconder o que deve ser escondido.
D
 E o resto?
L
 Uma saída da, de praia, que geralmente é uma, uma blusa ou, ou uma ... É, geralmente é uma blusa de malha ou então uma, uma blusa de, de manga ou uma túnica que a gente usa, que já não está dando pra, pra uso mesmo, a gente bota aquilo. Não é aquela roupa que a gente compra em loja nem butique que é usada como saída de praia. É adaptada pra saída de praia ou o que que eu levo mais? Barraca, esteira e óleo, mais nada.
D
 Óleo?
L
 O óleo de praia é um, é um óleo que, que, é lindo de morrer. É Nujol. É óleo pra intestino, mas que queima à beça e não é óleo comum. Agora estão fazendo anúncio do Nujol pra, pra queimar a praia. Mas nós descobrimos antes dele queimar. Foi um massagista que ensinou pra gente e aí nós passamos e ele queima.
D
 E calçado de praia?
L
 Uma sandália comum. Não tem coisa. Ou então o tamanco que agora está sendo usado, não é? É só, não tem assim rou... coisa especial pra praia não.
D
 Você compra as suas, as suas roupas já, já prontas ou você manda fazer, como é ?
L
 Eu compro, agora eu compro pronta, há uns quatro ou cinco anos eu compro pronta. Eu tinha a minha madrinha que fazia, nunca pensei em comprar porque ela me abastecia normalmente, quer dizer, do que eu tivesse necessidade, dava pra ela, ela fazia, quer dizer, a costureira em casa. Depois ela não pôde mais fazer, pela idade, depois morreu, quer dizer, não deu jeito, então eu tinha que suprir e compro. Mas geralmente as roupas que eu compro, pelo fato de usar agora calça comprida e tudo, eu compro a um lugar que eu me dei bem, então eu compro e é uma fábrica. Não gosto de comprar roupa em butique, não sou mesmo de comprar. Ou então passo numa loja, vejo uma roupa e aí faço ou um crédito, geralmente ou então eu compro. Mas normalmente dentro do meu esquema o que eu tenho comprado mais é nessa fábrica e é roupa de malha.
D
 Você não gos... você não gosta de comprar em butique, por quê?
L
 Não gosto. Eu geralmente não me adapto e não a... não dou jeito daquilo. Eu acho que é um negócio que a gente paga pelo luxo da loja e não pelo que a gente quer comprar. E se eu puder eu posso encontrar uma coisa que se adapte mais a mim em outro lugar em que não há, um preço melhor pra mim.
D
 Você tem problema com roupa que você compra já pronta? Porque às vezes (sup.)
L
 (sup.) Não (sup.)
D
 (sup.) por causa do manequim (inint.) das medidas?
L
 Não, não tenho. Não tenho porque o meu, o meu jeito, o meu corpo dá pra se adaptar normalmente ao tamanho, né? Por isso mesmo eu procuro coincidir com essa fábrica que o, o talhe deles do, do manequim coincide com o meu, quer dizer, não há problema de ajustar a peça nem nada. Tem gente aí, não dá.
D

  Tá.