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PROJETO NURC-RJ

Tema: "Alimentação"

Inquérito 0104

Locutor 119
Sexo masculino, 29 anos de idade, pais cariocas
Profissão: professor de biologia
Zona residencial: Suburbana

Data do registro: 26 de setembro de 1972

Duração: 47 minutos

Clique aqui e ouça a narração do texto


D
 A gente pode começar. Você fica no colégio o dia inteiro, quando você vem?
L
 Não. Eu venho aqui segun... não, eu venho aqui terça, quarta e quinta. Segunda, terça e quarta, eh, ter... terça, quarta e quinta pela manhã. Só aqui no colégio, né? Que (interrupção) Então eu venho aqui terça, quarta e quinta, aqui, né? Aí eu dou aula em mais três cursos pré-vestibulares. Quer dizer, a maior parte mesmo do dia eu estou sempre na rua, sempre dentro de sala.
D
 E como é que você resolve o problema de alimentação?

 Bom, só tem um dia que eu não posso comer em, em casa, é só, é às quartas-feiras. Os outros dias todos dá pra mim almoçar em casa. Agora, o meu horário de almoçar é que, o meu almoço é completamente diferente dos outros, né? Geralmente o meu horário de almoço é uma e meia, duas horas, meu horário de janta é espetacular: onze e meia, meia-noite, quinze pra meia-noite. Sempre nessa base.
D
 Jantar você janta em casa?
L
 Certo. Jantar é certo em casa.
D
 E quais são assim seus pratos favoritos? Como costuma ser durante a semana?
L
 Bom, se deixar eu escolher, por mim mesmo, tem muita coisa que eu como, mas não gosto assim, não peço. Por exemplo, se eu fosse escolher, fazer um cardápio pra mim, seria, no caso, galinha, poderia ser galinha assada quase todo dia, não me incomodava, bife, de preferência filé-mignon que eu não gosto de filé, carne de porco, gosto. Feijão, se me der feijão todo dia, como, tranqüilo. Agora, não vou muito é com negócio de ensopadinhos, ensopadinho de carne, vagem, isso não, isso eu não gosto não. Eu não sou chato em relação a comida não, viu?
D
 E quando você tem que comer na rua? Por necessidade?
L
 Bom, dependendo do lugar. Por exemplo, às quartas-feiras, que não dá pra mim almoçar, minha comida é meia esquisita. Como quatro ovos cozidos, uma Caracu, como um sanduíche de pernil, como um sorvete e um café. Pronto. Não como mais nada. E eu, hum, certos restaurantes, certos bares assim não paro muito pra almoçar ou comer qualquer coisa não. Quando a fome aperta um pouco, há possibilidade, o Bob's está perto ou o Kid's, então eu prefiro ir e como um sanduíche daqueles ali.
D
 Sim, mas, eh, Bob's e Kid's têm mil espécies de sanduíches.
L
 Mas geralmente um negócio que seja bem rápido. Porque eu não gosto de ficar muito tempo em pé. Eu se puder fico o dia inteiro sentado. Eu peço uma coisa bem rápida. Geralmente cachorro-quente ou um 'cheeseburger', um hambúrguer, às vezes um 'ham-and-eggs' quando estou com muita fome, fora disso ...
D
 E de manhã, antes de você sair pra trabalhar, como costuma ser su... sua alimentação? (sup.)
L
 (sup.) Bom, eu geralmente eu só tomo café puro de manhã e mais nada. Não como mais nada. Só café puro mesmo. E geralmente entre o café e o almoço também não como nada. Entre a, o almoço e a janta também não como nada. Não como mesmo.
D
 E fim de semana, como é? Vocês ficam em casa, saem ...
L
 Bom, agora eu fico sábado e domingo em casa. Há coisa de uns três meses, não, porque eu dava aula sábado o dia inteiro. Mas agora não, almoço em casa sábado e domingo. Jantar, geralmente sábado eu não janto em casa, sempre janto fora. Domingo às vezes também eu janto fora, mas é raro eu al... jantar domingo, geralmente é um lanche mais à noite, geralmente sempre galinha ou bife ou então rabada, língua, essa base assim.
D
 E esse, esses fins de semana que vocês ficam em casa e comem em casa, fazendo refeições em casa, costuma ser diferente? Vocês fazem coisas diferentes?
L
 Geralmente minha mulher muda sempre, sabe? Não é todo domingo ou todo sábado que ela faz galinha. E às vezes eu peço um prato diferente. Por exemplo, eu gosto muito de, eh, inhoque, às vezes tem inhoque, às vezes tem mocotó, às vezes tem língua, gosto muito de tutu também com lingüiça, quer dizer, aí varia. Não há constância assim em relação ao sábado e domingo o que que vai ser não, muda, muda muito.
D
 A parte assim de sobremesa?
L
 Não como sobremesa.
D
 Você não gosta não?
L
 Não, não ligo, não como sobremesa. É muito difícil.
D
 Nem doce, nem fruta, nada?
L
 Não. É mais fácil eu comer assim, mais tarde, a sobremesa que eu quero do que depois do almoço, depois da janta, comer sobremesa, é muito difícil. É raro mesmo (interrupção)
D
 Agora, outra coisa, a parte de bebida, tanto faz alcoólica como não alcoólica?
L
 Bom, depende. Por exemplo, eu gosto muito de cerveja. Cerveja eu gosto. Eu gosto muito de uísque. Batida também. Certas batidas. Agora o resto, as outras perfumarias, eu não gosto. Não bebo mesmo não. Um conhaque uma vez ou outra assim pra abrir o apetite ou quando está frio ainda vai, mas fora disso, não. Eh, fica assim em torno de cerveja, uísque e uma batida. Em termos de bebida, só.
D
 E bebidas que, que não alcoólica?
L
 Eu, às vezes, eu tomo Coca-cola, às vezes tomo Coca-cola, Pepsi, não, não gosto. Guaraná às vezes eu tomo, água tônica às vezes eu tomo, soda também às vezes eu tomo. Refresco é muito difícil. Muito difícil refresco.
D
 Agora, outra coisa você viajou por Minas, não é? Minas, São Paulo ...
L
 São Paulo, Paraná, Goiás.
D
 E viveu em Brasília até, três meses?
L
 É, fiquei três meses em Brasília.
D
 Esses lugares todos em que você, eh, esteve algum tempo, o que você achou da, da comida?
L
 Bom, em Brasília onde eu passei mais tempo de uma vez só, três meses, porque eu fui sete vezes a Brasília, então, numa delas é que eu fiquei três meses. Em média eu ficava assim vinte dias, um mês. Eu ficava em casa de parentes, quer dizer, a alimentação era a mesma em relação à daqui. Igualzinha à de casa, não havia mudança nenhuma. Já nos outros lugares não, eu fiquei em hotel, então, no caso do sul, Paraná, por exemplo, aí a alimentação ali eu só queria mesmo era churrasco, mais nada. Eu passei vinte dias em Curitiba, era churrasco de manhã, churrasco à noite e, nos intervalos, churrasco. São Paulo não, eu já pegava um pouco mais de comida árabe, pegava umas esfirra, quibe ...
D
 Você podia contar como são essas comidas? Você sabe como, de que que elas são feitas? (sup.)
L
 (sup.) Bom, no caso ... Bom, Paraná, em relação ao churrasco, que eu comia sempre, tinha uma churrascaria em Curitiba, chamada de churrascaria Bambu, onde tinha cerca de quinze churrascos diferentes. Então você tinha no caso, eh, frango, você tinha cupim, que é um tipo de carne deles, que é uma parte do boi, a parte superior do boi, uma carne diferente. Tinha churrasco no caso de costela, alcatra, eh, li... lingüiça, carneiro, coelho. Faziam também de peixe. Então ne... ne... nessa, nessa churrascaria os pratos vinham passando, a pessoa tirava o que queria (inint.) dependendo da, da tua fome, você apanhava mais uma ou menos outra, tanto faz. Em Curitiba, eu comia sobremesa, porque eles não usam, no caso, creme de leite, eles não usam creme de leite. Pelo menos aonde eu comia era sempre a, a nata do leite com morango. Então era uma sobremesa que eu gostava muito. Bebida no caso era vinho, né? Era vinho no almoço e janta, tranqüilo. Em São Paulo, eu comia mais, comia churrasco também, mas não era tão bom em relação ao de Curitiba. Eu ia mais em restaurante árabe. No restaurante árabe, comia muito aquela parte de 'kafta', aquele grão-de-bico, que se come com aquela broa, aquele pão deles, eh, quibe, eh, esfirra aberta, esfirra fechada, aquela salada que eles têm com, tipo um, um iogurte. Como é o nome daquilo? É coalhada. Então eles têm uma salada com coalhada, eles têm, eh, quibe cru, por exemplo. Então variava. Eu não sabia pedir bem aquilo não. Então geralmente o garçom que me orientava: isso é assim, assim. Então eu ia mudando cada dia.
D
 (inint.) com a comida, né?
L
 É.
D
 Você falou em esfirra aberta e fechada (sup.)
L
 (sup.) É que tem dois tipos de esfirra.
D
 Como é que é? É uma massa? (sup.)
L
 (sup.) Vamos supor, eh, representa tipo assim de um tipo de uma massa de pizza, mas é mais mole, não é dura não. E ela leva um molho com carne. E ela pode ser aberta, quando você vê a carne por cima, ou fechada. É um tipo desse pastel, deve conhecer pastel sírio, não? Ele é fechado e a massa é diferente do nosso. Então eu comia muito esfirra aberta ou fechada também.
D
 E os doces deles?
L
 Não, não comia, não gosto. São muito, ah, eu acho que mui... muito açúcar. Eles dizem que aquilo não é açúcar, eles dizem que aquilo é mel, mas eu não gostava não.
D
 E em viagem, a, a comida era diferente, durante a viagem?
L
 Bom, daqui a Brasília não havia problema porque eu sempre fui de avião. Então era mais um lanchezinho desses aí. Era um sanduíche, uma coxinha de galinha, fruta. Daqui a São Paulo, nós paramos em Resende, então era mais um sanduíche, só. Tempo pequeno, umas seis horas de viagem de ônibus. Era mais sanduíches, desses comuns aí, sanduíches presunto, queijo, misto. Agora, de São Paulo pra Curitiba, que são oito horas, nós almoçamos numa cidadezinha chamada Registro, fica a quatro horas de São Paulo. Dali você já começa a sentir, eh, a predominância de carne na alimentação do pessoal. Então já tem churrascarias onde o pessoal geralmente do, que estão em trânsito por ali sempre pegam mais churrasco, muito galeto.
D
 Verduras e legumes eles não costumam comer não?
L
 Bom, eles usam pelo menos onde eu ... Em Curitiba, eles comiam muito é essa, eh, salada, mas é uma salada diferente da nossa, é uma fa... salada que, vamos supor, é cenoura, eh, usam muito beterraba, tomate, mas o tomate cortado diferente do nosso. Eles cortam o tomate assim em quatro, usam uns pedaços grandes, usam muito tomate verde também. E não vem com molho não, a pessoa é que põe o molho, à vontade.
D
 E esse molho você (inint.)
L
 Não, é azeite, vinagre e vem aquela pimentazinha em pó, né? Pimenta-do-reino, não sei. Era só (inint.)
D
 Agora, você falou que em São Paulo comia muita comida árabe. E massas, você não comia não? Por que tanta gente (inint.) em São Paulo, não é? Como um (sup.)
L
 (sup.) Não, eu só fui em um restaurante italiano em São Paulo. Ali na avenida São João mesmo. Mas nesse restaurante eu não quis comer assim espaguete, eu comi foi, então ... Era um prato muito bom, é um, tipo duma lasanha, mas não é lasanha não, é tipo uma lasanha. É um prato que eu não me lembro o nome, é parecido com lasanha, mas é diferente porque é um tipo dum bolo, foi a única vez que eu comi. Eu não gosto muito assim de massa não. Por exemplo, eu não gosto de pizza, eu não suporto pizza, eu não como mesmo, de jeito nenhum eu como pizza. Eu não sou muito chegado a massa não.
D
 E a cozinha mineira? Você também conhece Minas, né?
L
 (inint.) a cozinha mineira é boa. Bom, comida em Minas, o que é? Tutu, comia tutu, muito tutu. Lingüiça é típico deles, né? Aquele molho de lingüiça por cima do tutu. Comem muito, eu comia muito, eh, couve à mineira, muita farofa, muita farofa mesmo. Salada, eles comem muita salada, principalmente salada de tomate verde, eles comem muito tomate verde. Tomate verde, os ... Galinha também, muita galinha, muita galinha mesmo. Olha, eu conheci várias cidades do interior de Minas. Mais ou menos umas dez ou doze. Quando eu era garoto eu ia sempre. Quase que não muda duma cidade para outra não. A alimentação é mais ou menos a mesma: tutu, couve à mineira, farofa, lombinho de porco, eles comem muito, essa salada de tomate, pimenta, eh, com, com, como é o nome daquilo? É rabanete? Não, eh, pepino. Muita galinha.
D
 E regiões de beira-mar (inint.)
L
 Beira-mar, assim de ficar, assim, não. Agora eu gosto muito de peixe, né? Pra mim é um dos melhores pratos, no caso, peixe, um peixe que leve por exemplo um marisco, camarão, tem a, por exemplo, gosto de sopa de siri, eh, polvo também, polvo com arroz eu gosto. Geralmente tudo que vem do mar eu gosto. Como mesmo. É um dos pratos prediletos assim que se eu pudesse escolher pra fazer uma seqüência certa de alimentação entraria peixe também, tranqüilamente.
D
 Agora, peixe você tem algum que você ache mais gostoso? (sup.)
L
 (sup.) Não. Tanto faz. Qualquer tipo de peixe pra mim está bom.
D
 E você conhece tip... tipos diferentes de ...
L
 Alguns dá, né? Por exemplo: um badejo, dá pra se ver, que eu conheço, eu como mais. Sardinha, por exemplo, todo mundo conhece. É, tem um peixe que eu gosto muito, a cavalinha, um peixinho pequeno que só tem uma espinha mesmo no meio, a espinha central. Mas de maneira geral eu como, gosto de peixe.
D
 Você não faz, não faz questão da maneira de preparar?
L
 Não. Tanto faz. Cozido ou frito, de qualquer maneira eu gosto. Eu não gosto muito de filé de peixe, desses que já vem, desses empacotados, né, congelados, aquilo eu não gosto muito não. Nem do camarão empacotado eu gosto, eu prefiro camarão, o camarão fresco.
D
 Você disse que ia sempre a Minas quando era criança. Você ... Né, você disse inda agora. Você ia porque ia (sup.)
L
 (sup.) É. Não, porque sempre quando ... Nas minhas férias ia sempre um grupo e esse grupo mudava muito de lugar. Então uns, por um ano ia pra Muriaé, no outro ano ia pra Ponte Nova. Então, como era um grupo mais ou menos certo, o pessoal combinava o ano inteiro de ir. Vamos a tal lugar ano que vem, a tal lugar, então nós acompanhávamos esse pessoal. Geralmente era nas férias: janeiro pra fevereiro, por aí. Eu levei mais ou menos uns dez ou doze anos indo quase todo ano a Minas.
D
 E ficava um período assim só de poucos dias.
L
 É, vinte dias, quinze dias, nessa base assim.
D
 O seu curso primário e o curso ginasial você fez aqui no Rio mesmo?
L
 Fiz. O primário eu fiz em São Cristóvão. Jardim da infância eu fiz o primeiro ano no Instituto de Educação, com a turma azul do Instituto de Educação. Eu fiz a turma azul, era se não me engano a azul, a verde e a laranja. Não sei se ainda tem, naquela época tinha. Depois eu fiz, saí do primeiro ano primário de lá fui, eh, o Nilo Peçanha, também ali em São Cristóvão. Fiz o primário ali. O ginásio eu fiz ali no Andaraí. O científico eu fiz na Tijuca, no colégio Batista. Vestibular eu fiz no centro. Faculdade fiz ali no centro mesmo, na Antônio Carlos, agora que a faculdade mudou aqui pra Praia Vermelha.
D
 Agora, outra coisa, assim dia de, eh, existem certas datas que sempre são muito especiais pra todas as pessoas, né, principalmente as que são coletivas, fim de ano, por exemplo, aquelas festas ...
L
 Bom, eu gosto de fim de ano.
D
 Pois é. Em termos de comida, por exemplo, como é que vocês fazem?
L
 Bom, bacalhau é indispensável. Bacalhau ...
D
 Bacalhau, quando?
L
 Bom, mas, bom, eu gosto de bacalhau, mas eu acho que dezembro, sem bacalhau, não é, acho que não representa muito natal pra mim. Eu não ... Dou muito valor por causa da alimentação típica assim de natal, embora esteja completamente errada, né? Nosso clima não é pra esse tipo de alimentação. Mas geralmente lá em casa sempre teve, natal sempre foi bacalhau. No caso, na janta, à noite. No dia seguinte sempre era galinha assada ou pernil ou então peixe assado, sempre foi assim. Agora aquelas outras coisinhas de natal, nozes, avelã, aquilo eu como também. Não gosto assim não, mas como.
D
 E doces de natal (inint.)
L
 Não, eu não como, eu não como. Minha mãe faz, minha mulher também faz. Aletria, também faz um bolo mesmo de Natal, tipo dum pão... pão-de-ló. Eu não ligo muito pra doce não. Doce eu gosto assim de aniversário, eh, cajuzinho, aquele doce que leva nozes, aquele doce caramelado, eu gosto. Quindim eu gosto também. Mas bolo mesmo, só gosto de bolo no café da manhã com manteiga. Fora disso, não como bolo, muito difícil.
D
 E sem ser assim festa de fim de fim de ano, natal, ano-novo, vocês costumam fazer reuniões na casa de vocês (inint.)
L
 Bom, lá em casa tem sempre. No caso pra quem bebe assim, toma um drinque ou outro, não é muito chegado a doce, né? Então fica mais na parte de salgadinho, né? Por exemplo (inint.) bolinho de bacalhau, eh, como é o nome daquilo que se coloca em cima do repolho, crava. Como é o nome daquilo, que leva azeitona, que leva pedaço de presunto, queijo, queijo espetado no palitinho, como é o nome daquilo?
D
 Não sei.
L
 É que enche o repolho, crava no repolho?
D
 Ah, eu sei, eu sei o que é, mas eu não sei o nome.
L
 Bom, aquilo tem, tem sempre aquilo, bolinho de bacalhau tem, faz sempre empada, pastel, e eu como muito mesmo é um enchovete. É um enlatadozinho português, aquilo é mais um, mais pra chamar bebida. É um pouco salgadinho aquilo. Eu como muito aquilo. Como também muito sardinhazinha portuguesas, pequenininhas, em conservas, mais como aperitivo também.
D
 E outros tipos de conserva você gosta?
L
 Como (inint.) como é salsicha, presuntada, isso eu como sempre. Agora gosto muito é de passar patê no pão. Patê eu gosto no pão.
D
 Há algum tipo especial de patê?
L
 Não.
D
 Porque tem vários tipos, né?
L
 Eu só misturo patê com a manteiga. Misturo o patê com a manteiga e passo no pão. Aí eu gosto.
D
 E por exemplo de acordo com a época do ano, se faz mais calor ou menos calor, vocês mudam a alimentação de vocês? Tem esse tipo de preocupação?
L
 Não, não tem não. Eu por exemplo eu não, não ligo comer um mocotó no verão porque é verão e deixar de comer uma feijoada no verão porque é verão. Eu como. Não há problema em relação à estação: não vou comer isso porque está muito calor. Não, como qualquer coisa. Deu vontade, eu como, independente de clima, temperatura. Não ligo não.
D
 Quando você sai, por exemplo, há preferência com relação a casas de que prefere, você freqüentar ...
L
 Casas em que sentido?
D
 Casas de, de almoço, casas de, onde você vai almoçar, que tipos de casa vocês preferem, por exemplo, lugares fechados, abertos. #L
 Não. Prefiro mais lugar popular. Eu não gosto muito de lugar fechado. Um lugar bem mais popular, mais fácil. Acho (inint.) me sinto ma... mais à vontade. Quando eu como, eh, em restaurante assim mais fechado, tem mais um luxo assim, a pessoa fica com mais cuidado, então não fica à vontade. Então não gosto muito de freqüentar esses lugares não.
D
 O que você considera um lugar popular?
L
 O lugar, eu acho que um lugar onde você fica assim, onde não há uma cla... as classes se misturam mais em relação a alguma coisa. Não é só uma classe, vamos supor, mais privilegiada vai ali porque ali é mais caro e então não é qualquer um que vai ali. Eu prefiro ir num lugar bem mais accessível a todo mundo, entende?
D
 Por exemplo, onde costuma ir (inint.)
L
 Por exemplo, essas boates de zona sul assim fechadas, por exemplo Flag, eh, o ... Quando o tal Night and Day estava com aquele, aquele 'show`, eu não gosto desses lugares. Vou, às vezes vou, é raro, mas quando vou não me, não fico à vontade, no Bateau, por exemplo, é uma gritaria, um barulhão danado. Prefiro assim um lugar mais, mais tranqüilo, um lugar que tenha de preferência assim um 'show` onde haja muita associação de vários indivíduos assim, onde não haja preocupação de querer um predominar em relação ao outro.
D
 Agora, você sente diferença entre, eh, esses, esses tipos de lugares na zona norte, na zona sul, por exemplo na parte de serviço, na própria parte de, da comida mesmo, preparo, tudo.
L
 Bom, isso aí, isso depende, viu? Por exemplo, eu sou freguês assíduo mesmo de um restaurante que tem em Bonsucesso: Nosso Restaurante. Esse restaurante eu qualifico ele entre os melhores aqui do Rio em matéria de alimentação. Em primeiro lugar, comida de primeira qualidade, segundo, a quantidade que vem, terceiro, um preço espetacular. Então muitas vezes eu deixo de al... almoçar ou jantar mais aqui pra baixo, zona sul ou mesmo Tijuca, naquelas churrascarias, prefiro lá em cima em Bonsucesso, que eu acho muito melhor a comida em relação à fartura, em relação à qualidade.
D
 E que tipo de restaurante é esse?
L
 Bom, esse restaurante tem duas partes. Tem uma que é mais fechada, mais em aspecto de luxo, né, tem ar-condicionado, e uma outra parte, mais na frente, não tem ar-condicionado. Eles mudam inclusive as toalhas, as cores são diferentes, os garçons que servem também já são diferentes, mas a comida é a mesma, o preço é o mesmo. Só muda no caso o local onde o indivíduo vai comer. Mas é o mesmo preço, o mesmo tratamento, tudo igual.
D
 E você costuma comer em, por exemplo, existe esse tipo, eh, de local que é um restaurante, né? E existe um outro tipo que é o Bob's, que você já falou, o Bob's, Kid's que você faz uma refeição rápida em pé. Mas o Rio de Janeiro está cheio de uma (sup.)
L
 (sup.) Lanchonetes (sup.)
D
 (sup.) De uma coisa intermediária. É.
L
 É. Essas lanchonetes, né? Depende. Eu não ligo muito pra essas lanchonetes não. Por exemplo, tem uma lanchonete que eu, eu gosto e quando eu passo por lá geralmente como sempre alguma coisa, um salgadinho qualquer. Ali na cidade, ela é São José com Rodrigo Silva, então é um tipo duma lanchonete que eu sempre como um salgadinho por ali, É raro a vez que eu passo por ali que não coma, geralmente eu como. Mas nas outras geralmente eu não paro assim pra comer alguma coisa não. Difícil, muito difícil.
D
 Você tem algum problema de alimentação relacionado com o organismo? Qualquer alimenta... alimentação (sup.)
L
 (sup.) Nada (sup.)
D
 (sup.) Que faça mal?
L
 Nada. Como de tudo. Não faz mal nenhum, nenhum, nenhum, nenhum.
D
 Não tem preocupação de perder ...
L
 Nada. Nada, nada, nada.
D
 O que você acha de, com relação à alimentação de, de problemas de saúde, de casas, né, casas que, que vendem alimentação (inint.) sempre tem problemas com isso, né? A saúde pública sempre (sup.)
L
 (sup.) Bom (inint.) isso é um perigo, né? Por exemplo, eu acho o maior absurdo do mundo esse negócio que eles fazem em termos de, de ferver essa xicrinhas aí. Aquilo ali não ferve, aquilo não mata nada, não, não garante nada. Porque aquilo entra, não fica nem quinze minutos ali dentro já está saindo. A temperatura daquelas xícaras ali não dá pra nada. Eu acho. Deveria atuar muito grande uma fiscalização em termos a maneira como é feita e o material empregado em alimentação que é vendida aí na rua. É um perigo. Porque a pessoa não sabe a origem daquilo, se aquilo ... Como foi feito, o material usado naquilo, quem fez aquilo, se é um indivíduo que usou higiene naquilo ou não. Tem muitas casas aí que se passa aí, olha-se, ih, pessoa perde o apetite só em olhar o aspecto do camarada que está vendendo. Embora não tenha sido ele que tenha feito, o aspecto dele ali já não recomenda. Eu acredito que não há grande fiscalização em cima disso não, viu? Por exemplo, lugar que impressiona pela limpeza, pelo asseio, é o Bob's, é o Rick, é o Kid's, você vê, é uma limpeza espetacular. A pessoa ali tem confiança de comer aquilo. Agora acredito que os lugares onde vendam mais, onde há mais saída na parte de alimentação, seja melhor. Agora um lugar que venda pouco, aquilo pode ficar de um dia pro outro, dois, três dias ali, quer dizer ...
D
 Sei. Olha, o Bob's e o Rick por exemplo, eh, eles são, parecem ser o mesmo gênero, né?
L
 Certo, mesmo gênero.
D
 (inint.) né? Parecem que são diferentes mesmo por exemplo parece que o Rick tem um pouco, é mais sofisticado e tem vários preços, né? (sup.)
L
 (sup.) É, o Rick ... É, inclusive ele oferece uma variedade muito maior em relação a sanduíches, né? Ele tem ...
D
 Você conhece os sanduíches? Já ouviu falar?
L
 Alguns. Tem uns nomes lá. Eles dão uns nomes até engraçados. Ontem eu estava, ontem eu passei por lá, comi um sanduíche, tinha um sanduíche de galinha, galinha cocó, galinha piupiu, um negócio assim, um frango.
D
 E tinha alguma coisa diferente no meio desse sanduíche de galinha (inint.)
L
 Não, eles têm lá. Ainda não ... É uma quantidade grande de tipo de sanduíche, frio e quente. Tem sanduíche com pão preto, outro com pão branco, o outro, ah, mo... sanduíche de mortadela italiana, o outro já é com patê francês, tem uma variedade grande de tipos.
D
 E san... e sanduíche de frios, por exemplo, de queijos, não é, eles têm uma variedade muito grande.
L
 Tem. Os tipos de queijo mudam, o pão também. Um dia eu comi um só por curiosidade, era um sanduíche de, parece que de peru defumado, me parece que um sanduíche canadense, por sinal horrível. Pão preto, não gostei não.
D
 Você gosta de queijo?
L
 Às vezes como um, como, está entendendo, mas não sou assim fanático por queijo, quero queijo, compro queijo. Não, eu, se tiver, eu como, uma vez ou outra assim, mas não me agarro muito não. Já comi mais queijo quando era menor do que agora, agora eu não ligo muito não. Agora, o leite eu gosto. Só gelado, só tomo leite gelado, leite quente não tomo. Nem tomo café com leite, só leite puro gelado, às vezes após a refeição ou às vezes à tarde. Agora cafezinho é o meu forte.
D
 E como é que você gosta de cafezinho? Porque também a gente, eh, toma cafezinho, sente certas diferenças, né? Na maneira de fazer café ...
L
 Não, é. Tem gente que faz café diferente, né? Mas isso eu não estou bem a par não. O que me chamou a atenção em, em Brasí... em Minas é que o mineiro usa muito o café já vem adoçado, e aqui no Rio não se usa isso, né, nós que colocamos o açúcar no café.
D
 E com relação a quente e frio, por exemplo.
L
 Ah, café quente. Bem quente, bem quente mesmo.
D
 E a con... a consistência, por exemplo.
L
 Bom, é l'ogico que eu não gosto daquele café ralo que parece mate ou chá não. Eu gosto do café forte mesmo. Café fraco eu não gosto não. E tem que ser quente. Agora eu tomo café o dia inteiro.
D
 Isso não lhe dá problema não, no estômago?
L
 Não.
D
 As pessoas são muito sensíveis, né? Pra muito café assim ...
L
 Não, não dá problema nenhum em relação do café. Olha, eu devo tomar mais ou menos uns quinze a dezesseis cafezinhos por dia. Geralmente entre uma aula e outra tem sempre um cafezinho, né? Então aquilo já vira um quotidiano, eh, aquilo, eh, sai duma aula, cafezinho. Às vezes eu vou andando pro bar, eu vou tomando, estou tomando café sem saber, já é troço que virou automático aquilo. Aqui no Jacobina, por exemplo, a gente acaba de dar aula, vai aí na sala, tem café. E é automático. Já entra, olha pra garrafa térmica, toma lá um café.
D
 Agora, outra coisa, alguma vez você teve que ir a um, a uma, eh, a uma reunião mais formal, um jantar ou almoço, não sei, que fosse mais formal.
L
 Uma vez, pra nunca mais. Foi no hotel Nacional, em Brasília.
D
 Você pode contar? Conte pra nós.
L
 No hotel Nacional em Brasília.
D
 Conte com detalhes, tudo.
L
 Bom, o hotel Nacional de Brasília estava funcionando mais ou menos há um ano, um ano e meio, naquela época. Eu peguei Brasília há uns quatro ou cinco anos, uns quatro, não, uns três anos antes de ser inaugurada. Então eu estava no hotel Nacional, estava funcionando, aquele luxo, né? Então nós fomos convidados pra um jantar do Rotary que ia ter em Brasília. Nesse jantar parece que ia haver uma comemoração em relação à inauguração duma agência da VASP no hotel. Então veio um pessoal de São Paulo, a sociedade lá de Brasília, fui convidado. Eu, eu não gostei, ouviu? Porque eles colocam dois, três pratos, cinco, seis talheres na tua frente, copo dágua, copo de vinho, e, e não fica à vontade, está entendendo? Fica naquele negócio de ir todo tenso ali. Horrível aquilo!
D
 Você se lembra, eh, dos pratos que foram servidos? Da ordem ...
L
 Nada. Eu não me lembro não.
D
 Depois sobremesas, bebidas (sup.)
L
 (sup.) Se eu não me engano primeiro veio um prato frio, depois veio um outro prato que eu não me lembro, eu sei que a sobremesa foi, sobremesa, não me lembro não. Não lembro, não lembro.
D
 Era, era em reunião, ou era, era (inint.)
L
 Era um jantar mais ou menos com umas cinqüenta ou sessenta pessoas. Lugar marcado.
D
 Ah, porque tem mesas, né? Porque tem outro tipo, outro, outros tipos, não é, que as pessoas, eh, que não se sentam, né?
L
 Não. Era um ... Eles fizeram um tipo dum, um, um u. As mesas dispostas mais ou menos em u, com uma seqüência certa, pra lugares marcados ali. Aquilo ali devia ter mais ou menos umas cem pessoas ou cinqüenta, eu sei que era bastante gente. Eu sei que quem foi comigo também reclamou, não gostou não.
D
 Mas você disse que gostava, voltando atrás, que gostava muito de passar patê em pão. Você costuma comer muito pão?
L
 Só como pão geralmente no almoço ou na janta.
D
 E você, eh, tem alguma preferência? Porque também há tipos diferentes de pão, não é?
L
 É. Tem, no caso, pão preto, tem esse pão francês, não é? Tem aquele pão suíço.
D
 Pão suíço, como é?
L
 É um outro tipo de pão. Ele é diferente, agora, eh, eu acho que é na massa, não sei, né, parece que é mais mole do que em relação ao outro.
D
 E o material de que é feito o pão?
L
 Não sei, acho que leva Maizena, fermento, eu não ... Eu sei que um, esse suíço, tem uma massa mais mole do que em relação ao outro, ao francês. Só como pão mesmo assim no almoço e janta. Fora disso não como não. Não como muito não, uma, duas fatias só, chega.
D
 E além de pão assim, o que seria mais (inint.) pra lanche, sem ser pão.
L
 Eu gosto de biscoito Cream Cracker, Cream Cracker eu gosto, com manteiga eu como.
D
 E outros tipos de biscoitos, não?
L
 Biscoito Champanhe. Champanhe eu gosto.
D
 Mas Cream Cracker é salgado, né?
L
 É. Não, não é salgado não. Cream Cracker eu acho que é ... Pra mim fica no meio, né, entre doce e salgado. E che... e biscoito Champanhe eu gosto.
D
 Champanhe é doce, né?
L
 É, Champanhe é, é doce, eu gosto.
D
 Algum outro tipo de biscoito, não?
L
 Não.
D
 Você não gosta muito de biscoito, né? Outra coisa que eu ia perguntar: assim no inverno por exemplo, quando está frio, vocês costumam tomar sopa?
L
 Sopa? Tomo. Tomo, sim. Eu gosto. Principalmente sopa de ervilha, grão-de-bico, feijão-branco. Feijão-manteiga. Gosto de canja também. Agora, aquela sopa de entulho, que leva macarrão, eh, nabo, abóbora, cenoura, aquilo eu não gosto não.
D
 Hum. Sua mulher cozinha?
L
 Ela cozinha, cozinha.
D
 O que você acha da comida dela?
L
 Boa. Eu não achei diferença não.
D
 Sua mãe também cozinha?
L
 Cozinha, mas eu não achei diferença entre a comida das duas não. É muito próximo o gosto de uma pra outra.
D
 Você nunca tentou cozinhar?
L
 Bom, às vezes, né? Eu faço um ovo estalado, bife, um arroz. Até um arroz ainda dá pra fazer.
D
 Como é que faz um arroz? Diga pra nós como é que você faz o arroz? Porque eu não sei fazer arroz.
L
 Olha, bom, tem que lavar, primeiro tem que catar, depois lava o arroz, né? Depois faz aquele tempero. O tempero eu sei como é que é, que tem um livro lá em casa que eu apanho às vezes, eh, tem uma "Dona Benta", um, eu acho que é "Dona Benta" sim. E tem um tempero lá, que parece que põe óleo na fo... óleo na fo... óleo na panela, parece que põe alho, um tempero lá, tempero eu tenho que ir ver lá pra fazer. Põe o arroz e parece que deixa ele corar um pouco, né? Depois põe água. Agora tem que ver a quantidade de água senão fica papa. Depois põe sal, então, no livro explica, é mais, mais ou menos parece que uma xícara de arroz põe mais um, não sei quanto de água lá. Quando ele começa a ferver, põe, diminui o gás, né, pra ele secar. Depois que ele seca, aí vai ver se ficou papa ou não.
D
 E fica gostoso o seu arroz?
L
 Eu como, né?
D
 Não tem jeito.
L
 Eu como, mas eu ...
D
 Agora, você falou que precisa ter cuidado se o arroz fica papa ou não, você tem?
L
 Eu não gosto de arroz papa, aquele arroz que você mete a colher assim na panela, no prato, vem aquele grude, eu não gosto daquilo não, eu gosto do arroz soltinho mesmo.
D
 E mesmo quando ele fica solto às vezes há diferença, né? Por exemplo, determinados pratos pedem um tipo de arroz, entende? Por exemplo, você já comeu alguma comida baiana alguma vez?
L
 Eu não gosto muito de comida baiana não. Uma vez eu comi a, um vatapá, eu comi um vatapá, caí na bobagem de pedir quente e eu nem provei aquilo (inint.)
D
 Por quê?
L
 Excesso de, de pimenta naquilo. Aquilo estava que ninguém agüentava. Quer dizer, eu nem senti o gosto daquilo e nunca mais comi aquilo não.
D
 Por exemplo, no norte as pessoas comem vatapá, mas comem com arroz. Mas o arroz que eles servem com o vatapá é diferente do arroz normal.
L
 Não sei não.
D
 Até na, na cor é diferente, sabe?
L
 Não sei. Eu praticamente nunca comi mesmo vatapá não. Eh, a única vez que eu fui provar esse vatapá, eu pedi quente, o camarada, estou crente que o cara perguntou: quente ou frio? Eu falei: não, eu quero quente. Mas quente, pra ele, foi na parte de encher de pimenta o prato.
D
 Ah, porque você falou quente ou frio na base de temperatura.
L
 É. Ele me perguntou: quente ou frio? Eu falei: quente, ué! Nunca tinha comido aquilo.
D
 Você pensou que fosse mesmo de, de temperatura (sup.)
L
 (sup.) É. Temperatura do prato. Agora é que eu já sei, quando se vai à Bahia nunca se diz quente, né? Em relação à comida, né? Fria, porque a pessoa é que põe a quantidade de pimenta que quer.
D
 Mas entre as coisas que você diz que sabe fazer. Arroz, não é, bife que você sabe fazer.
L
 Bife (inint.) o ovo então, muito menos, né?
D
 Que ovo você faz? De que tipos?
L
 Bom, olha, tem um ovo que eu faço que eu acho que é invenção minha.
D
 Como é?
L
 É o seguinte: eu apanho a manteiga, jogo na frigideira. Quando a manteiga está quente, eu jogo dois ovos ali em cima e mexo. Taco sal e mexo. Mas não deixo ficar muito tempo não. Então fica uma espécie de uma manteiga, né? Tiro ali, passo no pão e como assim. Então eu digo que aquilo é ovo mexido, eu não sei se é. Ovo cozido eu gosto, como. Ovo cozido não há problema nenhum de fazer, né? É só deixar ferver, pronto. Agora tem outros tipos de ovos aí, eh, 'poché', se eu não me engano.
D
 Como é?
L
 É um em relação até a um tipo de dieta que o indivíduo pode comer ovo, mas parece que é 'puché' (sic), 'poché', parece que é feito na água, parece, sem gordura. Você deixa a água esquentar e joga.
D
 Você falou em dieta. Você já provou alguma vez esse tipo de alimentação que agora as pessoas estão falando muito?
L
 Macrobiótica?
D
 É.
L
 Não. Nunca provei.
D
 Nunca provou não, né?
L
 Uma vez eu fui convidado pra ir num restaurante de, vegetariano. Lá não comi não, só olhei os pratos.
D
 Não, não se animou nem a provar não?
L
 Não, eu não qui... nem curiosidade de saber como é que era aquilo.
D
 Agora, também você, eh, pelo que você contou pra gente, você costuma comer muita carne, né?
L
 Ah, muita carne.
D
 Por exemplo: pratos de filé. Se você vai a um restaurante como o Lamas, onde a especialidade é filé, né (inint.) eles têm um, variedade, muita variedade ...
L
 Olha, tem filé por aí que eu gosto muito, que eu como sempre. É um chamado filé palhaço. Cava o bife, no caso certo seria filé, mas eu prefiro sempre, eh, filé-mignon. Vem batata palha, `petit pois', palmito, vem umas duas fatias de queijo, vem umas duas fatias de presunto, vem tomate inteiro, vem pimentão. Realmente eu gosto muito desse fi... desse tipo de filé palhaço.
D
 E a carne? Porque sempre o garçom pergunta, eh, como é que você quer a carne, né?
L
 Bom, eu não, eu não gosto de carne malpassada não. Eu gosto no ponto mesmo. Tem gente que gosta daquela carne bem malpassada. Eu não, eu prefiro a carne no ponto. Não gosto dela muito passada não. Fica muito seca. Geralmente no ponto.
D
 Por que que você não gosta da malpassada? Em relação a quê?
L
 Eu acho que, não gosto, ela fica muito crua e eu gosto muito de comida quente, pra mim tem que ser tudo, ah, toda parte de comida tem que ser bem quente. Então aquela crua ela não vem bem quente naquela parte do meio dela. Quer dizer, até você acabar de comer aquilo, se já estava mais ou menos fria, até você, no meio, ela está mais gelada ainda, né? Eu não gosto não.
D
 Então, você não gosta por exemplo, agora está se tornando muito comum no Rio de Janeiro, uma coisa que é comuníssima nos Estados Unidos, esse tipo de comida congelada, até, eh (sup.)
L
 (sup.) É supergelada, né? (sup.)
D
 (sup.) Posto de gasolina já está vendendo, né?
L
 Eu nunca comi não. A minha mulher trabalhou, quando ela era nutricionista, nessa parte de supergelado.
D
 E vocês nunca experimentaram não?
L
 Não, ela provou. Ela disse que é boa. Certos pratos são bons, mas eu nunca provei não. Sempre tem arroz, tem vatapá, tem estrogonofe, eh, ravióli tem, mas nunca provei.
D
 Agora, a sua mulher sendo nutricionista ela, eh, não tenta racionalizar a comida de vocês não?
L
 Não. Lá em casa ninguém tem problema em relação a fazer dieta pra engordar não, não há problema nenhum não.
D
 Em relação à saúde também, saúde (sup./inint.)
L
 (sup.) Não, não há não. Não, não. Não há preocupação em fazer uma dieta pra seguir certinha durante a semana não.
D
 Agora outra coisa que eu ia perguntar também. Existem certos pratos que certas pessoas ... Eu gosto muito por exemplo certos pratos em que, eh, misturam comida salgada com frutas, doces.
L
 Ah, eu não gosto. Parte que entra comida que vai, entra um molho doce em relação ao resto eu não gosto não. Não gosto mesmo. Uma vez eu comi um prato, era peru não sei de quê. Que era um, se não me engano com pêssego. Não gosto não. Não gosto mesmo. Comida salgada é salgada, parte doce é doce. Não gosto de misturar não.
D
 Você con... você alguma vez, eh, foi ao restaurante La Mole, no Leblon, você conhece (sup.)
L
 (sup.) Já. La Mole. Por sinal, nunca dei sorte de conseguir comer um inhoque lá, porque sempre hora que eu vou já acabou o inhoque.
D
 O que você costuma comer lá?
L
 Bom, peço sempre inhoque, mas nunca tem, né? Que, eh, eu chego tarde lá. Geralmente eu como sempre é ravióli. Ravióli eu gosto.
D
 Você come é massa mesmo lá, né?
L
 É.
D
 Outros ti... outros pratos você não ...
L
 Não, não como não.
D
 Porque o La Mole por exemplo tem alguns tipos de, de prato com, de carne com vinho, vinhos diferentes, com molho (inint.)
L
 Não, nunca comi carne no La Mole, sempre, eh, ou é ravióli, às vezes espaguete, às vezes talharim. Infelizmente até hoje eu não consegui comer inhoque. Tem que chegar lá mais cedo.
D
 Porque, do mesmo jeito que tem esse tipo de comida com, com doce, com fruta, molhos doces, por exemplo, existem outras comidas, sobretudo carne com, com álcool, né?
L
 No caso, eh, como vinho, por exemplo eu tomo muito vinho. Vinho por exemplo com, com carne assim, acho que um lombinho de porco gosto, eh, hum, com a própria aquela carne assada recheada.
D
 Você tem preferência por um tipo de vinho ou (inint.)
L
 Eu não gosto do vinho rascante. Eu gosto do vinho doce. Agora, eu não importa se ele é tinto ou branco. Rascante eu não gosto.
D
 E assim, eh, praticamente pra encerrar, que a gente está quase no tempo, em termos de preparo de comida, eh, na parte de condimento, por exemplo, como é que eu poderia dizer?
L
 Se eu tenho preferência por algum tipo de tempero?
D
 Exato. Muito ou pouco, ou que preferência?
L
 Não, eu só não gosto de sentir é o cheiro do alho. Só. O resto eu não ligo em termos de tipo de tempero não. Eu não ligo mesmo não. Só não gosto de sentir o alho. E eu dou sempre azar, porque sempre no feijão a folha de louro cai sempre no meu prato (inint.) desde pequeno, não sei por quê.
D
 Por exemplo, supermercado tem uma quantidade enorme de, de coisas que você pode acrescentar já ao prato pronto, né, já na hora de você comer.
L
 Bom, eu uso, eu como, eu uso muito é aquele, aquele molho inglês. Aquele molho inglês eu gosto muito de colocar na carne. Aquilo eu sempre compro. E gosto também de colocar pimenta. Pimenta eu também gosto muito de pimenta.
D
 Pimenta crua?
L
 Não (inint.) essa pimenta vem, já vem pronta nesses vidros eu gosto. São as duas coisas que eu acrescento. Mostarda eu não gosto muito pra colocar em carne, `ketchup' às vezes coloco.
D
 Agora tem um que eles chamam de apimentado, você já provou?
L
 Não.
D
 Aquilo é, é acre-doce, né? É doce de (sup.)
L
 (sup.) Não. Ainda não provei não. `Ketchup' às vezes, é raro, não é sempre não. Eu uso mais assim complementação é o molho inglês, e pimenta às vezes eu também coloco.
D
 E tipo de batida, que você disse que gostava de batida (inint.)
L
 Batida eu gosto. Não pode ser é muito doce, né? Bom, batida eu gosto, eu até hoje, eu acho que está pra nascer uma que eu não goste.
D
 É, né?
L
 É. A batida de limão, maracujá, pêssego, é leite-de-onça. Ah, eu gosto de tudo quanto é tipo de batida. Só não quero é que fique doce. Batida doce não não tem graça, né? Ela tem que ficar naquele pontinho ali que ... Batida eu gosto.
D
 Tá.
L

 Tá