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PROJETO NURC-RJ

DIÁLOGOS ENTRE INFORMANTE E DOCUMENTADOR (DID):

Tema: "Família"
Inquérito 0010
Locutor 0013 - Sexo feminino, 28 anos de idade, pais cariocas, professora de ensino Normal. Zona residencial: Suburbana
Data do registro: 05 de novembro de 1971
Duração: 90 minutos


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DOC. -  Eu queria que você descrevesse a sua família. Como é que ela é constituída, de quantas pessoas, de que forma, qual a função de cada uma delas na sua vida?
LOC. -  Minha família? Ih, a minha família é gozadíssima. Minha família se estrutura da seguinte maneira: meu marido, que é assim o centro das atenções da família dele e da minha. É assim aquela espécie do `enfant terrible', entende? `Enfant terrible'. O meu pai que é assim aquela pessoa, é o sistemático, o organizadinho, o arrumadinho. A minha mãe, que é a falastrona, a gorda simpática, a estabanadinha, alegre e eu. Somos nós quatro.
DOC. -  Além de (inint.)
LOC. -  Bom, temos os, os acessórios todos que são imensos. Da parte do meu marido: onze irmãos, trinta e cinco sobrinhos, ah, dez cunhadas, uma infinidade de amigos e de parentes próximos. Da parte da minha mãe, quatro irmãos, primos, amigos também, quer dizer, é um bocado de gente, entende? Nós temos assim no mínimo cem, uma base de cinqüenta pessoas mais chegadas pra reunir e pra estar sempre junto.
DOC. -  E você (inint.) você, você tem filhos?
LOC. -  Vou ter um, o primeiro (sup.)
DOC. -  O primeiro (sup.)
LOC. -  Daqui a uns dois meses e pouco.
DOC. -  Sim. Exato. Você, esse filho que é o primeiro você chamaria por um outro nome (inint.)
LOC. -  Olha, esse primeiro filho, o filhote, como nós chamamos, é filhote assim a gente dá bom-dia sempre que ele se mexe, boa tarde quando é de tarde, boa-noite quando é de noite. Nós utilizamos assim milhares de nomes pra chamá-lo, né? Os mais engraçados e os mais estranhos que a gente possa imaginar. Eu já imaginei uma porção. Inclusive na minha família, a minha mãe me chama dos nomes mais gozados da paróquia, entende? Buchu, buchuzinha, buchega, ah, tudo que você possa imaginar de nome engraçado, que faça assim, que dê uma idéia carinhosa, eles utilizam isso, então passou muito pra mim, que já invento um monte de nomes pro neném, né? Por enquanto é neném, é o filhote, é o neguinho, é o segundinho, como quer o N., é o N.
DOC. -  (inint.) mas você, você sabe que as pessoas de um modo geral têm um nome, não assim afetivo, mas um nome geral pra o primeiro filho (inint.)
LOC. -  Bom, um nome geral, aquele negócio do primogênito, que todo mundo fala no primogênito, né? É problema do primogênito, que, que é aquele, eh, eu acho primogênito uma palavra muito antipática pra indicar o primeiro filho. Primogênito pra mim é uma palavra, palavra demais, forte demais pra conotação carinhosa que ela deveria ter. Então o pessoal todo fala: meu primogênito. As outras pessoas que são fora da família, mas todas as pessoas ligadas à família, ligadas a nós nunca utilizam, eh, primogênito. Falam sempre no neném, no herdeiro, também é uma palavra que o pessoal utiliza, mas primogênito o pessoal não costuma utilizar muito não, nem nós.
DOC. -  Agora falando (inint.) filho. Você podia falar particularmente do seu estado?
LOC. -  Ah, estado interessante. (riso)
DOC. -  (inint.)
LOC. -  Aquele estado interessante não. Eu, eu chamo de estado de graça. Eu acho que a gestação é algo assim de fabuloso, de maravilhoso, eu, eu tenho particularmente assim passado uma gestação excelente, tenho me sentido muito bem, continuo com todo o meu trabalho, com todas as minhas atividades, tarefas, não tenho sentido assim diferença nenhuma pelo fato de estar grávida, muito pelo contrário, tenho muito mais alegria, muito mais disposição e acho que realmente pra mulher e também pro homem, essa, esse poder de reprodução é algo fabuloso. E o chamado estado interessante é realmente muito interessante.
DOC. -  E você conhece as particularidades (inint.)
LOC. -  Olha, completamente. Tudo sobre nenéns. Fizemos cursinho juntos. E há, desde os conhecimentos que a gente tem de escola, dos aspectos biológicos de, de fecundação, de, de espermatozóide fecundando o óvulo, nidação do óvulo no útero, evolução nas primeiras semanas, a formação da mórula, desenvolvimento de, de, do sistema nervoso central e todo desenvolvimento do organismo, dos órgãos do neném formando o organismo completo desde o primeiro mês até o nono, a gente acompanha isso passo a passo. E o tratamento pré-natal também ajuda muito nisso, porque a gente vai comparando tudo que a gente já sabia, que a gente sabe agora por ter feito um cursinho de, da gestante e recém-nascido, tanto eu quanto o marido e livros, revistas, etc. que a gente lê. Então esse tratamento pré-natal, que a gente tem possibilidade de verificar o tamanho do útero, tomar vitaminas, o médico diz: tome este. Eu estou tomando, eh, ferro pra ajudar no desenvolvimento do neném, cálcio, para os ossos, você está tomando flúor para os dentes, entende? Agora, no sétimo pra oitavo mês, está tomando uma série de vitaminas porque o neném está a termo, ele está pronto praticamente em termos de desenvolvimento total, ele agora vai só aperfeiçoar, se embelezar pra poder nascer. Então essas vitaminas todas de agora são pra ajudar o neném a se desenvolver e ajudar a mãe a ter condições de amamentar o neném quando ele tiver a sua vida fora do útero, né?
DOC. -  Mas o seu filho (inint.) antes de nascer, ele tem determinado desenvolvimento, determinados ciclos. Ele tem vários nomes pra essa evolução. Você distingue (inint.)
LOC. -  Tem de embrião pra feto. O embrião (sup.)
DOC. -  (inint./sup.)
LOC. -  O embrião a... até o primeiro mês quando ele não tem, assim no início da gestação, quando ele ainda não tem a formação específica de ser humano. Ela ainda está numa forma indefinida. E feto, ele vai nessa forma de embrião, nos primeiros meses, até que a partir do terceiro mês ele vai tomar uma forma já de ser humano apesar de estar com oito centímetros apenas. Aí então nós vamos chamá-lo de feto, daí em diante até que ele seja o feto a termo, quando ele estiver (sup.)
DOC. -  (sup.) Feto a termo?
LOC. -  Feto a termo é justamente o feto completamente desenvolvido, pronto pra concepção. Então ele, ele passará a ser recém-nascido, nome que será conhecido nas quatro primeiras semanas (sup.)
DOC. -  (sup.) O que você chama de concepção?
LOC. -  (sup.) De vida. Concepção é justamente o nascimento, é a expulsão do feto.
DOC. -  E você (inint.)
LOC. -  Não, a concepção aqui no caso, porque concepção aqui não seria propriamente a concepção do neném, que isso seria no início, na formação do embrião, na fecundação do óvulo que nas li... na linguagem vulgar fala-se uma mulher vai conceber um filho no sentido do parto em si, não é? A mulher está dando a luz a uma criança. Então quando eu falei concepção aqui, eu utilizei não a conotação exata da palavra que seria a concepção primeira da fecundação do óvulo pelo espermatozóide mas a concepção da vida extra-uterina que seria justamente a vinda do neném ao mundo exterior.
DOC. -  Evidentemente você vai ter um parto maravilhoso e tal. Mas você conhece os tipos de parto?
LOC. -  Vários tipos. E eu não, assim não tenho idéia de ter assim, parto maravilhoso no sentido, eh, comum da palavra parto porque o parto normal, parto comum pela via vaginal, eu considero assim profundamente traumatizante. Tanto pra mãe quanto pro neném. Eu acho que problema do parto sem dor, que é um tipo de parto que se faz com ginásticas e uma série de conhecimentos que a mulher tem a respeito do, de todo o desenvolvimento do neném, de todo trabalho de parto é sem dor até determinado ponto, é lógico que ela pode auxiliar e muito porque ela conhece tudo aquilo que está acontecendo com ela, ela pode auxiliar e muito o neném a nascer mas realmente não é inteiramente sem dor. Eu acredito na cesariana como o método mais eficiente para parto de hoje em dia. Inclusive os problemas psicológicos de trauma de parto, etc. de conflitos no neném, o neném está muito bem lá dentro, de repente aquela expulsão do útero, coitadinho, e, e aquelas pressões todas pra ele sair e vai de encontro ao períneo, é um problema sério. Eu acho que isso é um negócio assim muito traumatizante realmente e que a cesariana evita. Em coisa de cinco segundos praticamente o neném é retirado do, do útero e não tem os traumas todos causados pelo parto normal, ou pelo parto sem dor, que é a preparação da mulher em termos físicos e psicológicos pra concepção dentro do, da conotação vulgar (sup.)
DOC. -  (sup.) E você sabe descrever assim de maneira clara o que significa o parto normal? O que que caracteriza o parto normal? O que que é preciso pra ter um parto normal?
LOC. -  Bom, o que é preciso prum parto, pra que um parto seja normal é que haja uma, uma, a colocação do feto na posição adequada para a expulsão do útero, que ele fique com a cabeça voltada para a vagina, que haja então uma dilatação, todo, toda uma preparação do organismo da mãe para essa expulsão, então há uma dilatação da vagina e ele então é expulso através das contrações do útero, ele é lançado para o exterior.
DOC. -  Isso deveria ...
LOC. -  E isso deveria acontecer assim normalmente, ser algo feito um elástico que está muito bem na posição normal e que de repente há necessidade de que ele abranja um, uma área bem maior e ele então se estende. Isso não acontece de uma forma tão simples como um elástico que causa uma série de, de problemas tanto pra mãe quanto pro seu filho. Por isso que eu acho que esse parto normal, a gente coloca esse normal bem assim entre aspas porque eu acho que com a vida de hoje, com todo o, todo o conforto que nós adquirimos, com a forma de vida que nós temos, o nosso organismo deixou de ter as condições ideais talvez pra dar ao parto normal realmente um cunho normal. Ele é anormal tanto pra mãe quanto pro filho porque é traumatizante pra ambos.
DOC. -  E o tempo assim da vida do neném (inint.)
LOC. -  O tempo de vida assim, o tempo que, que ele levaria pra nascer.
DOC. -  Não. Que ele levou pra se formar até nascer.
LOC. -  Uns nove meses. Duzentos e oitenta dias desde a concepção propriamente dita até a expulsão do útero e que é, é um período assim perfeitamente tranqüilo pro neném e não há problema nenhum pra ele, ele recebe tudo aquilo que ele precisa através da placenta e do cordão umbilical. Não há problema nenhum, está protegido pela, pela placenta dentro do líquido amniótico.
DOC. -  (inint.) em relação a esse período?
LOC. -  Não. Os períodos variam. Esse, o, o normal são duzentos e oitenta dias, quer dizer, nove meses e dez dias exatamente. Mas esse ciclo vai variar um pouco, dependendo da, da formação da mulher e do tipo do organismo dela mesmo, né? E do tipo de vida emocional que ela tenha e de acidente mesmo que possa acontecer. E o, o feto antes de estar a termo, antes de estar com os nove meses completos, ele pode estar plenamente desenvolvido faltando apenas, eh, quase que plenamente desenvolvido, vamos dizer assim, a criança pode estar com todos os órgãos já prontos, faltando apenas um aperfeiçoamento, um desenvolvimento maior nos dois últimos meses, que seria do sétimo mês em diante, que há então uma possibilidade de nascimento que seria o nascimento prematuro. Seriam crianças prematuras que merecem cuidados especiais porque ainda não estão preparadas realmente.
DOC. -  Crianças prematuras significa o quê?
LOC. -  Crianças prematuras significam crianças que nascem antes de nove meses. Sete meses em diante. Inclusive há uma crendice popular que a criança que nasce de sete meses consegue se salvar (sup.)
DOC. -  (sup./inint.)
LOC. -  Essa crença?
DOC. -  Não. Essa criança que nasce com sete meses.
LOC. -  Prematura, né? Prematura. A criança prematura é uma criança que nasce de sete meses, de oi... ou de oito meses. E a crença popular acha que o neném que nasce de oito meses tem menos probabilidade de vida que o que nasce de sete. Isso já foi completamente posto abaixo, inclusive é anticientífico, porque esse, ele, nesses dois últimos meses ele vai se aperfeiçoar. No oitavo mês ele tem muito mais condições de resistir aos problemas todos do mundo externo do que aos, aos sete meses.
DOC. -  Bom, você, es... se espera que você tenha um filho. Mas você poderia ter mais de um ao mesmo tempo, não é verdade?
LOC. -  Ah, poderia ter gêmeos, trigêmeos, quadrigêmeos, uma porção deles, né? (riso) Inclusive a gente fica naquela preocupação (sup.)
DOC. -  (sup./inint.) possibilidade?
LOC. -  É. Tem sim. As possibilidades realmente, eh, vendo o problema da hereditariedade, que existe o problema de gêmeos na família, que é fator também (sup.)
DOC. -  (sup.) Gêmeos, gêmeos, o que significa exatamente?
LOC. -  Gêmeos é algo de anormal que acontece no organismo porque normalmente só, o óvulo só permite a introdução de um espermatozóide que iria formar um embrião. Mas pode suceder que haja a introdução de dois espermatozóides, aí então nós vamos gerar duas crianças ou mais, ao mesmo tempo. A utilização de certos comprimidos anticoncepcionais podem possibilitar esta fecundação múltipla. E esses tipos de gêmeos podem variar: gêmeos univitelinos, bivitelinos, gê... gêmeos que estejam numa placenta só, gêmeos que tenham uma placenta só, que estejam, recebendo dentro do mesmo líquido amniótico, ou então gêmeos que este... que sejam bivitelinos, que têm duas placentas, que sejam gerados em lugares, vamos dizer assim, separados, em compartimentos estanques e que aí então teriam características bem diferentes um do outro. Os gêmeos univitelinos não. Gerados na mesma placenta, teriam as mesmas condições ambientais e cromossomiais, o que não aconteceria com os bivitelinos.
DOC. -  Se fossem cinco nenéns?
LOC. -  Ah, se fossem cinco nenéns já não era mais gente, já era um gato, (riso) mas de qualquer maneira, com cinco gêmeos nenéns seriam quíntuplos, né? Seria o caso de se chamar quíntuplos e seria um caso assim bem interessante se todos os nenéns juntos conseguiram vingar e provaram um monte de coisa à ciência. É um problema de (sup.)
DOC. -  (sup./inint.) neném nascer e tal. Você, antigamente acontecia muito no Brasil, eh, crianças que eram de mães diferentes (inint.) que experimentavam através de uma mãe só?
LOC. -  Ah, irmãos-de-leite que você quer falar? Problema de irmão-de leite porque crianças que, sabe, algumas mães não têm o leite pra alimentar os seus filhos e como nos seis primeiros meses de vida a alimentação básica da criança ideal é justamente o leite humano, havia necessidade de quando a mãe não tinha a possibilidade de alimentar o seu filho ela recorresse então a outras que o pudessem fazer.
DOC. -  Como é que você chamaria essas mães?
LOC. -  Seriam mães-de-leite, não é? Chamadas, conhecidas, mães-de leite ou amas-de-leite também e (sup.)
DOC. -  (inint.)
LOC. -  Babás.
DOC. -  Só babá?
LOC. -  Babás, `nurses', se é que já haveria mais, que não haveria mais, dentro da, da problemática da nossa língua, mas babás que mais? Deixa eu ver se eu me lembro de alguma outra ... Não porque é assim especi... especificamente pra cuidar do neném, seria a babá mesmo.
DOC. -  (inint.)
LOC. -  Não só de neném, de criança em geral, seria a governanta, não é? Oh, esse nome é antipático. Oh, governanta é aquela pessoa que bota a criança ali no, aquele apertadinho, coitado, que governa a vida das crianças. Eu acho o nome muito antipático mas é, é a governanta, a ama, que a gente chama hoje em dia de, da empregada, porque é empregada mesmo, que não tem nada de governanta e muito menos de babá, não é?
DOC. -  Voltando ainda a neném (inint.) nos primeiros dias (inint.) ele tem um tipo especial de alimentação, não é?
LOC. -  Tem. Leite materno. Nes... nesses, lactação. A lactação do neném (sup.)
DOC. -  (sup./inint.) Lactação o que é?
LOC. -  Lactação é, é justamente a alimentação do neném feita por, pelo hábito de sugar o seio materno.
DOC. -  Você chama sempre assim: lactação?
LOC. -  Sim. Seria esse o chamado período de lactação, quer dizer, período em que ele se alimenta basicamente de leite e que dura os seis primeiros meses de vida extra-uterina e que já a partir do terceiro mês em diante cai, entra um pouquinho assim de su... de suco de fruta, etc. de suco de laranja, caldi... e, eh, a amamentação deixa de ser motivo (riso) até, aí não é, não é o, o problema propriamente de se chamar amamentação a esse pe... é um período de amamentação mas é o período característico da lactação.
DOC. -  E em relação assim ao leite (inint.)
LOC. -  Existe. Existe no início da gravidez um tipo de, de líquido chamado colostro, que não é o leite propriamente dito mas é uma substância rica em proteínas muito importante para o neném, que precede a vinda do leite materno. Então a mãe quando amamenta o filho no início em que ela não tem leite, tem só aquele meio incolor, e que ela pensa que não vai poder alimentar o filho, que não está adiantando nada, ela tem, que o colostro é um alimento muito rico e muito necessário pro neném, e o neném toma. E justamente a partir do colostro, sugando a mama, que o neném faz com que venha o leite propriamente dito.
DOC. -  (inint.) a movimentação do neném (inint.)
LOC. -  Os reflexos. Ah, uma diferença muito grande, uma diferença muito grande mesmo.
DOC. -  (inint.)
LOC. -  Não, seriam, seriam períodos sem, sem caracterizar os períodos psicológicos gerais de, de primeira infância, segunda infância, terceira infância. Mas esse período do neném como recém-nascido, no primeiro mês e depois do primeiro mês em diante o neném deixa de ser recém-nascido.
DOC. -  E aí como é?
LOC. -  Pois é. Como é? Agora não é fácil ser neném. Depois de recém nascido (sup.)
DOC. -  (sup.) E em termos de movimentação?
LOC. -  É, em termos de movimentação, ele vai, ele vai começar a, a desenvolver, a se desenvolver em todos os sentidos e a, principalmente no aspecto motor, vai conseguir fixar o olhar em determinadas coisas, vai conseguir ver, vai conseguir pegar, segurar, e já pode fazer movimentos seguros, etc. Daí ele vai passar no início, no primeiro, como recém-nascido, essas quatro primeiras semanas ele ainda não consegue levantar a cabeça, conservá-la firme sozinho ele faz tentativas depois das duas primeiras semanas porque nas duas primeiras semanas ele não consegue fazer isso. A partir do, do primeiro mês então ele começa a fazer movimentos mais firmes com os braços e pernas e começa a pegar coisas e a puxar coisas. Depois ele evolui, começa a engatinhar, engatinha, pra finalmente conseguir se colocar em pé segurando nas coisas até andar, caminhar propriamente.
DOC. -  Agora, eh, quando a criança (inint.)
LOC. -  Quando ainda não está, criança que ainda não está andando? Pelo menos agora não me ocorre um nome assim específico. Saindo do, do recém-nascido propriamente dito, a gente não chama mais de recém nascido. Agora não, não me vem à memória o nome específico (sup.)
DOC. -  (sup.) Agora me diga uma coisa: qual dos períodos (inint.)
LOC. -  Bom, em termos amplos, primeira infância que vai do nascimento até três anos. Depois segunda infância vai de três anos até sete anos, sete anos e pouco. Terceira infância que vai de sete anos em diante, pra depois vir o período de adolescência que vai de doze anos em diante até dezoito, dezenove, pra vir então a idade da razão propriamente dita, que é a idade que a gente diz, idade adulta, o adulto jovem que vai até vinte e cinco anos e adulto propriamente dito de vinte e cinco anos em diante. Quer dizer que seriam, no período de vinte e cinco anos ele será adulto jovem, o adulto mesmo até trinta e cinco, pra depois começar a decrescer.
DOC. -  Você teria nomes particulares pra, pra (inint.)
LOC. -  Não, a criança, em termos, em termos pedagógicos, nós não, não utilizamos uma nomenclatura específica pra, pra, pra essa criança de cinco anos, a não ser chamá-la de pré-escolar, até cinco anos. Depois seria justamente escolar, de seis anos em diante até um ... Depois seria adolescente mas não, especificamente fora dessa nomenclatura, usa muito não, não utiliza, eu pelo menos não utilizo uma nomenclatura assim específica.
DOC. -  (sup./inint.)
LOC. -  Que não fosse filha, que não fosse criança, que fosse, podia ser uma menina, uma menina de cinco anos.
DOC. -  Aí usaria outros nomes?
LOC. -  Não, não usaria outros nomes não.
DOC. -  Eh, de doze a quinze anos?
LOC. -  De doze a quinze anos aí é que a gente sempre diz, né, é adolescente, seria bem específico da adolescência. A criança de cinco, cinco, oito anos assim em linguagem comum, a gente fala: a menina, menina, chama, né? Depois de doze anos é que a gente usa muito: adolescente, jovem, aí a gente já usa uma terminologia um pouquinho mais específica.
DOC. -  (inint.)
LOC. -  Não.
DOC. -  Você já falou na (inint.)
LOC. -  Tá. É primeira infância? De zero a três anos. Depois segunda infância, de três a sete. Terceira infância que seria de sete anos a onze. Adolescência de onze em diante, até dezoito. Depois, o adulto jovem, até vinte e cinco e adulto propriamente dito, vinte e cinco em diante.
DOC. -  (inint.) pessoas de mais de cinqüenta anos?
LOC. -  Sim. Eu, eu parei no adulto porque é uma coisa muito engraçada, é até psicológico, a gente pára exatamente na faixa em que a gente está. (riso) E como eu já estou na faixa do adulto, portanto eu parei, não prossegui. Porque realmente aí vem o adulto maduro, de trinta e cinco a quarenta e cinco anos, e aí então de quarenta e cinco anos em diante, já entra então, as pessoas consideradas assim, aquela faixa, que já começa a decrescer, que seriam as pessoas mais idosas, os adultos mais idosos, tanto que hoje em dia há uma tendência a não se caracterizar de velho propriamente, um homem com mais, ou uma mulher com mais de quarenta e cinco anos. Seriam aqueles adultos mais maduros, maior experiência. Seriam os senhores propriamente dito, para caracterizarmos os velhos então aqueles de mais de sessenta anos praticamente, né? Cinqüenta, sessenta, dependendo, vai, essa caracterização de velho vai depender muito da própria pessoa e do, do tipo de ambiente em que a pe... essa pessoa vive e aqui a conotação de velho está se ligando muito ao problema de produtividade e atuação da pessoa.
DOC. -  Nem todas as crianças são, são perfeitamente sadias, né? Existem algumas complicações, por exemplo ...
LOC. -  Existem. Existem crianças com uma série de problemas seríssimos, crianças oligofrênicas, crianças excepcionais, crianças retardadas mentais (sup.)
DOC. -  (sup.) Você faz diferença entre excepcional e (inint.)
LOC. -  Completamente. Aí, crianças excepcionais, bom, o problema, o próprio problema do, do, do, da criança excepcional, que é toda aquela criança que sai da faixa da normalidade, então a criança excepcional vai, vai envolver uma gama imensa de crianças, porque aquela criança bem-dotada, aquela criança que sai da faixa da normalidade pra mais, que seria o gênio, no caso, é uma criança excepcional. Aquela criança que sai da faixa da normalida... da normalidade pra menos e essa faixa da normalidade pra menos tem uma série de gradação, de gradações, poderia ser, no caso, desde o, do idiota, débil mental, do retardado propriamente dito, nós dividimos em termos educacionais, que é a minha área específica de, de atuação, em recuperáveis e irrecuperáveis, nós teremos então uma gama muito grande. E além dessas crianças que têm problemas mentais propriamente dito, nós temos, pegamos as crianças que têm deficiências físicas. Então seriam os cegos, os ambíguos, que são, que são aqueles que não são cegos mas têm uma dificuldade muito grande de enxergar, precisam daquele óculos fundo de garrafa, não têm uma percepção comum, seriam aqueles, aquelas crianças que têm problemas de disritmia, são disléxicos, disrítmicos. Temos crianças que têm problemas de surdez. Então aí no caso da criança anormal, da criança excepcional, vamos dizer assim, nós temos uma gama imensa. Imensa mesmo, pegando desde o aspecto de deficiência física, propriamente dita, até aspecto de deficiência mental.
DOC. -  Haveria assim um nome para crianças (inint.) retardadas (inint.)
LOC. -  Crianças, crianças lentas que tivessem assim, um desenvolvimento retardado? Tivessem maior dificuldade? Temos sim. Tem um, um tratamento, pra essas crianças que não, não são propriamente crianças excepcionais. Mas são crianças de desenvolvimento lento. Não, não é propriamente assim, no nome, em termos de, de dizer: é o oligofrênico que tem problemas. Ou, ou o gênio que é bem dotado. O retardado não, não é bem, é assim, é difícil de explicar, essa criança em termos de um nome só. Nós chamamos a criança lenta. Por exemplo, a criança lenta que pode executar suas tarefas evolutivas, não com a mesma rapidez que as crianças normais mas que vai de qualquer maneira desenvolver as suas tarefas mais cedo ou mais tarde.
DOC. -  Agora assim em relação (inint.) poderia dizer nome familiar, não importa (inint.)
LOC. -  Bom, usa aqueles nomes sempre de gozação que a gente faz na família, não é? Que é o, o varapau, quando a criança é muito grande, é quando a criança é muito comprida, é o espanador do céu. Uns nomes de brincadeira utilizados. Quando a criança é gordinha, é gorducha, é a bolota, é o bolo fofo. Eh, quando a criança é muito pequenininha é, é a mascote, o, é o caçulinha, é o pequenininho, que a gente utiliza muito, apesar de engraçado, pequenininho é, é assim uma palavra que às vezes exprime bem a situação de uma criança dentro de uma família, dentro de um determinado contexto familiar. E de quantos nomes mais a gente inventar. Deixa eu olhar esse cidadão aí.
DOC. -  Agora passando pra, pra mulher (inint.) se de repente uma mulher que tivesse assim com vontade de se casar, uma mulher (sup.)
LOC. -  (sup.) Ah, uma moça casadoira?
DOC. -  Sim.
LOC. -  Uma mocinha casadoira, uma donzela. (riso) Não, a, a mulher que es... bom, a moça casadoira é, é um termo assim consagrado, não é? Consagrado, de utilização no nosso universo. Muito mesmo. Agora a, a jovem, a, a donzela prestes a casar como é que a gente chama sem ser a moça casadoura? É (sup.)
DOC. -  (sup.) E a que não é mais jovem?
LOC. -  E a que não é mais jovem? É a madura? É a mulher madura?
DOC. -  Não existe mulher mais jovem pra você ou você não faz diferença?
LOC. -  Olha, o conceito de jovem é elástico pra chuchu porque a gente situa, eu pelo menos não sei mais situar jovem, o que que é jovem, o que que é menos jovem, que as aparências enganam tanto em termos de idade e eu acho que, que o problema da gente considerar uma pessoa jovem não é propriamente pela data que está na sua certidão de nascimento mas pelo que ela apresenta, pelo que ela é e pelo que ela sente, que fica um pouco difícil a gente distinguir bem o que que seja jovem ou menos jovem, madura, etc. Geralmente as pessoas quando deixam de ser jovens, ficam maduras de vez ou se é ou se não é. Eu acho que ser jovem é estado de espírito. Então aí o negócio se complica à beça porque tem gente que vai ficar jovem a vida inteira, né?
DOC. -  (inint.)
LOC. -  Olha, eu falo pelos cotovelos, heim?
DOC. -  Está ótimo. Assim cronologicamente uma mulher madura estaria em que faixa?
LOC. -  Ah, uma mulher madura ficaria na faixa dos trinta e cinco anos em diante.
DOC. -  E assim você não teria outros nomes, por exemplo, pra designar a mulher (sup.)
LOC. -  (sup.) Ah, teria. A balzaquiana, né? Aquele, que também não é, não é utilizado. Não, não é muito utilizado. Eu acho que balzaquiana é, a gente utiliza muito em termos de escrever, quando escreve alguma coisa que comporte, de ler, que a gente lê muito mas a mulher de trinta anos, a gente situa como a mulher de trinta anos, situa como o que mais? Ah! Uma expressão muito engraçada: uma moça já meio passada. (riso) É uma expressão que a gente utiliza também, né? Uma moça já meio passada. Uma moça, não estou me lembrando agora, além de passada, balzaquiana, coroa. A coroa já seria aí um pouco mais adiante.
DOC. -  Seria uma mulher velha?
LOC. -  É. Não, a coroa já seria assim aquela que já não é mais a, a jovem madura propriamente dita. Seria aquela que está tendendo a (interrupção)
DOC. -  (inint.) que tipo de relacionamento (inint.)
LOC. -  O relacionamento de marido e mulher, pai com filho, namorado com namorada, amigo com amiga, colega com colega, de parentes entre si.
DOC. -  Colega seria o quê?
LOC. -  Ah, o colega seria aquele contato secundário, né? E, colocando a coisa assim mais em termos sociológicos de, de contato primário pra secundário e até terciário, são os tipos de contato que nós temos normalmente. No nosso trabalho, são contatos secundários. Algumas vezes nós temos contatos primários, mas contatos assim maiores, os relacionamentos maiores, mais profundos, são aqueles com a família e com os amigos mais chegados. Às vezes a gente consegue reunir o útil ao agradável: trabalhar com amigos, lidar sempre com amigos. Mas isso é meio difícil pelos diferentes papéis que a gente desempenha e, e os diferentes lugares que a gente tem que estar, a gente tem muito mais contatos secundários pela vida a fora do que contatos primários, o que eu acho uma pena realmente.
DOC. -  E no prédio por exemplo com as outras pessoas?
LOC. -  Bom, aqui no prédio com as outras pessoas, os contatos são, são secundários. Não são contatos primários. Apesar de serem conhecidos de muitos anos, de nós morarmos aqui há vinte e quatro anos, de conhecermos todos os moradores do pré... do prédio, nos tratamos muito bem, não temos assim um, um relacionamento profundo com cada um, pelo tipo de vida que nós temos. Quer dizer, todos nós exercemos atividades durante grande parte do dia, saímos de manhã e voltamos à noite, então não temos oportunidade de estabelecer um contato mais aprofundado com os vizinhos. Então os contatos são secundários, tem uma parte, tem alguns que são até terciários, que a gente só dá oba, olá, ou, ou até balança com a cabeça, não chega nem a dar oba, é só aquele cumprimento, que a gente sabe que mora aí e que vieram morar depois, quer dizer, só moram há uns dez ou quinze anos, que os que moram há vinte e quatro a gente tem contatos secundários. Agora os que são novos no prédio, entende, só tem uns dez, quinze anos assim (riso) de prédio, são contatos terciários mesmo porque a gente não sabe nem o nome da pessoa.
DOC. -  Agora você também falou em, noutro tipo de relacionamento (inint.) relacionamento entre um homem e uma mulher (inint.)
LOC. -  Relacionamento entre marido e mulher? Entre namorado? Namorada? Entre colegas? Amigos? Você gostaria de saber assim (sup.)
DOC. -  (sup.) É (inint.) de namorados (sup.)
LOC. -  (sup.) Sem ser colega? Entre namorado e namorada? Você gostaria de saber assim especificamente entre ...
DOC. -  O nome que você daria?
LOC. -  Namoro, né? Seria namoro. Seria no caso o, o casamento, na relação marido e mulher, o noivado na relação noivo, noiva, o namoro (sup.)
DOC. -  (sup.) Qual é a diferença entre o namoro, noivado (sup.)
LOC. -  Bem, hoje em dia não existe muita diferença entre namoro, noivado e às vezes até entre casamento. Quer dizer, convencionalmente, vamos falar em termos convencionais, a diferença entre namoro, noivado seria que no namoro haveria assim um contato, um menor (interrupção). Se eu estiver falando demais você avisa porque eu falo pelos cotovelos, eu já te avisei, não é?
DOC. -  Você sabe (inint.) relacionamento entre um homem e uma mulher.
LOC. -  Bem, nós estamos falando em termos tradicionais, namoro e casamento. Então eu estava falando que o namoro seria aquela fase de prospecção mútua em que o casal estaria verificando os valores de cada um, aspecto de gosto pessoal, de apreciação de, do mundo, de colocação de cada um em função do mundo e aí então procurar uma identificação em função do conhecimento desses valores. Daí, então, havendo uma identificação, esse namoro evoluiria para um noivado que já seria um compromisso mais formal por haver uma real afinidade entre eles pra se constituir uma vida em comum. Seria assim uma gama de interesses comuns e uma certa igualdade na maneira de encarar a vida. Então o noivado seria justamente a consolidação de tudo que foi prospectado durante o namoro e o empenho dos dois no sentido de concretizar uma vida em comum dentro do aspecto material e formal da coisa, que seria o aspecto da aquisição de elementos básicos que permitissem essa vida em comum, não é? Daí então chegariam ao casamento que é a concretização de tudo que foi sonhado durante o namoro, planejado e, e efetivado durante o noivado e finalmente completado com o casamento, que seria então um casamento perfeito em termos materiais, sentimentais, emocionais, gerados, né? Integração total.
DOC. -  Então assim, eh, em relação à estrutura do relacionamento, se você vive esse namoro (inint.) o comportamento (inint.)
LOC. -  Olha, eu acho que namoro é, é um negócio, isso é um negócio muito, isso é um negócio muito (sup.)
DOC. -  Como é que fica (sup./inint.)
LOC. -  (sup./inint.) muito difícil de, de eu dizer pra você, eu fico numa situação difícil à beça, porque eu acho que namoro (sup.)
DOC. -  (sup./inint.)
LOC. -  É. Eu acho que namoro é um relacionamento assim, começa com relacionamento superficial pelo conhecimento inicial mas que namoro propriamente dito só começa realmente com um relacionamento mais profundo. E esse namoro então persiste até o casamento. O casamento continua sendo um namoro. Quer dizer, o noivado e o casamento são momentos só porque o namoro é que continua o tempo inteiro, entende?
DOC. -  (sup./inint.)
LOC. -  Não, depois de tudo aquilo que eu te falei, o namoro seria esse conhecimento entre dois em termos de, de, afinidades maiores e menores de contatos, de contatos sexuais maiores ou menores, isso depende muito da maneira de ser de cada um, de encarar a vida, dos preconceitos a que cada um esteja preso que fica muito, eu pelo menos considero difícil delimitar, dizer pra você: não, namoro é pegar na mãozinha, é dar beijinho no portão, é ir ao cinema, é ficar namorando na sala, é ir ver televisão junto, é ir dar um passeio no parque. É muito difícil definir o que seja namoro. Namoro é sensação gostosa de estarem juntos os dois, estarem gostando de estar juntos e achar que a coisa é boa e que vale a pena ir pra frente porque vai dar caldo, entende? Eu sinto assim muita dificuldade em, em delimitar, dizer: o namoro é isso, aquilo ali não é namoro, aquilo é uma pouca-vergonha. Eu não tenho condição de dizer uma coisa dessas nem de situar faixas. Eu acho que de namoro pro noivado e pra casamento, existe apenas que no noivado há uma formalização em termos de aliança ou de oficialização à família e no casamento a formalização é ainda maior em termos de contrato social. Só. Agora em termos de comportamento é um pouco difícil da gente estabelecer, dizer o que seja namoro, o que seja o noivado, o que que, qual é o comportamento para o namoro, qual é o comportamento para o noivado, qual é o comportamento para o casamento. Eu acho que existe um comportamento sempre real e efetivo entre duas pessoas que mantêm um relacionamento profundo. Então esse comportamento vai ser um pouquinho diferente no início de namoro porque a gente ainda não conhece então não pode ser autêntica.
DOC. -  (inint.) namoro?
LOC. -  Eu, eu não sei exatamente o que eu você estava querendo. E eu não sou muito versada em terminologia namorística. (riso)
DOC. -  (sup./inint.)
LOC. -  (sup.) Tanto que nunca foi uma preocupação muito grande. Olha, eu conheci o N. na faculdade. Conheci o N. na faculdade, nós estávamos não posso nem dizer o que que a gente estava fazendo, pode? Pode? Bom, a gente estava distribuindo panfleto na faculdade, né? Então, olha, nós nos conhecemos mas apaga isso, né? Então nós, nós tivemos um conhecimento assim em termos de namoro muito posterior, propriamente, de namoro propriamente dito, muito posterior ao nosso conhecimento, quer dizer, a gente já se gostava, a gente já se admi... já ad... se admirava e já gostava da companhia um do outro como amigo. Então eu acho isso muito importante. Quer dizer, o namoro no nosso caso surgiu assim, sem interesse sexual maior, interesse assim afetivo, emocional, etc. quer dizer, já havia uma parte de envolvimento anterior. Veio a complementação com o início de namoro, um despertar, é aquele negócio: gosto de você como um colega. Aí de repente deixa de gostar como um colega, né? Aquela história de menininho e menininha não: menina, eu gosto de você colega. Não. Então já havia uma identificação em determinados aspectos. Devido, da forma de encarar as coisas e nós fazíamos parte do grupo de teatro juntos. Eu gostava de música, ele também, apesar de nós gostarmos de estilos diferentes. Nós fizemos assim um, trocas muito compensadoras, muito enriquecedoras pra nós dois em termos pessoais realmente. Então é difícil determinar, quer dizer, não, não é um namoro em que você come... conheça uma pessoa num baile, numa festa, numa condução, entende? É namoro que evolui de uma amizade, que partiu de uma fossa grande, que eu tinha desmanchado um namoro anterior e aí de repente você descobre que aquilo que, aquilo que você quer está bem embaixo do teu nariz, não é?
DOC. -  E esse namoro que não seja sério (inint.)
LOC. -  Namorico. Flerte. Namoro que não seja sério, aí o flerte, o namorico, já é aquele negócio assim, já é aquela, aquela brincadeira que já n... não é propriamente, não sei, ahn, é um namoro de forma genérica, né, mas aquele namoro de, de distração, de passatempo, de, aquele assim que a gente afinal de contas, faça com que, que as outras pessoas notem que a gente existe. Aquele namoro de, fazer bem à nossa vaidade pessoal, não é, de afirmação social, etc. Namorico, flerte, o despertar do interesse nas outras pessoas. Isso, eh, eh, eu acho que isso são fases que existem e que a gente passa e que de vez em quando voltam porque a gente sai de um namoro firme então tem necessidade de saber se, eh, existem pessoas que ainda estão interessadas na gente, então volta à fase do namorico, do flerte, é uma espécie de mecanismo psicológico e que considero muito válido. Eu não acho assim que haja nenhum problema com o namorico e com o flerte não.
DOC. -  (inint.) nessa fase (inint.)
LOC. -  Da fase do flerte inicial? Seria flerte inicial esse, esse interesse e esse, cerca-lourenço.
DOC. -  Como é?
LOC. -  Cerca-lourenço? (riso)
DOC. -  (inint.)
LOC. -  O período do cerca-lourenço é justamente e... esse período de flerte inicial em que a gente começa assim a dar aquelas olhadelas, dar piscadela de olho. É o namorico. É ...
DOC. -  Agora me diga uma coisa. Vocês quando casaram (sup.)
LOC. -  Exato. Dá e dá. Bom, nós fizemos faculdade de Direito, quer dizer que, muitos aspectos, apesar de não estar ligado, não ser propriamente trabalho de advogado, porque é trabalho de despachante, pela contingência mesmo da profissão dele, ele tinha contato com o pessoal que lhe permitiu, que permitiu a meu marido, eh, conduzir ele próprio os papéis do nosso casamento. Quer dizer, correr proclama, ir na igreja, levar a certidão de (sup.)
DOC. -  (sup./inint.)
LOC. -  Proclamas são justamente os editais que saem anunciando que duas pessoas resolvem se casar para que todos saibam que elas vão se casar e que alguém diga se elas já são casadas ou não. Então é, é aquela espécie de comunicação a todo mundo de que fulaninho vai deixar de ser solteiro para entrar no rol dos casados. E se ele já for casado, todo mundo saiba que ele está cometendo uma infração, porque ele vai se casar novamente, certo? Então seria assim a comunicação pública e notória no sentido assim de aviso à sociedade e ao mesmo tempo de precaver qualquer problema que (inint.)
DOC. -  (inint.)
LOC. -  A pessoa está casada, propriamente dita, após o ato. O casamento poderá ser numa igreja quando se combinar o ato civil e religioso ser feito num só momento em que haja a assinatura dos noivos, eh, no livro, na, na, no livro. Não é livro? A gente agora até se enrola. Esse negócio burocrático eu não, uhn (riso)
DOC. -  (inint.)
LOC. -  Pois é, ah, bom, quando o juiz, vamos dizer assim, quando há um, um registro do contrato feito entre essas duas pessoas. Esse registro pode ser feito num cartório civil só ou então ser acompanhado de toda pompa, champanhe e bolo na igreja, mas que ele é feito de qualquer maneira. Aí então com esse registro no cartório, esse contrato (sup.)
DOC. -  (sup./inint.) existem mais pessoas além (inint.)
LOC. -  Existe testemunhas, né? Testemunhas para que, como todo e qualquer contrato, haja validade nessa combinação.
DOC. -  (inint.)
LOC. -  Padrinhos. São os padrinhos. Madrinhas e padrinhos de casamento.
DOC. -  Agora me diga uma coisa (inint.)
LOC. -  Ah, meu casamento foi ótimo. Meu casamento foi ótimo. Meu casamento foi lindo de morrer. Uma farra, uma bagunça louca. Nós casamos na capela do palácio Guanabara, e eu fui bandeirante durante muito tempo, fui chefe de distrito. Então as bandeirantes estavam lá fazendo ala pra noiva, toda de branco, entrando na igreja, toda comportada, pelo braço do pai, o pessoal da faculdade, os amigos da família, quer dizer, eu casei numa capela de duzentas pessoas, distribuí quinhentos convites e devia ter umas seiscentas e tantas pessoas. Então você já viu como não estava aquilo lá, né? E o casamento foi um negócio assim muito rápido. Não sei o que que o padre disse. Só me lembro dele ter dito que ia abençoar as alianças porque às vezes o diabo se mete nessas coisas. Foi a única coisa que eu me lembro dele ter dito, não vi mais nada porque inclusive eu estava sem óculos. Não sei nem como é que estava a igreja. Só sei que saí feliz da vida pelo braço do N. O que eu me lembro é que eu estava saindo da igreja, parecia até que eu estava sonhando que era um negócio que eu queria tanto casar com o cidadão e saía, e o pessoal todo, nós fomos pra receber os cumprimentos e depois daqueles intermináveis cumprimentos e retratos e partir bolo e champanhe e esse negócio todo, as bandeirantes fizeram a roda da amizade, eu fui pra roda, brincar de roda com as bandeirantes. Depois o pessoal fez, o pessoal da faculdade fez uma série de brincadeiras conosco. Nós brincamos, corremos pelos jardins do palácio Guanabara. Foi aquela festa, aquela alegria (sup.)
DOC. -  (sup.) O bolo era na igreja? (sup.)
LOC. -  (sup.) Heim? Foi. Foi só na igreja, a recepção foi lá mesmo. Pe... o pessoal todo, não te... foi um casamento assim muito descontraído, muito alegre, muito informal apesar de toda a formalidade da pompa organizada lá pela família, nós conseguimos informalizar o nosso casamento correndo pelos jardins, tirando retrato com o pessoal, com o véu na cabeça de todo mundo. Estava fazendo a maior farra da paróquia. Foi muito gostoso, eu acredito assim que até agora eu ainda não tive uma festa tão importante pra mim, nem tão gostosa como o dia do meu casamento. Foi muito bom em todos os aspectos.
DOC. -  (inint.) outros tipos de casamento além desse?
LOC. -  Existem. Existem aqueles casamentos de pompa, vamos dizer assim, que são formais, completamente formais, de ... Inclusive são chatérrimos, em que as pessoas cortam bolo, tiram fotografia, recebem presentes e cumprimentos e todo mundo vai pra casa porque a noiva estava linda, porque a música estava maravilhosa. Mas aquilo muito formal com muito pouco calor. São uns casamentos formais e existem também os tipos de união que não são propriamente formais nem informais. São uniões só, né? Sem mi...
DOC. -  Quais os tipos de nomes de união?
LOC. -  E agora que você me enrolou. Quais os tipos de nomes, de união? (riso) Ah, aquele negócio, né? Pessoas que se amigam como dizem vurga... vulgarmente. Que a gente chama casamento mesmo porque eu acho que o casamento é quando a gente casa espírito, né? Casou, está casado porque se integrou então é plenamente válido. Mas são os casados legalmente e os que são amigados, vivem juntos, que são desquitados, que são casados ilegalmente, vamos dizer assim, casados no civil com uma fulaninha, casados no religioso com outra, casados na igreja do padre de não sei o quê, lá da Penha, como é que é o nome daquele padre, que eu não sei, duma igreja aí, duma, Brasileira, Igreja Católica Brasileira. Os casados na igrejinha verde. (risos)
DOC. -  (inint.)
LOC. -  Os desquitados? Os amigados? As (sup.)
DOC. -  (sup./inint.) um homem e uma mulher que vivem (inint.) se esse homem é desquitado (inint.)
LOC. -  Concubina, a mulher. Seria o concubinato. Aí já seria termo jurídico propriamente dito e não termo da gente utilizar normalmente (inint.) amante, né, amante, são amantes, eh, vivem juntos, mas não são casados, são amantes.
DOC. -  Amante é só o que vive junto (sup.)
LOC. -  (sup.) Não. Amante também seria aquele que é casado e que tem uma mulher fora de casa ou a mulher que é casada e que tem um, um homem fora de casa. Então amante seria todo aquele elemento extraconjugal.
DOC. -  Agora a cronologia do casamento.
LOC. -  Ahn.
DOC. -  Você disse que há (sup.)
LOC. -  (sup.) Ah, ih, casamento tem um, um folclore danado, né? É, a cronologia do casamento é imensa. Bodas de papel, um ano. Bodas de prata, vinte e cinco anos. Bodas de ouro, cinqüenta anos. Tem um monte de bodas aí com cinco anos, que eu não sei, que eu não sei de cor esse negócio de bodas não. Só sei que as bodas de papel é um ano de casado. Agora cinco anos tem um nome especial também: bodas de diamante, não sei se é bodas de diamante. Não tenho certeza não. Mas tem uma série de, de, de nomes mas os mais consagrados mesmo que a gente conhece, que todo mundo conhece, bodas de prata com vinte e cinco, bodas de ouro com cinqüenta.
DOC. -  Vocês viajaram (inint.)
LOC. -  Viajamos. Fomos pra Teresópolis, passamos uma semana lá.
DOC. -  (inint.)
LOC. -  Lua-de-mel. Fomos passar a lua-de-mel em Teresópolis.
DOC. -  Essa viagem (inint.)
LOC. -  Viagem de lua-de-mel? Um outro nome?
DOC. -  (inint.)
LOC. -  Um outro nome pra viagem de lua-de-mel? Tem, tem viagem de lua de-mel ou (inint./baladada do relógio)
DOC. -  Agora me diga uma coisa (sup.)
LOC. -  (sup.) Ah, sim, sim. Viagem de núpcias. Aí no caso, na... não, não, não, não é propriamente, ah, viagem de lua-de-mel que seria esse o outro nome, mas, viagem de núpcias, tem viagem de casamento, aí seria abrangente essa conotação de núpcias, abrangendo desde o casamento até a viagem, né?
DOC. -  (inint.) dos filhos (inint.)
LOC. -  Filhos legítimos, filhos naturais?
DOC. -  (inint.)
LOC. -  Filhos ilegítimos. Filhos naturais são aqueles filhos, coitados, que não são filhos. (riso)
DOC. -  Tem um outro nome?
LOC. -  Tem. Tem outros nomes sim. Eh, uma porção. Uma porção, os filhos naturais então, uma porção de nomes. Até palavrões. Mas (riso) bastardos ...
DOC. -  O bastardo é o quê?
LOC. -  O, o, o bastardo, ele seria, o bastardo, eh, seria filho natural e além de ser natural, ilegítimo, né? Porque o filho natural é aquele que não é tido na constância do casamento. O filho ilegítimo é aquele que é tido quando um dos cônjuges ... É, é, é filho natural mas um dos cônjuges é casado, não poderia reconhecer o filho. Então o bastardo seria no caso, mais conhecido, nos casos em que as pessoas são casadas, têm filho durante a vigência do casamento, mas não com a esposa.
DOC. -  Quando a mulher e o homem não querem ter filhos?
LOC. -  Quando ele não quer ter filho? Quando a mulher quer, quer fazer, quer abortar? Quer fazer aborto? Aí no caso ela não quer conceber, não quer ter filho. Seria um caso de, de aborto. É isso a que você se refere? (sup.)
DOC. -  (inint.) tipo de aborto (inint.) qual a diferença?
LOC. -  Conheço, tem, eh, aborto permitido, aquele, a... aquele tipo de aborto em que, é feito para salvar a vida da mãe, em que não há possibilidade realmente, aquele aborto médico, aquele aborto necessário, é aborto necessário porque com o aborto necessário é que, para salvar a vida da mãe, é, é necessário sacrificar a vida da criança ou quando não há possibilidade de vida da criança e se não houver o aborto vai trazer prejuízo pra mãe, então se força a isso. E aborto voluntário, quando a própria mãe não quer ter o filho e que então força um abortamento, força com que o embrião, ou o feto, se for o caso, seja expelido do útero por meios artificiais, tomando drágeas e com injeções, remédios, etc., né?
DOC. -  (inint.) você poderia enumerar os tipos de parentesco que você conheçe?
LOC. -  Pai, mãe, tio, tia, avô, avó, primo, sobrinho, eh, cunhado, os afins, são ti...
DOC. -  Quê? (sup.)
LOC. -  São os afins. Tio emprestado porque é casado com a tia. Primo emprestado porque é casado com a prima, eh, cunhado, cunhada, genro, nora, avô, avó, que mais? Bisavô. Não é tão comum. Bisavó.
DOC. -  (inint.)
LOC. -  O cunhado do meio, no caso seria um concunhado. Concunhado, concunhada, o que mais? Aqueles afins todos (sup.)
DOC. -  (sup.) Em relação aos nomes (inint.) nome de mulher (inint.)
LOC. -  Nora, cunhada (inint.)
DOC. -  Não, tipo de (inint.) tipo de irmãs (inint.)
LOC. -  O tipo de irmãs, como assim? Caçula, ahn, seria o caso da irmã caçula, a mais velha, a do meio.
DOC. -  E são irmãs apenas (inint.)
LOC. -  Não. São irmãs aquelas também que são as filhas de pais, mesmos pais, mães diferentes ou mesmas mães, pais diferentes. Além dos irmãos-de-leite, né? Como nós já falamos antes.
DOC. -  (inint.)
LOC. -  Seria uma irmã postiça, se eu não minto, não é?
DOC. -  Pai, mãe, filho, avó seriam, irmãos, familiares (inint.)
LOC. -  Isso vai depender, sempre tem, né? Depende muito da, da estrutura familiar. Na minha família a gente inventa um monte de coisa, um monte de, de nome, desde diminutivo como paizinho e, olha, eu chamo o meu pai de tanta coisa, tanto nome, olha, de papilho, eu chamo meu pai de papilho, paizinho, papilho (sup.)
DOC. -  (sup.) E tio?
LOC. -  Tio e tia não. Mas madrinha, padrinho, madrinha que a gente chama de dinho, dinda, eh, mãe, porque a gente chama a mãe de um monte de coisa: mãe, manhê, mãezoca.
DOC. -  E primos? Tipos de primos.
LOC. -  Primos de primeiro grau, de segundo grau, de terceiro grau. Há esses tipos de primos assim, porque são primos dos primos dos primos, dos amigos dos primos, quer dizer, aí vai, vai colocando a distância: primeiro, segundo, terceiro, quarto, quinto grau.
DOC. -  E na, na faixa assim dos avós?
LOC. -  Avô paterno, avô materno.
DOC. -  E pra trás (inint.)
LOC. -  Bisavó, tataravó, né (inint.) é bisavô, tataravô, o que mais? Não, tem mais coisa. Tem tatá, bota um monte de tatá.
DOC. -  E o pai do noivo?
LOC. -  Também, o meu sogro e minha sogra. E sogro e sogra, nora e genro. Nora e genro. Já havia falado na, na relação (inint.)
DOC. -  Como é que (inint.) pele?
LOC. -  Uma porção. Doença de pele. A gente que é mulher tem que ter um monte de preocupação. Ainda mais com doença de pele.
DOC. -  Podia enumerar algumas?
LOC. -  Herpes. São aquelas doenças que dão aquelas inflamaçõezinhas da camada córnea da pele. Inflamações, esporos, eh, considerada também como doença da pele é a pigmentação suscetível em determinados lugares, cravos, espinhas, acnes.
DOC. -  Doenças do sistema circulatório?
LOC. -  Ahn, sistema circulatório, eh, arteriosclerose. Problemas circulatórios em geral (inint.) arteriosclerose como dormência, varizes, falta de ar, um monte de nomes, nomes médicos lindos e maravilhosos.
DOC. -  (inint.) intestinos?
LOC. -  Ih, aí é que são aquelas, não é?
DOC. -  Você podia falar?
LOC. -  Prisão de ventre, diarréia, eh, aerofagias, eh, que mais? Ah, tem uns nomes lindos, tem uns nomes lindos que nós gostamos, espera aí. Deixa eu lembrar, eh, de aparelho, flatulências.
DOC. -  Como?
LOC. -  Flatulências. São espécies dos gases sulfurosos. (riso)
DOC. -  E do estômago?
LOC. -  Gastrite, Úlceras.
DOC. -  E do aparelho urinário?
LOC. -  Cistites. Eh (inint.) aí eu não sei, aí já vai, já vai entrar um pouco no campo médico, aí já é uretrite.
DOC. -  O que que quer dizer (inint.)
LOC. -  Ih, um monte de perturbação que estou com o meu sistema muito nervoso (riso). Abalo de sistema nervoso. Problemas, perturbações nervosas, doenças nervosas em geral.
DOC. -  (inint.)
LOC. -  Esquizofrenia chegando a, o sis... o sistema nervoso ligado também, esquizofrênico. E não é bem um caso de sistema nervoso só não (inint.) de sistema nervoso. Neurastenia, neurastenia, que mais? Neurastênico. É bem um nome vulgar. Nervoso que a gente chama. Ele é nervoso, é o, é maluco, é lelezinho da cuca.
DOC. -  Você poderia enumerar outras doenças que ocorrem (inint.)
LOC. -  Doenças assim, pressão alta, eh, problemas de coluna, doenças, doenças de coluna. Não sou muito preocupada em doença não. Não sou muito hipocondríaca não.
DOC. -  (inint.)
LOC. -  Nas corriqueiras de criança agora é que eu estou por dentro: sarampo, catapora, coqueluche, paralisia infantil, eh ...
DOC. -  Paralisia infantil (inint.) paralisia infantil?
LOC. -  Paralisia infantil.
DOC. -  Você (inint.)
LOC. -  Seria, pressão, não sei, doença corriqueira seria pressão alta, que são as corriqueiras da minha fase, pressão alta, problemas de reumatismo, de enxaquecas, de, de distúrbios circulatórios de maneira geral, seria, que mais tipos de doença?
DOC. -  Doenças assim (inint.)
LOC. -  Gripes, resfriados, tosses.
DOC. -  Bom, quem é que trata dos doentes?
LOC. -  O médico.
DOC. -  Só?
LOC. -  Enfermeira, às vezes. Em determinadas localidades, o padre, porque só tem ele. Em outras, o curandeiro, eh ...
DOC. -  Curandeiro é o quê?
LOC. -  Curandeiro seria, aqui já usam uma, uma terminologia assim mais de ... Tribal? O curandeiro seria o, como nós chamamos o curioso. Tem um nome específico. Tem um nome específico também que eu vou dizer já. Seria aquele que não tem formação específica nenhuma pra medicina mas que entende um pouquinho mais de ajuda pessoal. Seria o curioso mesmo, né?
DOC. -  (inint.)
LOC. -  É homeopatia. Trabalho por, por homeopatia também. A gente, a gente usa tanto a alopatia, eu pelo menos, adoto a alopatia, que a gente esquece a homeopatia que funciona muito em determinadas ocasiões. Ainda confio mais na alopatia, porque gosto da coisa a curto prazo.
DOC. -  O estado da doença, o estar doente, existem gradações?
LOC. -  Tem, o estar doente e o estar muito doente, o estar relativamente doente.
DOC. -  (inint./sup.)
LOC. -  Estar sa... estar bem, estar doente. Estar sadio, estar sadio, estar mais ou menos enfermo, enfermo. Estar de cama, estar agonizante, estar à morte, estar a poucas horas.
DOC. -  Quando uma pessoa tem uma doença e se restabelece (inint.)
LOC. -  Convalescente (sup./inint.) convalescente, eh, já é reincidência específica. Em termos médicos (riso) teve uma recaída, né?
DOC. -  Em relação a medicamentos?
LOC. -  Dele tomar novos medicamentos? Não?
DOC. -  Não O que que o médico, eh ...
LOC. -  Tipos de medicamentos? Passar a receita?
DOC. -  Sim, sim.
LOC. -  A receita que o médico passa, prontuário médico para que o pobre do, do enfermo possa se recuperar. Tipos de medicamentos? Ih, montes. Vitaminas, muita vita... como tem vitamina. Nunca pensei que tivesse tanta vitamina. Vitaminas, sais minerais. (riso) Penicilina na farmácia, nas drogarias.
DOC. -  Qual é a diferença de farmácia pra drogaria?
LOC. -  A diferença de farmácia pra drogaria é que geralmente na farmácia tem o farmacêutico e tem um atendimento médico e, e aplica-se injeções e nas drogarias às vezes se aplicam injeções, então nós vamos, maioria das vezes, não, na drogaria só se vende os produtos farmacêuticos e elas atendem geralmente por atacado, apesar de muita farmácia ter nome de drogaria. Nas drogarias seriam no caso aquele armazenamento maior de remédio com um sortimento maior e que, seria assim (sup.)
DOC. -  (sup.) Farmácia? Teria tipos de farmácia?
LOC. -  Tem. Tem um tipo de farmácia, tem tipo de farmácia que vende só remédio de homeopatia. Tem ti... tipo de farmácia só da, de alopatia que é o tipo de remédio comum, não é? Porque a grande maioria são das farmácias que vendem alopatia. As farmácias homeopáticas são poucas.
DOC. -  As farmácias só vendem remédios?
LOC. -  Não. As farmácias vendem sabonete, vendem xampu, batom, produtos de beleza, escova de dente.
DOC. -  Você falou em vitamina. A vitamina, eh (inint.)
LOC. -  Em drágea, em, em líquido. Em drágea, em gotas.
DOC. -  Drágea (inint.)
LOC. -  Drágeas.
DOC. -  Por que drágea?
LOC. -  Cápsulas assim ... Agora a gente faz uma diferença de drágea e de cápsulas porque geralmente em drágea não existe assim um, um envoltório, protegendo o remédio, e, e a cápsula não, a cápsula é um, uma espécie de proteção ao remédio. Está dentro, é justamente, está dentro daquilo.
DOC. -  (inint.)
LOC. -  Tem mercúriocromo (sic), eh, iodo, xaropes, remédio pra dor de cabeça, pra dor de barriga, pra dores em geral, arnica para quedas maiores. Álcool, água oxigenada, eh, água vegetomineral, remédios pra dor de dente.
DOC. -  E a gripe (inint.)
LOC. -  Remédios pra gripe, todos os tipos desses que são alérgicos até os que não são.
DOC. -  Em que que vem?
LOC. -  Em pílulas.
DOC. -  Pílulas?
LOC. -  Comprimidos, gotas.
DOC. -  (inint/sup.)
LOC. -  Injeções. A gente não utiliza muito em casa não porque a gente guarda em casa dá vontade.
DOC. -  (inint/sup.)
LOC. -  Seringa. Se usa seringa e aquele estojo de injeção pra se ferver (inint.) seringa e a respectiva agulha.
DOC. -  (inint.)
LOC. -  Hospitais, centros médicos, centros de pesquisas médicas, de perícias médicas, existem aos montes.
DOC. -  (inint.)
LOC. -  Dizem na televisão que a gente paga impostos e os impostos são hospitais, hospitais, graças a Deus (sup.)
DOC. -  (inint.)
LOC. -  Hospital, hospitais, ambulatórios, centros médicos, centros médicos. Dor de barriga?
DOC. -  Bem, a gente estava falando de (sup.)
LOC. -  Farmácias, drogarias, es... depois es...
DOC. -  É farmácia e drogaria (sup.)
LOC. -  (sup.) estabelecimentos hospitalares: hospitais, ambulatórios, centros médicos, centros de perícia médica, etc. O que que você quer saber a respeito disso?
DOC. -  (inint.)
LOC. -  Sanatórios. Sanatórios, ih, centros assim de recuperação (sup.)
DOC. -  (inint.)
LOC. -  Pra casa de saúde.
DOC. -  Agora em relação à, à morte, você (sup./inint.)
LOC. -  Cemitérios?
DOC. -  (sup.) porque a morte (inint.)
LOC. -  Há muitos nomes pra morte. Passagem, eh, morte, passagem, uma porção de nomes (inint.) o pessoal, empacotou, abotoou o paletó, dentro da gíria carioca, foi desta para melhor (inint.) desde a expressão até a palavra mais simples, descansou.
DOC. -  A pe... a pessoa morta?
LOC. -  A pessoa morta? Defunto. Cadáver.
DOC. -  E criança morta?
LOC. -  O anjinho.
DOC. -  E pessoas que são mortas (inint.)
LOC. -  O assasinato de uma pessoa, não é, não é o caso de vítima, mas (sup.)
DOC. -  (sup.) Não (inint.)
LOC. -  Enterro, enfim, a situação de capela, de enterro, a família toda, velório.
DOC. -  É. Qual é o mecanismo e a estrutura, sei lá, do velório?
LOC. -  Velório? Os familiares à volta do morto, eh, chorando a sua falta. Não temos mais as carpideiras de antigamente.
DOC. -  E o que que é fundamental para o velório?
LOC. -  Eh, fundamental para o velório é ter um, alguém morto, o que é muito chato realmente. Ter alguém morto. (riso)
DOC. -  (inint.)
LOC. -  Esse alguém está no caixão com quatro velas acesas, geralmente numa capela, o caixão é fornecido por uma funerária, que tem um agente funerário que cobra da gente até o último vintém pra que a gente escolha uma urna bonita.
DOC. -  E, e quando ele sai da capela?
LOC. -  Depois ele sai da capela num coche mortuário, vai para o, o cemitério, agora estão usando kombis mortuárias.
DOC. -  (inint.) se congratula (inint.)
LOC. -  Damos pêsamos (sic) pelas pessoas que perdem seus entes queridos.
DOC. -  Além de cemitério (sup.)
LOC. -  Pêsamos (sic) e sentimentos.
DOC. -  Além de cemitério existe outro lugar (inint.)
LOC. -  Existe sim. Existe jazigo de família. Existe jazigo perpétuo.
DOC. -  Existe uma pessoa que é, que é muito ligada à, ao, à limpeza do cemitério?
LOC. -  Coveiro?
DOC. -  Hum, hum. E onde é que o morto é colocado?
LOC. -  Na tumba.
DOC. -  Esse é o único nome que você conhece?
LOC. -  A cova.
DOC. -  Outro?
LOC. -  Tumba, cova, eh, carneira, quando é, aí carneira já não ... Ele, bem, vai pra carneira quando já deixou de ser defunto, ele vai (inint.)
DOC. -  E o procedimento da família após o enterro?
LOC. -  (sup./inint.) pós-enterro?
DOC. -  É.
LOC. -  A família, o procedimento da família, rezando missa de sétimo dia, a missa de mês, missa de seis meses, missa de ano.
DOC. -  Só? O procedimento dela além dessas (inint.)
LOC. -   A família fica de luto.